Tem crescido muito entre os católicos a consciência do poder da oração dos Salmos, e isso não é à toa, visto que o livro dos Salmos é um dos mais consultados e lidos da Bíblia Sagrada em todo o mundo.
Logo, devemos recitar a oração dos Salmos porque, neles, Deus nos fala e nos faz falar com Ele. Sobre isso, o Papa Bento XVI, em uma de suas catequeses, afirmou:
“O cristão, rezando os Salmos, reza ao Pai em Cristo e com Cristo, assumindo esses cantos em uma perspectiva nova, que tem no mistério pascal a sua última chave interpretativa. O horizonte do orante abre-se, assim, a realidades inesperadas, cada Salmo adquire uma luz nova em Cristo e o Saltério pode brilhar em toda a sua infinita riqueza”.
E retornando a tempos ainda mais remotos, extraímos das palavras de Santo Agostinho uma linda reflexão sobre a oração dos Salmos. Ele dizia: “Quando te invoquei, ó meu Deus ao ler os Salmos de Davi, cânticos de fé, hinos de piedade, contrastante com qualquer sentimento de orgulho, eu, novato ainda no caminho do teu verdadeiro amor (…) quantas exclamações me inspirava a leitura desses salmos, e como eles me inflamavam no teu Amor! Desejava ardentemente recitá-los, se possível para todo o mundo, a fim de rebater o orgulho do gênero humano. E, no entanto, são cantados no mundo inteiro, e nada pode furtar-se ao teu calor” (Confissões IX, 4,8).
O que há de especial nesta oração?
Muitos teólogos consideram que vários salmos possuem teor profético e messiânicos, pois referem-se a vinda do Cristo.
Antes disso, os Salmos são reflexo do contexto maior de uma fé que nasce da história e ao mesmo tempo constrói história. E o fio condutor é o Deus libertador que ouve o clamor do Seu povo e que se torna presente, dando eficácia à sua luta pela liberdade e vida (cf. Ex 3,7-8).
Sendo assim, os Salmos manifestam a fé que os pobres e oprimidos têm no seu Deus Criador e Libertador.
Logo, a palavra Salmo vem do hebraico psalmus, que significa louvores, e essa característica faz da oração dos Salmos muito especial.
Mas isso não é tudo, os Salmos exprimem também as lamentações de um povo, seus cânticos de penitência e de reconhecimento de um Deus que nunca os abandona. E a própria introdução bíblica os identifica como poemas didáticos e de súplicas ardentes.
LEIA TAMBÉM:
Por que rezar os salmos?A Eucaristia na Copiosa Redenção: homens e mulheres adoradores
Quem escreveu a oração dos Salmos?
Quanto à autoria dos Salmos, a maioria deles é atribuída ao rei Davi, que teria escrito pelo menos 74 deles. Os demais autores seriam Moisés, Etã, Asafe, Rei Salomão, além de outros nomes. Há também alguns que são de autoria desconhecida, porém, importa saber que todos têm como fonte o Espírito Santo de Deus.
Logo, o livro de Salmos é uma coletânea de vários textos escritos ao longo de vários séculos. Inicialmente eles foram transmitidos de uma pessoa para outra através da tradição oral. E a sua escrita aconteceu, sobretudo, através do movimento de recolhimento das tradições israelitas, iniciado no exílio babilônico pelo profeta Ezequiel (séculos VII-VI antes de Cristo).
Os autores do Novo Testamento, para dar embasamento aos seus escritos, costumavam citar trechos do Antigo Testamento, um dos mais citados é o livro dos Salmos.
O próprio Jesus rezava a oração dos Salmos!
Jesus costumava rezar com os Salmos, pois o centro de sua vida foi a oração, e é por meio dela que Ele estava com o Pai e conhecia a Sua vontade.
Desde criança Jesus aprendeu a recitar a oração dos Salmos que eram lidos nas sinagogas e nas casas. Naquela época a oração dos Salmos não acontecia apenas como os lábios, mas com o corpo todo. Isso se dava por meio de procissões, prostração, genuflexão, estender as mãos, com o canto, colocando a cabeça entre os joelhos, etc.
Porém, as suas atitudes de Jesus deram um significado pleno e conferiram ainda mais eficácia a essas orações.
Sendo assim, depois de Jesus a oração dos Salmos se tornou a oração daqueles que estavam comprometidos com Cristo para a edificação do Reino de Deus.
A oração dos Salmos é a alma cristã
Os salmos são uma fonte poderosa de oração que nos põe em intimidade com Deus. E eles servem para diversos momentos da nossa vida. Confira a listinha abaixo!
Para acalmar o coração: Salmo 02, 27, 40 e 76
Para combater a ansiedade: Salmo 36, 94, 120 e 138
Na angústia, tristeza ou solidão: Salmo 03, 04, 12 e 142
Por uma situação que precisa ser resolvida com urgência: Salmo 06
Pedindo proteção contra injustiça, mentiras e calúnia: Salmo 09
Para despertar a confiança: Salmo 10 e 61
Segurança interior e eliminar as dúvidas: Salmo 16
Ação de graças: Salmo 20, 106 e 117
Serenidade: Salmo 24
Para destruir os medos: Salmo 27
Libertação dos perigos: 114 e 139
Após um grande perigo: Salmo 29
Na aflição: Salmo 30
Na doença: Salmo 40
Grito de aflição e de confiança: Salmo 55
Buscando refúgio: Salmo 56
Para ter esperança: Salmo 76 e 129
Na alegria: Salmo 83
Na tribulação: Salmo 85 e 140
Contra todos os perigos: Salmo 90
Louvor: 95, 98, 99, 103, 134, 135, 148 e 150
Canto de vitória: Salmo 107 e 143
Para ter confiança: Salmo 124
Pedindo bênçãos divinas: Salmo 127
Abandono em Deus: Salmo 130