Chácara de Uvaia recebe retiro nacional por cura e libertação de Santa Teresinha

Entre os dias 18 a 20 de novembro, a chácara de Uvaia, em Ponta Grossa, foi sede do 2º retiro nacional por cura e libertação de Santa Teresinha.

O evento teve como tema “Chegue até Vós, Senhor, o meu clamor” e contou com cerca de 400 pessoas de diversas cidades do país.

O retiro contou com a pregação do sacerdote da Copiosa Redenção, Padre Fernando Bauwelz, CR, da Irmã Zélia Garcia, CR e dos escritores e também sacerdotes, Padre Diogo Albuquerque e Padre Maxwell. Os músicos Fernando Vinhote, do ministério Tua Palavra, Amanda Vieira e Ana Moreira estiveram animando e abrilhantando o retiro.

Ao final, os retirantes ainda tiveram a Graça de receber uma bênção do fundador da Copiosa Redenção, Padre Wilton.

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Accountability: E você, a quem presta contas?

Liberdade nunca deve ser confundida com viver uma vida “solta”

Por Ir. Silvia Cristina Maia, CR

Accountability é a palavra inglesa para expressar algo parecido com “prestar contas”. A prestação de contas da qual quero falar não tem nada a ver com contabilidade. Tem a ver com a vida, com aquilo que aprendemos na infância e adolescência, com um valor que perdemos pelo nosso caminho e nem nos damos conta da importância que tem ou nem mesmo sabemos que é um valor!

Na nossa infância e adolescência escutamos: “Aonde você vai?, “Com quem vai?”, “Quem é a pessoa com quem estava falando?”, “Não vá para onde eu não possa te ver”. Todas essas frases e outras mais nos ensinam que não somos sozinhos, pertencemos a uma rede de relações, que temos que prestar contas e não estamos “soltos” no mundo. 

Em um momento na vida achamos que de fato podemos sair por aí fazendo o que bem entendemos, como se nossas ações não afetassem a mais ninguém além de nós mesmos. Mas elas afetam! No final de tudo vamos nos encontrar com as consequências, e disso não podemos fugir.

Accountability é voltar a dizer a quem você sente que faz parte da sua vida aonde você vai ou para onde está indo, quem são seus amigos, quais são seus projetos e sonhos, o que anda fazendo, como anda a sua vida. Isso não faz de nós menos livres, muito pelo contrário, nos liberta de uma vida que deve ser escondida, nos liberta de uma vida numa prisão interior, nos liberta da solidão!

Pergunte-se: O que ando escondendo? O que não tenho coragem de falar a ninguém? Como dizia um professor em uma aula de espiritualidade: “Você é tão doente quanto os teus segredos!”.

Cure-se, preste conta de sua vida, permita que alguém faça parte dela. Viver sozinho dói mais! 

Bibliografia
Santa Sé. Conscientização e Purificação (Atas do Encontro para a Proteção de Menores na Igreja). Brasília: Edições CNBB, 2019.

A relação entre esperança e sofrimento na vida de uma pessoa religiosa

Como já deixamos claro em outros artigos, um aspecto que uma pessoa religiosa não pode se esquecer é sua limitação humana. O fato de ser religioso ou sacerdote não o faz uma espécie superior, protegida do sofrimento e dos desafios da vida. 

Contudo, se lembrarmos dos personagens bíblicos, já no Antigo Testamento temos o testemunho de Jó que foi submetido à prova de fé e de esperança. O próprio Jesus, em seu caminho de Redenção da humanidade, passou por momentos de perseguição, solidão e morte. 

Logo, São João da Cruz chamou o sofrimento na alma esposa de Noite Escura da alma. Ainda que a definição seja mais profunda e complexa que a expressão, quando o sofrimento bate à porta da vida de um (a) religioso (a), ou um sacerdote, há a sensação de que o sol se escondeu e um tempo de escuridão começou. 

Entenda como a esperança é o caminho de superação e fidelidade a Deus mesmo diante do sofrimento. 

O sentido do sofrimento na vida religiosa 

Quando falamos em sofrimento, podemos vivê-lo de modos diversos na vida religiosa e sacerdotal. Às vezes ele bate à porta por uma doença física, que por diversas realidades afasta da vida comunitária ou missionária. Além disso, um dos desafios, também enfrentados, são as patologias relacionadas à psique. Estamos falando de ansiedade, pânico, estafa, depressão, Burnout, entre outros. 

Além disso, os problemas comunitários e fraternos quase sempre participam do cotidiano dos religiosos. Seja o desentendimento com as autoridades, a falta de aceitação das ordens dadas, o desencontro fraterno, a indiferença entre irmãos ou, mesmo, perseguições. 

Porém, a porta de grandes sofrimentos na vida religiosa está na falta de aceitação dos desafios e exigências, próprias de um chamado à radicalidade evangélica, como nos disse o Papa Francisco. “É triste ver consagrados amargos, consagradas amargas: fecham-se na lamentação pelas coisas que não funcionam a tempo e horas, num rigor que nos torna inflexíveis, em atitudes de pretensa superioridade”.

Além disso, a ilusão acerca de si mesmo e da vida humana acarreta inúmeras crises e sofrimentos. Achar que fora da vivência comunitária haverá uma terra prometida onde emana leite e mel – contém figura de linguagem – é algo que foge da realidade concreta. 

O sofrimento é inerente à vida humana, desde os primórdios da história bíblica, encontramos os caminhos tortuosos nos quais os grandes nomes da nossa fé enfrentaram. No entanto, uma virtude específica os mantinha firmes, a esperança.

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Esperança, virtude no sofrimento, estilo de vida no cotidiano

A esperança “é o aguardar confiante da bênção divina e da visão beatífica de Deus; é também o temor de ofender o amor de Deus e de provocar o castigo” (CIC 2090). Tal sentimento forjou os santos e, certamente, fundadores e fundadores das diversas ordens religiosas. 

Os sacerdotes de referência como São João Maria Vianney ou São Damião de Molokai, eram, certamente, alimentados por essa esperança, que como diz São Paulo, não engana. Em meio aos sofrimentos, os olhos voltados para Deus e para a eternidade enche de sentido cada dificuldade. 

Desse modo, é necessário que a esperança não seja só um sentimento, mas um estilo de vida cotidiano.

Quando as dores ou sofrimentos insistem em propor a desistência, é importante ter os olhos voltados para o céu, olhos que enxergam além do sofrimento, mas a intervenção de Deus que cuida de todas as coisas. 

Obviamente, há os sofrimentos de ordem psíquica e fisiológica, que precisam de ajuda profissional. Isso não pode ser um motivo de decepção ou vergonha, mas de reconhecimento dos próprios limites, inerentes à nossa condição humana. 

Conclusão 

“Irmãos e irmãs, o Senhor não cessa de dar sinais para nos convidar a cultivar uma visão renovada da vida consagrada. Isso faz falta, mas sob a luz, sob a moção do Espírito Santo. Não podemos fingir que não vemos esses sinais e continuar como se não importasse, repetindo as coisas de sempre, arrastando-nos por inércia nas formas do passado, paralisados pelo medo de mudar”. Essas são palavras do Papa Francisco no Dia Mundial da Vida Consagrada, em 2022. 

Com ele aprendemos a renovar nossa visão, nos lançando ao que há para frente, mesmo diante dos sofrimentos e das dificuldades. Em tudo, esperança!