O que realmente importa?

Por Irmã Silvia Cristina Maia

“Muito se caminha, passo a passo, fechados no próprio silêncio ou trocando algumas palavras que geralmente não dizem nada. Mas quando vem a hora do perigo, então nos apoiamos uns aos outros, descobrimos que pertencemos a uma mesma comunidade, nos enriquecemos com as descobertas de outros conhecimentos. Nos olhamos com um grande sorriso, parecido com aquele de um prisioneiro libertado que se maravilha com a imensidade do mar”. (Saint-Exupéry, Antoine de. Terra degli Uomini, p.43)

No livro “A terra dos Homens” de Exupéry se conta as aventuras do piloto Guillaumet (um piloto francês que era amigo íntimo de Exupéry). Numa de suas aventuras, o protagonista fala sobre responsabilidade social que transparece em cada um de nós, principalmente diante de um perigo eminente, diante de uma ameaça. Essa aventura coloca o piloto nos Andes, onde caiu seu avião, e ali ele enfrenta os limites da busca pela sobrevivência. O que exatamente o mantém vivo? O que é capaz de motivá-lo a não desistir? Por que vale a pena continuar e lutar pela vida?

A resposta a estas perguntas tem muito a ver com o nosso desenvolvimento moral que nos leva, em seu último nível, aos princípios da reciprocidade, da igualdade pelos direitos humanos, de respeito pela dignidade dos seres humanos como pessoas individuais. E com certeza para chegar a esses princípios preciso me sentir parte de algo, de um todo.

Nesta aventura de Guillaumet, ele, em meio a neve e diante da morte, faz a seguinte reflexão: “Na neve se perde cada instinto de conservação. Depois de dois, três, quatro dias em marcha, não se deseja outra coisa que não seja dormir. Eu assim desejava. Mas dizia a mim mesmo: ‘Minha mulher, se acredita que ainda estou vivo, ela sabe que estou a caminho. Os meus companheiros, se acreditam que estou vivo, creem que estou a caminho. Todos eles confiam em mim. E eu, se não caminho, sou digno do desprezo deles’”. 

Família, companheiros e amigos, ou seja, as relações mais importantes e significativas vividas pelo  piloto, foram exatamente o que o fizeram lutar pela vida, a não parar no meio do caminho, a não se entregar à morte. 

Em tempos que passamos por uma pandemia, sabemos o que é isso. O que então a pandemia nos trouxe: Nos trouxe o contato com nossos limites, com a morte, com a perda. Nos trouxe também a responsabilidade social, embora longe uns dos outros nunca nos sentimos tão pertencentes a um mesmo mundo onde todos sofrem juntos a mesma dor. A pandemia nos falou de nós individualmente, mas também do “nós” como um todo. Aprendemos a apreciar o abraço, um sorriso, a liberdade de caminhar nas ruas sem medo. E ela nos ensinou o quanto estávamos desconectados disso tudo.

Enfim, a pandemia trouxe à tona o pior e o melhor de nós. Percebemos como Guillaumet, que em meio ao caos, ao desespero, ainda vale a pena continuar vivendo porque nada vale mais que o beijo, o abraço ou o sorriso que temos,

Bibliografia
De Sant-Exupéry, Antoine. Terra degli Uomini. Lit Edizioni: Roma, 2014.

Reze a novena da Imaculada Conceição

Nesta terça-feira (29/11), o sacerdote da Copiosa Redenção, Padre Fernando Bauwelz, deu início, em seu perfil no instagram, a Novena da Imaculada Conceição.

Além do sacerdote, a novena contará com a presença de alguns nomes da Copiosa Redenção, como a Irmã Zélia, Padre Juviano, Padre Valdecir Zanata, além de outros convidados.

Reze conosco a novena da Imaculada Conceição! Acesse o perfil do Padre Fernando no instagram

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Combate Espiritual

Padre Valdecir Zanata, CR

É por meio da oração que podemos vencer este combate

Hoje quero falar sobre a vida espiritual, que significa viver no Espírito Santo. O Espírito Santo é a força que nos impulsiona a irmos em direção ao Pai, imitando as obras e o comportamento do Filho, Jesus Cristo. No mundo atual não se fala em viver a vida no Espírito, próprio porque, a vida no Espírito Santo é contrária à carne (vida do mundo); viver essa separação com o mundo é essencial nos tempos atuais, pois cada vez mais fica claro quem pertence a Cristo, e vive no Espírito, e quem vive segundo a lógica do mundo. 

O cristão está mergulhado em Cristo, logo não cabe mais viver a vida do mundo, é mais que necessário combater as obras das trevas para que reine a luz de Cristo em nossos corações. Somente extirpando as trevas do próprio coração é possível construirmos obras concretas do Reino de Deus neste mundo. Não sejamos ingênuos em pensarmos que não existe um combate espiritual, mais do que nunca esse combate é real e podemos ver quando a família é ameaçada de tantas formas, quando vemos o valor da mulher sendo descartado principalmente a maternidade que é um grande dom feminino, quando vemos os filhos perderem a referência de autoridade masculina em suas vidas, quando vemos o embrião da família cristã (o namoro) ser banalizado e vivido sem responsabilidade, quando nossas crianças são alvo de pensamentos distorcidos e confusos, nisto e em muitas outras situações, vemos um grande combate espiritual e físico contra as obras do Reino de Deus.

Levantemos em oração, devemos “orar sem cessar. Em todas as circunstâncias, dai graças” (1Ts 5,17). Por meio da oração podemos vencer esse combate espiritual contra as trevas, pois quem luta em nós é o Espírito Santo. 

Finalmente, irmãos, fortalecei-vos no Senhor, pelo seu soberano poder. Revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do demônio. Pois não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes desse mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) nos ares. Tomai, portanto, a armadura de Deus, para que possais resistir nos dias maus e manter-vos inabaláveis no cumprimento do vosso dever. Ficai alerta, à cintura cingidos com a verdade, o corpo vestido com a couraça da justiça, e os pés calçados de prontidão para anunciar o Evangelho da paz. Sobretudo embraçai o escudo da fé, com que possais apagar todos os dardos inflamados do Maligno. Tomai enfim o capacete da salvação e a espada do espírito, isto é, a Palavra de Deus.

Intensificai as vossas invocações e súplicas. Orai em todas as circunstâncias, pelo Espírito, no qual perseverai em intensa vigília de súplica por todos os cristãos” (Ef 6,10-18).