Ternura: fonte de cura e reconciliação na vida consagrada 

Pensar em ternura na vida consagrada é um verdadeiro convite a abrir-se a importantes desafios e até mesmo transformações.

A vida consagrada é chamada a viver o amor – eis o maior desafio! – que é o fundamento e a expressão por excelência de todo cristão. E esse amor é vivido não apenas por meio da vivência dos conselhos evangélicos de pobreza, castidade e obediência e no serviço ao povo de Deus. Mas é precisamente na maneira como se vive esse amor, que deve ser comunicado a todos com ternura. Amor sem ternura, é jardim sem flor, entardecer sem o pôr do sol, livro sem palavras.

Logo, a vida consagrada é um dom divino, uma aliança de amor de Deus com Seu povo, um sinal de Sua ternura e cuidado. Contudo, essa ternura e cuidado de Deus são direcionados ao povo, mas também à própria vida consagrada.

Vamos refletir sobre isso!

Fonte de cura e reconciliação pessoal na vida consagrada

A ternura tem o poder de tornar nossa vida e nossa cruz mais leves. Ela abre nossos olhos para percebermos os sinais da presença de Deus quando não costumamos ver; ela nos permite enxergá-Lo nos rostos em que, por vezes, por mesquinhez, ignoramos.

Mais do que isso, a ternura é fonte de cura e reconciliação com a nossa própria história. Quantas vezes erramos na vivência de nossa vocação? Quantas vezes paramos para refletir e identificamos comportamentos que não são condizentes com a vida consagrada? Quantas vezes somos surpreendidos por situações nas quais fizemos escolhas erradas? Quantas vezes agimos com aspereza e com rudeza diante de alguém? Quantas vezes ferimos a nós mesmos com o pecado?

No entanto, ao identificarmos esses sinais em nossa vida, não devemos agir de outra maneira senão buscando na ternura de Deus a transformação e a cura que precisamos. E é também pela via da ternura que devemos buscar a reconciliação conosco mesmo e com a nossa vocação.

O Papa Francisco escreveu certa vez em seu Twitter: “A ternura é o amor, que se torna próximo e concreto. É um movimento que brota do coração e chega aos olhos, aos ouvidos e às mãos. A ternura é o caminho que percorreram os homens e as mulheres mais corajosos e fortes”.

Logo, o nosso relacionamento com Deus não pode ser vivido com distanciamento, mas sim com muita proximidade. E aqui cabem muito bem as palavras do Papa Francisco em um de seus discursos, em uma de suas viagens apostólicas. Ele afirmou: “Se a música do Evangelho deixar de ser executada na nossa vida e se transformar numa bela partitura do passado, já não conseguirá romper as monotonias asfixiadoras que impedem de animar a esperança, tornando estéreis todos os nossos esforços. Se a música do Evangelho parar de vibrar nas nossas entranhas, perderemos a alegria que brota da compaixão, a ternura que nasce da confiança, a capacidade da reconciliação que encontra a sua fonte no fato de nos sabermos sempre perdoados-enviados”.

Ou seja, a ternura nos permite acolher nossas próprias feridas e a tratá-las no amor e no perdão misericordioso de Deus.

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Fonte de cura e reconciliação na vida comunitária

Quando nos reconhecemos amados, perdoados e acolhidos pela ternura de Jesus, nos tornamos capazes de colocar isso em prática na vida comunitária.

Algo jamais deve escapar de nosso entendimento: Jesus é o pastor que veio para salvar as ovelhas errantes. Ele está sempre à frente do Seu rebanho, guiando, protegendo, conduzindo ao alimento, sempre com mansidão e ternura. É assim que a vida consagrada é chamada a ser na vida da Igreja.

Neste sentido, o Papa Francisco disse em um dos seus discursos sobre a “teologia da ternura”: “Quando o homem se sente deveras amado, sente-se estimulado a amar. Por outro lado, se Deus é ternura infinita, também o homem, criado à sua imagem, é capaz de ternura. Então a ternura, longe de ser apenas sentimentalismo, é o primeiro passo para superar o fechamento em si mesmo, para sair do egocentrismo que deturpa a liberdade humana. A ternura de Deus leva-nos a compreender que o amor é o sentido da vida. Compreendemos assim que a raiz da nossa liberdade nunca é autorreferencial. E sentimo-nos chamados a verter no mundo o amor recebido do Senhor, a decliná-lo na Igreja, na família, na sociedade, a conjugá-lo no servir e no doar-nos. Tudo isto não por dever, mas por amor, por amor daquele pelo qual somos ternamente amados”.

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Descubra o poder da ternura na vida consagrada

Revolução da Ternura é o tema do 7º Congresso Âncora para a vida consagrada. O evento acontecerá nos dias 15 e 16 de setembro de 2023, em Pinhais – PR e você pode participar de modo presencial ou online.

No 7º Congresso Âncora, você é convidado a descobrir o poder da ternura na vida consagrada em dois dias de programação que vão discutir estes temas: o panorama histórico bíblico da ternura; mentes vulneráveis; a compaixão; a ternura como a experiência de sentir-se amado; a ternura como pedagogia de São Francisco de Assis; a face oposta da ternura; acolhe e acompanhar com ternura; discernir e integrar com ternura.

E se você deseja que mais vidas consagradas da sua comunidade, diocese, instituto, congregação ou seminário participem, o Centro Âncora tem uma promoção para inscrições em grupo: 10 inscrições + 1 grátis.

Aproveite para ler: Congresso convida sacerdotes e religiosos a refletir sobre saúde mental e emocional na vida consagrada

Desafios e benefícios da ternura na vida consagrada

Ternura na vida consagrada. Você provavelmente já se deparou com o Papa Francisco falando sobre esse tema, afinal, tem sido recorrente em suas homilias, discursos, encíclicas e exortações.  

No entanto, nem sempre sabemos como colocar em prática a ternura na vida consagrada. E muitos ainda se questionam se de fato isso faz diferença na vivência da vocação e no serviço ao Reino de Deus.

Mas não importa quais são as suas dúvidas, porque aqui vamos dar algumas pistas que certamente ajudarão a sair da teoria e passar para a prática. Portanto, continue sua leitura!

O que é ternura?

Vamos começar por compreender o que é a ternura. Muitos de nós compreendemos a ternura como um dos sentimentos mais belos que o ser humano é capaz de sentir. Ele está diretamente relacionado à bondade e à compaixão, ou seja, algo que Jesus demonstrou em toda a sua vida pública.

Logo, a ternura é capaz de causar em nós uma sensação de conforto, carinho e amor, que nos faz sentirmos bem conosco mesmo, com os que estão ao nosso redor e até mesmo com Deus.

Além disso, a ternura é também uma maneira de expressarmos amor, gentileza, carinho, aceitação, acolhimento, cuidado etc., essa lista pode ser numerosa. Logo, a ternura na vida consagrada nos leva a estabelecer relações afetuosas e de confiança.

Por isso é tão importante reconhecermos a necessidade da ternura na vida consagrada.

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Revolução da ternura: o chamado da vida consagrada 

Você já experimentou a ternura na vida consagrada?

Será que você, particularmente, já foi alvo da ternura por parte de alguém? Alguma vez você foi visitar alguma família que, mesmo sendo a mais humilde, financeiramente falando, ofereceu um cafezinho passado na hora, um biscoitinho, uma fatia de bolo como sinal de acolhida? Ou mesmo que essa família não tivesse nada a oferecer para comer, mas todos trataram você com atenção e com um carinho que se manifestava no olhar?

Alguma vez você já encontrou alguém que nem conhece direito, seja na igreja ou em outro ambiente, mas olhou com alegria e deu um grande abraço?

Tudo isso são manifestações de ternura!

E as pessoas agem assim porque reconhecem na vida consagrada a presença de Deus e sentem por ela um amor que é movido pelo amor divino. Logo, a ternura de que você foi alvo tem como fonte o próprio Deus.

Por outro lado, a vida consagrada é convidada a derrubar todos os muros que levantou em torno de si para evitar sentimentos como a ternura de Deus, baseado no conceito de que fé não é sentimentalismo. E de fato não o é. Porém, o Papa Francisco nos recorda que a ternura é o antídoto ao medo em relação a Deus, porque “no amor não há temor” (1Jo 4,18), porque a confiança vence o medo. Portanto, sentir-nos amados significa aprender a confiar em Deus, a dizer-lhe, como Ele quer: ‘Jesus, confio em ti’”. 

Agir com ternura na vida consagrada

Ser alvo da ternura, seja das pessoas e muito mais do próprio Deus, é algo muito bom e transformador. Há quem testemunhe que a ternura pode nos proporcionar curas interiores.

Além disso, o Papa Francisco nos ensina que “a ternura é o primeiro passo para superar o fechamento de si mesmo e sair do egocentrismo que deturpa a liberdade humana”. E que “a ternura de Deus nos leva a entender que o amor é o sentido da vida”.

No entanto, não podemos apenas experimentar a ternura, mas precisamos ser ternura para o outro. E “se Deus é ternura infinita, o ser humano, criado à sua imagem, é também capaz de ternura”, nos recorda o Sumo Pontífice.

E na concepção do Papa, ser capaz de ternura é “derramar no mundo o amor recebido do Senhor”.

Logo, a ternura na vida consagrada é a capacidade de mostrar ao outro que o aceitamos como ele é, que o amamos porque vemos nele a pessoa do próprio Cristo. Um benefício para o outro, mas também para nós, já que, quando agimos com ternura, nos permitimos crescer em todos os aspectos de nossa vida.

Sem contar que, quando somos ternos com alguém, também nos sentimos envolvidos pela ternura.

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Gestos concretos de ternura na vida consagrada

Talvez o grande desafio para muitos seja saber como agir com ternura na vida consagrada. E isso é normal, já que o cotidiano da vida consagrada é cheio de adversidades, sem contar as grandes demandas do trabalho pastoral.

Além disso, contrário ao que hoje nos convida o Papa Francisco, ou seja, à revolução da ternura, muitos religiosos, no seu tempo de estudo e preparação, foram orientados a não criar vínculos com o povo de Deus. E como resultado disso muitos, acabam buscando meios de se manterem insensíveis ou distantes das ovelhas do rebanho do Senhor.

Por isso, vamos listar alguns exemplos práticos de como praticar a ternura na vida consagrada. São gestos muito simples, você pode se surpreender, mas podem causar uma transformação na vida das pessoas. Acompanhe!

  • Cumprimentar a todos com alegria, mesmo quando a dor consome por dentro;
  • Agradecer a todos por qualquer gesto;
  • Usar sempre palavras brandas, mesmo quando é necessário corrigir alguém;
  • Ouvir sempre com atenção aquele que precisa conversar, ainda que sejam assuntos desinteressantes a você;
  • Cumprimentar as pessoas com um abraço sincero;
  • Conversar com as pessoas olhando fixamente em seus olhos;

Essas são apenas algumas pistas, mas, certamente, o Espírito Santo de Deus pode indicar a você muitas outras atitudes de ternura na vida consagrada.

O primeiro passo é abrir-se a essa experiência e desejar colocar a ternura em prática, e não faltarão oportunidades para isso.

Aproveite para ler: Revolução x Ternura: o poder transformador da empatia

Revolução x Ternura: o poder transformador da empatia

Revolução e Ternura são duas palavras que podem soar totalmente opostas aos nossos ouvidos, à princípio. Sim, à princípio, pois se assim o fosse, não seriam termos tão presentes nas palavras do Papa Francisco. Aliás, há um certo tempo, o Papa Francisco vem propondo a toda a Igreja de maneira especial a vida consagrada, uma Revolução da Ternura, o que certamente não passou despercebido da sua atenção.

Por isso, cabe a nós ponderarmos sobre essa temática, tendo em vista o que somos e o que podemos ser, onde estamos e para onde vamos, sempre a partir da perspectiva da nossa vocação.  

Portanto, hoje te convidamos a uma reflexão para descobrir a força dessas palavras e o seu poder transformador!

Revolução x Ternura: antagonistas e complementares

Antes de entendermos como essas duas palavras funcionam juntas e como aliadas dentro da vida consagrada e na vida da Igreja, precisamos compreendê-las no seu sentido mais puro. Para isso, vamos observá-las uma a uma!

Devido a eventos históricos e políticos, como a Revolução Francesa, por exemplo, talvez as primeiras ideias que venham à sua mente quando escuta a palavra “revolução” seja: “revolta” ou “política”. Contudo, diferentemente do que muitos pensam, o significado de revolução não acaba nisso. Revolução significa também uma grande transformação, uma mudança visível, de modo contínuo e progressivo.

Por isso, o processo de conversão a que somos convidados por Cristo a viver no mundo enquanto cristãos, traz a mensagem do evangelho quando Ele vem nos dizer: “Portanto, sede santos, assim como vosso Pai Celeste é santo” (Mt 5, 48), esse é um chamado à revolução!

Já “ternura” é a qualidade de quem é terno, afetuoso, e é sinônimo de doçura, brandura, delicadeza, amorosidade, amabilidade, gentileza, bondade, suavidade, compaixão, entre outras. Sendo assim, o que o Papa Francisco nos propõe com a Revolução da Ternura é sermos servos que promovem uma revolução na própria vida, bem como estimulam o povo de Deus a vivê-la. Contudo, sempre a partir da empatia. Sim, porque todas as palavras que são sinônimas de ternura, como também o próprio significado de ternura, cabem bem e se expressam nesta única palavra: empatia.

Portanto, apesar de numa primeira impressão sentirmos que Revolução x Ternura nos parece ser termos opostos, na verdade, podem perfeitamente ser complementares. Contudo, trata-se de uma revolução espiritual e totalmente desarmada.

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Revolução x Ternura: por onde começar isso?

Segundo o Papa Francisco, a Revolução da Ternura começa por uma pergunta que cada um deve fazer a si mesmo: “Estou permitindo que o Senhor me ame com a Sua ternura, transformando-me em um homem/mulher capaz de amar desta forma?”.

Ou seja, a Revolução x Ternura compreende abertura de coração e ação: me abrir para a ternura de Deus e amar com essa mesma ternura, cuja fonte é o coração do próprio Deus.

Contudo, engana-se aquele que pensa que Revolução x Ternura é um convite ao sentimentalismo ou à irracionalidade. Mas é sim um convite à construção da nossa própria humanidade a partir do “amor de Deus derramado nos nossos corações” (Rm 5,5).

Ao falar da ternura de Deus, o Papa Francisco se refere ao amor de Deus por nós, que é especialmente evidenciado no Natal, “Deus feito tenro” que vem a nós. Por isso, na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, ele afirma: “Na sua encarnação, o Filho de Deus convidou-nos à revolução da ternura” (EG, 88).

Refere-se também ao “Deus que perdoa sempre”: “Cada ser humano é objeto da ternura infinita do Senhor, e Ele mesmo habita na sua vida” (EG, 274).

 Além disso, o Papa Francisco deixa claro também que diz respeito à ternura como uma atitude humana, em resposta à ternura de Deus.

Como você pôde perceber, temos muito o que meditar sobre a Revolução x Ternura no exercício de nossa vocação na Igreja.

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A revolução da Vida Consagrada

Qual é a sua revolução?

Revolução da Ternura: VII Congresso Âncora

O Centro Âncora é formado por uma equipe técnica transdisciplinar, cujo maior chamado é o ministério da revitalização daqueles que trabalham em prol da Igreja. E uma das formas de promovermos esse cuidado é por meio de Congressos, como um serviço à Igreja para a reflexão e o aprofundamento no cuidado da vida religiosa.

Por isso, nos dias 15 e 16 de setembro de 2023, acontecerá o VII Congresso Âncora, que tem como tema “Revolução da Ternura”. Por meio deste evento, você é convidado a descobrir o poder da ternura na vida consagrada. Serão dois dias para aprofundar como a ternura pode revolucionar a saúde da vida consagrada nas dioceses, institutos, congregações e seminários. Por que este tema? Deixamos que o Papa Francisco nos responda: Porque “a ternura é algo maior do que a lógica do mundo”; e também porque “é necessária uma revolução da ternura!”.

Portanto, o VII Congresso Âncora vai trabalhar assuntos como: A ternura do processo de acolhida; a ternura no processo de discernimento e integração; a Ternura como pedagogia de São Francisco de Assis; a face oposta da ternura e muito mais. Estão conosco diversos conferencistas, entre eles Dom José Antônio Peruzzo, atual Arcebispo da Arquidiocese de Curitiba, Pe. Ronaldo Zacharias, Frei Sidney Damasio Machado, além de médicos psiquiatra e outros.

Faça sua inscrição para o VII Congresso Âncora “Revolução da Ternura”, clicando no banner:

Congresso convida sacerdotes e religiosos a refletir sobre saúde mental e emocional na vida consagrada

O VII Congresso Âncora retorna à modalidade presencial, com o objetivo de revolucionar a saúde psíquica, emocional e vocacional dos participantes

O Congresso Âncora chega à sua sétima edição em 2023. Neste ano, o evento volta a ocorrer na modalidade presencial, nos dias 15 e 16 de setembro,  na cidade de Pinhais (PR). Com o tema geral Revolução da Ternura, o Congresso é voltado para o clero, religiosos(as), leigos consagrados, psicólogos, formadores, sacerdotes, seminaristas e interessados no tema.

O termo Revolução da Ternura tem sido frequentemente utilizado pelo Papa Francisco durante estes últimos anos de pontificado. Em muitos discursos e homilias, o Papa costuma instigar os consagrados a serem estes agentes de ternura no mundo. Mas foi o seguinte questionamento do Papa, em uma de suas audiências, que inquietou a equipe do Centro Âncora acerca do tema: “Estou permitindo que o Senhor me ame com a sua ternura, transformando-me em um homem/mulher capaz de amar desta forma?”.

“A vida consagrada exige esse amor terno ao outro, e sabemos que o ato de amar vem da experiência filial com Deus. Se a revolução começa dentro de nós – religiosos, sacerdotes, consagrados – será possível ensinar a todos a diferença do Deus justo que redime o homem daquele que o castiga”, explica a diretora do Centro Âncora e religiosa da Copiosa Redenção, Irmã Adenise Comer.

Programação do Congresso

Com o objetivo de proporcionar aos participantes este reencontro com a ternura de Deus e os impactos positivos que essa experiência tem em sua vida vocacional, bem como na saúde psíquica e emocional, as palestras do Congresso abordarão os seguintes temas: “Ternura é a experiência de sentir-se amado”, “A face oposta da Ternura”, “Mentes vulneráveis”, “A ternura do processo de acolhida”, “A ternura no processo de discernimento e integração” e “A ternura como pedagogia em Francisco de Assis”.

O evento trará especialistas em saúde mental e vida consagrada para aprofundar cada temática, dentre eles: Dom José Antônio Peruzzo, arcebispo de Curitiba (PR), o médico psiquiatra Dr. Maurício Nasser Ehlke, a médica psiquiatra especialista em psiquiatria e espiritualidade Dra. Tatiane Maiochi Cunha, os psicólogos e sacerdotes Pe. Rosimar José de Lima Dias, Pe. Ronaldo Zacharias  e ainda Frei Sidney Damasio Machado.

Revitalização da vida consagrada

O Centro Âncora é uma casa de acolhida especialmente edificada para amparar sacerdotes e religiosas(os) que apresentam sofrimentos e angústias. O Centro Âncora é constituído por uma equipe técnica transdisciplinar, cujo maior chamado é o ministério da revitalização daqueles que trabalham em prol da Igreja. 

A equipe é formada por diretores espirituais, conselheiros e profissionais de saúde: psicólogos, médicos, psiquiatras, nutricionista, educador físico, enfermeiro, fisioterapeuta, assistente social e religiosas da congregação da Copiosa Redenção.

Dentro desta missão, nasce o primeiro Congresso Âncora em 2013 com o tema Espiritualidade, Psicologia e Psiquiatria. Nesses 10 anos, muitos temas atuais com impactos na vida sacerdotal e consagrada foram tratados e contaram com a presença internacional como Pe. Amadeo Cencini e Pe. Giovanni Cucci, que estiveram no último Congresso Âncora –  O Ser virtual na vida consagrada e sacerdotal.

VII Congresso Âncora

Tema: Revolução da Ternura

Data: 15 e 16 de setembro de 2023

Local: Pinhais (PR)

Inscrições: congressoancora2023.com

Certificado para todos que participarem de todo o Congresso.

A revolução da Vida Consagrada

Revolução é o que podemos dizer das ações de Jesus neste mundo, enviado pelo Pai para refazer a aliança de Deus com a humanidade.

E da mesma forma, a vida consagrada é chamada a viver, promovendo revoluções ternas. Tudo isso partindo do princípio da relação que Jesus estabeleceu com alguns de seus discípulos, chamando-os a empregar toda a sua existência na luta pela santificação da humanidade. E assim como o Pai consagrou Cristo, que por sua vez e pela ação do Espírito Santo consagrou-se ao Pai, em intercessão pela humanidade (cf. Jo 17,19), assim também a vida consagrada se tornar um com o Pai.

O chamado a revolução

São João Paulo II afirmou: “A primeira tarefa da vida consagrada é tornar visíveis as maravilhas que Deus realiza na frágil humanidade das pessoas chamadas. Mais do que com as palavras, elas testemunham essas maravilhas com a linguagem eloquente de uma existência transfigurada, capaz de suscitar a admiração do mundo. A essa admiração dos homens respondem com o anúncio dos prodígios da graça que o Senhor realiza naqueles que ama” (Vita Consecrata, 20).

A vida consagrada “imita mais de perto, e perpetuamente representa na Igreja aquela forma de vida que o Filho de Deus assumiu ao entrar no mundo para cumprir a vontade do Pai” (Lumen Gentium, 44). Logo, uma forma de vida que Ele mesmo propôs aos discípulos que O seguiam. Finalmente, a vida consagrada é chamada a fazer uma revolução evidenciando a elevação do reino de Deus sobre tudo o que é terreno e as suas relações transcendentes. “E revela aos homens a grandeza do poder de Cristo Rei e a potência infinita com que o Espírito Santo maravilhosamente atua na Igreja” (Lumen Gentium, 44).

Assim, a vida consagrada atua como outro Cristo na Terra, na prática da caridade, em ações concretas com os pobres e excluídos, e pela missionariedade a qual é chamada.

As diversas expressões da revolução da vida consagrada

Afinal, de que maneira a vida consagrada corresponde ao chamado de Jesus para ser revolução no mundo?

Bem, vida consagrada é vocação, é chamado, e existem várias modalidades de vida consagrada dentro da Igreja. Existem os monges e monjas, os religiosos e religiosas das ordens, congregações e institutos religiosos; há também os consagrados dos Institutos Seculares; das “Novas Comunidades”; além da Ordem das Virgens Consagradas, restaurada por Paulo VI a partir do Concílio Vaticano II.

E toda forma de vida consagrada constitui um grande tesouro na vida da Igreja, cada uma com um carisma próprio. Além disso, a vida consagrada também é chamada a viver os conselhos evangélicos da pobreza, obediência e castidade, baseados nas palavras e nos exemplos de Jesus Cristo.

Logo, o serviço da vida consagrada na igreja é uma revolução, seja em atividades pastorais nas dioceses e paróquias, em escolas e universidades, nos hospitais, obras assistenciais e afins. E por estarem intimamente unidos a Cristo, Ele se volta inteiramente à vida consagrada, cumulando-a de graças específicas e dons para que possa viver bem e santamente a sua consagração.

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Revolução da ternura: o chamado da vida consagrada

Como Jesus inspira a revolução que a Vida Consagrada é chamada a ser

Na liberdade de sua entrega a Deus, a Vida Consagrada é chamada a fazer a vontade do Pai, a dar sua vida em favor dos homens e mulheres. Ou seja, a revolução começa na própria vida através do “sim” a Deus para viver essa vocação na vida da Igreja. Algo que parece loucura para muitos, mas que é sabedoria e fonte de santificação para aqueles que receberam este chamado.

E se neste mundo Jesus foi obediente por excelência, é também desta maneira que Ele inspira a revolução que a Vida Consagrada é chamada a ser. Além disso, como Jesus, a Vida Consagrada é chamada a despojar-se de si mesmo, tomando a condição de servo (cf. Fl 2,7-8), abrindo-se a ação do Espírito Santo.

A Vida Consagrada é capaz de promover uma revolução quando orienta toda a sua vida e oferece tudo o que possui para tornar-se um verdadeiro sinal de Cristo no mundo. E, assim, reflete a Trindade ao mundo, para que todos possam sentir o encanto e a saudade da Beleza Divina.

A revolução que a vida consagrada é capaz de promover também acontece quando ela mostra ao mundo que em Deus é possível encontrar sentido para a própria vida; que Ele é a fonte da alegria que não passa; que só Deus pode preencher aquele vazio interior que às vezes sentimos, porque fomos criados por Ele, para o Seu amor, e viveremos inquietos até que experimentemos esse amor.

Compaixão e ternura

Contudo, a revolução que a Vida Consagrada é chamada a ser na sociedade deve ser permeada pela misericórdia, movida por ternura e compaixão.

Em uma de suas audiências, o Papa Francisco disse algumas palavras que cabem muito bem no contexto de revolução que a vida consagrada é chamada a ser. Ele falou: “A ternura de Jesus ajuda-nos a aproximar-nos das feridas do Corpo de Cristo que, hoje, são visíveis nos irmãos despojados, humilhados e escravizados. Precisamos de uma revolução da ternura, que nos torna mais sensíveis diante da obscuridade da vida e das tragédias da humanidade”.

Participe do VII Congresso Âncora e experimente uma revolução na sua vida vocacional!

Qual é a sua revolução?

A palavra revolução tem ganhado espaço entre os cristãos desde que o Papa Francisco nos propôs a “Revolução da Ternura”, da qual muito provavelmente você já ouviu falar.

No entanto, essa palavra também costuma ser muito utilizada pelos jovens que vivem dizendo, aqui e ali, principalmente a respeito de questões sociais: vamos fazer revolução!

Mas, afinal, o que é uma revolução, qual seu significado mais profundo, qual sua ligação com a Igreja? Entenda isso melhor a partir desta reflexão!

O conceito de revolução

Para o termo revolução é possível encontrar nos dicionários e na própria internet uma grande variedade de significados distintos. Portanto, para começarmos a desenrolar este conceito, vamos partir da origem da palavra.

Revolução deriva do latim “revolutio” “revolvere”, e significa “dar voltas” ou “completar voltas”.

Logo, o conceito de revolução começou a ser utilizado no século XVI pela física e astronomia. Porém, era compreendido com o sentido de retornar ao mesmo lugar de que se saiu anteriormente, como acontece com as órbitas dos planetas. Neste sentido, o movimento de translação do planeta Terra ao redor do sol era chamado de revolução. Sendo assim, revolução, era o termo técnico correspondente ao que hoje se denomina “translação”.

Contudo, o conceito de revolução começou a ser empregado como sinônimo de ruptura, de continuidade de transformações, a partir do fato histórico que ficou conhecido como Revolução Francesa. Este evento histórico que aconteceu entre 1789 e 1799, marca o fim da Idade Moderna e o início da Idade Contemporânea. Ele promoveu importantes transformações políticas, sociais e econômicas na França.

Uma revolução perigosa

Agora que compreendemos que o conceito de revolução implica em realizar mudanças profundas ou radicais, passamos a outro assunto: a revolução das ideologias.

Por ideologia compreende-se um conjunto de ideias que propõe uma revolução, o que poderia ser bom. Poderia! No entanto, em uma visão crítica, ideologia é uma ilusão criada por uma classe para manter a aparente legitimidade de um esquema de dominação. É um conjunto de ideias falsas, ilusórias ou enganadoras que os ideologistas costumam usar para manipular a sociedade como um todo, ou um determinado grupo. Um exemplo disso foi a ideologia nazista disseminada na Alemanha por Adolf Hitler que provocou o Holocausto de milhares de pessoas e a Segunda Guerra Mundial.

Logo, o grande perigo das ideologias é justamente porque se utilizam de falsas “boas” justificativas para convencer a população a respeito de algo. E essas ideias se alastram fortemente pelo mundo porque são bancadas por pessoas “poderosas” e instituições milionárias, e apoiadas por países muito influentes.

Atualmente, países como Estados Unidos, muitos do continente europeu, da América Latina, da África e da Ásia são grandes propagadores da chamada “Cultura de Morte”. O que significa que defendem o aborto e a eutanásia com grandes interesses por traz disso. Por exemplo, a implantação mundial do aborto começou em 1952, quando o megabilionário John Rockefeller III fundou, em Nova York, o Conselho Populacional, com o objetivo de implementar políticas internacionais de controle populacional.

Neste sentido, o Papa Francisco contou, certa vez, que em uma conversa que teve com Bento XVI, na época Papa emérito, ele lhe teria dito: “Esta é a época do pecado contra Deus Criador”. E essas suas palavras foram motivadas, segundo Francisco, justamente por causa da disseminação de ideologias revolucionárias, perigosas, pelo mundo.

A revolução do Papa Francisco na Igreja

O Papa Francisco é o 266º a se sentar na cadeira de Pedro. E desde o início, muitos consideram que o seu pontificado tem causado uma importante revolução na Igreja, no melhor dos sentidos.

E a sua revolução iniciou já quando ele apareceu no balcão do Vaticano pela primeira vez como Papa. Pois a sua primeira atitude foi fazer uma prece por Bento XVI e pedir aos fiéis, que lotaram a praça de São Pedro, que rezassem por ele naquele momento.

Logo, uma das grandes diferenças promovidas pelo Papa Francisco talvez seja o fato de ele promover uma teologia muito mais pastoral e próxima das suas ovelhas, adotando gestos e um linguajar de aproximação. Quem não se recorda do abraço que ele deu em um doente de neurofibromatose, cujo registro fotográfico correu o mundo pela internet?! E quantos se comoveram quando ele afirmou que a Igreja precisa receber os homossexuais de portas abertas, porque Deus não ama o pecado, mas ama o pecador?!

Também, em uma das suas audiências, certa vez chamou a atenção dizendo que é necessária uma revolução da ternura na igreja para não confundirmos redenção com punição.

E, você, qual é a sua revolução?

Muitos de nós, diante de uma situação de injustiça, de maldade, entre outras, sente o desejo de agir, de provocar uma revolução. Contudo, esquecemos que a revolução que queremos e podemos fazer está na Igreja fundada por Jesus Cristo.

Jesus veio a este mundo para fazer uma revolução, transformar o mundo, para abrir o coração dos pecadores e despertar neles o desejo de conversão, o desejo pelo Reino de Deus. Jesus veio a este mundo para quebrar paradigmas. Ele enfrentou impostores e defendeu os mais fracos. Ele pregou o amor, a empatia, a solidariedade, a fraternidade, a misericórdia.

As atitudes de Jesus devem ser um estímulo para todo cristão. Seguindo o seu exemplo, é possível fazer uma revolução, a começar por si mesmo.

Leia também: Quanto vale a vida de um religioso?

9 sinais de que as redes sociais estão te deixando ansioso

Quando o assunto são as redes sociais, os brasileiros se destacam. Isso porque o nosso país é o terceiro no ranking entre os maiores consumidores de redes sociais em todo o mundo.

A princípio, uma informação positiva, visto que isso significa que cada vez mais brasileiros têm acesso livre à internet. Mas, por outro lado, esse crescimento aponta para uma importante questão: o uso excessivo das redes sociais pode se tornar um problema de saúde.

Quando as redes sociais se tornam um problema

Um levantamento feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) que avalia as perspectivas dos brasileiros em relação à tecnologia traz algumas informações importantes. Para 41% dos brasileiros, as redes sociais causam sintomas como tristeza, ansiedade ou depressão.

Esses números são de 2019. Logo, a porcentagem alcançou um número ainda mais expressivo já que, durante a pandemia da Covid-19, o tempo corrido do usuário em redes sociais teve um crescimento de 22% em relação a 2019. Essa informação foi levantada pela App Annie, empresa que ajuda desenvolvedores de conteúdos a acompanhar a performance de suas postagens.

No entanto, o uso excessivo das redes sociais pode gerar consequências negativas para a saúde mental. E isso não apenas em jovens, mas sobretudo em adultos, assim como também em idosos. Logo, a vida religiosa não está imune a tudo isso.

O aplicativo de monitoramento Moment também realizou uma pesquisa sobre o uso das redes sociais que aponta que 63% dos usuários que passam mais de 1 hora conectados à internet declaram infelicidade. Essa pesquisa foi respondida por mais de 1 milhão de usuários das redes sociais de diferentes faixas etárias.  

Logo, casos de ansiedade e depressão, agravados pela influência das redes sociais, são cada vez mais comuns nos consultórios de psicologia e psiquiatria.

Você já ouviu falar em “nomofobia”?

Nomofobia é o nome dado ao transtorno caracterizado pelo medo excessivo de ficar sem celular/internet, qualquer tecnologia, ou ainda de ficar incomunicável. E entre os sintomas deste transtorno está a ansiedade.

E isso é tão sério que tem atrapalhado a vida e a rotina de muitas pessoas. Logo, quem identifica os sinais da nomofobia de forma mais grave pode precisar de acompanhamento psicológico e psiquiátrico para recuperar a qualidade de vida.

Devido à gravidade, vamos trazer aqui 9 sinais para ajudar a identificar se as redes sociais estão deixando você ansioso. Acompanhe!

# 1: Checar as redes sociais é a tarefa nº 1 do dia

Se ao acordar a primeira atividade do seu dia é checar as redes sociais, este é um grande sinal de que isso deixou de ser uma distração e passou a ser uma necessidade. E deixar de fazer isso provavelmente vai causar irritabilidade, pois reforça ainda mais a necessidade de pegar logo o celular para conferir o que está acontecendo no mundo virtual.

# 2: Acessar as redes sociais infinitas vezes ao longo do dia

De repente, ficar 10 minutos sem verificar as redes sociais pode parecer tempo demais para você porque pode haver alguma novidade ou alguém enviado alguma mensagem. Sim, isso é sintoma de ansiedade, e quanto menor o intervalo de tempo entre um acesso e outro, mais intenso é o nível de ansiedade e dependência das redes sociais. Fique atento a isso!

# 3: Qual é a última coisa que você faz antes de dormir?

Se a sua resposta foi “dar uma última conferida nas redes sociais”, sim você se encaixa no perfil dos que estão desenvolvendo transtorno de ansiedade por uso das redes sociais. Saiba também que essa atitude pode causar ainda insônia e fazer com que você acorde no outro dia se sentindo cansado.

# 4: Sentir-se isolado quando não está nas redes sociais

Os momentos em que você deixa de acessar as redes sociais, seja por algumas horas ou por um dia inteiro, fazem com que você se sinta isolado do mundo ou desconectado das pessoas? Este também é um sintoma de ansiedade que pode aparecer acompanhado de raiva e nervosismo.

# 5: Você tem o hábito de interagir com as pessoas pessoalmente e ao mesmo tempo com o mundo digital?

Algumas pessoas, por mais que tentem se controlar, não conseguem dar atenção às pessoas que estão diante de si sem deixar de lado o celular. E se você é uma delas, saiba que esse é um grande indício de ansiedade. Tente se policiar!

# 6: Apresentar dificuldade de concentração

Quando você está nas redes sociais não consegue prestar atenção ao que acontece ao seu redor? Se está numa fila, não percebe que ela andou? Não consegue se concentrar em atividades corriqueiras do dia porque não vê a hora de terminar para pegar logo o celular? Sim, estes são sintomas de ansiedade.

# 7: Ao parar no sinal, pegar o celular para ver as redes sociais

Mesmo dirigindo você tem o hábito de pegar o celular enquanto está parado no sinal para dar uma conferida se alguém mandou uma mensagem? Isso diz muito sobre ansiedade!

# 8: Você interrompe o trabalho ou estudo para conferir as redes sociais?

Para muitos, durante o trabalho ou estudo, um momento de dificuldade na resolução de uma situação já é motivo para correr para as redes sociais. Ou, então, interrompem o trabalho constantemente para dar aquela espiadinha. Isso é sinal de ansiedade.

# 9: Preocupar-se demais com os comentários e curtidas nas redes sociais

Sempre que faz uma postagem você fica ligado no que as pessoas estão comentando ou em quantas curtidas recebeu? Se a repercussão não for boa você se sente frustrado, inseguro, insatisfeito? Típicos sinais de ansiedade! 

Mude de atitude para se libertar da ansiedade causada pelas redes sociais

A tecnologia foi criada para trazer benefícios para a nossa vida e não para gerar problemas de saúde mental. Portanto, se você se identificou com alguns desses sinais, é hora de mudanças. E se isso for algo muito difícil para você, peça ajuda profissional de um psicólogo ou psiquiatra.  

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Quanto vale a vida de um religioso?

A vida de um religioso é abundante de sentido, de propósitos e possui um valor imensurável para a vida da Igreja devido à sua entrega em favor do Reino de Deus.

Contudo, para aquele que passa por um período difícil em sua vocação ou na sua vida pessoal, esse valor, sentido e propósito podem facilmente ser esquecidos.

Mas às vezes nem precisa disso, a própria cotidianidade do religioso, cheia de compromissos, pode acabar afastando-o de uma espiritualidade cada vez mais íntima de Deus, como deve ser.

Por isso, hoje vamos fazer uma reflexão sobre o quanto vale a vida de um religioso.

Religioso, recorda-te: Deus tem um propósito para a tua vida!

Todo cristão sabe que Deus tem um propósito para a sua vida. E na vida religiosa este propósito é ainda maior. “Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça. Eu assim vos constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos conceda” (João 15,16).

Portanto, a vida de um religioso só encontra seu verdadeiro valor e sentido quando, de fato, a cada dia, é dada em favor do próximo. Afinal, o grande chamado para a vida do religioso é seguir a Cristo e servi-Lo no outro.

Sendo assim, a vida religiosa constitui um grande tesouro na vida da Igreja, cuidando do povo de Deus que precisa de pastores que o conduza ao rebanho do Senhor.

E neste sentido, não podemos deixar de fazer uma alusão bíblica sobre o religioso a partir de duas parábolas de Jesus.

A primeira delas é a do Bom Samaritano: aquele homem misericordioso que encontra em seu caminho um judeu ferido e cuida das suas feridas. Da mesma maneira, o religioso derrama, nas feridas do povo de Deus, o vinho da contrição e da penitência, assim como o óleo da confiança.

A outra parábola é a do filho pródigo. Neste sentido, o religioso é aquele que acolhe os filhos pródigos deste mundo garantindo que voltem à união com Cristo e os encaminha à Pátria celeste.

O religioso tem uma importância fundamental para a Igreja e para a sociedade. Começando pela valorização da pessoa humana. Além disso, o religioso ajuda a recuperar a dimensão do sagrado que é indispensável para a Igreja e para sociedade.

São Paulo, modelo para o religioso

O apóstolo Paulo é alguém que deu muito de si em prol do Reino de Deus e que padeceu para cumprir a Sua missão de levar o Evangelho àqueles que encontrasse. Sofreu mais do que poderia supor, assim como na atualidade são muitos os sofrimentos do religioso no cumprimento de sua vocação.

E Paulo escreveu: “Mas nada disso temo, nem faço caso da minha vida, contanto que termine a minha carreira e o ministério da palavra que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho ao Evangelho da graça de Deus” (Atos 20,24).

Contudo, essas suas palavras podem dar a entender que ele não valorizava a própria vida. Mas não é nada isso!

Muitas vezes, quando falamos de vida, a consideramos como um bem pessoal e pensamos poder fazer o que queremos com ela. Nos esquecemos que a vida não nos pertence, mas que ela nos foi concedida por Deus para desfrutarmos dela aqui, tendo como principal objetivo conhecer nosso Criador e termos comunhão com Ele. Ao mesmo tempo, enquanto aqui vivemos nossa vida, Deus nos prepara para termos vida eterna.

Logo, Paulo não menospreza sua vida, ele sabe o quanto ela é preciosa. Porém, para ele o valor de sua vida estava na grandiosidade de sua missão de evangelização. A sua vida passou a ter sentido e propósito a partir do seu encontro com Cristo. E ele estava disposto a abdicar de tudo para se dedicar exclusivamente à missão de evangelização, não importa o que acontecesse com ele. E o que fizesse, desejava fazer com alegria, com satisfação, jamais como uma obrigação.

Redescobrir o prazer de ser útil na cooperação com Deus

É preciso que o religioso resgate para si mesmo o valor da sua vida. E isso é possível encontrando sentido e significado refletidos na vida daqueles que o cercam e cujas vidas ele deve zelar como o Bom Pastor.

Apesar das dificuldades, seja no trabalho apostólico, em sua espiritualidade ou na saúde (física ou emocional), o religioso precisa recordar-se de que é um sinal profético num mundo fascinado pelo ter e o poder. Lembrar-se de que para os outros a sua vida aponta para os valores escatológicos, aponta para aquilo que há de vir.

Certamente esses são valores que ajudam na vivência diária da vocação e a redescobrir o valor da própria vida.

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Revolução da ternura: o chamado da vida consagrada

Ultimamente, ternura é uma das palavras mais utilizadas pelo Papa Francisco ao falar de Deus, principalmente nas suas catequeses.

Logo, a palavra ternura é um substantivo que indica uma atitude ou atributo de quem é terno. Significa meiguice, afeto, carinho; e é sinônimo de delicadeza, doçura, brandura, suavidade.

Mas por que o Papa escolheu essa palavra para falar do amor de Deus? Porque “ternura”, explica Francisco, traduz muito bem “o afeto que o Senhor sente por nós”. Segundo ele, “o amor de Deus não é um princípio geral abstrato, mas pessoal e concreto, que o Espírito Santo comunica no íntimo de cada um de nós”.

E sendo assim, de acordo com o Sumo Pontífice, a ternura de Deus nos alcança e tem a capacidade de transformar nossos sentimentos e pensamentos.

“Não fecheis os vossos corações” (Salmo 95)

Devido à rotina de trabalho e até mesmo diante das situações difíceis que precisam lidar no atendimento ao povo de Deus, os consagrados, sacerdotes e religiosos acabam endurecendo o seu coração. E é aí que se corre o risco de se esquecer da ternura de Deus.

Mas não apenas isso, o cansaço, as mudanças, a doença (tanto física quanto emocional) também podem aos poucos ir nos afastando da ternura de Deus.

Mas muitos também acabam se fechando porque presumem saber tudo de Deus e acabam se esquecendo de se abrir para o Seu amor. E Deus não gosta, segundo o Papa, daquela religiosidade que explica tudo, mas que tem o coração frio.

Logo, a história de Jó, no Antigo Testamento, é um convite a abrir o coração! Ele, que perde tudo na vida, as riquezas, a família, o filho e a saúde, não se permite afastar do Coração de Deus. Contudo, Jó não aceita uma “caricatura” de Deus, mas eleva o seu grito diante das suas fragilidades até que Deus lhe responda e revele o Seu rosto. E Deus responde aos seus apelos revelando-lhe o amor que se escondia por detrás do seu silêncio.

Já no Novo Testamento, uma das parábolas de Jesus que ilustra perfeitamente bem a ternura de Deus é a do Filho Pródigo. Quando retorna, o filho espera por uma punição, por isso diz ao pai que se contentava em ser tratado como um dos criados. No entanto, ele foi surpreendido pelo abraço do pai. E sobre isso o Papa Francisco explicou: “A ternura é algo maior do que a lógica do mundo”.

Aceitar a ternura para ser capaz de ternura!

O Papa Francisco ensina que “a teologia não pode ser abstrata, se fosse abstrata seria ideologia, pois nasce de um conhecimento existencial, nasce do encontro com o Verbo que se fez carne!

A teologia é chamada a comunicar a concretude do Deus amor. E a ternura é um existencial concreto bom para traduzir em nossos tempos o afeto que o Senhor sente por nós”.

Logo, a teologia da ternura, segundo o Papa, gira em torno de duas coisas: “a beleza de sentir-se amado por Deus e a beleza de sentir que amamos em nome de Deus”. E sobre isso o pontífice ressalta que “quando uma pessoa se sente realmente amada, é levada também a amar”.

Neste sentido, o Papa ainda destaca: “Se Deus é ternura infinita, o ser humano, criado à sua imagem, é também capaz de ternura”. Ele também afirma que “a ternura é o primeiro passo para superar o fechamento em si mesmo e sair do egocentrismo que deturpa a liberdade humana. A ternura de Deus nos leva a entender que o amor é o sentido da vida”.

E de acordo com o Papa, a ternura é capaz de dar à Igreja uma teologia “saborosa” e que “somos chamados a derramar no mundo o amor recebido do Senhor”.  

Além disso, a ternura nos ajuda a viver uma fé consciente, cheia de amor e esperança. Também a dobrar os joelhos, tocados e feridos pelo amor divino.

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VII Congresso Âncora: Revolução da Ternura

“Estou permitindo que o Senhor me ame com a sua ternura, transformando-me em um homem/mulher capaz de amar desta forma?”, perguntou o Papa em uma de suas audiências. E foi a partir desse questionamento que o Centro Âncora lançou o seu VII Congresso com o tema “Revolução da Ternura”.

Este congresso, que acontece nos dias 15 e 16 de setembro, é destinado a Bispos, Provinciais, Psicólogos, Formadores, Sacerdotes, Religiosos(as), Seminaristas e Leigos Consagrados.

Mas por que é necessária uma Revolução da Ternura? Porque a vida consagrada exige esse amor terno ao outro, e sabemos que o ato de amar vem da experiência filial com Deus. Se a revolução começa dentro de nós – padres, religiosos(as), leigos consagrados, seminaristas – saberemos ensinar a todos a diferença do Deus justo que redime o homem daquele que o castiga.

O Centro Âncora se dedica a cuidar com ternura da vida consagrada a partir das dimensões física, espiritual e psíquica. Portanto, neste Congresso, aprofunde-se no tema da ternura e como ela pode revolucionar a sua saúde e a vivência da sua vocação.

Faça aqui sua inscrição para o VII Congresso Âncora: Revolução da Ternura

O trabalho na vida sacerdotal e religiosa

A vida sacerdotal, bem como a vida religiosa, dá seu sim a Deus a cada dia, no esforço do seu trabalho, na vivência da vocação, mas nem sempre isso é fácil.

Porque diferentemente de um trabalhador comum, que tem hora exata para começar e terminar o seu trabalho, na vida consagrada não funciona assim.

Sem falar no horário de almoço, com pelo menos 1 hora de descanso, 30 dias de férias remuneradas, enfim, tantos outros direitos trabalhistas, que não são regra na vida sacerdotal e religiosa.  

Claro que isso não é nenhuma novidade para aqueles que já estão vivendo o seu chamado na Igreja, talvez seja para aqueles que ainda estão iniciando a etapa dos estudos. Contudo, o que todos aqueles que dedicam sua vida pelo Reino de Deus precisam é cuidar de si.

Sim, cuidar de si também, porque se o sacerdote está fisicamente, mentalmente ou espiritualmente esgotado, como ajudará aqueles que recorrem a ele?

Se um religioso ou religiosa não olhar também para si, entender suas próprias necessidades, como atenderá as necessidades do próximo para ajudá-lo?

Logo, o trabalho exige muito sim, e é muito necessário na vida da Igreja, mas a vida sacerdotal e religiosa precisa de uma vida integral. Vamos entender melhor isso! 

O ser humano como ser integral

Não somos máquinas! Talvez este seja o primeiro ponto que todos precisam ter em mente. Afinal, na correria, nem sempre a vida sacerdotal ou religiosa se recorda que somos um corpo que possui uma dimensão espiritual, mas também mental.

Sendo assim, todo ser humano tem suas emoções, tem seus altos e baixos, suas frustrações, seus ideais, sente amor, mas também raiva. Ora, a vida sacerdotal e religiosa não estão imunes, e tudo isso não pode ser reprimido dentro de si, mas ser trabalhado.

Logo, o ser humano que se compreende como criatura integral tem consciência de si mesmo, em sua dimensão física, mental e espiritual. Tem consciência da concretude dos seus pensamentos e o que eles representam para a sua vida e vocação.

A vida sacerdotal em sua integralidade

Para além do trabalho, ao olhar para a sua vida sacerdotal ou religiosa, a vida consagrada não pode apenas pensar no cumprimento diário dos seus votos de pobreza, obediência e castidade.

Ou, então, cuidar apenas da sua dimensão espiritual, mas se esquecer de cuidar da sua saúde mental. Aliás, muitos sacerdotes e religiosos ainda não compreenderam a questão da saúde mental como algo necessário a todo ser humano, inclusive para si mesmo. Simplesmente ignoram o fato de que, quando a mente está doente, o corpo não consegue responder aos impulsos da vida.

E aqui cabe a famosa frase em latim do poeta romano, Juvenal, que diz: “Mens sana in corpore sano”, traduzindo para o nosso idioma: “Mente sã, corpo são”. O que significa que o oposto é também real.

Neste sentido, ao mesmo tempo em que se dedicam ao seu trabalho na Vinha do Senhor também é importante que os sacerdotes e religiosos estejam  dispostos a olhar para si. E não se trata de um olhar individualista e narcisista, como alguns pensam, mas sim com a finalidade de alcançar a plenitude na realização da sua vocação.

Portanto, para ajudar, trazemos aqui algumas dicas simples, práticas e muito necessárias para cuidar da saúde mental. Acompanhe!

Dicas valiosas para a vida sacerdotal e religiosa

Pelo bem da saúde mental e para que os consagrados adquiram um novo vigor na realização do seu trabalho, é preciso, primeiramente, tomar uma decisão: “eu preciso cuidar de mim para poder cuidar do outro”; “eu preciso me ajudar, para poder ajudar o outro”.

E a partir desta decisão, alguns passos precisam ser dados. Vamos conhecer!

# Incluir a atividade física na rotina

Para o bem da saúde mental e física, o ser humano precisa exercitar-se, afinal o nosso corpo não foi criado para a estagnação, mas para o movimento. E com a vida sacerdotal e religiosa não é diferente!

A atividade física regular é necessária para aqueles que levam uma vida atarefada, ou seja, todos nós! E entre seus inúmeros benefícios, ela tem a capacidade de oferecer bem-estar e prevenir ou tratar a depressão, a longo prazo.

Portanto, apesar dos compromissos infinitos, é importante que a vida sacerdotal e religiosa dedique um tempo para algum tipo de atividade física, como uma simples caminhada, por exemplo.

# Ter relacionamentos afetivos

Não é porque a vida sacerdotal e religiosa é celibatária que não pode ter relacionamentos afetivos. Afinal, os amigos são tesouros de Deus em nossa vida.

Não fosse assim, o autor bíblico não diria que “um amigo fiel é uma poderosa proteção”, e que “um amigo fiel é um remédio de vida e imortalidade; quem teme o Senhor, achará esse amigo” (Eclo 6,14 e 16).

# Reservar um tempo para o descanso

O sono e o descanso são extremamente importantes para cuidar da nossa saúde física e mental. Afinal, é no descanso que o corpo recupera a sua energia e vitalidade, inclusive restabelecendo o raciocínio. 

Logo, sem descanso a vida sacerdotal e religiosa não conseguirão se entregar totalmente ao exercício de sua vocação.

# Manter-se unido à família

É claro que, quando o homem ou a mulher diz sim para viver uma vocação ao serviço da Igreja, eles precisam afastar-se do convívio da sua família, pelos estudos e pela missão.

Mas isso não significa cortar vínculos ou que estão impedidos de ter uma vida familiar. Muito pelo contrário, é bom e saudável estar entre aqueles que são parte daquilo que somos.

Logo, é recomendado que sempre que possível a vida consagrada procure estar junto da sua família, nem que seja por um dia ou algumas horas.  

Enfim…

A saúde mental tem um poder incrível no comando do nosso corpo. Quando se está bem, mentalmente, nosso corpo consegue seguir com motivação o ritmo constante de trabalho. Contudo, quando não, tudo em nossa vida fica comprometido e cada vez mais caímos num abismo de frustração, tristeza, indisposição e até mesmo decepção.

Sendo assim, é preciso estar atento aos sinais da mente tanto quanto aos do corpo.

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