O que não podemos esquecer da dimensão pascal da vida religiosa e sacerdotal

A dimensão pascal da vida religiosa e sacerdotal é algo que deve estar sempre presente no cotidiano. Contudo, a agenda de compromissos sempre cheia pode, por vezes, dificultar o sacerdote ou religioso de realizá-lo em sua vida.

São João Paulo II, afirmou que  “a vida consagrada, profundamente arraigada nos exemplos e ensinamentos de Cristo Senhor, é um dom de Deus Pai à sua Igreja, por meio do Espírito” (Exortação Apostólica Vita Consecrata).

Logo, sabemos que a história da Igreja é repleta de homens e mulheres que responderam o chamado do Espírito e tomaram o caminho do seguimento de Cristo. Ainda que hoje o número de vocações na Igreja tenha diminuído. Porém, este seguimento, se não for decididamente moldado à imitação de Cristo, certamente será falho em algum momento.

Sendo assim, fazemos aqui uma reflexão sobre a dimensão pascal da vida religiosa e sacerdotal trazendo alguns lembretes extraídos da reflexão de São João Paulo II. Por isso, continue a leitura! 

A dimensão pascal da vida religiosa: o Tabor e o Calvário

O Monte Tabor e o Monte Calvário são palco de grande sofrimento de Jesus, episódios que São João Paulo II estimula a que todo sacerdote e religioso procure adentrar profundamente.

No Tabor, “os olhos dos apóstolos fixam-se em Jesus, que pensa na Cruz (cf. Lc 9,43-45). Nesta, o seu amor virginal pelo Pai e por todos os homens atingirá a máxima expressão; a sua pobreza chegará ao despojamento total; a sua obediência irá até ao dom da vida” (Vita Conecrata).

E ele completa: “Da contemplação de Cristo crucificado, recebem inspiração todas as vocações; da Cruz, com o dom fundamental do Espírito têm origem todos os dons, e em particular o dom da vida consagrada”.

O Deus-Amor que emana da Cruz

A vida religiosa e sacerdotal experimenta a verdade de Deus-Amor de modo imediato e profundo à medida que se aproxima da Cruz de Cristo. E sobre isso São João Paulo II recorda: “A vida consagrada reflete este esplendor do amor, porque confessa, com a sua fidelidade ao mistério da Cruz, que crê e vive do amor do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.

E é deste modo, segundo João Paulo II, que a vida consagrada “contribui para manter viva na Igreja a consciência de que a Cruz é a superabundância do amor de Deus que transborda sobre este mundo”.

O Papa ainda afirma que a Cruz é o grande sinal da presença salvífica de Cristo. E isto, especialmente nas dificuldades e nas provações. E disse ainda que “é isso o que testemunha, continuamente e com uma coragem digna de profunda admiração, um grande número de pessoas consagradas que vivem em situações difíceis, por vezes mesmo de perseguição e martírio”.

João Paulo II ainda refletiu que a fidelidade ao único Amor se revela e se aperfeiçoa na humildade de uma vida escondida.

Além disso, “na aceitação dos sofrimentos para ‘completar na própria carne o que falta aos sofrimentos de Cristo’ (cf. Col 1,24), no sacrifício silencioso, no abandono à vontade santa de Deus”. Também “na serena fidelidade mesmo face ao declínio das próprias forças”.

Isso diz muito sobre a presença do sofrimento, que é inevitável. Contudo, a vida religiosa não precisa passar pelo sofrimento sozinho. Inclusive o próprio Cristo teve a ajuda do Cirineu para carregar a Sua cruz.

A esperança ativa na dimensão pascal da vida religiosa 

Apesar de a esperança nos apontar para a vida futura, na eternidade, isso não significa que ela é passiva.

Logo, esta esperança se manifesta “em trabalho e missão, para que o Reino se torne presente já desde agora, através da instauração do espírito das bem-aventuranças”. E que, segundo São João Paulo II é “capaz de suscitar anseios eficazes de justiça, paz, solidariedade e perdão, mesmo na sociedade humana”.

Nas palavras dele, precisa estar amplamente presente na história da vida consagrada, a fim de sempre “produzir frutos abundantes mesmo em favor da sociedade”. Desta forma, a vida consagrada torna-se “sinal do Espírito em ordem a um futuro novo, iluminado pela fé e pela esperança cristã”.

“A tensão escatológica transforma-se em missão, para que o Reino se afirme de modo crescente, aqui e agora. À súplica ‘Vem, Senhor Jesus!’, une-se a outra invocação: ‘Venha a nós o teu Reino!’ (cf. Mt 6,10)”.

A dimensão pascal da vida religiosa, a Virgem Maria como modelo

A Maria é aquela que reflete mais perfeitamente a beleza divina, algo que cada vida religiosa e sacerdotal é convidado a refletir.

E a amizade com a Virgem Santíssima tem uma importância fundamental aos consagrados para seu aperfeiçoamento espiritual e progresso no caminho da santidade.

Além disso, São João Paulo II afirma: “Maria é, de fato, exemplo sublime de perfeita consagração, pela sua pertença plena e dedicação total a Deus. Escolhida pelo Senhor, que n’Ela quis cumprir o mistério da Encarnação, lembra aos consagrados o primado da iniciativa de Deus. Ao mesmo tempo, dando o seu consentimento à Palavra divina que nela se fez carne, Maria aparece como modelo de acolhimento da graça por parte da criatura humana”.

João Paulo II ainda destaca Maria como “mestra de seguimento incondicional e de assíduo serviço”. E aponta: “na Virgem, a pessoa consagrada encontra ainda uma Mãe por um título absolutamente especial. De fato, se a nova maternidade conferida a Maria no Calvário é um dom feito a todos os cristãos, tem um valor específico para quem consagrou plenamente a própria vida a Cristo”.

Portanto, afirmou: “a relação filial com Maria constitui o caminho privilegiado para a fidelidade à vocação recebida e uma ajuda muito eficaz para nela progredir e vivê-la em plenitude”. 

Enfim…

O longo documento pontifício busca nortear todo o caminho da vocação religiosa e sacerdotal a partir do mistério pascal, mistério que não se faz sem o sofrimento.

Contudo, é preciso um olhar atento para a vida consagrada, pois muitos necessitam de apoio para carregar a cruz de uma saúde emocional abalada.

Nessas horas, além da ajuda de um diretor espiritual, é importante contar com profissional da área da saúde, como psiquiatra, psicólogo e até mesmo educador físico e nutricionista.

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7 sinais de que você pode estar em crise vocacional 

Tem sido cada vez mais comum religiosos em crise vocacional, e os motivos são os mais variados.

Esta tem sido uma das principais causas de afastamento ou até mesmo de desligamento de religiosos da sua comunidade. Por isso, é tão importante para você conhecer os sinais a fim de compreender o que de fato está acontecendo e assim saber como lidar com isso.

Mas, afinal, quais são os sinais de alguém que está passando por uma crise vocacional? Primeiramente, vamos começar por entender o que é uma “crise”.

Crise vocacional, o que é isso?

A crise faz parte da vida de todo ser humano e advém de diversos contextos, por exemplo, crise econômica, de saúde, emocional, vocacional, entre outros.

A palavra crise tem sua origem no latim, a partir do vocábulo crísis que significa “momento de decisão, de mudança súbita”.

No entanto, passar por uma crise significa atravessar um momento de sofrimento muito intenso, tanto que tem força suficiente para desestruturar a vida psíquica e social da pessoa.

Contudo, é fundamental passar pela dor da crise para que haja mudanças em nós. No contexto da vocação, uma crise pode servir para firmar ainda mais a fé e fundamentar as próprias convicções de forma assertiva e racional.

São João da Cruz em “Noite Escura” trata justamente de um tempo de crise, que ele define como um deserto árido, grande tormento. Mas o santo também indica que pode ser um tempo generoso e frutífero que possibilita o crescimento espiritual.

Sendo assim, uma crise vocacional provoca angústia, sim, mas também tem a capacidade de alargar o coração.

Por tudo isso, uma crise, por mais difícil que seja, é um tempo de mudança, é um tempo decisivo. É também um tempo de profundo amadurecimento vocacional, que coloca a pessoa na decisão de continuar, de modo mais maduro e decidido, ou mudar a rota.

Mas, antes de qualquer decisão, obviamente, o religioso precisa entender que está passando por uma crise e que ela pode se tornar muito positiva para a sua vocação. Para isso, é preciso começar a identificar os sinais para saber como combatê-los. Acompanhe!

7 sinais de uma crise vocacional

A crise vocacional passa por algumas atitudes que são um grande impeditivo para uma caminhada mais sólida e fiel.

Essas atitudes podem ser observadas isoladamente, ou seja, você pode apresentar apenas uma ou duas, enquanto que outro religioso pode apresentar várias ou até mesmo todas.

Vamos conhecê-las.

#1 Debilidade da fé

A fé precisa ser cultivada diariamente, é assim com os leigos, é assim com os religiosos. Por isso, quando não é cultivada assiduamente, a fé acaba ficando debilitada. Muitos chegam ao ponto de afirmar que perderam totalmente a fé e, consequentemente, não têm mais razão para manter seu projeto de vida religioso, ponto alto de uma crise vocacional.

#2 Dúvida

Em certa altura da vida, muitos chegam a uma crise vocacional se questionando: Será que Deus, de fato, me chamou para a vida religiosa? E então muitos passam a esperar por uma alocução de Deus, uma revelação privada, que confirme ou não a sua escolha.

Contudo, esquecemos que Deus não se obriga a agir assim com todos. E, então, quando a “resposta” de Deus não vem, muitos acabam por viver eternamente num ciclo de dúvidas que pode ser compreendido como a “síndrome do discernimento vocacional perpétuo”.

# 3 O desânimo espiritual

Jesus ordenou aos discípulos que avançassem para águas mais profundas. E mesmo cansados de uma pescaria que não deu em nada até aquele momento, eles obedeceram, ou seja, não pararam nas dificuldades, acreditaram no Mestre.

Contudo, muitas vezes permanecemos na superficialidade, nos esquecemos de lançar a rede, de ir para águas mais profundas e então vem o desânimo. E o desânimo tira a força do nosso coração, nos põe apáticos, nos rouba da oração, do encontro com Deus. Obviamente que o resultado disso pode ser devastador para a vocação.

# 4 O medo

O medo surge em diversas circunstâncias da nossa vida e pode se tornar ainda mais intenso durante uma crise vocacional.

Contudo, o medo começa a nos fazer mal quando nos paralisa, quando nos rouba da nossa identidade cristã, quando nos impede de confiar em Deus.

Geralmente, o medo está associado a distúrbios de ansiedade, resultado de uma saúde emocional fragilizada que precisa ser urgentemente tratada. Do contrário, a crise vocacional poderá dar frutos ruins.

# 5 A desobediência

Uma característica muito visível de alguém que está passando por uma crise vocacional é a dificuldade de viver o voto da obediência.

Logo, o consagrado passa a agir de maneira egoísta, vive em função de si mesmo e não da sua congregação e muito menos em função de Deus. Além disso, torna-se indiferente ao carisma da congregação e perde o senso de vida fraterna.

# 6 O relaxamento

Muitos consagrados, depois de um certo tempo, esquecem-se das renúncias que precisam fazer diariamente para viver o chamado de Deus.

E, assim, acabam por viver um relaxamento de sua espiritualidade, como se não houvesse mais lutas diárias, como se já não precisasse combater os maus hábitos no pensar, no falar, no olhar.

Vivem como se a consagração fosse uma meta que, quando atingida, não precisa ser conquistada a cada dia.

# 7 Relações incoerentes

Não é pouco comum que, unida à crise vocacional, esteja o cultivo de relações afetivas e/ou sexuais impróprias para aquele que professou o voto da castidade.

No entanto, estas relações acabam criando uma dependência difícil de ser superada. Além disso, quando existentes, dificultam a superação da crise vocacional e a vivência da vontade de Deus na própria vocação.

O que fazer diante de uma crise vocacional?

Certa vez, o Papa Francisco deixou um conselho muito importante àqueles que estão enfrentando a crise vocacional. Ele disse: “Sejam positivos, cultivem a vida espiritual e, ao mesmo tempo, sejam capazes de encontrar as pessoas, especialmente as desprezadas e desfavorecidas. Não tenham medo de sair e caminhar contracorrente. Sejam contemplativos e missionários. Rezem”.

Contudo, além do conselho do Papa, para combater o desânimo, o esfriamento da fé, a dúvida, o medo, a desobediência e demais sinais de crise vocacional é preciso de ajuda profissional. Logo, contar com a orientação de um psicoterapeuta é importante para novamente partir de Cristo – o centro da vida consagrada.

E “partir de Cristo significa então reencontrar o primeiro amor, a centelha inspiradora da qual se começou o seguimento” (Congregação para os Institutos de vida consagrada e as Sociedades de vida apostólica: Partir de Cristo).

Somente assim a crise pode ser um tempo, como diria São João da Cruz, generoso e frutífero em vista do crescimento espiritual.

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As renúncias de uma vida consagrada no cotidiano da comunidade

A vida consagrada é exigente e pede muitas renúncias! José sempre ouviu falar sobre isso. Porém, ele só experimentou verdadeiramente quais são essas exigências, o que de fato as renúncias representam e o quanto elas impactam na sua vida, quando se tornou consagrado.

O mesmo aconteceu com a jovem Miriam. E ela só foi descobrir que o cotidiano da vida consagrada é feito muito mais de renúncias do que de consolos quando deu o seu sim a Deus de maneira definitiva.

José e Miriam, aqui, são personagens fictícias, mas que podem muito bem representar a realidade da vida consagrada a partir das suas renúncias, que são bem reais na vida de todo religioso.

Se você é um religioso(a) ou um sacerdote diocesano, certamente já experimentou muito disso em sua própria vida e sabe bem, até de trás para frente, as renúncias que precisou e precisa fazer no dia a dia da comunidade. Mas, talvez, o que você não saiba, é que as renúncias e as exigências podem facilmente nos fazer adoecer. Vamos entender!

Vida consagrada: não tenha medo das suas fragilidades

Toda vida consagrada sabe que precisará lidar com a distância da família e que terá que se exercitar diariamente na abnegação da própria vontade a fim de fazer a vontade de Deus. Além disso, sabe melhor do que ninguém como renunciar aos afetos e aos impulsos sexuais.

Contudo, nem sempre os religiosos estão prontos para enfrentar o desgaste que aparece na missão para a qual Deus os chamou. Além disso, muitas vezes, falta a paciência no trato com algumas pessoas, ou o amadurecimento para lidar com os desafios da vida comunitária.

Sem contar que a rotina agitada da vida consagrada, a agenda repleta de compromissos com o povo de Deus, desgasta e, por vezes, até rouba um pouco do brilho da vocação. E, muitas vezes, pode até mesmo afastar o consagrado da vida de oração. Sinais mais do que claros de que algo não vai bem com sua própria vida.

Certa vez, o Papa Francisco afirmou que a vida consagrada é chamada a contemplar o espelho que é Cristo, para que também possa se tornar um espelho para os outros. E então apresentou um conselho para quem, devido ao peso da rotina de trabalhos, acabou se afastando da oração. “A primeira coisa que você deve fazer, é olhar para Aquele que mandou você trabalhar e deixar que Ele olhe para você”, afirmou o Papa.

Além disso, o pontífice, como bom religioso que é, também encoraja com suas palavras a vida consagrada a não ter medo das suas próprias fragilidades.

O que pode acontecer com a vida consagrada?

Logo, entre as fragilidades da vida consagrada, é cada vez mais comum o transtorno de ansiedade, a síndrome de Burnout e a depressão. Doenças que apresentam alguns sintomas comuns como a insônia, o cansaço extremo (tanto do corpo quanto da mente), o medo intenso, o desânimo contínuo, a tristeza profunda e persistente, a procrastinação, entre outros.

E, não, esses sintomas não são frescura, fraqueza ou coisas de quem não tem Deus no coração, como muitos podem pensar. Longe disso, são sintomas reais e que, se não forem tratados, podem destruir a vida do consagrado e sua vocação. E a vida, assim como a vocação, são um dom de Deus e precisam de cuidados!

Ao falar diretamente das fragilidades, o Papa Francisco afirmou: “Que lindo é quando uma consagrada ou consagrado se sente frágil. Porque então sente a necessidade de pedir ajuda”.

Logo, pedir ajuda não é motivo de vergonha para ninguém, e é indício de coragem: coragem de assumir que não está bem.

Portanto, pedir ajuda deve ser o primeiro compromisso daqueles que sentem o cansaço da vida consagrada o abater, e quando as renúncias e exigência passam a ser um peso.

Mas pedir ajuda a quem?

Primeiramente ao Superior, para que possa providenciar uma ajuda profissional adequada, a fim de recuperar a saúde emocional, espiritual e física da vida consagrada que está em sofrimento.

É preciso um olhar atento para vida consagrada

E se você é o Superior, formador ou diretor espiritual, encare como uma missão particular estar atento às vidas consagradas que estão sob sua responsabilidade.

É apenas um co-irmão religioso ou, até mesmo, amigo de vidas consagradas? Você também pode ajudar, observando os religiosos ao constatar qualquer sinal de sofrimento, seja físico, emocional ou espiritual. Ajude-o a compreender que precisam de ajuda!

Afinal, todos devemos proporcionar qualidade de vida, saúde emocional, conforto e condições para uma vida digna a todo religioso.

Portanto, cuide daqueles que têm a missão de cuidar do povo de Deus!

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Você está atento aos sinais e dores de um consagrado?

Entre os olhares que se cruzam durante a correria do dia a dia, em meio às reuniões de apostolado ou mesmo no silêncio da capela, as dores de um consagrado podem ser percebidas quando estão juntos uns dos outros.

Portanto, as autoridades precisam possuir um olhar sábio e prudente ao observar sinais diferentes no comportamento de um irmão. 

O extrovertido passa a não expressar mais tanta alegria e disposição. A irmã sempre preocupada com o bem-estar das demais, está sempre cansada e a cada dia mais isolada. O responsável pela casa religiosa, sobretudo nos avisos da noite costuma estar sempre sobressaltado e ansioso. 

Será que você, religioso, sacerdote ou membro de novas comunidades, consegue perceber os sinais e as dores de um irmão consagrado que está ao seu lado? 

Neste artigo traremos alguns sinais de que a saúde emocional e a vida interior de um consagrado se encontra ameaçado. 

Os sinais que só um irmão percebe

Ser consagrado presume uma rotina de vida entregue à oração, ao apostolado e à vida fraterna. Independente do carisma fundacional, os pilares dos conselhos evangélicos, a missão e os desafios da vida comunitária estão sempre presentes. 

Esse relacionamento constante deixa evidente as características de humor, de estilo de vida e de temperamento dos irmãos e irmãs religiosos. Portanto, não deveria ser muito difícil a percepção de um mal estar ou de uma crise vocacional iminente. 

Perceber dores de cabeça constantes, insônia, irritabilidade fora do comum, falta de motivação pelas atividades da comunidade ou apostólica, são alguns dos sintomas – sim, podemos chamar assim – de que alguma coisa não está bem com esse irmão ou irmã. 

Obviamente, há consagrados que conseguem disfarçar quaisquer sinais de que não estão bem. Há aqueles que se destacam por uma presença sempre forte e expansiva nas ações apostólicas. Porém, a falta de apetite, o desinteresse pelos momentos de fraternidade e descontração, o semblante abatido e o constante estado de tensão nas expressões denotam que é necessário descanso e – em muitos casos – ajuda especializada. 

Leia também Todo consagrado deveria ter férias nesse lugar

O que fazer para consolar as dores de um consagrado?  

Aos primeiros sinais de que algo não está bem com o irmão, a conduta deve ser da partilha franca, clara e caridosa. No entanto, é preciso manter o zelo da intimidade e da liberdade de expor as dores, ou não, de seu coração. 

Em seguida, vale a pena que se reporte ao superior que – devido às suas atribuições – nem sempre consegue perceber com clareza o que tem se passado com seus subordinados. Por sua vez, a autoridade deverá procurar esse irmão ou irmã e oferecer-lhe ouvido, apoio, oportunidades de descanso, lazer e férias (quando for possível). 

Em um dos seus encontros com os religiosos no Vaticano, o Papa Francisco afirmou, dirigindo-se aos formadores: “Vocês não são apenas mestres, mas, sobretudo, testemunhas da sequela de Cristo, segundo seu próprio carisma, que pode ser redescoberto mediante a alegria de ser discípulos de Jesus. Por isso, cuidem sempre da sua formação pessoal, que nasce de uma forte amizade com o único Mestre”.

Desse modo, o consagrado poderá ver suas dores sendo acolhidas no seio da comunidade e, quando necessário, contar com ajuda profissional. 

Conclusão 

É possível evitar dores ainda maiores como estafas, depressões severas, ou até suicídio de padres e religiosos quando damos atenção aos irmãos de modo atento e fraterno. 

As dores de um consagrado são as dores de homens e mulheres que vivem em meio aos desafios dos nossos tempos e padecem de enfermidades próprias do século presente. Um agravante também pode ser a luta cotidiana pela fidelidade aos compromissos e à missão, assim como a lida com os sofrimentos do povo ao qual foi enviado. 

Sejamos dóceis e atentos aos irmãos e irmãs que convivem conosco. Seja você também uma âncora que alcança as lutas cotidianas com caridade e generosidade. 

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O que é Síndrome de Burnout?

O trabalho apostólico, a administração de uma Casa de formação, a dinâmica formativa de um seminário, ou mesmo a direção espiritual das almas. Logo, estamos falando de serviços comuns a boa parte dos sacerdotes e religiosos. Contudo, se não bem administrados e integrados na dimensão humana e física, tal qual qualquer outra profissão, pode ocasionar Síndrome de Burnout. 

Traduzindo do inglês, “burn” quer dizer queima e “out” exterior. Segundo o Ministério da Saúde, “a Síndrome de Burnout também pode acontecer quando o profissional planeja ou é pautado para objetivos de trabalho muito difíceis, situações em que a pessoa possa achar, por algum motivo, não ter capacidades suficientes para os cumprir.”

Sendo assim, amplamente conhecido no ambiente corporativo, os sintomas de Burnout podem ser  confundidos com crises vocacionais. Desse modo, religiosos, superiores, seminaristas, sacerdotes, priores, enfim, estão suscetíveis a tal dificuldade. 

A gênese desse transtorno está no excesso de trabalho, sem pausas significativas para o descanso. Obviamente, a oferta de vida e o desejo pelo anúncio do Evangelho podem expor muitos a uma rotina desgastante. Além disso, conflitos interpessoais, em especial com autoridades, ou mesmo, serviços incompatíveis, podem ocasionar a Síndrome de Burnout. 

Desse modo, entenda melhor os sintomas, o tratamento e possíveis consequências do não tratamento adequado.

Como saber se estou com Burnout?

O desânimo para começar mais um dia de trabalho, ou mesmo uma dor de cabeça constante podem configurar sintomas de Burnout. Além disso, segundo o Ministério da Saúde, os principais sintomas da Síndrome de Burnout são: 

  • Cansaço excessivo, físico e mental.
  • Dor de cabeça frequente.
  • Alterações no apetite.
  • Insônia.
  • Dificuldades de concentração.
  • Sentimentos de fracasso e insegurança.
  • Negatividade constante.
  • Sentimentos de derrota e desesperança.
  • Sentimentos de incompetência.
  • Alterações repentinas de humor.
  • Isolamento.
  • Fadiga.
  • Pressão alta.
  • Dores musculares.
  • Problemas gastrointestinais.
  • Alteração nos batimentos cardíaco;

Desse modo, tais sintomas são sinais de alerta que podem ser constantes ou esporádicos. Contudo, sem a devida atenção e tratamento podem agravar-se. Sem um bom tratamento terapêutico, o Burnout pode avançar e tornar-se um quadro de depressão.

Entretanto, tem se tornado cada vez mais frequente o quadro de depressão entre religiosos ou sacerdotes. Boa parte deles, com uma boa investigação, são oriundos de uma Síndrome de Burnout não identificada anteriormente. 

Como tratar 

Em se tratando de estarmos falando sobre um ambiente religioso, obviamente o caminho sempre começará com uma boa partilha com as autoridades, que em espírito de caridade fraterna e evangélica, será suporte para quem sofre. 

Portanto, é necessário o afastamento das atividades apostólicas e, sobretudo, um período de férias da vida comunitária. Desse modo, o tratamento seguirá com um processo terapêutico com psicólogo, e a depender do quadro, com psiquiatra. 

Sendo assim, em geral, não é necessário uso de medicações, porém o médico psiquiatra fará a avaliação adequada. 

Por isso, é de suma importância, que superiores, reitores ou demais autoridades, estejam atentos ao bem estar dos seus subordinados. De modo que, a qualquer suspeita, se tome as medidas necessárias, para evitar transtornos e demais enfermidades, ou até crises vocacionais que culminem no afastamento do religioso. 

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Janeiro, mês para organização

O mês de janeiro nos pede organização. Essa palavra tem muitos conceitos e se aplica em muitas situações. Pode se referir a um grupo de pessoas com o mesmo objetivo, à paróquia, a instituições e muitas outras.

E pode ter várias finalidades, ser temporária ou permanente. Por exemplo: organizar as festas de fim de ano com a família; essa organização é temporária e com uma finalidade bem definida. Mas neste post vamos tratar de organização no aspecto pessoal. Confira.

Diga “adeus” a velha organização e “bem-vinda” a nova!

A organização é uma prática que sempre pede recomeço, mas exige foco! Isso mesmo: ninguém se organiza simplesmente por um perfeccionismo; essa motivação traz muito estresse, engessa a vida e é vazia de sentido. Logo, a organização não serve para isso.

No entanto, a organização que tem um foco concreto, é motivada por uma paixão e é sempre passível de avaliação. Então: o que é organização? É a capacidade de projetar algo e montar uma estratégia para alcançar esse objetivo.

De forma bem simples, se você deseja uma viagem no mês de julho, por exemplo, precisa escolher o lugar, como chegará lá e quanto em dinheiro gastará durante todo o passeio. Depois, fazer uma planilha, colocar em prática e ter o plano B, caso não der certo.

Assim, a organização é uma forma de alcançarmos sonhos a curto e médio prazo. Ela não garante sucesso, mas nos ajuda a dar passos, nos tira do improviso e nos ensina a crescer em vários aspectos da vida humana, espiritual e financeira.

Por onde começa a organização? 

No tópico anterior, falamos sobre organização como uma estratégia para alcançar sonhos, mas o Evangelho nos ensina algo simples e fundamental: “Aquele que é fiel nas coisas pequenas será também fiel nas coisas grandes…” (Lc 16,10). 

Logo, a organização na vida pessoal começa pela rotina, ou seja, estabelecer horários para começar e terminar o dia; cumprir tarefas; ser responsável com os compromissos pessoais; estudos; trabalho e com a organização dos ambientes por onde você passa.

Dessa forma, a organização da rotina diária nos ajuda a organizar grandes situações da vida pessoal em todas as áreas. E, com certeza, responsabilidades não faltam na vida humana, mas muitos não conseguem se organizar e atropelam tudo pela frente.

Mas o agora é sempre a oportunidade de começar uma nova vida, novos projetos e abraçar os riscos que virão. E para os cristãos, há sempre uma motivação que caminha ao nosso lado: o amor de Deus por nós concretizado através de Jesus Cristo e escrito no Evangelho.

Mãos à obra! 

O ano novo inspira muitas propostas, mas elas só darão certo se estiverem no papel, ou seja, precisam de organização. Então, o primeiro passo é se perguntar: o que pretendo neste novo ano para minha vida? Claro que isso inclui muitos atores fundamentais.

Feita a pergunta, coloque no papel e trace a rotina para alcançar a meta. Isso pode envolver a família, o trabalho, estudos, finanças, saúde, como também, é possível escolher apenas uma área para organizar, como prioridade, sem abandonar as demais. 

Depois, trace o plano de ação para não se perder em pensamentos e siga o mapa que você mesmo preparou! Com o tempo, a organização nos aproxima mais do objetivo e o ânimo cresce, mas é preciso ser fiel aos primeiros passos.

A organização pessoal às vezes parece difícil. Mas é possível contar com a ajuda de alguém ou lançar mão de instrumentos preparados para esse fim, como uma planilha para organização pessoal. Assim, com um pouco de dedicação, o resultado aparece.

Continue lendo: Centro de Revitalização Âncora: cuidar-se para cuidar

Todo consagrado deveria tirar férias neste lugar

Tirar férias é mais que uma necessidade, é um direito de toda pessoa humana. Mas é preciso se educar para tomar essa decisão. Isso mesmo! Às vezes não respeitamos o tempo do corpo e os processos da vida e não nos permitimos o descanso merecido.

Neste post, descubra o significado das férias, seus benefícios e também a sugestão de um lugar que favorece o descanso do corpo e da alma. Confira!

Tirar férias… mas o que são férias?

As férias são o período em que interrompemos o trabalho com o objetivo de descansar. No entanto, o descanso não é um luxo, mas um investimento vital para o desenvolvimento integral da pessoa. Logo, exige respeito e atenção.

Lembramos que o consagrado é um operário da vinha (Mt 9,38); tem atribuições na paróquia, na vida comunitária, nas atividades missionárias e na vida pessoal; além de passar por todos os estresses da vida em sociedade que causam grande cansaço.

E o estresse transforma o estilo de vida e a forma como nos relacionamos, ainda que a oração e os sacramentos nos acompanhem todos os dias. Portanto, é fundamental tomar consciência de que as férias significam descanso e não organização da vida ou outras atividades. 

Tirar férias influencia no descanso físico e mental, porque tira a pessoa da estafa e da rotina de trabalho diária. Por isso são tão importantes para que se possa seguir a vida de maneira serena e produzir a contento, em todos os aspectos, principalmente na vida consagrada.

Tirar férias ou estar de férias

Parece estranho e até engraçado, mas é real. Há pessoas que não tiram férias, só estão de férias. E como é isso? Quando a pessoa sai, mas não se desconecta de suas atividades e usa aquela frase: “Qualquer coisa, me procure”.

Segundo especialistas, 70% das pessoas precisam de pelo menos uma semana para conseguir se desligar da sua rotina de trabalho; as outras 30% precisam de duas semanas ou mais para conseguir se desligar, só então as férias se iniciam. 

Há ainda outros fatores como educação e sexo: As mulheres, por exemplo, têm mais dificuldade em se desligar das atividades do que os homens; algumas reconhecem que só após duas semanas conseguem se desconectar e mudar para o modo férias.

Percebemos também pessoas que foram educadas a não reconhecer seus limites e isso as impede de relaxar. O que mostra nossa limitação, que não significa pecado, mas humanidade. Porém esse pensamento tem solução, as férias ajudam a mudar a mentalidade.

Benefícios das férias

Os benefícios de tirar férias são muitos e melhoram tanto o desempenho profissional quanto os relacionamentos pessoais e o bem-estar de cada indivíduo. Veja quanto bem causa tirar férias para uma pessoa: 

  • #1 Alivia o estresse: a vida humana é cheia de desafios, e quando se trabalha com a salvação das pessoas, somos envolvidos por inúmeros problemas que podem ser absorvidos ou não! E tirar férias nos ajudam a sair das zonas de conflito e a ter mais clareza das situações.
  • #2 Ativa a criatividade: A mente cheia de preocupações não consegue enxergar além e isso impede que se pense fora da caixa. Mas tirar férias proporciona limpeza da mente e logo os horizontes se abrem para novas ideias e sugestões na vida diária e no trabalho.
  • #3 Melhora os relacionamentos: Com a correria da missão, quase não se tem tempo para os amigos e a família! Dessa maneira, as férias são uma ótima oportunidade para fortalecer esses laços e desfrutar de tempo de qualidade com as pessoas queridas.
  • #4 Melhora a saúde: Corpo e mente estão interligados. Estresse, ansiedade e outros problemas surgem através da falta de descanso e são capazes de gerar transtornos físicos. Por isso, tirar férias contribui para a melhora da saúde, porque equilibra o corpo e a mente. 

Consagrado tira férias?

Infelizmente essa é uma pergunta que muitos se fazem fora da vida consagrada. Porém, podemos responder com outra pergunta: consagrados são pessoas comuns? Então, a resposta é sim! E como todo ser humano, eles precisam de férias.

Imagine a situação de um trabalhador comum: sua semana tem sete dias, cinco considerados úteis e dois geralmente destinados ao descanso. Contudo, muitas pessoas trabalham também aos finais de semana ou levam trabalho para casa.

Agora, na vida consagrada, se levarmos em conta o dia a dia – do nascer ao pôr do sol – o religioso está sempre a caminho, principalmente nos fins de semana, quando a comunidade se reúne para celebrar e ser educada na fé.

Então, o consagrado não leva trabalho para casa, porque em sua casa há sempre um trabalho a ser feito, seja de forma material, seja no empenho da oração, na escuta das pessoas ou nas preocupações que carrega na mente e no coração.

E se não houver férias?

Há uma síndrome chamada de Burnout, que é um tipo de estafa profissional, que tem se tornado cada vez mais comum. Ela é resultado de uma cultura em que o excesso de dedicação a algo, seja carreira ou qualquer outra atividade, é visto como um símbolo de status. 

Esta síndrome é resultado também da falta de cuidados consigo em necessidades vitais, entre elas as férias. Claro que a síndrome se instala gradativamente, nem se percebe às vezes, mas há também a ansiedade, depressão e doenças físicas. 

Por isso, tirar férias não é um desperdício de tempo, mas uma atitude de amor próprio em vista da missão de cuidar do outro. E para que isso aconteça, é urgente descansar por algumas semanas, dedicando-se ao próprio bem-estar. Logo, voltar mais satisfeito e produtivo.

Centro Âncora, lugar de estar em férias!

O Papa Emérito Bento XVI nos dá 4 conselhos para um bom descanso da mente e do corpo: A leitura espiritual, a natureza, passeios construtivos e o encontro com Deus; isso nos liberta de cargas desnecessárias na vida consagrada.

E se pudéssemos encontrar tudo isso em um único lugar, onde a vida consagrada é vista aos olhos de quem cuida e não como funcionalidade ou constante responsabilidade? Pois saiba que este lugar existe!. Estamos falando do Centro Âncora, um centro de apoio à vida religiosa e sacerdotal. 

O Centro Âncora localiza-se em Pinhais, próximo ao centro de Curitiba-PR, e é totalmente destinado ao descanso e ao cuidado de quem se dedica ao povo de Deus; das estruturas físicas ao corpo de profissionais, tudo voltado para a recuperação da alma e do corpo. 

O Centro é um sopro de Deus no coração da Comunidade Copiosa Redenção e há 10 anos tem proporcionado a recuperação emocional de muitas pessoas. Para isso conta com uma equipe de profissionais qualificados e um ambiente favorável para o encontro frutuoso.

Afinal, quem busca férias nunca se afasta do seu objetivo maior que é ser pertença de Deus. Mas tirar férias também significa cuidar de si, principalmente nos momentos mais difíceis da vida. Logo, o Centro Âncora está à sua disposição para qualquer dúvida.

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A relação entre esperança e sofrimento na vida de uma pessoa religiosa

Como já deixamos claro em outros artigos, um aspecto que uma pessoa religiosa não pode se esquecer é sua limitação humana. O fato de ser religioso ou sacerdote não o faz uma espécie superior, protegida do sofrimento e dos desafios da vida. 

Contudo, se lembrarmos dos personagens bíblicos, já no Antigo Testamento temos o testemunho de Jó que foi submetido à prova de fé e de esperança. O próprio Jesus, em seu caminho de Redenção da humanidade, passou por momentos de perseguição, solidão e morte. 

Logo, São João da Cruz chamou o sofrimento na alma esposa de Noite Escura da alma. Ainda que a definição seja mais profunda e complexa que a expressão, quando o sofrimento bate à porta da vida de um (a) religioso (a), ou um sacerdote, há a sensação de que o sol se escondeu e um tempo de escuridão começou. 

Entenda como a esperança é o caminho de superação e fidelidade a Deus mesmo diante do sofrimento. 

O sentido do sofrimento na vida religiosa 

Quando falamos em sofrimento, podemos vivê-lo de modos diversos na vida religiosa e sacerdotal. Às vezes ele bate à porta por uma doença física, que por diversas realidades afasta da vida comunitária ou missionária. Além disso, um dos desafios, também enfrentados, são as patologias relacionadas à psique. Estamos falando de ansiedade, pânico, estafa, depressão, Burnout, entre outros. 

Além disso, os problemas comunitários e fraternos quase sempre participam do cotidiano dos religiosos. Seja o desentendimento com as autoridades, a falta de aceitação das ordens dadas, o desencontro fraterno, a indiferença entre irmãos ou, mesmo, perseguições. 

Porém, a porta de grandes sofrimentos na vida religiosa está na falta de aceitação dos desafios e exigências, próprias de um chamado à radicalidade evangélica, como nos disse o Papa Francisco. “É triste ver consagrados amargos, consagradas amargas: fecham-se na lamentação pelas coisas que não funcionam a tempo e horas, num rigor que nos torna inflexíveis, em atitudes de pretensa superioridade”.

Além disso, a ilusão acerca de si mesmo e da vida humana acarreta inúmeras crises e sofrimentos. Achar que fora da vivência comunitária haverá uma terra prometida onde emana leite e mel – contém figura de linguagem – é algo que foge da realidade concreta. 

O sofrimento é inerente à vida humana, desde os primórdios da história bíblica, encontramos os caminhos tortuosos nos quais os grandes nomes da nossa fé enfrentaram. No entanto, uma virtude específica os mantinha firmes, a esperança.

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Esperança, virtude no sofrimento, estilo de vida no cotidiano

A esperança “é o aguardar confiante da bênção divina e da visão beatífica de Deus; é também o temor de ofender o amor de Deus e de provocar o castigo” (CIC 2090). Tal sentimento forjou os santos e, certamente, fundadores e fundadores das diversas ordens religiosas. 

Os sacerdotes de referência como São João Maria Vianney ou São Damião de Molokai, eram, certamente, alimentados por essa esperança, que como diz São Paulo, não engana. Em meio aos sofrimentos, os olhos voltados para Deus e para a eternidade enche de sentido cada dificuldade. 

Desse modo, é necessário que a esperança não seja só um sentimento, mas um estilo de vida cotidiano.

Quando as dores ou sofrimentos insistem em propor a desistência, é importante ter os olhos voltados para o céu, olhos que enxergam além do sofrimento, mas a intervenção de Deus que cuida de todas as coisas. 

Obviamente, há os sofrimentos de ordem psíquica e fisiológica, que precisam de ajuda profissional. Isso não pode ser um motivo de decepção ou vergonha, mas de reconhecimento dos próprios limites, inerentes à nossa condição humana. 

Conclusão 

“Irmãos e irmãs, o Senhor não cessa de dar sinais para nos convidar a cultivar uma visão renovada da vida consagrada. Isso faz falta, mas sob a luz, sob a moção do Espírito Santo. Não podemos fingir que não vemos esses sinais e continuar como se não importasse, repetindo as coisas de sempre, arrastando-nos por inércia nas formas do passado, paralisados pelo medo de mudar”. Essas são palavras do Papa Francisco no Dia Mundial da Vida Consagrada, em 2022. 

Com ele aprendemos a renovar nossa visão, nos lançando ao que há para frente, mesmo diante dos sofrimentos e das dificuldades. Em tudo, esperança! 

Como viver o luto na vida religiosa?

Luto é o período necessário para a superação da perda de um amigo, familiar ou ente querido. Contudo, não se trata de não mais sentir saudades ou dor. Estamos falando de evoluir o sofrimento demasiado, causado pelo impacto da perda, para um sentimento de saudade, equilibrado. 

Na vida religiosa, essa experiência é vivida de diversas formas. Seja com a perda de um parente, ou de um irmão ou irmã de congregação, do clero, ou mesmo do povo de Deus, ao qual pode apegar-se. 

Além disso, pode acontecer um luto voltado às próprias dores e vivências do cotidiano da vida religiosa. Afinal, é preciso “morrer o homem velho” para ressurgir o religioso ou o sacerdote.  

Preparamos um artigo que ajudará você sacerdote, religioso ou religiosa a viver bem esses momentos de dor na vida com Deus e na missão. Confira! 

O que a ciência fala sobre o luto

Apesar de tudo o que a ciência da psicologia já desenvolveu acerca do luto, sabe-se que não há um padrão determinado de tempo ou intensidade dessa experiência tão dolorosa. Afinal, depende de fatores como nível de relacionamento, maturidade espiritual e psíquica, e compreensão acerca do eterno. Tudo isso influenciará positiva ou negativamente na hora da despedida. 

É possível que se tenha sintomas emocionais como tristeza profunda, perda de interesse, perda de sentido da vida ou um desânimo demasiado. Ou ainda, sintomas físicos como dor de cabeça, falta de apetite, perda da memória, choro constante, medo e demais sintomas similares à ansiedade e pânico. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define o luto prolongado como um transtorno mental, de acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID). Trata-se de uma extensão dos sintomas de luto, após a perda, por um período mínimo de 6 meses em diante. 

A orientação dada pelos especialistas é de que seja feito um acompanhamento com profissionais sempre que o luto tomar proporções maiores, comprometendo a saúde física e mental do indivíduo. 

O luto nas Sagradas Escrituras e na vida dos santos 

Se olharmos para os personagens bíblicos e a história de vida dos santos poderemos encontrar vários sinais de vivência de um profundo luto, em ocasiões diversas. 

Podemos nos lembrar de Davi sofrendo a dor da morte do amigo Jônatas e de Saul, seu pai. “Então Davi apanhou as suas vestes e as rasgou, e todos os homens que o acompanhavam fizeram o mesmo. Lamentaram-se e choraram, jejuaram até à tarde por Saul e por Jônatas, seu filho” (II Sam 1, 11s). 

O próprio Jesus viveu momentos de luto. A Tradição se refere à morte de São José, seu pai, que certamente o marcou profundamente. Assim como, os textos bíblicos registram seu choro de luto com a morte do amigo Lázaro, que o ressuscitara em seguida. 

A santa família Martin, desde os pais, São Luís e Zélia Martin, e sua célebre filha, Santa Teresinha, como toda família, viveram momentos fortes de luto. Por isso podem ser uma referência para os religiosos e sacerdotes que enfrentam esse momento. 

Diante da páscoa definitiva do seu pai, São Luís, a florzinha do Carmelo exclamou: “A morte de papai não me faz o efeito de uma morte, mas de uma verdadeira vida”. Ou seja, sua compreensão acerca da eternidade já era tão alta, que pôde viver um luto de saudade intenso. Mas não de desespero, pois confiava que seu pai tão querido merecia o céu.

Contudo, é preciso aqui considerar o processo natural de maturidade e desenvolvimento espiritual. Santa Teresinha sofreu intensamente a morte de sua mãe. Chegou a dizer-se paralisada diante do caixão, ainda que não tenha chorado muito; tinha 4 anos e meio quando aconteceu, mas  lembrava-se com riqueza de detalhes aquele momento de luto. 

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Religiosos e sacerdotes diante da morte

O período da pandemia pôs à prova a fé e a esperança de muitos religiosos e religiosas, em especial dos sacerdotes. Mortes seguidas, muitas vezes de pessoas próximas e da mesma família, impactou fortemente muitas famílias religiosas. 

Aquelas que possuíam idosos, perderam alguns dos irmãos, ou mesmo foram impedidos de viver o tempo de luto com velório e sepultamentos dignos, passaram com fortes traumas por esses momentos. 

No entanto, a vivência religiosa estimula uma visão de eternidade sempre latente. Como a já citada religiosa francesa afirmou diante da morte, “não morro, entro na vida!”.

Essa consciência, atrelada à resignação própria de quem busca conformidade com a vontade de Deus, prepara o coração dos religiosos diante da morte de alguém querido. No entanto, diante dos lutos que a vida exige, como uma mudança de autoridade ou de localidade de missão, ou mesmo o sacrifício de ofertar algo a Deus, não passa longe dessa experiência. 

Obviamente, a sensibilidade de uns entrará em confronto com a sensibilidade de outros. Portanto, pode acontecer que algum religioso sofra com mais intensidade os sintomas de luto, como já falamos em outros artigos, não podemos perder de vista a humanidade de cada religioso ou sacerdote.

Conclusão 

A morte faz tão parte das nossas vidas como o luto. Seja quem parte ou quem fica, a experiência de Cruz e Ressurreição nos coloca numa dinâmica de conformidade com a vontade de Deus.

É importante que autoridades religiosas estejam atentos à necessidade de ajuda profissional, sempre que necessário. 

O tempo do luto precisa ser respeitado, no entanto, é preciso clareza quando a dor passar do limite e começar a afetar a qualidade de vida da pessoa. Fique atento! 

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7 dicas para vencer a insônia

Um dos principais alertas que o organismo dá de que a saúde psíquica não está bem pode ser a insônia. Noites mal dormidas, ou passadas em claro, envolta em pensamentos e ansiedades que impedem o descanso e, consequentemente, o bem-estar. 

As responsabilidades da vida, preocupações, medos e dificuldades de relacionamento ocupam a mente e dificultam o relaxamento característico do momento de sono. Principalmente, sacerdotes, autoridades, formadores ou reitores, prioras e madres costumam sofrer de insônia, com certa frequência, devido ao alto grau de atribuições que a função exige. 

Para ajudar com essa dificuldade, preparamos 7 dicas práticas que poderão ajudar você a vencer a insônia. Logicamente, há casos em que só a intervenção medicamentosa será eficaz, por isso é necessário um bom acompanhamento médico e terapêutico. 

1 – Procure estabelecer uma rotina 

Assim como boa parte das realidades da vida humana, a rotina é uma boa aliada quando se trata de sono. Manter o padrão de horário para deitar e acordar, respeitando as 8 horas de sono necessárias para a reparação do organismo, é indispensável. 

Não se trata somente de horários, mas de um estilo de vida que estabeleça uma prática corriqueira de preparação para o sono, um ritual. Desse modo, seu organismo se educa e passa a se preparar, também, com a carga hormonal necessária para o descanso. 

2- Busque um quarto completamente escuro 

Luz e escuridão possuem sua importância quando se fala em dormir bem. O uso de luzes no quarto, por menores que sejam, bloqueiam ou dificultam a produção de melatonina, o hormônio do sono. Além disso, a luz no quarto produz cortisol, o hormônio do estresse. 

A melatonina é responsável por reduzir a pressão arterial, os níveis de glicose e a temperatura do corpo, a fim de produzir um sono reparador. Sem isso, o organismo não consegue atingir os níveis de sono necessários para o relaxamento completo.

3 – Evite o uso de telas até 2h antes de dormir

Pelo mesmo motivo citado acima, é necessário evitar o uso de telas antes de dormir. A luz que emana dos dispositivos eletrônicos são responsáveis pela deficiência de melatonina, dificultando, portanto, o relaxamento. 

Muitos se viciaram em “relaxar” utilizando o celular antes de dormir, contudo isso é uma prática condenada pelas sociedades de medicina.  Exatamente, pelo alto índice de cortisol liberado no organismo, pelo estado de atenção e ansiedade e pelo uso da luz próxima ao olho. 

4 – Utilize chás e óleos essenciais para relaxar

Há uma série de chás e óleos essenciais que vêm sendo amplamente estudados para auxiliar o organismo a preparar-se para dormir.

Chás de camomila, erva-cidreira, capim santo, erva-doce são alguns exemplos que, além de serem saborosos, possuem propriedades relaxantes. Os óleos essenciais também têm sido utilizados com ainda mais frequência, em especial o óleo de lavanda.

De acordo com um estudo, o óleo de lavanda tem propriedades anti-inflamatórias, fungicidas, bactericidas, antimicrobianas, antissépticas e analgésicas. Além disso, o óleo também pode exercer efeito antidepressivo, sedativo, antiespasmódico, desintoxicante e hipotensor.  

5 – Tome banho com água morna 

O banho morno relaxa e distenciona os músculos preparando o organismo para o sono. Por isso, um bom banho antes de dormir, com temperatura morna, auxilia no relaxamento. Enquanto o banho gelado desperta e ativa o cérebro, o banho morno relaxa e alivia dores e tensões. 

6 – Não se medique sem prescrição médica

Algo muito comum em quem sofre de insônia é a busca por uma solução rápida e, muitas vezes, sem a devida orientação. Assim, como em qualquer outra doença, não se pode buscar medicações sem prescrição médica. Em especial, no uso de medicações psiquiátricas. 

Por isso, não utilize nenhum tipo de medicação antes que o médico oriente, escute e prescreva, de acordo com a necessidade. 

7 – Utilize ruído branco 

Uma técnica muito conhecida pelas mães mais jovens é o uso do ruído branco para auxiliar no sono. Trata-se de um sinal sonoro que contém todas as frequências na mesma potência. Um exemplo é o chiado da TV quando não está sintonizada, ou mesmo o som do ventilador. 

Há também app com sons de chuva, cachoeira, do mar que ajudam os neurotransmissores ao relaxamento até que se atinja o sono reparador. Vale a pena a experiência. 

Além dessas dicas, é importante que, se os problemas persistirem, buscar, o quanto antes, profissionais adequados como o psiquiatra e o psicólogo, para uma consulta. O importante é que não se demore na condição de insônia para evitar problemas maiores como depressão ou outros transtornos psicológicos. 

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