O papel da espiritualidade no tratamento e na prevenção da dependência química

por Igor Precinoti /Aleteia

É importante ficar atento aos principais sinais de dependência química. Segundo publicação da Universidade John Hopkins, estes são os principais sinais:

A dependência química é definida pela Organização Mundial da Saúde como alterações comportamentais, fisiológicas e cognitivas que se desenvolvem após o uso repetido de determinadas substâncias como o fumo, o álcool, medicamentos ou drogas ilícitas. Ou seja, a dependência é um termo que os médicos utilizam para descrever o uso continuado de certas substâncias quando surgem problemas relacionados ao seu uso. 

O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), em 2021, divulgou um relatório informando que mais de 36 milhões de pessoas sofreram de transtornos associados ao uso de drogas. Este mesmo relatório informava que, entre 2010 e 2019, o número de pessoas que usam drogas aumentou 22%. Números que pioraram com a pandemia, em um aumento relatado de 42% do uso de cannabis (maconha) e do consumo abusivo (não medicinal) de medicamentos durante aquele período de isolamento social. Ora, a dependência química, como sabemos, gera graves problemas na vida do indivíduo e que podem se estender para os membros da família desse dependente.

Muitas vezes, o problema, em seus estágios iniciais, não é percebido pelo dependente e/ou familiares que confundem o vício com “hábitos sociais normais”, como tomar todas as noites uma latinha de cerveja para relaxar ou, ainda, tomar comprimidos para melhorar a concentração antes de estudar etc. 

Os sinais da dependência química

Por isso, é importante ficar atento aos principais sinais de dependência química. Segundo publicação da Universidade John Hopkins, estes são os principais sinais: 

  • Necessidade de quantidades cada vez maiores da substância para obter efeito (tolerância).
  • Sintomas (como tremores, febre, dor de cabeça etc.) que ocorrem a pessoa diminuir ou parar de usar a substância (abstinência). 
  • Gastar muito tempo para obter, usar e se recuperar dos efeitos do uso de drogas
  • Afastamento de atividades sociais e/ou recreativas.
  • Uso continuado da substância mesmo que a pessoa esteja ciente dos problemas físicos, psicológicos e familiares ou sociais causados por este uso.

Os fatores que levam alguém a contrair a dependência química são variáveis, incluindo pressões sociais, problemas psiquiátricos, genética, e, ainda, podemos incluir fatores culturais como o acesso facilitado ao álcool e ao cigarro, tais como em situações em que os pais oferecem bebidas alcoólicas aos filhos adolescentes ou fumam na presença de crianças.

Os sintomas da dependência química são muitos e, às vezes, graves. Por isso, os pais, educadores e profissionais de saúde devem ficar atentos a sinais como perda de peso, olhos vermelhos, fadiga constante, mudança de comportamento, ansiedade e insônia. Caso seja confirmado um caso de dependência química, o tratamento há de ser indicado o mais rápido possível.

Existem muitas estratégias para prevenir e combater a dependência química e todas se baseiam sobretudo no acolhimento. Como foi descrito aqui, muitos são os fatores que levam à dependência química e, por isso, o tratamento também é complexo, exigindo uma equipe multiprofissional, formada por psicólogo, médico, assistente social etc. Em algumas situações mais graves, uma internação pode ser necessária. 

Neste contexto de tratamento e prevenção da dependência química, é importante ressaltar a importância da fé e da espiritualidade, tanto na estruturação dos serviços de tratamento como componente auxiliar na terapia. 

Tratamento aliado a espiritualidade

Um estudo publicado, em 2019, pelo Journal of Religion and Health evidenciou que 73% dos programas de tratamento de dependência, nos EUA, incluem um elemento baseado na espiritualidade, como observado nos famosos 12 passos desenvolvidos e popularizados pelos Alcoólicos Anônimos (AA), sendo que os viciados com fé se beneficiam destes elementos apresentando uma cura mais rápida.

E mais: um estudo publicado, em 2018, pelo Journal of Youth and Adolescence com investigadores da Universidade da Virgínia e da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins, ao estudar mais de 27 mil estudantes do Ensino Médio, concluíram que a espiritualidade está relacionada a um menor abuso de substâncias e a uma maior adaptação a situações estressantes.

Desta forma, é fácil concluir que a espiritualidade e a inclusão dos jovens na vida religiosa deve ser uma preocupação dos pais e – ainda mais – considerada um fator de prevenção à dependência química. Em contrapartida, o declínio do número de pessoas que se dizem pertencentes a uma religião, em breve, não será apenas uma preocupação das Igrejas, mas também se tornará uma preocupação de saúde pública.

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Qual a diferença entre solidão e solitude?

A sociedade nunca esteve tão conectada quanto nos tempos atuais. Graças a evolução da tecnologia e as diversas possibilidades de encontro, a comunicação com uma pessoa que está do outro lado do mundo pode ocorrer de maneira instantânea.

Contudo, nunca estivemos tão solitários. Entender a diferença entre solidão e solitude é algo fundamental para os tempos em que vivemos. Sobretudo quando observamos o crescente índice de enfermidades psicológicas. 

É possível desfrutar de momentos a sós de maneira saudável, prazerosa e enriquecedora. Seja para o crescimento do autoconhecimento ou para o desenvolvimento espiritual. 

Se você deseja compreender as diferenças entre solidão e solitude, o conceito de cada uma e como aproveitá-las da melhor forma, acompanhe este conteúdo até o final. 

Entendendo o conceito de solidão 

Em nossa vida como cristãos batizados, não somos chamados a viver sós. Para isso o Senhor nos deu irmãos, para vivermos em comunidade. Contudo, ainda assim algumas pessoas se sentem sós, sentem a ausência de pertencimento com o mundo e com os outros.

Ou seja, mesmo que a pessoa esteja rodeada de outros indivíduos, existe em seu interior uma desconexão que a leva ao isolamento. Por isso, o termo solidão aparece com maior frequência a algo negativo, triste. 

Leia também: Você está atento aos sinais e dores de um consagrado?

O principal aspecto que a caracteriza dessa forma, é o fato de que a solidão está relacionada a algo não voluntário, ou seja, imposto. Podemos observar isso quando a pessoa lida com a perda de um ente querido ou com o término de um relacionamento, por exemplo. 

A ausência da pessoa amada em questão, desperta o sentimento de solidão, que é um vazio e tristeza por não ter mais aquela pessoa com quem se relacionava. Quando alguém é inserido em um novo grupo, seja por realidade de trabalho, estudo ou novas amizades e ali não consegue formar um vínculo afetivo, nota -se também a presença da solidão. 

O que é solitude, afinal?

Em contrapartida, quando nos referimos à solitude, o conceito é visto de maneira positiva e é até mesmo incentivado por diversos especialistas, que se cultive o hábito de momentos de solitude. E por que, isso?

Diferente da solidão, a solitude é um movimento voluntário, intencional. A pessoa de livre e espontânea vontade, opta por se retirar para cultivar momentos de silêncio, para rezar, para descobrir novos interesses, para se conhecer melhor. 

Embora uma pessoa que esteja em estado de solitude viva também o isolamento, quando isso acontece é de uma maneira intencional e consciente. Ela se retira para viver momentos que sejam agradáveis, porém, isso não a impede de sentir prazer e alegria quando está com outras pessoas.

Leia também: Por que algumas pessoas lidam melhor com a solitude?

Como identificar a diferença entre solidão e solitude?

O Papa Francisco em sua exortação apostólica Amoris Laetitia, nos ensina que “o nosso Deus, no seu mistério mais íntimo, não é solidão, mas uma família, dado que tem em Si mesmo paternidade, filiação e a essência da família, que é o amor. Esse amor, na família divina, é o Espírito Santo”. 

Para perceber, então, a diferença entre solidão e solitude e em qual dessas duas realidades você se encontra, é preciso ampliar o olhar e enxergar o todo. Como vimos, a solidão está relacionada à tristeza, mas existem também outros sentimentos que a acompanham.

É preciso estar atento ao quanto o desconforto gerado pela solidão pode estar afetando uma pessoa. Se esse sentimento é acompanhado de angústia, sofrimentos mais profundos, é importante procurar ajuda profissional

Contudo, mesmo que o sentimento seja moderado é possível tirar bom proveito dele e da situação. Explico: ao identificar o desconforto gerado pela solidão, a pessoa pode aproveitar do momento para transformá-la em solitude.

Dessa forma, reconhecendo que há um incômodo diante desse cenário, a pessoa pode sozinha ou com ajuda profissional, compreender as razões desse desconforto. Isso irá contribuir com o seu amadurecimento afetivo e emocional.

Saiba equilibrar as suas emoções

Mesmo que a solitude seja algo positivo, deve-se buscar o justo equilíbrio, para que esse isolamento voluntário não a impeça de construir novas relações. Como ser social, o ser humano precisa do cultivo saudável de relações afetivas. 

Assim, como um sofrimento profundo gerado pela solidão pode desenvolver-se em casos de doenças mentais como ansiedade e depressão, o mesmo pode ocorrer com longos períodos de solitude. 

Leia também: Existe depressão na vida religiosa?

Portanto, aproveite os momentos de solitude para desfrutar do prazer da sua própria companhia, descobrir sobre suas motivações, criar novos projetos, desenvolver a sua espiritualidade. Mas não perca tempo em compartilhar com aqueles que estão ao seu redor sobre os aprendizados dessa experiência. 

Para quem vive a solidão, colocar-se em movimento também pode ser muito positivo. Ao invés de esperar que as pessoas venham até você, seja o primeiro a ir ao encontro do outro e construir vínculos fraternos. 

Por fim, podemos observar que tanto a solidão quanto a solitude podem ser bem proveitosas se buscarmos o justo equilíbrio e o olhar e postura corretos para cada realidade. 

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O que o uso excessivo de drogas e álcool indica sobre saúde mental

O mês de setembro é dedicado para falarmos sobre uma questão muito delicada que é o suicídio, por vezes não anunciado devido ao  medo que o efeito dominó possa ocorrer com outras pessoas que estejam também em situação de fragilidade psíquica. Porém, o assunto é importantíssimo e devemos falar sobre, e para abordarmos essa temática falaremos de saúde mental, que a maioria das pessoas, quando ouvem falar pensam em “Doença Mental”. 

Mas, a saúde mental implica muito mais que a ausência de doenças mentais. Pessoas mentalmente saudáveis compreendem que ninguém é perfeito, que todos possuem limites e que não se pode ser tudo para todos. Elas vivenciam diariamente uma série de emoções como alegria, amor, satisfação, tristeza, raiva e frustração. São capazes de enfrentar os desafios e as mudanças da vida cotidiana com equilíbrio e sabem procurar ajuda quando têm dificuldade em lidar com conflitos, perturbações, traumas ou transições importantes nos diferentes ciclos da vida.

A Saúde Mental de uma pessoa está relacionada à forma como ela reage às exigências da vida e ao modo como harmonizar seus desejos, capacidades, ambições, ideias e emoções. Qualquer pessoa está sujeita em algum momento da vida a fragilizar-se no quesito Saúde Mental, ou seja, apresentar sintomas depressivos, vontade de não viver mais, tristeza profunda, uso abusivo de álcool e drogas e tantos outros sintomas que sinalizam que a saúde mental não está bem. 

Chegar ao ato de suicidar-se é o resultado de uma saúde mental totalmente fragilizada. É a soma  de  um conjunto de situações que a pessoa tem como  necessidade de aliviar as pressões externas, sendo muitas vezes, cobranças, culpa, remorso, depressão, ansiedade, medo, fracasso, humilhação, etc… enfim, a somatória de um psicológico adoecido, pode levar ao momento mais crítico: o  pensar que o suicídio parece ser a única saída  para seus problemas.

Geralmente as pessoas que estão adoecidas mentalmente apresentam sintomas e pedidos de ajuda que não são verbalizados. É importante estarmos atentos às pessoas que convivem conosco, e sinais como: isolamento, depressão, trazer na fala expressões “quero sumir”, “não aguento mais essa vida”, uso abusivo de drogas e álcool, podem se configurar em um pedido de ajuda.

Este assunto não pode mais ser considerado um tabu em  nossa sociedade, ou considerado uma atitude de fracasso pela pessoa que chegou no auge do adoecimento psíquico. Até porque os índices de suicídio estão cada vez mais altos e afetando uma população cada vez mais jovem de pessoas que não estão conseguindo elaborar seus conflitos e problemas psicológicos e emocionais. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 90% dos casos de suicídios podem ser evitados, desde que haja condições mínimas para oferta de ajuda voluntária ou profissional.

Seja qual for a fase do adoecimento da saúde mental, sempre é possível ser superado.

Quando identificamos estes pedidos de ajuda em alguma pessoa é importante auxiliá-las e buscar um serviço especializado para isto.

Segue abaixo as indicações de atendimento:

SERVIÇOS DE SAÚDE MENTAL, CAPS (CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL),  UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE.
CENTRO DE VALORIZAÇÃO À VIDA – CVV   LIGAÇÃO 188
EMERGÊNCIA –   SAMU 192

Referências

Site: WWW.SAUDE.PR.GOV.BR

SITE: WWW.CVV.ORG.BR

Por Irmã Elaine Cristina de Oliveira, CR

Psicóloga – CRP: 07/27809

Diretora da Comunidade Terapêutica Casa Marta e Maria (RS)

Fentanil: como nova onda de overdoses assola EUA e mata quase 300 por dia

Fonte: BBC News Brasil/Nadine Yousif

Cada vez mais americanos morrem por overdose de fentanil, à medida que uma nova onda da epidemia de opioides começa a se espalhar pelas comunidades dos quatro cantos do país.

Há seis anos, Sean morreu de uma overdose acidental por fentanil em Burlington, no Estado de Vermont. Ele tinha 27 anos.

“Cada vez que ouço falar de uma perda devido ao abuso de substâncias, meu coração se parte um pouco mais”, escreveu a mãe dele, Kim Blake, em um blog dedicado ao filho em 2021.

“Mais uma família despedaçada. Sempre de luto pela perda de sonhos e celebrações.” Naquele ano, os Estados Unidos testemunharam um marco sombrio: pela primeira vez, as overdoses mataram mais de 100 mil pessoas em todo o país num único ano.

Dessas mortes, mais de 66% estavam ligadas ao fentanil, um opioide sintético 50 vezes mais poderoso que a heroína.

O fentanil é um produto farmacêutico que pode ser prescrito por médicos para tratar dores intensas.

Mas a droga também é fabricada e vendida por traficantes. A maior parte do fentanil ilegal encontrado nos EUA é traficado a partir do México e usa produtos químicos provenientes da China, de acordo com o Drug Enforcement Administration (DEA), órgão federal encarregado da repressão e do controle de narcóticos

Em 2010, menos de 40 mil pessoas morreram por overdose de drogas em todo o país, e menos de 10% dessas mortes estavam ligadas ao fentanil.

Naquela época, as mortes eram causadas principalmente pelo uso de heroína ou opioides prescritos por profissionais de saúde.

A mudança de cenário é detalhada num estudo divulgado recém-publicado por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA).

O trabalho examina as tendências nas mortes por overdose no país entre 2010 e 2021, utilizando dados compilados pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA.

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Fentanil é um problema crescente nos EUA

Os dados mostram claramente como o fentanil redefiniu as overdoses nos Estados Unidos na última década.

“O aumento do consumo de fentanil fabricado ilicitamente deu início a uma crise sem precedentes”, escreveram os autores do artigo.

Praticamente todos os cantos dos EUA — do Havaí a Rhode Island — foram tocados pelo fentanil.

O aumento das mortes relacionadas à droga foi observado pela primeira vez em 2015, revelam as estatísticas.

Desde então, o entorpecente se espalhou pelo país e a taxa de mortalidade cresceu de forma acentuada.

“Em 2018, cerca de 80% das overdoses por fentanil aconteceram a leste do rio Mississippi”, disse à BBC Chelsea Shover, professora assistente da UCLA e coautora do estudo.

Mas, em 2019, “o fentanil passa a fazer parte do fornecimento de drogas no oeste dos EUA e, de repente, esta população que estava resguardada também ficou exposta, e as taxas de mortalidade começaram a subir”, segundo a pesquisadora

Na pesquisa recente, os especialistas alertam para outra tendência crescente: as mortes relacionadas ao consumo de fentanil em conjunto com drogas estimulantes, como a cocaína ou a metanfetamina.

Essa tendência é observada em todos os EUA, embora de formas diferentes devido aos padrões de consumo que diferem de região para região.

Os investigadores encontraram, por exemplo, taxas de mortalidade mais elevadas relacionadas ao consumo de fentanil e cocaína em Estados do nordeste dos EUA, como Vermont e Connecticut, onde os estimulantes geralmente são de fácil acesso.

Mas em praticamente todos os cantos do país, da Virgínia à Califórnia, as mortes foram causadas principalmente pelo uso de metanfetaminas e fentanil.

Blake, que também é médica, disse que seu filho usava cocaína esporadicamente, embora o exame toxicológico tenha encontrado apenas fentanil em seu organismo.

Ela aprendeu que muitos misturam diferentes substâncias para obter uma sensação prolongada.

“Não é nenhuma surpresa para mim esse aumento tão grande nas combinações de estimulantes e opioides”, observa Blake.

Quando o fentanil chegou pela primeira vez aos EUA como parte do tráfico, “muitas pessoas não o queriam”, lembra Shover. Mas o opioide sintético tornou-se amplamente disponível porque é mais barato de produzir em comparação com outras drogas.

Ele também é altamente viciante — isso significa que dependentes ficam expostos ao entorpecente e muitas vezes o procuram como uma forma de evitar abstinências dolorosas relacionadas a outras substâncias.

Nos EUA, o estudo identificou que Alasca, Virgínia Ocidental, Rhode Island, Havaí e Califórnia como os Estados com as taxas mais elevadas de mortes por overdose em que há mistura de fentanil e estimulantes.

Esses locais têm taxas historicamente altas de uso de drogas, segundo Shover. Com a chegada do fentanil, esse consumo tornou-se ainda mais letal.

Um problema que atravessa classes sociais

A crise dos opioides tem sido tradicionalmente retratada como um “problema dos brancos”, destaca Shover.

No entanto, o estudo recente revelou que os afro-americanos estão morrendo ao combinar fentanil e estimulantes a taxas mais elevadas, em todas as faixas etárias e limites geográficos.

Para Rasheeda Watts-Pearson, especialista em redução de danos baseada em Ohio, nos EUA, os dados refletem o que é visto na prática.

Ela faz um trabalho de divulgação com a A1 Stigma Free, uma organização fundada há apenas oito meses para combater um aumento notável de mortes por overdose na comunidade afro-americana de Cincinnati.

Como parte do trabalho, Watts-Pearson visita frequentemente barbearias, bares e mercearias para falar com as pessoas sobre os impactos do fentanil.

Ela considera que há falta de conscientização sobre o tema, motivada em parte pelas disparidades históricas de saúde vivenciadas por grupos raciais e étnicos.

Mesmo as campanhas de marketing feitas para conscientizar sobre a crise dos opioides não incluem a experiência dos negros americanos, critica ela.

“Se eu dirigir até a cidade de Avondale agora mesmo, há um outdoor que fala sobre a ‘Crise dos Opioides’, mas na mensagem aparecem duas pessoas brancas”” exemplifica Watts-Pearson.

Ela aponta que as drogas misturadas com fentanil são uma grande barreira para a comunidade. Segundo a ativista, muitas pessoas acabam consumindo o entorpecente sem saber — e desenvolvem uma dependência.

“Os legistas veem pessoas com overdose que morreram por causa de cocaína, crack e vestígios de fentanil”, diz ela.

“Isso está infiltrado na comunidade negra e não há gente suficiente falando sobre o assunto.”

Uma quarta onda

O abuso de fentanil em combinação com outras drogas marca o início de uma “quarta onda” da crise nos EUA, avaliam os pesquisadores.

A primeira onda de overdoses aconteceu no final dos anos 1990, com mortes por opioides com prescrição médica. Em 2010, houve uma segunda onda de overdoses, dessa vez causadas por heroína. E em 2013, surgiu uma terceira onda, graças à proliferação de drogas ilícitas análogas ao fentanil.

Especialistas como a professora Shover alertam que as opções de tratamento para a quarta onda não acompanham a demanda.

“Nosso sistema de tratamento contra dependência geralmente se concentra em uma droga de cada vez”, conta ela.

“Mas a realidade é que muitos usuários usam mais de um tipo de droga.”

Para manter viva a memória de seu filho, Blake decidiu falar abertamente sobre a perda e tenta ajudar outras famílias a passar pela mesma dor.

“Todo mundo tem uma história e, para um pai que perdeu um filho, isso dura para sempre”, diz ela.

Seu filho fez tratamentos contra dependência algumas vezes.

A experiência ensinou à Blake que as opções terapêuticas variam de Estado para Estado e, em muitos casos, o que está disponível não é suficiente.

“O ideal seria que as pessoas recebessem tratamento rapidamente, sempre que quisessem e a longo prazo”, destaca ela.

Blake também sugere a criação de locais para a prevenção de overdose, onde as pessoas pudessem usar drogas com segurança e sob supervisão.

Esses lugares estão amplamente disponíveis no Canadá — que tem a sua própria crise de fentanil — mas existem apenas duas instalações do tipo nos EUA inteiro.

Acima de tudo, Blake apelou à compaixão e à compreensão para aqueles que lutam contra o uso de substâncias.

“A maioria das pessoas com quem converso dizem que seus filhos não queriam morrer.”

Francisco: paremos para levantar aqueles que caem na escravidão das drogas

O abuso e o crescimento do uso de entorpecentes entre adolescentes e jovens e o aumento das vendas de drogas nas “praças digitais” da dark web estão causando um alarme cada vez maior, e o Papa confia sua preocupação a uma mensagem enviada aos participantes do 60º Congresso Internacional de Toxicologistas Forenses, que está sendo realizado em Roma de 27 a 31 de agosto, aos quais Francisco agradece pelo “compromisso, tempo e energia” dedicados à prevenção e ao combate à dependência de drogas.

O perigo das novas substâncias psicoativas

A delicadeza das fases da adolescência e da juventude, somada às fragilidades e inseguranças das sociedades atuais, são fatores – é a indicação de Francisco – que podem levar à busca de novas experiências. Medir-se com o inédito, explorar o desconhecido, o medo de se sentir excluído e a necessidade de se socializar com os coetâneos são elementos de risco, que podem induzir os jovens “a escolhas e comportamentos perigosos, como o uso de substâncias psicoativas e o abuso de álcool, ou à possibilidade de se deparar com situações extremas, tanto virtuais quanto reais”. Na mensagem, o Pontífice aponta para o perigo das novas substâncias psicoativas (NPS) que, além de estarem em rápida expansão, são quimicamente fáceis de serem modificadas, tanto que permitem que o crime organizado escape do controle. “Muitos adolescentes – escrevendo ainda Francisco – abusam das NPS sem conhecer sua periculosidade”, por isso é necessário desenvolver “técnicas de análise”, implementar intervenções de prevenção e “incentivar planos terapêuticos adequados”.

A obsessão com a eficiência e a produtividade

Outro ponto levantado pelo Papa em sua mensagem é a difusão de substâncias dopantes na esfera competitiva e esportiva, que “manifesta a obsessão de obter metas importantes e resultados a todo custo”. Um fenômeno que deve nos fazer refletir, indica ainda Francisco, sobre a sociedade atual “permeada por uma cultura da eficiência e da produtividade, que não admite hesitações e fracassos”. O desejo de estar à altura das expectativas, de dar a si mesmo uma imagem de desempenho e de vencedor, banindo a fragilidade e a fraqueza, torna-se, como adverte o Pontífice, “um obstáculo intransponível para a busca do desenvolvimento humano integral”.

Ouvir o grito dos mais frágeis

O alarme é para a desorientação dos jovens que, em busca de pontos de referência, recorrem às drogas para conter a angústia e a falta de sentido, para superar o cansaço “de ser e de existir”. Por trás dos vícios, lembra Francisco, existem “experiências concretas, histórias de solidão, desigualdade, exclusão, falta de integração”, diante das quais “não podemos ser indiferentes”, e seguindo o exemplo de proximidade oferecido por Jesus, “também nós somos chamados a agir, a parar diante de situações de fragilidade e dor, a saber ouvir o grito de solidão e de angústia, a inclinar-nos para levantar e trazer de volta à vida aqueles que caem na escravidão das drogas”. Portanto, pede o Papa, devemos encorajar os jovens a “buscar razões para viver”, por meio de percursos educativos, terapêuticos e de reabilitação e favorecendo modelos culturais alternativos.

Fonte: www.vaticannews.va

A Redenção no Combate à Dependência Química 

A dependência química é um mal que assusta a todos. E desde a sua fundação, a Copiosa Redenção se dedica a levar a redenção para dependentes químicos com tratamento em Comunidades Terapêuticas.

E esse projeto começou quando o seu fundador, Pe. Wilton Moraes Lopes, ao ministrar um retiro, viu uma garota se aproximar de Jesus no Santíssimo Sacramento e depositar um pacote de drogas no altar. Naquele momento, ele sentiu o Senhor falar em seus ouvidos, e depois deste fato, começou a dar os passos iniciais para concretizar aquilo que era da vontade de Deus.

Desde então, um dos trabalhos da Copiosa Redenção diz respeito à dependência química, cuidado da recuperação social e familiar.

Para entender como funciona esse processo de acolhida e tratamento, conversamos com a Irmã Elaine Cristina de Oliveira, que é Diretora de Comunidade Terapêutica Marta e Maria.

Acompanhe!

O que é dependência química?

Hoje ela é considerada um transtorno de saúde mental. Então, quando a pessoa faz uso de alguma substância lícita, como o álcool, ou ilícita, como a maconha, cocaína, crack, isso altera o sistema nervoso central, o que vai prejudicar essa pessoa, porque ela vai estar fora da sua total consciência. E o fato de a pessoa utilizar essas substâncias diariamente, ela estabelece um vínculo com elas, e a partir daí, tudo o que vai fazer, essa substância precisa estar presente. Isso vai determinar que essa pessoa adoeceu. E a dependência química é uma doença comportamental e, claro, de âmbito mental, de saúde mental. Por isso que hoje ela é considerada um transtorno mental

A dependência química tem cura?

Não tem cura, e muitas vezes as pessoas se assustam ao ouvir isso. Mas ela tem tratamento e manutenção. É como o diabetes, que é uma doença que também não tem cura, mas a pessoa consegue viver com ela, fazendo uso de insulina e não consumindo alimentos com açúcar. Enfim, o diabético muda o seu estilo de vida para conviver com a sua doença. E o dependente químico também. Depois que se estabelece essa doença, que é de âmbito mental e que não tem cura, mas tem tratamento. E o tratamento é, muitas vezes, ir para um ambulatório, ser acompanhado, fazer uso de medicação, por vezes passar pelo acolhimento em comunidades terapêuticas, tratamento a longo prazo e depois fazer a manutenção da abstinência. E de que forma? Não fazendo mais o uso, seja do álcool ou de outras drogas; participando de grupos de apoio; fazendo uso de medicação prescrita pelo médico psiquiatra que acompanha essa pessoa; fazendo terapia e manutenção da saúde mental; praticando exercícios físicos; mudando os seus hábitos; deixando de frequentar locais e de estar com pessoas que têm o mesmo problema e que não consegue estabelecer uma vida mais saudável. Então, a dependência química não tem cura, mas tem tratamento, tem manutenção e é possível viver com essa doença, mas para isso é preciso que a pessoa compreenda a partir deste ponto de vista. Muitas vezes, no senso comum, as pessoas trazem a dependência como falta de força de vontade, de sem-vergonhice – na linguagem mais popular – marginalizando a pessoa que faz uso da substância e que adoeceu por isso. Então é importante olhar por este âmbito de saúde, e de saúde mental. E a pessoa que faz uso sofre muito por isso, ela também tem o desejo de parar, também não quer mais fazer aquilo porque entende que faz mal. Mas, com o adoecimento da saúde mental, nem sempre ela vai conseguir sozinha buscar os meios para a manutenção do tratamento. Então é importante acolher essa visão sobre a dependência química e parar de marginalizá-la como algo que depende única e exclusivamente dessa pessoa, como se sem nenhuma rede de apoio ou algum tipo de tratamento, ela conseguisse dar conta.

Qual a faixa etária mais afetada pela dependência química?

Quando pensamos em nível de pesquisa, olhando sempre para os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a faixa etária mais afetada é dos 15 aos 64 anos. O relatório da OMS mostra que houve um aumento de 284 milhões de pessoas nesta faixa etária que estão consumindo álcool e outras drogas. Essa pesquisa é do ano 2022, então mostra como aumentou o consumo de álcool e outras drogas no período pandêmico.

Então, toda esta faixa etária é sempre muito afetada. Começa na adolescência e óbvio que vai ser nocivo e prejudicial na fase jovem/adulto, até mesmo chegando na fase da maioridade. No Brasil, a partir dos 60 anos, é considerado já como pessoa idosa. E hoje também está aumentando, de uma forma assustadora, o uso de drogas pelo público idoso, que compete uma fase da vida onde se está mais sozinho, de aposentadoria; o idoso não conseguem se ressignificar neste momento da vida, os filhos estão distantes, perde seu companheiro. Então este também é um recorte do uso de drogas que está sendo estudado em vista de um melhor atendimento para este público específico também.

Portanto, todas as fases são afetadas e fica difícil determinar uma única faixa etária que mais esteja sendo afetada pela dependência química.

Como funciona o trabalho de recuperação da dependência química nas casas da Copiosa Redenção?

Em nossas comunidades terapêuticas, nós acolhemos o dependente que vem encaminhado, por vezes, pelo CAPS Álcool e Drogas ou pelo Serviço de Saúde. É a Assistência Social que faz o encaminhamento.

Quando chega na comunidade, essas pessoas são avaliadas. Faz-se uma triagem para ver se realmente o modelo de tratamento que nós oferecemos é adequado a essa pessoa que está procurando tratamento. E o tratamento em si, dentro de nossas casas, funciona em etapas, em fases, como chamamos.

Na primeira fase do tratamento, a pessoa vai conhecer o ambiente, as regras e a metodologia da casa. Então ela vai entendendo, nesse primeiro momento do tratamento, que ela tem uma doença, que é a dependência química; o quanto isso afetou a sua vida, a sua saúde e as suas relações, para compreender o quanto elas precisam deste lugar como um espaço de recuperação. Então, a primeira fase do tratamento é justamente para a pessoa compreender que ela precisa dessa ajuda.

A segunda fase do tratamento trabalha mais as questões individuais e históricas da pessoa. Trabalhamos a sua autobiografia, ajudando ela a se buscar novamente na sua própria identidade; a entender na sua vida onde é que ela foi se desorganizando, onde o álcool e as drogas entraram e ocuparam um papel na sua vida e assim adoecendo; o porquê que ela precisou ficar tão alienada todo esse tempo da sua realidade, talvez para mascarar um trauma, algo mais profundo que aconteceu na sua vida, ou pelo próprio funcionamento da sua família, muitas vezes doente. Enfim, a segunda fase ajuda a pessoa a compreender o seu funcionamento, da sua família, de toda dinâmica adoecedora do seu lar. Ela tem essa característica de ajudar a pessoa a se auto compreender, com um método específico, que é a autobiografia, a autoavaliação.

E a terceira fase é a reinserção social. Sabendo e ressignificando tudo isso, nesse processo de tratamento, a reinserção social convida a voltar ao convívio familiar, social, ao trabalho e tentar levar a vida de uma forma saudável, fora desse lugar de proteção que é a comunidade terapêutica. Então a reinserção social também é acompanhada para potencializar e ajudar o dependente químico a se encontrar também diante das dificuldades que a vida o oferece, seja no trabalho, na família, enfim, a lidar consigo mesmo nesse espaço, entendendo que ele ou ela sempre vai estar num processo de recuperação. Que é um processo que não tem fim, que não tem cura, mas tem manutenção. E aí a reinserção social vai justamente ajudar essa pessoa a fazer a manutenção da sua sobriedade, a ter um estilo de vida mais saudável, a conviver com a sua própria identidade; isso tudo é saudável porque ela nem sempre foi doente. Ajuda a pessoa a se conectar a essa nova forma de viver sem a droga e sem o álcool.

Quem são os profissionais que compõem as equipes de tratamento?

Nós contamos com uma equipe mínima de psicólogo, psiquiatra, assistente social, administrativo e educador social. E tem as Irmãs, que também desempenham esse papel de educadora social, ou de coordenadora, de diretora.

E o nosso programa tem um tempo mínimo de 9 meses e tempo máximo de 12 meses.  A partir de 12 meses não se mantém em acolhimento, em comunidade terapêutica, porque hoje temos uma legislação sobre a saúde mental que diz que o acolhido por mais de 12 meses em uma instituição está sendo institucionalizado. Então esse é um cuidado que precisamos ter.

A quem o trabalho de recuperação da Copiosa Redenção é destinado?

Atendemos pessoas de 18 a 59 anos de idade com dependência química. Nós também avaliamos a condição da pessoa porque, por vezes, a dependência química interage com outras comorbidades de saúde mental. Então é necessário sempre uma avaliação para entender se dentro dessas comorbidades de saúde mental a pessoa tem condições para o tipo de tratamento que nós oferecemos, que é a longo prazo, e que, às vezes, não atende todas as necessidades, se houver uma comorbidade mais grave. 

Qual o papel da família no processo de recuperação?

É fundamental! Embora muitas vezes a família chegue até nós muito fragilizada, vulnerável, cansada, o seu papel é muito importante em todo o processo. O dependente químico precisa de ajuda do espaço técnico e profissional dentro de uma instituição, seja o CAPS, o hospital para fazer uma desintoxicação ou a comunidade terapêutica, mas ele precisa também de uma rede de apoio. E a rede de apoio mais próxima da pessoa geralmente é a família. Então a família tem o papel de motivar, de acolher. E ela também precisa entender esse processo que é o adoecimento, porque a família também adoece diante dessa realidade da dependência química, ela também fica fragilizada e acaba sendo um fator de risco para o dependente. E quando a família não entende a dependência como uma doença, ela facilita o dinheiro ou coisas que acabam promovendo o uso do álcool e da droga. Além disso, às vezes, o funcionamento da família está tão adoecido que precisa de um cuidado, de um olhar, de uma atenção. Então a família precisa estar envolvida no processo de recuperação. Nos nossos espaços de comunidade terapêutica, nós também trabalhamos com a família, atendendo, levando formação; abrimos espaço para que a família também possa ser escutada e para que ela tenha um espaço de fala, de compreensão e de entender tudo o que está acontecendo.

Qual a importância da espiritualidade no processo de recuperação da dependência química?

É interessante a gente sempre pensar que o ser humano tem várias partes dentro de si: o espiritual, o físico, o mental. E é preciso cuidar de cada uma dessas partes. Então a espiritualidade, dentro do processo de recuperação, ajuda a pessoa a se ressignificar como um ser humano, como um filho de Deus, como alguém que também tem um poder superior que olha e zela por ele. Então, dentro das nossas comunidades, nós oferecemos espaço de espiritualidade. Mas eu gosto sempre de pontuar que espiritualidade é diferente de religiosidade, nós não oferecemos doutrina, não catequizamos as pessoas. Mas oferecemos momentos em que ela possa se conectar com esse ser superior. E isso pode acontecer através de uma música, de um momento de partilha, de leitura, e pode sim ser através da Missa. Enfim, tem essa oferta para que a pessoa possa transcender, porque a espiritualidade tem uma potência na recuperação. E é muito interessante o retorno que nós temos das acolhidas, quando perguntamos sobre o seu processo dentro da comunidade. Algumas dizem: “me devolveu a sanidade”; “me devolveu a espiritualidade”; “aqui eu pude me reencontrar com Deus”; “aqui eu pude fazer as pazes comigo”. Então a espiritualidade é um ponto importante a ser trabalhado dentro de um processo de recuperação da dependência química.

Enfim…

Quer ter uma prova de que é possível ser liberto das drogas? Então veja essa playlist com testemunho de homens e mulheres que disseram não às drogas e se permitiram uma vida nova.

Assista aqui: Sou um jovem liberto das drogas!

Mães usuárias de drogas: um desafio intenso e complexo na experiência de ser mãe!

Ser mãe é uma das experiências mais desafiadoras e transformadoras para uma mulher, e  um dos mais belos e gratificantes dons que a vida pode oferecer. No entanto, quando falamos sobre  mães usuárias de drogas, os desafios podem se tornar ainda mais intensos e complicados. Elas enfrentam não apenas o estigma e a discriminação da sociedade, mas também problemas de saúde, desenvolvimento e bem-estar do bebê.

A dependência de drogas é um problema “de saúde” que vai muito além da pessoa que está usando, afeta a família e amigos. Além da batalha contra a própria dependência, ela enfrenta a pressão e o estresse de ser mãe e cuidar dos seus filhos é  uma luta que exige força, coragem e muita determinação.

Elas enfrentam dificuldades financeiras, perda da custódia dos filhos, problemas de saúde mental e física, problemas legais e “estigma social”, são apenas alguns dos obstáculos que essas mulheres enfrentam diariamente. Mas as dificuldades não param por aí. Infelizmente, muitas vezes elas também precisam lidar com a dor de ver seus filhos afetados pela dependência, seja diretamente através da exposição às drogas ou indiretamente através da negligência. É uma situação complexa e difícil, que exige um grande esforço para superar.

Precisamos lembrar:

É importante lembrar que a dependência de drogas não define uma mãe. As mães usuárias de drogas são capazes de superar a dependência e criar um ambiente saudável e amoroso para seus filhos. Com apoio, compaixão e perseverança, a recuperação da dependência é possível para qualquer pessoa, principalmente para mães que estão lutando contra a dependência de drogas.

É fundamental que haja um sistema de apoio que ofereça tratamento, educação, assistência social e psicológica. É importante que a sociedade veja essas mulheres como pessoas que precisam de ajuda.

As comunidades terapêuticas são grandes aliadas na jornada de recuperação de pessoas com dependência química e alcoólica. Elas têm como objetivo a reabilitação dos acolhidos e a sua “reintegração à sociedade”, por meio da oferta de cursos de capacitação profissional e apoio na busca por emprego. Um excelente exemplo disso é a Comunidade Terapêutica Rosa Mística, uma comunidade da Copiosa redenção, fundada em 1998, que oferece tratamento para mulheres que desejam se recuperar.

Trabalho das Comunidades Terapêuticas Da Copiosa Redenção:

O programa de reabilitação das Comunidades Terapêuticas da Copiosa Redenção inclui terapia individual e em grupo, atividades físicas, trabalhos manuais e espirituais, além de orientação sobre alimentação saudável e cuidados com a saúde. O tratamento tem duração média de nove meses, mas pode ser estendido de acordo com as necessidades de cada acolhida. Contando com diversas atividades como:

Atendimento Psiquiátrico quinzenal;

  • Atendimento psicológico semanal ;
  • Grupos terapêuticos: mútua ajuda, diários, partilha, sentimento, auto ajuda, assembleia comunitária, Amor Exigente, Alcoólicos anônimos;
  • Atendimentos à gestante e mãe nutriz – Rosa Mãe;
  • Espiritualidade semanal;
  • Visitas familiares mensal;
  • Grupo autobiográfico;
  • Grupo de prevenção a recaída;
  • Curso de auxiliar cabeleireiro;
  • Seminários e atividades extras;

Sobre a comunidade:

A comunidade é mantida por doações e trabalho voluntário, não cobrando pelos serviços prestados aos pacientes. A organização conta com profissionais especializados em dependência química e uma equipe de voluntários que auxiliam no tratamento. Com a ajuda da Comunidade Terapêutica, muitas mulheres já conseguiram se recuperar da dependência química e alcoólica, tornando-se uma pessoa renovada e integrada à sociedade.

Veja alguns depoimentos.: Clique aqui!

Comunidade Terapêutica celebra 11 anos de fundação

CT Monsenhor Gabriel Mercol está localizada em Presidente Médici/RO

A Comunidade Terapêutica Monsenhor Gabriel Mercol comemorou, no último dia 26 de agosto, seus 11 anos de fundação.

Com capacidade para acolher cerca de 25 mulheres adultas com transtornos decorrentes do uso de substancias psicoativas, a CT está localizada na cidade de Presidente Médici, no estado de Rondônia.

O aniversário contou com a presença dos Irmãos e das Irmãs da Copiosa Redenção, bem como, das acolhidas e dos colaboradores da comunidade.

Para a Irmã Bruna Veras, CR – religiosa que chegou a menos de um ano da CT, celebrar este aniversário de 11 anos é uma grande alegria: “estar nesta cidade de Presidente Médici, RO, celebrando o aniversário de nossa comunidade é sinônimo de alegria. Esta comunidade é muito querida por todos que aqui vivem, e também, pelo pessoal da nossa região. É muito bom ver os frutos que a Copiosa Redenção traz para este lugar, diariamente, junto as nossas acolhidas, fazendo o processo terapêutico.” – Diz.

Conheça mais sobre a Comunidade acessando aqui.

Educação dos filhos: prevenir é melhor que remediar

É dever dos pais a educação dos filhos para seguirem uma vida plena. Desse modo, prevenindo o contato com drogas e outras coisas do mundo que não constroem uma sociedade justa e saudável. Quando os filhos se sentem amados, respeitados e valorizados, eles automaticamente criam uma relação confortável com os pais e crescem seguros de si. 

As crianças de hoje em dia estão cada vez mais desenvolvidas precocemente devido a alta carga de informação, ao qual são expostas diariamente., Portanto, a melhor maneira de prevenir o contato delas com experiências com drogas, bebidas, sexo livre, entre outros, é através de conversas francas com os filhos, evitando que tais perigos  façam parte de suas vidas.

Mas como fazer isso? Aqui vão cinco dicas para os pais:

Comece a debater o mais cedo possível

Quando a discussão desse tema começa cedo, os pais mostram aos filhos que sempre serão uma fonte de informações sobre os assuntos mais importantes e que estão atentos e disponíveis a qualquer momento para conversar. Assim, eles sentem-se confortáveis e com liberdade para se abrir para qualquer assunto.

Começar a conversar cedo não significa que você precise discutir todos os detalhes da dependência química com seu filho pequeno. A conversa precisa ser adequada à idade que seu filho tem.

A diretora de serviços de prevenção do Conselho da Grande Orleans para o Combate ao Abuso de Álcool e Drogas, Lindsey Prevost, diz que é preciso conversar com as crianças, ainda na idade pré-escolar, destacando sobre o assunto. “O importante é que essa é uma conversa que precisa começar muito tempo antes de qualquer criança ser exposta a substâncias em seu círculo de amigos e colegas”.  – conclui

Trace conexões com coisas que os filhos entendam

Use uma metáfora para explicar o conceito de dependência ou abuso de drogas às crianças menores. Deixando a conversa de um modo que eles possam entender.

John Sovec, terapeuta do estado da Califórnia e especialista em saúde mental e prevenção em dependência química, dá um exemplo simples e aparentemente bobo de ‘ o prato de cookies na mesa’:

“Algumas pessoas podem comer um cookie e estarem satisfeitas, mas outras pessoas querem devorar o prato inteiro de cookies – elas não conseguem se conter. Depois de comer o prato inteiro de cookies, elas se sentem mal. Esse exemplo é mais próximo da experiência de vida das crianças, então é mais facilmente compreensível.” – conclui.

Leia também Sou um jovem liberto das drogas

Não use o medo como tática na educação dos filhos

Você não deve criar histórias para deixar seu filho com medo, esta tática pode não  funcionar. Criando isso, os pais só afastam os filhos e acabam estragando a relação confortável que eles possuem. Frise sempre a frase “Eu estarei ao seu lado sempre”.

É importante que os pais sempre digam a seus filhos que quando uma pessoa é viciada, não quer dizer que ela é uma pessoa má, quer dizer que ela está doente e precisa de ajuda. A dependência química é uma doença, mas com apoio e auxílio elas podem melhorar. Os pais devem deixar claro que apoiam os filhos em qualquer situação.  

4 comunidades católicas que ajuda dependentes químicos

Deus nos chama a ser propagadores de sua Boa Nova. Seja através das Suas palavras ou de suas ações. Nós somos chamados para a missão e, como Igreja, devemos despertar nos corações das pessoas a consciência de olhar para aqueles que estão à margem de nossa sociedade.

A Igreja Católica é muito acolhedora e mantém muitas instituições pelo mundo, desde institutos de educação, de beneficência e assistência. São mais de 100 mil espalhadas em todo o mundo. É por vontade de Deus que nós vivenciamos a caridade e que sejamos uma ponte entre o abismo e a vida nova.

Os Institutos de beneficência e assistência administrados pela Igreja incluem:

  • 5.034 hospitais com as presenças maiores na América e África;
  • 16.627 dispensários, na maior parte na África, América e Ásia;
  • 611 leprosários distribuídos principalmente na Ásia e África;
  • 15.518 casas para idosos, doentes crônicos e deficientes, na maior parte na Europa e América;
  • 9.770 orfanatos na maior parte na Ásia;
  • 12.082 jardins de infância com maior número na Ásia e América;
  • 14.391 consultórios matrimoniais, na maior parte na América e Europa;
  • 3.896 centros de educação e reeducação social;
  • 38.256 instituições de outro tipo.

No Brasil, assim como nós, Copiosa Redenção, outras instituições religiosas trabalham para mudar a vida de irmãos e irmãs que se encontram no mundo da dependência química. Conheçam algumas delas:

1) Comunidade Bethânia

Fundada pelo Padre Leo após perceber o número expressivo de casos de pessoas dependentes químicas, o sacerdote sentiu em seu coração, proporcionar a essas pessoas, um lugar onde elas pudessem viver de um novo jeito, saudáveis e plenas. O lema da comunidade é “acolher cada pessoa que vem até a instituição como acolheríamos o próprio Jesus” e possui casas nos estados do Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina. A comunidade é sustentada pela generosidade das pessoas e não utiliza medicamentos para o tratamento, por isso a instituição não é considerada uma comunidade terapêutica. Para saber mais detalhes sobre a Comunidade Bethânia, clique aqui.

2) Fazenda da Esperança

Atuante desde 1983, a Fazenda da Esperança é a comunidade terapêutica que ajuda dependentes de álcool e drogas, a se libertarem dos vícios através de processos que contemplam o trabalho, a convivência familiar e a espiritualidade, transformado a dor em alegria. Possui casas espalhadas pelo país e pelo mundo, através da identificação do carisma da Fazenda que busca levar a Esperança, Jesus Cristo, ao maior número de jovens do mundo inteiro. Conheça mais sobre a Fazenda Esperança, acessando este site.

3) Comunidade Católica Maranathá

Localizada no Rio de Janeiro, a comunidade terapêutica acolhe dependentes químicos e alcoólatras de ambos os sexos, na faixa etária dos 18 a 59 anos. Com dinâmicas apropriadas para cada acolhido, a casa propõe atividades religiosas e psíquicas, que ajudam durante o tratamento dentro da comunidade. Para saber mais sobre a instituição, acesse este link.

4) Comunidade Reviver

Fundada em 1990, a comunidade tem como carisma a Cura e a Libertação pelo poder do Espírito Santo. Com casas espalhadas por Minas Gerais, a comunidade acolhe dependentes químicos com atendimentos psíquicos e religiosos. Você pode saber mais detalhes acessando o site da instituição.