Quanto vale a vida de um religioso?

A vida de um religioso é abundante de sentido, de propósitos e possui um valor imensurável para a vida da Igreja devido à sua entrega em favor do Reino de Deus.

Contudo, para aquele que passa por um período difícil em sua vocação ou na sua vida pessoal, esse valor, sentido e propósito podem facilmente ser esquecidos.

Mas às vezes nem precisa disso, a própria cotidianidade do religioso, cheia de compromissos, pode acabar afastando-o de uma espiritualidade cada vez mais íntima de Deus, como deve ser.

Por isso, hoje vamos fazer uma reflexão sobre o quanto vale a vida de um religioso.

Religioso, recorda-te: Deus tem um propósito para a tua vida!

Todo cristão sabe que Deus tem um propósito para a sua vida. E na vida religiosa este propósito é ainda maior. “Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça. Eu assim vos constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos conceda” (João 15,16).

Portanto, a vida de um religioso só encontra seu verdadeiro valor e sentido quando, de fato, a cada dia, é dada em favor do próximo. Afinal, o grande chamado para a vida do religioso é seguir a Cristo e servi-Lo no outro.

Sendo assim, a vida religiosa constitui um grande tesouro na vida da Igreja, cuidando do povo de Deus que precisa de pastores que o conduza ao rebanho do Senhor.

E neste sentido, não podemos deixar de fazer uma alusão bíblica sobre o religioso a partir de duas parábolas de Jesus.

A primeira delas é a do Bom Samaritano: aquele homem misericordioso que encontra em seu caminho um judeu ferido e cuida das suas feridas. Da mesma maneira, o religioso derrama, nas feridas do povo de Deus, o vinho da contrição e da penitência, assim como o óleo da confiança.

A outra parábola é a do filho pródigo. Neste sentido, o religioso é aquele que acolhe os filhos pródigos deste mundo garantindo que voltem à união com Cristo e os encaminha à Pátria celeste.

O religioso tem uma importância fundamental para a Igreja e para a sociedade. Começando pela valorização da pessoa humana. Além disso, o religioso ajuda a recuperar a dimensão do sagrado que é indispensável para a Igreja e para sociedade.

São Paulo, modelo para o religioso

O apóstolo Paulo é alguém que deu muito de si em prol do Reino de Deus e que padeceu para cumprir a Sua missão de levar o Evangelho àqueles que encontrasse. Sofreu mais do que poderia supor, assim como na atualidade são muitos os sofrimentos do religioso no cumprimento de sua vocação.

E Paulo escreveu: “Mas nada disso temo, nem faço caso da minha vida, contanto que termine a minha carreira e o ministério da palavra que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho ao Evangelho da graça de Deus” (Atos 20,24).

Contudo, essas suas palavras podem dar a entender que ele não valorizava a própria vida. Mas não é nada isso!

Muitas vezes, quando falamos de vida, a consideramos como um bem pessoal e pensamos poder fazer o que queremos com ela. Nos esquecemos que a vida não nos pertence, mas que ela nos foi concedida por Deus para desfrutarmos dela aqui, tendo como principal objetivo conhecer nosso Criador e termos comunhão com Ele. Ao mesmo tempo, enquanto aqui vivemos nossa vida, Deus nos prepara para termos vida eterna.

Logo, Paulo não menospreza sua vida, ele sabe o quanto ela é preciosa. Porém, para ele o valor de sua vida estava na grandiosidade de sua missão de evangelização. A sua vida passou a ter sentido e propósito a partir do seu encontro com Cristo. E ele estava disposto a abdicar de tudo para se dedicar exclusivamente à missão de evangelização, não importa o que acontecesse com ele. E o que fizesse, desejava fazer com alegria, com satisfação, jamais como uma obrigação.

Redescobrir o prazer de ser útil na cooperação com Deus

É preciso que o religioso resgate para si mesmo o valor da sua vida. E isso é possível encontrando sentido e significado refletidos na vida daqueles que o cercam e cujas vidas ele deve zelar como o Bom Pastor.

Apesar das dificuldades, seja no trabalho apostólico, em sua espiritualidade ou na saúde (física ou emocional), o religioso precisa recordar-se de que é um sinal profético num mundo fascinado pelo ter e o poder. Lembrar-se de que para os outros a sua vida aponta para os valores escatológicos, aponta para aquilo que há de vir.

Certamente esses são valores que ajudam na vivência diária da vocação e a redescobrir o valor da própria vida.

Aproveite para ler: Qual a diferença entre cansaço e depressão?

Revolução da ternura: o chamado da vida consagrada

Ultimamente, ternura é uma das palavras mais utilizadas pelo Papa Francisco ao falar de Deus, principalmente nas suas catequeses.

Logo, a palavra ternura é um substantivo que indica uma atitude ou atributo de quem é terno. Significa meiguice, afeto, carinho; e é sinônimo de delicadeza, doçura, brandura, suavidade.

Mas por que o Papa escolheu essa palavra para falar do amor de Deus? Porque “ternura”, explica Francisco, traduz muito bem “o afeto que o Senhor sente por nós”. Segundo ele, “o amor de Deus não é um princípio geral abstrato, mas pessoal e concreto, que o Espírito Santo comunica no íntimo de cada um de nós”.

E sendo assim, de acordo com o Sumo Pontífice, a ternura de Deus nos alcança e tem a capacidade de transformar nossos sentimentos e pensamentos.

“Não fecheis os vossos corações” (Salmo 95)

Devido à rotina de trabalho e até mesmo diante das situações difíceis que precisam lidar no atendimento ao povo de Deus, os consagrados, sacerdotes e religiosos acabam endurecendo o seu coração. E é aí que se corre o risco de se esquecer da ternura de Deus.

Mas não apenas isso, o cansaço, as mudanças, a doença (tanto física quanto emocional) também podem aos poucos ir nos afastando da ternura de Deus.

Mas muitos também acabam se fechando porque presumem saber tudo de Deus e acabam se esquecendo de se abrir para o Seu amor. E Deus não gosta, segundo o Papa, daquela religiosidade que explica tudo, mas que tem o coração frio.

Logo, a história de Jó, no Antigo Testamento, é um convite a abrir o coração! Ele, que perde tudo na vida, as riquezas, a família, o filho e a saúde, não se permite afastar do Coração de Deus. Contudo, Jó não aceita uma “caricatura” de Deus, mas eleva o seu grito diante das suas fragilidades até que Deus lhe responda e revele o Seu rosto. E Deus responde aos seus apelos revelando-lhe o amor que se escondia por detrás do seu silêncio.

Já no Novo Testamento, uma das parábolas de Jesus que ilustra perfeitamente bem a ternura de Deus é a do Filho Pródigo. Quando retorna, o filho espera por uma punição, por isso diz ao pai que se contentava em ser tratado como um dos criados. No entanto, ele foi surpreendido pelo abraço do pai. E sobre isso o Papa Francisco explicou: “A ternura é algo maior do que a lógica do mundo”.

Aceitar a ternura para ser capaz de ternura!

O Papa Francisco ensina que “a teologia não pode ser abstrata, se fosse abstrata seria ideologia, pois nasce de um conhecimento existencial, nasce do encontro com o Verbo que se fez carne!

A teologia é chamada a comunicar a concretude do Deus amor. E a ternura é um existencial concreto bom para traduzir em nossos tempos o afeto que o Senhor sente por nós”.

Logo, a teologia da ternura, segundo o Papa, gira em torno de duas coisas: “a beleza de sentir-se amado por Deus e a beleza de sentir que amamos em nome de Deus”. E sobre isso o pontífice ressalta que “quando uma pessoa se sente realmente amada, é levada também a amar”.

Neste sentido, o Papa ainda destaca: “Se Deus é ternura infinita, o ser humano, criado à sua imagem, é também capaz de ternura”. Ele também afirma que “a ternura é o primeiro passo para superar o fechamento em si mesmo e sair do egocentrismo que deturpa a liberdade humana. A ternura de Deus nos leva a entender que o amor é o sentido da vida”.

E de acordo com o Papa, a ternura é capaz de dar à Igreja uma teologia “saborosa” e que “somos chamados a derramar no mundo o amor recebido do Senhor”.  

Além disso, a ternura nos ajuda a viver uma fé consciente, cheia de amor e esperança. Também a dobrar os joelhos, tocados e feridos pelo amor divino.

Leia também: Você está atento aos sinais e dores de um consagrado?

VII Congresso Âncora: Revolução da Ternura

“Estou permitindo que o Senhor me ame com a sua ternura, transformando-me em um homem/mulher capaz de amar desta forma?”, perguntou o Papa em uma de suas audiências. E foi a partir desse questionamento que o Centro Âncora lançou o seu VII Congresso com o tema “Revolução da Ternura”.

Este congresso, que acontece nos dias 15 e 16 de setembro, é destinado a Bispos, Provinciais, Psicólogos, Formadores, Sacerdotes, Religiosos(as), Seminaristas e Leigos Consagrados.

Mas por que é necessária uma Revolução da Ternura? Porque a vida consagrada exige esse amor terno ao outro, e sabemos que o ato de amar vem da experiência filial com Deus. Se a revolução começa dentro de nós – padres, religiosos(as), leigos consagrados, seminaristas – saberemos ensinar a todos a diferença do Deus justo que redime o homem daquele que o castiga.

O Centro Âncora se dedica a cuidar com ternura da vida consagrada a partir das dimensões física, espiritual e psíquica. Portanto, neste Congresso, aprofunde-se no tema da ternura e como ela pode revolucionar a sua saúde e a vivência da sua vocação.

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O trabalho na vida sacerdotal e religiosa

A vida sacerdotal, bem como a vida religiosa, dá seu sim a Deus a cada dia, no esforço do seu trabalho, na vivência da vocação, mas nem sempre isso é fácil.

Porque diferentemente de um trabalhador comum, que tem hora exata para começar e terminar o seu trabalho, na vida consagrada não funciona assim.

Sem falar no horário de almoço, com pelo menos 1 hora de descanso, 30 dias de férias remuneradas, enfim, tantos outros direitos trabalhistas, que não são regra na vida sacerdotal e religiosa.  

Claro que isso não é nenhuma novidade para aqueles que já estão vivendo o seu chamado na Igreja, talvez seja para aqueles que ainda estão iniciando a etapa dos estudos. Contudo, o que todos aqueles que dedicam sua vida pelo Reino de Deus precisam é cuidar de si.

Sim, cuidar de si também, porque se o sacerdote está fisicamente, mentalmente ou espiritualmente esgotado, como ajudará aqueles que recorrem a ele?

Se um religioso ou religiosa não olhar também para si, entender suas próprias necessidades, como atenderá as necessidades do próximo para ajudá-lo?

Logo, o trabalho exige muito sim, e é muito necessário na vida da Igreja, mas a vida sacerdotal e religiosa precisa de uma vida integral. Vamos entender melhor isso! 

O ser humano como ser integral

Não somos máquinas! Talvez este seja o primeiro ponto que todos precisam ter em mente. Afinal, na correria, nem sempre a vida sacerdotal ou religiosa se recorda que somos um corpo que possui uma dimensão espiritual, mas também mental.

Sendo assim, todo ser humano tem suas emoções, tem seus altos e baixos, suas frustrações, seus ideais, sente amor, mas também raiva. Ora, a vida sacerdotal e religiosa não estão imunes, e tudo isso não pode ser reprimido dentro de si, mas ser trabalhado.

Logo, o ser humano que se compreende como criatura integral tem consciência de si mesmo, em sua dimensão física, mental e espiritual. Tem consciência da concretude dos seus pensamentos e o que eles representam para a sua vida e vocação.

A vida sacerdotal em sua integralidade

Para além do trabalho, ao olhar para a sua vida sacerdotal ou religiosa, a vida consagrada não pode apenas pensar no cumprimento diário dos seus votos de pobreza, obediência e castidade.

Ou, então, cuidar apenas da sua dimensão espiritual, mas se esquecer de cuidar da sua saúde mental. Aliás, muitos sacerdotes e religiosos ainda não compreenderam a questão da saúde mental como algo necessário a todo ser humano, inclusive para si mesmo. Simplesmente ignoram o fato de que, quando a mente está doente, o corpo não consegue responder aos impulsos da vida.

E aqui cabe a famosa frase em latim do poeta romano, Juvenal, que diz: “Mens sana in corpore sano”, traduzindo para o nosso idioma: “Mente sã, corpo são”. O que significa que o oposto é também real.

Neste sentido, ao mesmo tempo em que se dedicam ao seu trabalho na Vinha do Senhor também é importante que os sacerdotes e religiosos estejam  dispostos a olhar para si. E não se trata de um olhar individualista e narcisista, como alguns pensam, mas sim com a finalidade de alcançar a plenitude na realização da sua vocação.

Portanto, para ajudar, trazemos aqui algumas dicas simples, práticas e muito necessárias para cuidar da saúde mental. Acompanhe!

Dicas valiosas para a vida sacerdotal e religiosa

Pelo bem da saúde mental e para que os consagrados adquiram um novo vigor na realização do seu trabalho, é preciso, primeiramente, tomar uma decisão: “eu preciso cuidar de mim para poder cuidar do outro”; “eu preciso me ajudar, para poder ajudar o outro”.

E a partir desta decisão, alguns passos precisam ser dados. Vamos conhecer!

# Incluir a atividade física na rotina

Para o bem da saúde mental e física, o ser humano precisa exercitar-se, afinal o nosso corpo não foi criado para a estagnação, mas para o movimento. E com a vida sacerdotal e religiosa não é diferente!

A atividade física regular é necessária para aqueles que levam uma vida atarefada, ou seja, todos nós! E entre seus inúmeros benefícios, ela tem a capacidade de oferecer bem-estar e prevenir ou tratar a depressão, a longo prazo.

Portanto, apesar dos compromissos infinitos, é importante que a vida sacerdotal e religiosa dedique um tempo para algum tipo de atividade física, como uma simples caminhada, por exemplo.

# Ter relacionamentos afetivos

Não é porque a vida sacerdotal e religiosa é celibatária que não pode ter relacionamentos afetivos. Afinal, os amigos são tesouros de Deus em nossa vida.

Não fosse assim, o autor bíblico não diria que “um amigo fiel é uma poderosa proteção”, e que “um amigo fiel é um remédio de vida e imortalidade; quem teme o Senhor, achará esse amigo” (Eclo 6,14 e 16).

# Reservar um tempo para o descanso

O sono e o descanso são extremamente importantes para cuidar da nossa saúde física e mental. Afinal, é no descanso que o corpo recupera a sua energia e vitalidade, inclusive restabelecendo o raciocínio. 

Logo, sem descanso a vida sacerdotal e religiosa não conseguirão se entregar totalmente ao exercício de sua vocação.

# Manter-se unido à família

É claro que, quando o homem ou a mulher diz sim para viver uma vocação ao serviço da Igreja, eles precisam afastar-se do convívio da sua família, pelos estudos e pela missão.

Mas isso não significa cortar vínculos ou que estão impedidos de ter uma vida familiar. Muito pelo contrário, é bom e saudável estar entre aqueles que são parte daquilo que somos.

Logo, é recomendado que sempre que possível a vida consagrada procure estar junto da sua família, nem que seja por um dia ou algumas horas.  

Enfim…

A saúde mental tem um poder incrível no comando do nosso corpo. Quando se está bem, mentalmente, nosso corpo consegue seguir com motivação o ritmo constante de trabalho. Contudo, quando não, tudo em nossa vida fica comprometido e cada vez mais caímos num abismo de frustração, tristeza, indisposição e até mesmo decepção.

Sendo assim, é preciso estar atento aos sinais da mente tanto quanto aos do corpo.

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O que não podemos esquecer da dimensão pascal da vida religiosa e sacerdotal

A dimensão pascal da vida religiosa e sacerdotal é algo que deve estar sempre presente no cotidiano. Contudo, a agenda de compromissos sempre cheia pode, por vezes, dificultar o sacerdote ou religioso de realizá-lo em sua vida.

São João Paulo II, afirmou que  “a vida consagrada, profundamente arraigada nos exemplos e ensinamentos de Cristo Senhor, é um dom de Deus Pai à sua Igreja, por meio do Espírito” (Exortação Apostólica Vita Consecrata).

Logo, sabemos que a história da Igreja é repleta de homens e mulheres que responderam o chamado do Espírito e tomaram o caminho do seguimento de Cristo. Ainda que hoje o número de vocações na Igreja tenha diminuído. Porém, este seguimento, se não for decididamente moldado à imitação de Cristo, certamente será falho em algum momento.

Sendo assim, fazemos aqui uma reflexão sobre a dimensão pascal da vida religiosa e sacerdotal trazendo alguns lembretes extraídos da reflexão de São João Paulo II. Por isso, continue a leitura! 

A dimensão pascal da vida religiosa: o Tabor e o Calvário

O Monte Tabor e o Monte Calvário são palco de grande sofrimento de Jesus, episódios que São João Paulo II estimula a que todo sacerdote e religioso procure adentrar profundamente.

No Tabor, “os olhos dos apóstolos fixam-se em Jesus, que pensa na Cruz (cf. Lc 9,43-45). Nesta, o seu amor virginal pelo Pai e por todos os homens atingirá a máxima expressão; a sua pobreza chegará ao despojamento total; a sua obediência irá até ao dom da vida” (Vita Conecrata).

E ele completa: “Da contemplação de Cristo crucificado, recebem inspiração todas as vocações; da Cruz, com o dom fundamental do Espírito têm origem todos os dons, e em particular o dom da vida consagrada”.

O Deus-Amor que emana da Cruz

A vida religiosa e sacerdotal experimenta a verdade de Deus-Amor de modo imediato e profundo à medida que se aproxima da Cruz de Cristo. E sobre isso São João Paulo II recorda: “A vida consagrada reflete este esplendor do amor, porque confessa, com a sua fidelidade ao mistério da Cruz, que crê e vive do amor do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.

E é deste modo, segundo João Paulo II, que a vida consagrada “contribui para manter viva na Igreja a consciência de que a Cruz é a superabundância do amor de Deus que transborda sobre este mundo”.

O Papa ainda afirma que a Cruz é o grande sinal da presença salvífica de Cristo. E isto, especialmente nas dificuldades e nas provações. E disse ainda que “é isso o que testemunha, continuamente e com uma coragem digna de profunda admiração, um grande número de pessoas consagradas que vivem em situações difíceis, por vezes mesmo de perseguição e martírio”.

João Paulo II ainda refletiu que a fidelidade ao único Amor se revela e se aperfeiçoa na humildade de uma vida escondida.

Além disso, “na aceitação dos sofrimentos para ‘completar na própria carne o que falta aos sofrimentos de Cristo’ (cf. Col 1,24), no sacrifício silencioso, no abandono à vontade santa de Deus”. Também “na serena fidelidade mesmo face ao declínio das próprias forças”.

Isso diz muito sobre a presença do sofrimento, que é inevitável. Contudo, a vida religiosa não precisa passar pelo sofrimento sozinho. Inclusive o próprio Cristo teve a ajuda do Cirineu para carregar a Sua cruz.

A esperança ativa na dimensão pascal da vida religiosa 

Apesar de a esperança nos apontar para a vida futura, na eternidade, isso não significa que ela é passiva.

Logo, esta esperança se manifesta “em trabalho e missão, para que o Reino se torne presente já desde agora, através da instauração do espírito das bem-aventuranças”. E que, segundo São João Paulo II é “capaz de suscitar anseios eficazes de justiça, paz, solidariedade e perdão, mesmo na sociedade humana”.

Nas palavras dele, precisa estar amplamente presente na história da vida consagrada, a fim de sempre “produzir frutos abundantes mesmo em favor da sociedade”. Desta forma, a vida consagrada torna-se “sinal do Espírito em ordem a um futuro novo, iluminado pela fé e pela esperança cristã”.

“A tensão escatológica transforma-se em missão, para que o Reino se afirme de modo crescente, aqui e agora. À súplica ‘Vem, Senhor Jesus!’, une-se a outra invocação: ‘Venha a nós o teu Reino!’ (cf. Mt 6,10)”.

A dimensão pascal da vida religiosa, a Virgem Maria como modelo

A Maria é aquela que reflete mais perfeitamente a beleza divina, algo que cada vida religiosa e sacerdotal é convidado a refletir.

E a amizade com a Virgem Santíssima tem uma importância fundamental aos consagrados para seu aperfeiçoamento espiritual e progresso no caminho da santidade.

Além disso, São João Paulo II afirma: “Maria é, de fato, exemplo sublime de perfeita consagração, pela sua pertença plena e dedicação total a Deus. Escolhida pelo Senhor, que n’Ela quis cumprir o mistério da Encarnação, lembra aos consagrados o primado da iniciativa de Deus. Ao mesmo tempo, dando o seu consentimento à Palavra divina que nela se fez carne, Maria aparece como modelo de acolhimento da graça por parte da criatura humana”.

João Paulo II ainda destaca Maria como “mestra de seguimento incondicional e de assíduo serviço”. E aponta: “na Virgem, a pessoa consagrada encontra ainda uma Mãe por um título absolutamente especial. De fato, se a nova maternidade conferida a Maria no Calvário é um dom feito a todos os cristãos, tem um valor específico para quem consagrou plenamente a própria vida a Cristo”.

Portanto, afirmou: “a relação filial com Maria constitui o caminho privilegiado para a fidelidade à vocação recebida e uma ajuda muito eficaz para nela progredir e vivê-la em plenitude”. 

Enfim…

O longo documento pontifício busca nortear todo o caminho da vocação religiosa e sacerdotal a partir do mistério pascal, mistério que não se faz sem o sofrimento.

Contudo, é preciso um olhar atento para a vida consagrada, pois muitos necessitam de apoio para carregar a cruz de uma saúde emocional abalada.

Nessas horas, além da ajuda de um diretor espiritual, é importante contar com profissional da área da saúde, como psiquiatra, psicólogo e até mesmo educador físico e nutricionista.

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7 sinais de que você pode estar em crise vocacional 

Tem sido cada vez mais comum religiosos em crise vocacional, e os motivos são os mais variados.

Esta tem sido uma das principais causas de afastamento ou até mesmo de desligamento de religiosos da sua comunidade. Por isso, é tão importante para você conhecer os sinais a fim de compreender o que de fato está acontecendo e assim saber como lidar com isso.

Mas, afinal, quais são os sinais de alguém que está passando por uma crise vocacional? Primeiramente, vamos começar por entender o que é uma “crise”.

Crise vocacional, o que é isso?

A crise faz parte da vida de todo ser humano e advém de diversos contextos, por exemplo, crise econômica, de saúde, emocional, vocacional, entre outros.

A palavra crise tem sua origem no latim, a partir do vocábulo crísis que significa “momento de decisão, de mudança súbita”.

No entanto, passar por uma crise significa atravessar um momento de sofrimento muito intenso, tanto que tem força suficiente para desestruturar a vida psíquica e social da pessoa.

Contudo, é fundamental passar pela dor da crise para que haja mudanças em nós. No contexto da vocação, uma crise pode servir para firmar ainda mais a fé e fundamentar as próprias convicções de forma assertiva e racional.

São João da Cruz em “Noite Escura” trata justamente de um tempo de crise, que ele define como um deserto árido, grande tormento. Mas o santo também indica que pode ser um tempo generoso e frutífero que possibilita o crescimento espiritual.

Sendo assim, uma crise vocacional provoca angústia, sim, mas também tem a capacidade de alargar o coração.

Por tudo isso, uma crise, por mais difícil que seja, é um tempo de mudança, é um tempo decisivo. É também um tempo de profundo amadurecimento vocacional, que coloca a pessoa na decisão de continuar, de modo mais maduro e decidido, ou mudar a rota.

Mas, antes de qualquer decisão, obviamente, o religioso precisa entender que está passando por uma crise e que ela pode se tornar muito positiva para a sua vocação. Para isso, é preciso começar a identificar os sinais para saber como combatê-los. Acompanhe!

7 sinais de uma crise vocacional

A crise vocacional passa por algumas atitudes que são um grande impeditivo para uma caminhada mais sólida e fiel.

Essas atitudes podem ser observadas isoladamente, ou seja, você pode apresentar apenas uma ou duas, enquanto que outro religioso pode apresentar várias ou até mesmo todas.

Vamos conhecê-las.

#1 Debilidade da fé

A fé precisa ser cultivada diariamente, é assim com os leigos, é assim com os religiosos. Por isso, quando não é cultivada assiduamente, a fé acaba ficando debilitada. Muitos chegam ao ponto de afirmar que perderam totalmente a fé e, consequentemente, não têm mais razão para manter seu projeto de vida religioso, ponto alto de uma crise vocacional.

#2 Dúvida

Em certa altura da vida, muitos chegam a uma crise vocacional se questionando: Será que Deus, de fato, me chamou para a vida religiosa? E então muitos passam a esperar por uma alocução de Deus, uma revelação privada, que confirme ou não a sua escolha.

Contudo, esquecemos que Deus não se obriga a agir assim com todos. E, então, quando a “resposta” de Deus não vem, muitos acabam por viver eternamente num ciclo de dúvidas que pode ser compreendido como a “síndrome do discernimento vocacional perpétuo”.

# 3 O desânimo espiritual

Jesus ordenou aos discípulos que avançassem para águas mais profundas. E mesmo cansados de uma pescaria que não deu em nada até aquele momento, eles obedeceram, ou seja, não pararam nas dificuldades, acreditaram no Mestre.

Contudo, muitas vezes permanecemos na superficialidade, nos esquecemos de lançar a rede, de ir para águas mais profundas e então vem o desânimo. E o desânimo tira a força do nosso coração, nos põe apáticos, nos rouba da oração, do encontro com Deus. Obviamente que o resultado disso pode ser devastador para a vocação.

# 4 O medo

O medo surge em diversas circunstâncias da nossa vida e pode se tornar ainda mais intenso durante uma crise vocacional.

Contudo, o medo começa a nos fazer mal quando nos paralisa, quando nos rouba da nossa identidade cristã, quando nos impede de confiar em Deus.

Geralmente, o medo está associado a distúrbios de ansiedade, resultado de uma saúde emocional fragilizada que precisa ser urgentemente tratada. Do contrário, a crise vocacional poderá dar frutos ruins.

# 5 A desobediência

Uma característica muito visível de alguém que está passando por uma crise vocacional é a dificuldade de viver o voto da obediência.

Logo, o consagrado passa a agir de maneira egoísta, vive em função de si mesmo e não da sua congregação e muito menos em função de Deus. Além disso, torna-se indiferente ao carisma da congregação e perde o senso de vida fraterna.

# 6 O relaxamento

Muitos consagrados, depois de um certo tempo, esquecem-se das renúncias que precisam fazer diariamente para viver o chamado de Deus.

E, assim, acabam por viver um relaxamento de sua espiritualidade, como se não houvesse mais lutas diárias, como se já não precisasse combater os maus hábitos no pensar, no falar, no olhar.

Vivem como se a consagração fosse uma meta que, quando atingida, não precisa ser conquistada a cada dia.

# 7 Relações incoerentes

Não é pouco comum que, unida à crise vocacional, esteja o cultivo de relações afetivas e/ou sexuais impróprias para aquele que professou o voto da castidade.

No entanto, estas relações acabam criando uma dependência difícil de ser superada. Além disso, quando existentes, dificultam a superação da crise vocacional e a vivência da vontade de Deus na própria vocação.

O que fazer diante de uma crise vocacional?

Certa vez, o Papa Francisco deixou um conselho muito importante àqueles que estão enfrentando a crise vocacional. Ele disse: “Sejam positivos, cultivem a vida espiritual e, ao mesmo tempo, sejam capazes de encontrar as pessoas, especialmente as desprezadas e desfavorecidas. Não tenham medo de sair e caminhar contracorrente. Sejam contemplativos e missionários. Rezem”.

Contudo, além do conselho do Papa, para combater o desânimo, o esfriamento da fé, a dúvida, o medo, a desobediência e demais sinais de crise vocacional é preciso de ajuda profissional. Logo, contar com a orientação de um psicoterapeuta é importante para novamente partir de Cristo – o centro da vida consagrada.

E “partir de Cristo significa então reencontrar o primeiro amor, a centelha inspiradora da qual se começou o seguimento” (Congregação para os Institutos de vida consagrada e as Sociedades de vida apostólica: Partir de Cristo).

Somente assim a crise pode ser um tempo, como diria São João da Cruz, generoso e frutífero em vista do crescimento espiritual.

Conheça o Centro Âncora e viva uma experiência de renovação a partir da sua crise vocacional. 

As renúncias de uma vida consagrada no cotidiano da comunidade

A vida consagrada é exigente e pede muitas renúncias! José sempre ouviu falar sobre isso. Porém, ele só experimentou verdadeiramente quais são essas exigências, o que de fato as renúncias representam e o quanto elas impactam na sua vida, quando se tornou consagrado.

O mesmo aconteceu com a jovem Miriam. E ela só foi descobrir que o cotidiano da vida consagrada é feito muito mais de renúncias do que de consolos quando deu o seu sim a Deus de maneira definitiva.

José e Miriam, aqui, são personagens fictícias, mas que podem muito bem representar a realidade da vida consagrada a partir das suas renúncias, que são bem reais na vida de todo religioso.

Se você é um religioso(a) ou um sacerdote diocesano, certamente já experimentou muito disso em sua própria vida e sabe bem, até de trás para frente, as renúncias que precisou e precisa fazer no dia a dia da comunidade. Mas, talvez, o que você não saiba, é que as renúncias e as exigências podem facilmente nos fazer adoecer. Vamos entender!

Vida consagrada: não tenha medo das suas fragilidades

Toda vida consagrada sabe que precisará lidar com a distância da família e que terá que se exercitar diariamente na abnegação da própria vontade a fim de fazer a vontade de Deus. Além disso, sabe melhor do que ninguém como renunciar aos afetos e aos impulsos sexuais.

Contudo, nem sempre os religiosos estão prontos para enfrentar o desgaste que aparece na missão para a qual Deus os chamou. Além disso, muitas vezes, falta a paciência no trato com algumas pessoas, ou o amadurecimento para lidar com os desafios da vida comunitária.

Sem contar que a rotina agitada da vida consagrada, a agenda repleta de compromissos com o povo de Deus, desgasta e, por vezes, até rouba um pouco do brilho da vocação. E, muitas vezes, pode até mesmo afastar o consagrado da vida de oração. Sinais mais do que claros de que algo não vai bem com sua própria vida.

Certa vez, o Papa Francisco afirmou que a vida consagrada é chamada a contemplar o espelho que é Cristo, para que também possa se tornar um espelho para os outros. E então apresentou um conselho para quem, devido ao peso da rotina de trabalhos, acabou se afastando da oração. “A primeira coisa que você deve fazer, é olhar para Aquele que mandou você trabalhar e deixar que Ele olhe para você”, afirmou o Papa.

Além disso, o pontífice, como bom religioso que é, também encoraja com suas palavras a vida consagrada a não ter medo das suas próprias fragilidades.

O que pode acontecer com a vida consagrada?

Logo, entre as fragilidades da vida consagrada, é cada vez mais comum o transtorno de ansiedade, a síndrome de Burnout e a depressão. Doenças que apresentam alguns sintomas comuns como a insônia, o cansaço extremo (tanto do corpo quanto da mente), o medo intenso, o desânimo contínuo, a tristeza profunda e persistente, a procrastinação, entre outros.

E, não, esses sintomas não são frescura, fraqueza ou coisas de quem não tem Deus no coração, como muitos podem pensar. Longe disso, são sintomas reais e que, se não forem tratados, podem destruir a vida do consagrado e sua vocação. E a vida, assim como a vocação, são um dom de Deus e precisam de cuidados!

Ao falar diretamente das fragilidades, o Papa Francisco afirmou: “Que lindo é quando uma consagrada ou consagrado se sente frágil. Porque então sente a necessidade de pedir ajuda”.

Logo, pedir ajuda não é motivo de vergonha para ninguém, e é indício de coragem: coragem de assumir que não está bem.

Portanto, pedir ajuda deve ser o primeiro compromisso daqueles que sentem o cansaço da vida consagrada o abater, e quando as renúncias e exigência passam a ser um peso.

Mas pedir ajuda a quem?

Primeiramente ao Superior, para que possa providenciar uma ajuda profissional adequada, a fim de recuperar a saúde emocional, espiritual e física da vida consagrada que está em sofrimento.

É preciso um olhar atento para vida consagrada

E se você é o Superior, formador ou diretor espiritual, encare como uma missão particular estar atento às vidas consagradas que estão sob sua responsabilidade.

É apenas um co-irmão religioso ou, até mesmo, amigo de vidas consagradas? Você também pode ajudar, observando os religiosos ao constatar qualquer sinal de sofrimento, seja físico, emocional ou espiritual. Ajude-o a compreender que precisam de ajuda!

Afinal, todos devemos proporcionar qualidade de vida, saúde emocional, conforto e condições para uma vida digna a todo religioso.

Portanto, cuide daqueles que têm a missão de cuidar do povo de Deus!

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Você está atento aos sinais e dores de um consagrado?

Entre os olhares que se cruzam durante a correria do dia a dia, em meio às reuniões de apostolado ou mesmo no silêncio da capela, as dores de um consagrado podem ser percebidas quando estão juntos uns dos outros.

Portanto, as autoridades precisam possuir um olhar sábio e prudente ao observar sinais diferentes no comportamento de um irmão. 

O extrovertido passa a não expressar mais tanta alegria e disposição. A irmã sempre preocupada com o bem-estar das demais, está sempre cansada e a cada dia mais isolada. O responsável pela casa religiosa, sobretudo nos avisos da noite costuma estar sempre sobressaltado e ansioso. 

Será que você, religioso, sacerdote ou membro de novas comunidades, consegue perceber os sinais e as dores de um irmão consagrado que está ao seu lado? 

Neste artigo traremos alguns sinais de que a saúde emocional e a vida interior de um consagrado se encontra ameaçado. 

Os sinais que só um irmão percebe

Ser consagrado presume uma rotina de vida entregue à oração, ao apostolado e à vida fraterna. Independente do carisma fundacional, os pilares dos conselhos evangélicos, a missão e os desafios da vida comunitária estão sempre presentes. 

Esse relacionamento constante deixa evidente as características de humor, de estilo de vida e de temperamento dos irmãos e irmãs religiosos. Portanto, não deveria ser muito difícil a percepção de um mal estar ou de uma crise vocacional iminente. 

Perceber dores de cabeça constantes, insônia, irritabilidade fora do comum, falta de motivação pelas atividades da comunidade ou apostólica, são alguns dos sintomas – sim, podemos chamar assim – de que alguma coisa não está bem com esse irmão ou irmã. 

Obviamente, há consagrados que conseguem disfarçar quaisquer sinais de que não estão bem. Há aqueles que se destacam por uma presença sempre forte e expansiva nas ações apostólicas. Porém, a falta de apetite, o desinteresse pelos momentos de fraternidade e descontração, o semblante abatido e o constante estado de tensão nas expressões denotam que é necessário descanso e – em muitos casos – ajuda especializada. 

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O que fazer para consolar as dores de um consagrado?  

Aos primeiros sinais de que algo não está bem com o irmão, a conduta deve ser da partilha franca, clara e caridosa. No entanto, é preciso manter o zelo da intimidade e da liberdade de expor as dores, ou não, de seu coração. 

Em seguida, vale a pena que se reporte ao superior que – devido às suas atribuições – nem sempre consegue perceber com clareza o que tem se passado com seus subordinados. Por sua vez, a autoridade deverá procurar esse irmão ou irmã e oferecer-lhe ouvido, apoio, oportunidades de descanso, lazer e férias (quando for possível). 

Em um dos seus encontros com os religiosos no Vaticano, o Papa Francisco afirmou, dirigindo-se aos formadores: “Vocês não são apenas mestres, mas, sobretudo, testemunhas da sequela de Cristo, segundo seu próprio carisma, que pode ser redescoberto mediante a alegria de ser discípulos de Jesus. Por isso, cuidem sempre da sua formação pessoal, que nasce de uma forte amizade com o único Mestre”.

Desse modo, o consagrado poderá ver suas dores sendo acolhidas no seio da comunidade e, quando necessário, contar com ajuda profissional. 

Conclusão 

É possível evitar dores ainda maiores como estafas, depressões severas, ou até suicídio de padres e religiosos quando damos atenção aos irmãos de modo atento e fraterno. 

As dores de um consagrado são as dores de homens e mulheres que vivem em meio aos desafios dos nossos tempos e padecem de enfermidades próprias do século presente. Um agravante também pode ser a luta cotidiana pela fidelidade aos compromissos e à missão, assim como a lida com os sofrimentos do povo ao qual foi enviado. 

Sejamos dóceis e atentos aos irmãos e irmãs que convivem conosco. Seja você também uma âncora que alcança as lutas cotidianas com caridade e generosidade. 

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O que é Síndrome de Burnout?

O trabalho apostólico, a administração de uma Casa de formação, a dinâmica formativa de um seminário, ou mesmo a direção espiritual das almas. Logo, estamos falando de serviços comuns a boa parte dos sacerdotes e religiosos. Contudo, se não bem administrados e integrados na dimensão humana e física, tal qual qualquer outra profissão, pode ocasionar Síndrome de Burnout. 

Traduzindo do inglês, “burn” quer dizer queima e “out” exterior. Segundo o Ministério da Saúde, “a Síndrome de Burnout também pode acontecer quando o profissional planeja ou é pautado para objetivos de trabalho muito difíceis, situações em que a pessoa possa achar, por algum motivo, não ter capacidades suficientes para os cumprir.”

Sendo assim, amplamente conhecido no ambiente corporativo, os sintomas de Burnout podem ser  confundidos com crises vocacionais. Desse modo, religiosos, superiores, seminaristas, sacerdotes, priores, enfim, estão suscetíveis a tal dificuldade. 

A gênese desse transtorno está no excesso de trabalho, sem pausas significativas para o descanso. Obviamente, a oferta de vida e o desejo pelo anúncio do Evangelho podem expor muitos a uma rotina desgastante. Além disso, conflitos interpessoais, em especial com autoridades, ou mesmo, serviços incompatíveis, podem ocasionar a Síndrome de Burnout. 

Desse modo, entenda melhor os sintomas, o tratamento e possíveis consequências do não tratamento adequado.

Como saber se estou com Burnout?

O desânimo para começar mais um dia de trabalho, ou mesmo uma dor de cabeça constante podem configurar sintomas de Burnout. Além disso, segundo o Ministério da Saúde, os principais sintomas da Síndrome de Burnout são: 

  • Cansaço excessivo, físico e mental.
  • Dor de cabeça frequente.
  • Alterações no apetite.
  • Insônia.
  • Dificuldades de concentração.
  • Sentimentos de fracasso e insegurança.
  • Negatividade constante.
  • Sentimentos de derrota e desesperança.
  • Sentimentos de incompetência.
  • Alterações repentinas de humor.
  • Isolamento.
  • Fadiga.
  • Pressão alta.
  • Dores musculares.
  • Problemas gastrointestinais.
  • Alteração nos batimentos cardíaco;

Desse modo, tais sintomas são sinais de alerta que podem ser constantes ou esporádicos. Contudo, sem a devida atenção e tratamento podem agravar-se. Sem um bom tratamento terapêutico, o Burnout pode avançar e tornar-se um quadro de depressão.

Entretanto, tem se tornado cada vez mais frequente o quadro de depressão entre religiosos ou sacerdotes. Boa parte deles, com uma boa investigação, são oriundos de uma Síndrome de Burnout não identificada anteriormente. 

Como tratar 

Em se tratando de estarmos falando sobre um ambiente religioso, obviamente o caminho sempre começará com uma boa partilha com as autoridades, que em espírito de caridade fraterna e evangélica, será suporte para quem sofre. 

Portanto, é necessário o afastamento das atividades apostólicas e, sobretudo, um período de férias da vida comunitária. Desse modo, o tratamento seguirá com um processo terapêutico com psicólogo, e a depender do quadro, com psiquiatra. 

Sendo assim, em geral, não é necessário uso de medicações, porém o médico psiquiatra fará a avaliação adequada. 

Por isso, é de suma importância, que superiores, reitores ou demais autoridades, estejam atentos ao bem estar dos seus subordinados. De modo que, a qualquer suspeita, se tome as medidas necessárias, para evitar transtornos e demais enfermidades, ou até crises vocacionais que culminem no afastamento do religioso. 

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Janeiro, mês para organização

O mês de janeiro nos pede organização. Essa palavra tem muitos conceitos e se aplica em muitas situações. Pode se referir a um grupo de pessoas com o mesmo objetivo, à paróquia, a instituições e muitas outras.

E pode ter várias finalidades, ser temporária ou permanente. Por exemplo: organizar as festas de fim de ano com a família; essa organização é temporária e com uma finalidade bem definida. Mas neste post vamos tratar de organização no aspecto pessoal. Confira.

Diga “adeus” a velha organização e “bem-vinda” a nova!

A organização é uma prática que sempre pede recomeço, mas exige foco! Isso mesmo: ninguém se organiza simplesmente por um perfeccionismo; essa motivação traz muito estresse, engessa a vida e é vazia de sentido. Logo, a organização não serve para isso.

No entanto, a organização que tem um foco concreto, é motivada por uma paixão e é sempre passível de avaliação. Então: o que é organização? É a capacidade de projetar algo e montar uma estratégia para alcançar esse objetivo.

De forma bem simples, se você deseja uma viagem no mês de julho, por exemplo, precisa escolher o lugar, como chegará lá e quanto em dinheiro gastará durante todo o passeio. Depois, fazer uma planilha, colocar em prática e ter o plano B, caso não der certo.

Assim, a organização é uma forma de alcançarmos sonhos a curto e médio prazo. Ela não garante sucesso, mas nos ajuda a dar passos, nos tira do improviso e nos ensina a crescer em vários aspectos da vida humana, espiritual e financeira.

Por onde começa a organização? 

No tópico anterior, falamos sobre organização como uma estratégia para alcançar sonhos, mas o Evangelho nos ensina algo simples e fundamental: “Aquele que é fiel nas coisas pequenas será também fiel nas coisas grandes…” (Lc 16,10). 

Logo, a organização na vida pessoal começa pela rotina, ou seja, estabelecer horários para começar e terminar o dia; cumprir tarefas; ser responsável com os compromissos pessoais; estudos; trabalho e com a organização dos ambientes por onde você passa.

Dessa forma, a organização da rotina diária nos ajuda a organizar grandes situações da vida pessoal em todas as áreas. E, com certeza, responsabilidades não faltam na vida humana, mas muitos não conseguem se organizar e atropelam tudo pela frente.

Mas o agora é sempre a oportunidade de começar uma nova vida, novos projetos e abraçar os riscos que virão. E para os cristãos, há sempre uma motivação que caminha ao nosso lado: o amor de Deus por nós concretizado através de Jesus Cristo e escrito no Evangelho.

Mãos à obra! 

O ano novo inspira muitas propostas, mas elas só darão certo se estiverem no papel, ou seja, precisam de organização. Então, o primeiro passo é se perguntar: o que pretendo neste novo ano para minha vida? Claro que isso inclui muitos atores fundamentais.

Feita a pergunta, coloque no papel e trace a rotina para alcançar a meta. Isso pode envolver a família, o trabalho, estudos, finanças, saúde, como também, é possível escolher apenas uma área para organizar, como prioridade, sem abandonar as demais. 

Depois, trace o plano de ação para não se perder em pensamentos e siga o mapa que você mesmo preparou! Com o tempo, a organização nos aproxima mais do objetivo e o ânimo cresce, mas é preciso ser fiel aos primeiros passos.

A organização pessoal às vezes parece difícil. Mas é possível contar com a ajuda de alguém ou lançar mão de instrumentos preparados para esse fim, como uma planilha para organização pessoal. Assim, com um pouco de dedicação, o resultado aparece.

Continue lendo: Centro de Revitalização Âncora: cuidar-se para cuidar

Todo consagrado deveria tirar férias neste lugar

Tirar férias é mais que uma necessidade, é um direito de toda pessoa humana. Mas é preciso se educar para tomar essa decisão. Isso mesmo! Às vezes não respeitamos o tempo do corpo e os processos da vida e não nos permitimos o descanso merecido.

Neste post, descubra o significado das férias, seus benefícios e também a sugestão de um lugar que favorece o descanso do corpo e da alma. Confira!

Tirar férias… mas o que são férias?

As férias são o período em que interrompemos o trabalho com o objetivo de descansar. No entanto, o descanso não é um luxo, mas um investimento vital para o desenvolvimento integral da pessoa. Logo, exige respeito e atenção.

Lembramos que o consagrado é um operário da vinha (Mt 9,38); tem atribuições na paróquia, na vida comunitária, nas atividades missionárias e na vida pessoal; além de passar por todos os estresses da vida em sociedade que causam grande cansaço.

E o estresse transforma o estilo de vida e a forma como nos relacionamos, ainda que a oração e os sacramentos nos acompanhem todos os dias. Portanto, é fundamental tomar consciência de que as férias significam descanso e não organização da vida ou outras atividades. 

Tirar férias influencia no descanso físico e mental, porque tira a pessoa da estafa e da rotina de trabalho diária. Por isso são tão importantes para que se possa seguir a vida de maneira serena e produzir a contento, em todos os aspectos, principalmente na vida consagrada.

Tirar férias ou estar de férias

Parece estranho e até engraçado, mas é real. Há pessoas que não tiram férias, só estão de férias. E como é isso? Quando a pessoa sai, mas não se desconecta de suas atividades e usa aquela frase: “Qualquer coisa, me procure”.

Segundo especialistas, 70% das pessoas precisam de pelo menos uma semana para conseguir se desligar da sua rotina de trabalho; as outras 30% precisam de duas semanas ou mais para conseguir se desligar, só então as férias se iniciam. 

Há ainda outros fatores como educação e sexo: As mulheres, por exemplo, têm mais dificuldade em se desligar das atividades do que os homens; algumas reconhecem que só após duas semanas conseguem se desconectar e mudar para o modo férias.

Percebemos também pessoas que foram educadas a não reconhecer seus limites e isso as impede de relaxar. O que mostra nossa limitação, que não significa pecado, mas humanidade. Porém esse pensamento tem solução, as férias ajudam a mudar a mentalidade.

Benefícios das férias

Os benefícios de tirar férias são muitos e melhoram tanto o desempenho profissional quanto os relacionamentos pessoais e o bem-estar de cada indivíduo. Veja quanto bem causa tirar férias para uma pessoa: 

  • #1 Alivia o estresse: a vida humana é cheia de desafios, e quando se trabalha com a salvação das pessoas, somos envolvidos por inúmeros problemas que podem ser absorvidos ou não! E tirar férias nos ajudam a sair das zonas de conflito e a ter mais clareza das situações.
  • #2 Ativa a criatividade: A mente cheia de preocupações não consegue enxergar além e isso impede que se pense fora da caixa. Mas tirar férias proporciona limpeza da mente e logo os horizontes se abrem para novas ideias e sugestões na vida diária e no trabalho.
  • #3 Melhora os relacionamentos: Com a correria da missão, quase não se tem tempo para os amigos e a família! Dessa maneira, as férias são uma ótima oportunidade para fortalecer esses laços e desfrutar de tempo de qualidade com as pessoas queridas.
  • #4 Melhora a saúde: Corpo e mente estão interligados. Estresse, ansiedade e outros problemas surgem através da falta de descanso e são capazes de gerar transtornos físicos. Por isso, tirar férias contribui para a melhora da saúde, porque equilibra o corpo e a mente. 

Consagrado tira férias?

Infelizmente essa é uma pergunta que muitos se fazem fora da vida consagrada. Porém, podemos responder com outra pergunta: consagrados são pessoas comuns? Então, a resposta é sim! E como todo ser humano, eles precisam de férias.

Imagine a situação de um trabalhador comum: sua semana tem sete dias, cinco considerados úteis e dois geralmente destinados ao descanso. Contudo, muitas pessoas trabalham também aos finais de semana ou levam trabalho para casa.

Agora, na vida consagrada, se levarmos em conta o dia a dia – do nascer ao pôr do sol – o religioso está sempre a caminho, principalmente nos fins de semana, quando a comunidade se reúne para celebrar e ser educada na fé.

Então, o consagrado não leva trabalho para casa, porque em sua casa há sempre um trabalho a ser feito, seja de forma material, seja no empenho da oração, na escuta das pessoas ou nas preocupações que carrega na mente e no coração.

E se não houver férias?

Há uma síndrome chamada de Burnout, que é um tipo de estafa profissional, que tem se tornado cada vez mais comum. Ela é resultado de uma cultura em que o excesso de dedicação a algo, seja carreira ou qualquer outra atividade, é visto como um símbolo de status. 

Esta síndrome é resultado também da falta de cuidados consigo em necessidades vitais, entre elas as férias. Claro que a síndrome se instala gradativamente, nem se percebe às vezes, mas há também a ansiedade, depressão e doenças físicas. 

Por isso, tirar férias não é um desperdício de tempo, mas uma atitude de amor próprio em vista da missão de cuidar do outro. E para que isso aconteça, é urgente descansar por algumas semanas, dedicando-se ao próprio bem-estar. Logo, voltar mais satisfeito e produtivo.

Centro Âncora, lugar de estar em férias!

O Papa Emérito Bento XVI nos dá 4 conselhos para um bom descanso da mente e do corpo: A leitura espiritual, a natureza, passeios construtivos e o encontro com Deus; isso nos liberta de cargas desnecessárias na vida consagrada.

E se pudéssemos encontrar tudo isso em um único lugar, onde a vida consagrada é vista aos olhos de quem cuida e não como funcionalidade ou constante responsabilidade? Pois saiba que este lugar existe!. Estamos falando do Centro Âncora, um centro de apoio à vida religiosa e sacerdotal. 

O Centro Âncora localiza-se em Pinhais, próximo ao centro de Curitiba-PR, e é totalmente destinado ao descanso e ao cuidado de quem se dedica ao povo de Deus; das estruturas físicas ao corpo de profissionais, tudo voltado para a recuperação da alma e do corpo. 

O Centro é um sopro de Deus no coração da Comunidade Copiosa Redenção e há 10 anos tem proporcionado a recuperação emocional de muitas pessoas. Para isso conta com uma equipe de profissionais qualificados e um ambiente favorável para o encontro frutuoso.

Afinal, quem busca férias nunca se afasta do seu objetivo maior que é ser pertença de Deus. Mas tirar férias também significa cuidar de si, principalmente nos momentos mais difíceis da vida. Logo, o Centro Âncora está à sua disposição para qualquer dúvida.

Continue lendo: Conheça 5 santos que tiveram depressão