Nossa vida interior

Hoje queremos falar, comentar nesta comunicação convosco sobre um valor extraordinário: a vida interior. Queremos dizer da necessidade que temos de reconhecer todos os valores desta vida interior. Queremos saborear um novo conhecimento e discernimento do que seja a vida interior.

Temos nestes tempos percebido o desgaste que traz o ativismo em que vivemos, que mata toda a possibilidade de vida interior. Quando nós cortamos ou cerramos uma árvore que secou, percebemos que ela não tem mais vida que corre dentro do seu centro vital. Assim também conosco, se pudéssemos muitas vezes olhar para nós mesmos perceberíamos que as vezes estamos nos secando por dentro.

O Senhor nos fala claramente que Ele veio trazer uma fonte que jorra plenitude de vida. O Senhor veio falar tantas vezes da necessidade que temos de parar para poder saborear a presença amorosa de Deus. Não falou tanto em palavras, mas muito falou com seus gestos.

Quantas vezes o Senhor depois do trabalho do pastoreio sentiu a necessidade de recolher-se. O Senhor vem hoje nos chamar para esta experiência. Experiência da vida interior, experiência que nos convida a um reabastecimento.

Meus prezados membros: a grande preocupação que vem do nosso coração é a preocupação de que todas as pessoas possam saborear plenamente o amor de Deus na dimensão mais interior de suas vidas. Esta dimensão do amor de Deus é uma dimensão tão essencial, faz com que em profundidade se cresça naquela experiência de uma opção consciente, de uma opção clara, de uma opção por Jesus Cristo, onde não há dúvida que não possa ser solucionada, onde não há morte que não possa se tornar Páscoa, onde não há desespero que não possa se tornar esperança, onde não há desamor que não possa tornar-se amor, onde enfim, há uma infinidade de realidades que transformadas podem nos dar um sentido de vida. Aliás a vida interior, percebida, nada mais é do que uma consciência profunda da busca do sentido de ser.

Muitas vezes o fazer, o correr, o ativismo desenfreado, pode estar entrando em nossas vidas, nas comunidades da Copiosa Redenção, entrando em forma de zelo, em forma de um ativismo que aparentemente se torna necessário.

(Trecho da carta escrita em 23 de maio de 1994)

O que São João Paulo II diz sobre evangelização 

São João Paulo II é um exemplo de evangelizador missionário. Afinal de contas, não é à toa que recebeu o título de Papa Peregrino. O polonês viajou para 129 países e percorreu 1,2 milhões de quilômetros. Sempre levando a santidade para mais pessoas e apresentando a Palavra de Deus em todos os cantos. 

Na encíclica Redemptoris Missio, publicada em 1990, São João Paulo cita Coríntios (9,16) ao dizer que evangelizar é nossa obrigação, e que não devemos nos gloriar por isso. 

Na mesma encíclica, o Papa fala sobre sua dedicação constante à evangelização.  “Desde o início do meu pontificado, decidi caminhar até aos confins da terra para manifestar esta solicitude missionária, e este ‘contacto direto’ com os povos, que ignoram Cristo, convenceu-me ainda mais da urgência de tal ‘atividade’.”

A missão compete a todos os cristãos

Na encíclica Evangelium Vitae, de 1995, São João Paulo II diz que todos nós somos enviados por Deus para anunciar o seu Evangelho. Foi nos dada essa graça de apresentar a Palavra de Deus aos irmãos e de testemunhar a fé e a vida cristã. 

Recebemos o Evangelho da vida e por meio dele fomos transformados e salvos. E, portanto, também recebemos a missão de sermos proclamadores da verdade para todas as nações. “Vós sois o povo adquirido por Deus, para proclamardes as suas obras maravilhosas.” (1 Ped 2, 9)

A evangelização é uma ação global e dinâmica que engloba anúncio, celebração e serviço da caridade. 

“É um ‘ato’ profundamente eclesial, que compromete todos os operários do Evangelho, cada um segundo os seus carismas e o próprio ministério”, afirma São João Paulo II, no documento. 

Não desanime diante das dificuldades

São João Paulo II fala sobre a importância de não permitir que as dificuldades internas e externas nos deixem pessimistas e desanimados. Talvez as dificuldades pareçam insuperáveis. 

“Em alguns países, está proibida a entrada de missionários; noutros, é proibida tanto a evangelização, como a conversão e até mesmo o culto cristão”, cita o Santo na Encíclica de 1990. 

“Há outros lugares, onde os obstáculos são de natureza cultural: a transmissão da mensagem evangélica mostra-se irrelevante ou incompreensível, e a conversão é considerada como abandono do próprio povo e cultura.”, completa.

Seria realmente desanimador, se fosse uma missão puramente humana. Mas, como o próprio São João nos lembra, não é! Devemos nos apegar à confiança que vem pela fé e lembrar que não somos os protagonistas da missão, mas sim o Espírito Santo.

Caminhos para a evangelização

São João Paulo II explica ainda na encíclica Redemptoris Missio quais caminhos a Igreja segue para evangelizar. 

1- Evangelize por meio do testemunho

De acordo com o papa, o homem é mais fiel à experiência do que a doutrina. Ou seja, a melhor forma de evangelizar é por meio de vivências e experiências. 

A própria vida do missionário é fonte de evangelização, assim como a família cristã e a comunidade eclesial. 

2 – Aceite o convite ao Batismo e à conversão 

O propósito de anunciar a Palavra de Deus é a conversão cristã, ou seja, a aceitação sincera a Cristo. 

Os Apóstolos evangelizavam dessa forma. Convidando as pessoas a mudarem suas vidas. Portanto, por meio da fé o chamavam para a conversão e para o Batismo. Assim, conseguiram cumprir sua missão com muito êxito.

São João Paulo II nos diz que todo convertido é certamente um dom oferecido à Igreja, e igualmente é uma responsabilidade, pois é necessário continuar a sua instrução religiosa. Desse modo, se é adulto traz energia nova, o entusiasmo da fé, o desejo de encontrar na própria Igreja o Evangelho vivido.

“Seria para ele uma desilusão se, entrando na comunidade eclesial, encontrasse aí uma vida sem fervor, privada de sinais de renovação. Não podemos pregar a conversão, se nós mesmos não nos convertermos todos os dias”. 

Que possamos levar os ensinamentos de São João Paulo II para toda a vida!

3 – Edifique novas Igrejas 

A meta central é estabelecer comunidades cristãs e construir e fecundar o terreno até que ela possa se tornar uma Igreja. Não se pode entender como verdadeiramente vencida a missão até que isso não seja feito. 

Contudo, São João Paulo II deixa claro que trata-se de um longo e exigente trabalho!

A encíclica é encerrada falando sobre a alegria de ser um missionário. “A característica de qualquer vida missionária autêntica é a alegria interior que vem da fé. Num mundo angustiado e oprimido por tantos problemas, que tende ao pessimismo, o proclamador da « Boa Nova » deve ser um homem que encontrou, em Cristo, a verdadeira esperança.”

O texto foi escrito há mais de 30 anos e ainda assim deve ser usado como inspiração para nós, evangelizadores. Por isso, recomendamos a leitura do documento na íntegra. 

Leia também outros conteúdos sobre evangelização no nosso blog.

7 dicas para vencer a insônia

Um dos principais alertas que o organismo dá de que a saúde psíquica não está bem pode ser a insônia. Noites mal dormidas, ou passadas em claro, envolta em pensamentos e ansiedades que impedem o descanso e, consequentemente, o bem-estar. 

As responsabilidades da vida, preocupações, medos e dificuldades de relacionamento ocupam a mente e dificultam o relaxamento característico do momento de sono. Principalmente, sacerdotes, autoridades, formadores ou reitores, prioras e madres costumam sofrer de insônia, com certa frequência, devido ao alto grau de atribuições que a função exige. 

Para ajudar com essa dificuldade, preparamos 7 dicas práticas que poderão ajudar você a vencer a insônia. Logicamente, há casos em que só a intervenção medicamentosa será eficaz, por isso é necessário um bom acompanhamento médico e terapêutico. 

1 – Procure estabelecer uma rotina 

Assim como boa parte das realidades da vida humana, a rotina é uma boa aliada quando se trata de sono. Manter o padrão de horário para deitar e acordar, respeitando as 8 horas de sono necessárias para a reparação do organismo, é indispensável. 

Não se trata somente de horários, mas de um estilo de vida que estabeleça uma prática corriqueira de preparação para o sono, um ritual. Desse modo, seu organismo se educa e passa a se preparar, também, com a carga hormonal necessária para o descanso. 

2- Busque um quarto completamente escuro 

Luz e escuridão possuem sua importância quando se fala em dormir bem. O uso de luzes no quarto, por menores que sejam, bloqueiam ou dificultam a produção de melatonina, o hormônio do sono. Além disso, a luz no quarto produz cortisol, o hormônio do estresse. 

A melatonina é responsável por reduzir a pressão arterial, os níveis de glicose e a temperatura do corpo, a fim de produzir um sono reparador. Sem isso, o organismo não consegue atingir os níveis de sono necessários para o relaxamento completo.

3 – Evite o uso de telas até 2h antes de dormir

Pelo mesmo motivo citado acima, é necessário evitar o uso de telas antes de dormir. A luz que emana dos dispositivos eletrônicos são responsáveis pela deficiência de melatonina, dificultando, portanto, o relaxamento. 

Muitos se viciaram em “relaxar” utilizando o celular antes de dormir, contudo isso é uma prática condenada pelas sociedades de medicina.  Exatamente, pelo alto índice de cortisol liberado no organismo, pelo estado de atenção e ansiedade e pelo uso da luz próxima ao olho. 

4 – Utilize chás e óleos essenciais para relaxar

Há uma série de chás e óleos essenciais que vêm sendo amplamente estudados para auxiliar o organismo a preparar-se para dormir.

Chás de camomila, erva-cidreira, capim santo, erva-doce são alguns exemplos que, além de serem saborosos, possuem propriedades relaxantes. Os óleos essenciais também têm sido utilizados com ainda mais frequência, em especial o óleo de lavanda.

De acordo com um estudo, o óleo de lavanda tem propriedades anti-inflamatórias, fungicidas, bactericidas, antimicrobianas, antissépticas e analgésicas. Além disso, o óleo também pode exercer efeito antidepressivo, sedativo, antiespasmódico, desintoxicante e hipotensor.  

5 – Tome banho com água morna 

O banho morno relaxa e distenciona os músculos preparando o organismo para o sono. Por isso, um bom banho antes de dormir, com temperatura morna, auxilia no relaxamento. Enquanto o banho gelado desperta e ativa o cérebro, o banho morno relaxa e alivia dores e tensões. 

6 – Não se medique sem prescrição médica

Algo muito comum em quem sofre de insônia é a busca por uma solução rápida e, muitas vezes, sem a devida orientação. Assim, como em qualquer outra doença, não se pode buscar medicações sem prescrição médica. Em especial, no uso de medicações psiquiátricas. 

Por isso, não utilize nenhum tipo de medicação antes que o médico oriente, escute e prescreva, de acordo com a necessidade. 

7 – Utilize ruído branco 

Uma técnica muito conhecida pelas mães mais jovens é o uso do ruído branco para auxiliar no sono. Trata-se de um sinal sonoro que contém todas as frequências na mesma potência. Um exemplo é o chiado da TV quando não está sintonizada, ou mesmo o som do ventilador. 

Há também app com sons de chuva, cachoeira, do mar que ajudam os neurotransmissores ao relaxamento até que se atinja o sono reparador. Vale a pena a experiência. 

Além dessas dicas, é importante que, se os problemas persistirem, buscar, o quanto antes, profissionais adequados como o psiquiatra e o psicólogo, para uma consulta. O importante é que não se demore na condição de insônia para evitar problemas maiores como depressão ou outros transtornos psicológicos. 

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Como dar mais qualidade de vida aos missionários?

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), qualidade de vida é “a percepção do indivíduo de sua inserção na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”.

Então, a qualidade de vida envolve o bem-estar espiritual, físico, mental, psicológico e emocional, além de relacionamentos sociais, como família e amigos e, também, saúde, lazer, educação, habitação e outras circunstâncias da vida.

Mas quem tem direito à qualidade de vida? Parece uma pergunta sem sentido, porém facilmente esquecemos que toda pessoa humana precisa de vida saudável, conforme citou a OMS, e isso inclui a vida missionária religiosa.

Vamos nos tornar promotores de qualidade de vida para os missionários a partir de algumas dicas e colheremos, não apenas o fruto saboroso da doação de sua vida, como também contribuiremos para que eles vivam mais e melhor.

Qualidade de vida segundo o Evangelho

Quando lemos o evangelho, nos encantamos com a doação total de vida do Mestre. Ele viveu em função de sua missão e alcançou o objetivo totalmente, pagando um preço alto por nossa salvação através de sua paixão, morte e ressurreição.

No entanto, podemos correr o risco de supervalorizar a morte de Cristo em lugar da vida, da ressurreição, como se ele tivesse programado sua morte de Cruz, tão dolorosa para qualquer ser humano.

Porém, a forma como ele morreu foi devido a maldade das autoridades da época, imagine que o próprio Deus jamais gostaria de ver seus filhos na mesma condição. Então, ele não deseja a morte de ninguém, ao contrário, a vida segundo o evangelho é abundante.

Por isso, lutar pela vida é um dever cristão, seja na sociedade, na família ou na Igreja. Mas esse zelo começa com pequenas coisas no dia a dia que podemos praticar frequentemente e produz melhor qualidade de vida. 

Leia também: 5 práticas para uma boa saúde psicológica na vida religiosa – Copiosa Redenção

Algumas dicas para ajudar na qualidade de vida dos missionários

De fato, a vida missionária religiosa é um reflexo da vida de Cristo. É um dom imenso para a Igreja e o povo de Deus, quantas histórias maravilhosas de vida doada, santidade e serviço em favor do povo de Deus, principalmente os mais pobres.

Mas a vida do missionário precisa de cuidados e a maior prova de nossa gratidão é a fraternidade. Vamos zelar por suas vidas através de pequena iniciativas:

#1 Acolhimento fraterno

Cada missionário tem sua história de vida. Você parou para ouvir como se deu sua descoberta vocacional e não apenas o que ele sabe sobre o evangelho, a doutrina ou sua instrução acadêmica? Pois é, isso é acolhimento.

A qualidade de vida envolve acolher a pessoa com sua história e não apenas pelo que ela realiza em nosso favor. Então, convide o missionário para visitar sua família, para um almoço fraterno favoreça sorriso, partilha e amizade. 

Porque conhecemos uma pessoa quando nos aproximamos e ouvimos sua história. O missionário não é apenas um servo, mas um irmão; o próprio Cristo o chama de amigo. E em algum momento da vida ele vai precisar de alguém que o ajude como um irmão.

#2 Respeito ao descanso 

O Papa Francisco diz que a vida é missão, logo a missão não pára nunca. Mas as atividades apostólicas, reuniões, formações de líderes, visitas às comunidades, celebrações, catequese e até afazeres pessoais e domésticos precisam parar.

Para que o missionário tenha qualidade de vida é indispensável valorizar o repouso da mente e do corpo. A mente descansa quando ele pode compartilhar responsabilidades, contar com colaboradores, ou seja, não precisa fazer tudo sozinho (a), nem deve centralizar  atribuições.

Já o corpo tem qualidade de vida quando descansa. E isso não é apenas dormir, mas comer o suficiente e em horários adequados, como também uma alimentação que favoreça a reposição de energias para enfrentar os desafios do campo de missão.

#3 Esporte e lazer

Qualidade de vida está diretamente ligada à prática de esportes e ao lazer. À medida que o corpo se exercita, ocorre a liberação de hormônios que produz satisfação, bem-estar, elimina toxinas e libera a mente de pensamentos negativos e autodepreciativos.

Ou seja, o esporte produz qualidade de vida para todas as áreas da vida humana. Então, o missionário precisa de tempo para o esporte, como também incentivo para isso. É possível retardar problemas de saúde, aliviar o estresse e melhorar a qualidade do sono.

Já o lazer é fundamental para evitar o isolamento social e melhorar o humor. Facilmente o missionário pode absorver os problemas da vida pastoral ou comunitária e, com o tempo, esse acúmulo causa desânimo, irritação e doenças físicas e psíquicas.

O missionário é um irmão no caminho

Se colocarmos em prática essas dicas, contribuímos com a qualidade de vida do irmão (a) que dedica sua vida por amor a Jesus e aos irmãos. Claro que depende também da colaboração do próprio religioso, mas o que você pode fazer para ajudar?

Afinal, o missionário é nosso irmão, somos todos criaturas e filhos de Deus, com sonhos e frustrações, dotados de uma alma infinita e de um corpo limitado e fazemos parte da mesma família, a grande Igreja de Cristo.

Logo, é possível incentivar, colaborar e participar da promoção de qualidade de vida para os missionários religiosos, isso inclui sacerdotes, bispos, diáconos, freiras, irmãos, todos que doam suas vidas pela causa do Reino. 

Continue lendo: Ansiedade na vida religiosa: entenda – Copiosa Redenção