Amiga ou inimiga: a rotina na saúde mental

Toda vida religiosa é composta por uma rotina de hábitos fixos que ditam o ritmo de oração, trabalho e descanso.

No entanto, quando essa rotina torna-se engessada, pode ser uma inimiga, ao invés de uma amiga para a saúde mental.

As cobranças exageradas, a falta de liberdade, o medo das autoridades, a baixa estima, a falta de equilíbrio podem transformar o que deveria ser uma graça, em um problema. 

Como já dissemos aqui no blog, há algumas dicas importantes para preservar a saúde mental, porém sem flexibilidade e atenção a uma rotina saudável não será possível. 

Leia 3 condições indispensáveis para ter qualidade de vida

Entenda quando a rotina é uma inimiga e como torná-la amiga do seu bem-estar. Confira! 

Quando a rotina é vilã da qualidade de vida

Os religiosos costumam acordar cedo. Sejam consagrados ou sacerdotes, o dia começa com orações, a Santa Missa e muitas vezes, logo depois os afazeres domésticos necessários.

Assim, segue em um ritmo acelerado também a vida apostólica e o atendimento às pessoas.

No entanto, as exigências pastorais e missionárias podem sabotar o tempo necessário de descanso e repouso. 

Além disso, a rotina pode ser engolida por muitas atribuições e trabalhos, impedindo o religioso de dedicar-se a atividades saudáveis como a prática esportiva ou mesmo um bom lazer como ir ao cinema, estar com os amigos, ou até dormir mais horas do que o costume. 

A ausência de atividades recreativas prejudica o descanso e a reposição de nossas energias para a missão.

Além disso, a rotina pode ser sufocada por maus relacionamentos fraternos ou administrativos.

Quando não há uma relação amistosa na vivência comunitária, a dinâmica apostólica no Instituto religioso ou mesmo da Paróquia fica comprometida.  

Esse problema pode estar relacionado a uma rotina pesada como citado acima ou mesmo pela personalidade mais difícil do religioso, dos seus irmãos ou colaboradores. 

O Papa Francisco falando, em uma catequese para as famílias, evidenciou a importância de três “palavras mágicas” para boa convivência: Obrigado! Desculpa! Com licença! 

Assim como em uma família, na vida comunitária é indispensável uma contínua gratidão, a consciência dos erros, seguido do pedido de perdão, e o zelo para não invadir a intimidade do outro.

Portanto, palavras como “Obrigado! Desculpa! Com licença!”, colaboram para uma experiência libertadora na vida comum. 

Como favorecer a qualidade de vida?

A dinâmica comunitária dos monges cistercienses divide a vida do religioso em três tempos de oito horas: Oração, trabalho e descanso.

Cada carisma e congregação possui sua dinâmica, porém, se pensarmos em uma rotina saudável, precisamos erguer esses três pilares da vida do religioso ou sacerdote, dando suporte com outras atividades importantes. 

Obviamente um sacerdote diocesano e um consagrado não terão as mesmas horas de oração que um monge.

Mas, fazendo uma divisão adequada entre as atividades comunitárias e pastorais, tendo sua rotina espiritual estabelecida, é possível encontrar tempo para as demais realidades.

É importante, por exemplo, definir os momentos para convivência, para o lazer, para a prática de atividades físicas.

Outra realidade importante para uma rotina saudável é saber usá-la ao seu favor. Por exemplo, vivê-la bem de modo que sair dela não compromete o todo. 

Nunca esquecendo de viver bem o período de férias. Esse é um tempo importantíssimo para os religiosos, não para o ócio, mas para o repouso, o prazer de estar com a família e/ou amigos e a possibilidade de realizar outras atividades que não as corriqueiras. 

Desse modo, fica claro que a rotina, antes de ser indispensável e rígida, precisa ser flexível e atenta às realidades necessárias para o bem-estar também dos religiosos.

Portanto,  faz-se necessário ter um bom diálogo com as autoridades para favorecer um caminho de discernimento. 

Seja sempre franco ao comunicar sua realidade aos seus superiores. Dessa forma a vida comunitária pode tornar-se também um caminho de fraternidade e descanso.  

Quando um ministro ordenado precisa cuidar da saúde emocional

Ver um sacerdote no altar é algo sagrado para Igreja Católica e seus fiéis. O ministro ordenado “participa da autoridade com que o próprio Cristo constrói, santifica e rege seu corpo” (Catecismo da Igreja Católica 1563). Portanto, tal missão edifica a Igreja e favorece a santidade de todo o povo de Deus. 

Com sua missão, possui diversas atribuições como distribuir os sacramentos do Batismo, da Penitência, da Eucaristia, assistir aos casamentos, administrar paróquias, comunidades e pastorais, além de, em alguns casos, possuir trabalhos seculares. 

No entanto, algo que não se pode esquecer é que Deus depositou todos esses dons e missão em um ser humano limitado, pecador e cheio de necessidades. Por isso, tão necessário quanto cuidar de sua saúde física, é importantíssimo que o ministro ordenado não se descuide de sua saúde emocional e psíquica.  

Confira quais os principais desafios que um ministro ordenado pode enfrentar em sua saúde emocional. 

O dia de um ministro ordenado 

Padre João Paulo (personagem fictício) acordou às 6h da manhã, porque precisava rezar suas Laudes antes de sair para a missa que celebra no Santuário, onde é vigário. Acordou? Não! Levantou da cama, porque havia passado a noite em claro, mais uma vez. 

De lá, come alguma coisa na padaria e vai direto pra algumas reuniões na Cúria diocesana, da comissão que faz parte. No meio de uma discussão, sente uma palpitação no peito e uma leve tontura. Toma uma água e se recompõe. 

Depois, almoça na casa de um paroquiano mais próximo e, às 14h, já precisa estar na secretaria paroquial para uma tarde de confissões. Mesmo no meio de uma conversa acalorada, sente um vazio e uma tristeza que costuma visitá-lo, aparentemente sem motivo. Olha para aquela família de seu amigo e pensa: “Talvez, se eu tivesse me casado, não me sentiria tão só!”. Percebe aquele pensamento como uma tentação e rapidamente o afasta. Não tem tempo para pensar nisso, é preciso correr. 

Costuma passar muitas horas no trânsito. Nesse momento sente sua impaciência e cansaço, falta de ar ou até uma dor de cabeça.

Ao fim da tarde, costuma visitar sua mãe já idosa e dar assistência, enquanto não começa a Missa da noite, que será seguida de uma reunião mais complicada com o conselho pastoral. Ao fim da noite, vai a uma lanchonete comer um sanduíche de seu gosto particular e segue para casa. 

Às 23h começa sua saga: a luta contra a insônia. O corpo está cansado, exausto, mas seu esvaziamento interior, quanto à sua vocação e ao sentido de sua vida, não o deixam relaxar. Suas articulações doem e por vezes é assaltado por tremores musculares, aparentemente sutis, mas que o tem preocupado, porque são cada vez mais recorrentes. 

É hora de reconhecer que precisa cuidar-se 

Em meio a essa rotina exaustiva e desafiante, é possível perceber sintomas que sinalizam a necessidade de atenção consigo mesmo. O cansaço emocional muitas vezes se traduz com sintomas físicos como dores generalizadas, somatizações como dermatite ou gastrite, além de insônia, picos hipertensivos, entre outros. 

Além disso, o ministro ordenado pode enfrentar uma forte crise de sentido de vida e da sua própria vocação, por não conseguir encontrar prazer naquilo que faz. O próprio estresse do excesso de atividades e atribuições contribuem para o desenvolvimento de estafa e crises de ansiedade. 

Todos esses sinais são demonstrações claras de que é preciso cuidar da saúde emocional do sacerdote. Apesar de sua característica solitária, o padre não precisa enfrentar tais desafios sozinho. Sua família, o colégio dos presbíteros, seu bispo diocesano ou mesmo amigos e paroquianos podem ajudá-lo. 

É preciso, no entanto, reconhecer que é necessário fazer esse caminho de resgate da sua saúde mental, emocional, física e espiritual. 

Um bom processo de revitalização pode proporcionar um resgate de sua vida e vocação. Não tenha medo de se deixar cuidar e amar.

Burnout e vida religiosa: 5 sintomas que merecem atenção

Talvez você ache que uma síndrome comumente relacionada ao trabalho dificilmente alcança quem se dedica à vida religiosa ou sacerdotal. Porém, o burnout tem mais a ver com cansaço e desgaste emocional do que com a categoria de trabalho. 

O serviço prestado pelos sacerdotes e religiosos exigem dedicação e entrega tal qual um trabalho com vínculo empregatício. A missão religiosa tem como característica a oferta de vida do missionário, mas também a vida daquele que receberá o anúncio. 

Sempre dedicados e em um vínculo fraterno profundo com o povo ao qual são enviados, muitos passam por problemas psíquicos e de saúde integral pelo cansaço físico, mental ou emocional. 

A síndrome de burnout, segundo o Ministério da Saúde, “também pode acontecer quando o profissional planeja ou é pautado para objetivos de trabalho muito difíceis, situações em que a pessoa possa achar, por algum motivo, não ter capacidades suficientes para os cumprir.” Tais sentimentos se encaixam com o que é enfrentado pelos religiosos constantemente. Portanto, ter cuidado e atenção com os sintomas de Burnout contribuem para que a síndrome não tome proporções mais graves. 

Confira alguns dos sintomas que merecem mais atenção. 

Cansaço excessivo, físico e mental

Dom Rafael Cifuentes, autor de vários livros sobre espiritualidade, afirmou que a maturidade é o justo equilíbrio entre dois extremos. Sendo assim, o serviço apostólico e ministerial precisa acompanhar a maturidade necessária

O sacerdote ou religioso (a) deve dedicar-se com afinco à sua missão. No entanto, precisa de clareza com seus próprios limites e inclinações. Não há maturidade em um trabalho que leva ao esgotamento, assim como o desleixo. 

Sendo assim, é necessário que as autoridades comunitárias estejam atentas aos excessos. Um religioso que, dia após dia, chega ao extremo do cansaço, dorme pouco, se alimenta mal, sempre aparenta um semblante abatido e uma irritabilidade constante sinaliza a necessidade de atenção. 

Leia Qual a diferença entre cansaço e depressão?

Sentimentos de fracasso e insegurança

O complexo de inferioridade e as inseguranças oriundas de uma baixa estima não são necessariamente sinal de Burnout, mas de feridas na própria história ou autoimagem. 

Contudo, quando surgem discursos negativistas e inseguros em um religioso que há muito tempo se dedica exaustivamente ao trabalho apostólico, mas há pouco não se sente mais realizado com o serviço, é necessário uma avaliação mais profunda. 

Como sintomas de Burnout, o fracasso e a insegurança surgem como algo paralisante, um sofrimento real que impede o sacerdote e o religioso do esforço a fim de transpô-lo. 

Alterações repentinas de humor

Algo que é necessário que fique claro é que os sintomas de Burnout se assemelham ao do cansaço corriqueiro. Porém, a intensidade e o seu possível surgimento são sinais que precisam ser observados. 

Alterações de humor podem ter várias raízes, porém, como sintoma de Burnout, é característico que esteja ligado à vivência do trabalho. 

Sendo assim, o religioso quando se dedica a uma atividade relacionada ao trabalho passa a ter tais alterações: tristeza, desgosto, falta de ânimo, irritação, impaciência. 

Problemas gastrointestinais

Refluxo esofágico, gastrite, estomatite, síndrome do intestino irritado, entre outros, podem ser os problemas médicos oriundos do Burnout. 

É muito comum que o estômago e o intestino sejam dois órgãos afetados pela rotina exaustiva de trabalho, dando sintomas claros que merecem atenção. 

Insônia

Como dito acima, a insônia também pode ser um sintoma de outros problemas. Porém, quando se trata de Burnout vem precedido de outros sintomas associados como estresse e ansiedade. 

A insônia pode não ser a patologia em questão, mas um sintoma que indica necessidade de atenção em alguma outra realidade. 

Sempre que algum sintoma aparece, gerando angústia e ansiedade, é necessário observar e conduzir um tempo de descanso e tratamento adequado. 

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Qual a diferença entre cansaço e depressão?

Chega um momento na vida religiosa e vocacional no qual o cansaço bate à porta e não se sabe o que fazer para recuperar o vigor da oferta dada enquanto jovem. As emoções não são as mesmas, o impulso missionário enfraquece, cansaço e a depressão parecem se aproximar cada vez mais.

Obviamente, em poucos casos, a depressão começa de forma repentina. Boa parte das vezes tem início com episódios de cansaço, tristeza, vazio de sentido, fragilidade emocional. 

Para saber diferenciar o que é cansaço e o que é depressão preparamos um blog post com algumas dicas para que você possa identificá-los. As nossas dicas podem ajudar os religiosos que enfrentam esses desafios. Além disso, pode auxiliar reitores e formadores na orientação de melhores formas de intervir antes que os quadros se compliquem. Confira! 

O cansaço da vida ordinária e seus alertas

A vida missionária e comunitária costuma ser intensa, repleta de altos e baixos e cheia de momentos fortes de emoção e tensão. Muitas vezes os religiosos chegam à exaustão na sua oferta de vida e nas necessidades do povo de Deus. 

Espelhando-se nas biografias dos santos, nos quais se vê uma entrega de vida até o último suspiro, como São João Maria Vianney, Santa Teresa de Calcutá e São João Bosco. Eram muitas horas de apostolado, quase nenhuma de descanso.

São João Maria Vianney disse certa vez que todas as noites acontecia um milagre. Ele se deitava exausto ao extremo e, em poucas horas de sono, o Senhor o restabelecia. 

No entanto, também quis a Providência de Deus fazer com que os santos experimentassem momentos nos quais tocavam os limites de sua humanidade, seja pela enfermidade ou pelo cansaço. 

O cansaço cotidiano é algo normal e comum, inclusive, na vida secular. No entanto, é preciso perceber-se acerca do nível do cansaço e se ele passa ou não com algumas horas de sono a mais e momentos de lazer. 

O cansaço ligado a um processo depressivo não costuma passar com descanso. Além disso, é um cansaço que é bem menos físico, do que mental. É um cansaço da alma, pode-se dizer assim. 

O cansaço no limite da exaustão é anunciado pela diminuição do rendimento nas atividades apostólicas. O prazer de servir se esvai e surge uma sensação de que tudo é muito complicado e difícil. Diante desses sinais, é preciso atenção para que esse cansaço não se torne uma depressão.

Quando cansaço e depressão se encontram 

Os sintomas que mostram o início de um processo depressivo se assemelham muito ao cansaço extremo. A falta de motivação e disposição para realizar tarefas corriqueiras, um cansaço constante e a energia limitada sinalizam o início da depressão. 

Tudo começa em baixa intensidade, no entanto, sem o devido tratamento terapêutico, cresce e se torna um sofrimento sem tamanho. 

Além disso, há outros sintomas bem comuns como: falta de sentido, tristeza excessiva e constante, irritabilidade, dores musculares e alterações no corpo, perda de apetite, ou compulsão alimentar, falta de concentração, sentimentos de morte ou suicídio. 

Por isso, diante da identificação de sintomas de um cansaço que começa a fugir do controle é preciso que o religioso recue. Não é preciso sair do ambiente religioso, mas a diminuição da rotina, o planejamento de descanso frequente, o acompanhamento terapêutico evitam casos patológicos mais sérios. 

Se, no entanto, o religioso percebe sinais de depressão, é importante a busca de uma comunidade terapêutica, a escuta de profissionais experientes que entendem a vida religiosa e sacerdotal para se chegar, o quanto antes, a um diagnóstico preciso e um protocolo de atendimento assertivo. 

Aprofunde-se sobre cansaço, conhecendo O que é Síndrome de Burnout

5 sinais de que você precisa cuidar da sua saúde mental

É inegável que vivemos um tempo intenso e de muitos desafios. Um desses desafios é cuidar da saúde mental em meio à enxurrada de informações negativas que chegam até nós. 

Além disso, a vida comunitária se tornou ainda mais complexa com o isolamento, em especial para os religiosos idosos e com comorbidades. A realidade missionária ficou mais restrita devido às determinações sanitárias, necessárias para o combate à pandemia. 

Estamos falando de um tempo de muitas crises vocacionais e gatilhos de ansiedade, pânico ou demais transtornos que assolaram nossas comunidades. 

Por isso, preparamos para você 5 sinais de que você precisa dar atenção e cuidar da sua saúde mental. Confira.

#1 Buscar por isolamento da convivência comunitária 

A vida dentro de um ambiente religioso costuma ser, em sua maioria, em comunidade. Seja o sacerdote que vive em meio às ações paroquiais ou o religioso que vive nos centros comunitários de seus institutos.

Com o aumento do estresse, da ansiedade, a sobrecarga de trabalho ou mesmo as crises humanas ou vocacionais, a tendência é a busca pelo isolamento. 

O religioso não quer mais conviver com a comunidade, quer momentos de solidão e distanciamento. Quer está só. Esse é um sinal de que é preciso cuidar da saúde mental. 

#2 Mudança no apetite 

Algo que evidencia a necessidade de cuidados com a saúde mental é a mudança no apetite. Se o religioso ou sacerdote costuma ter uma boa relação com a comida, passa por um tempo de fastio ou, ao contrário, de compulsão alimentar. 

Devido às tensões anteriores, ou busca refúgio no prazer de comer, ou fecha-se completamente ao alimento. 

A esse sinal as autoridades ou os irmãos de comunidade precisam estar atentos, pois a saúde mental, provavelmente, está comprometida. 

#3 É sinal de que precisa cuidar da saúde mental: a insônia 

Insônias esporádicas, diante de problemas ou dificuldades, são comuns. No entanto, se há falta de sono recorrente, necessidade de intervenções medicamentosas ou outros, certamente a saúde mental já se encontra comprometida em nível avançado. 

A mental está tão sobrecarregada de preocupações e tensões que não consegue o relaxamento necessário para que o corpo obtenha repouso e descanso necessário. 

Isso gera um cansaço ainda mais constante, irritação, mal humor e outros efeitos como taquicardia e falta de fôlego pela falta de sono. 

Descubra 7 dicas para vencer a insônia. Leia agora mesmo!

#4 Sinais físicos como cefaléia constante, tremores musculares e dores 

O corpo também dá sinais concretos que é preciso cuidar da saúde mental. Dores de cabeça frequentes, tremores musculares ou outras dores são alguns desses sinais. 

É bem comum, por exemplo, um tremor nas pálpebras, dores nas articulações e dormências na cabeça. São sinais de um organismo que está sofrendo por uma saúde mental não cuidada. 

Nessas ocasiões, muitas vezes, o sono noturno não resolve, os poucos momentos de descanso também não. É necessário um cuidado profissional, com terapeutas, nutricionistas, psiquiatra, que façam um trabalho conjunto e restabeleçam a saúde mental. 

#5 Falta de paciência ou irritação

Quando as situações cotidianas, que antes não eram tão pesadas, tornam-se difíceis e insuportáveis, a impaciência e irritação se tornam rotina. Logo, há um sinal claro de que é preciso considerar. 

Existe uma dificuldade de relaxar e lidar com as realidades de forma leve. Por isso, é preciso um caminho de cuidado e atenção para que isso não se torne algo mais sério no final. 

A saúde mental, tal qual a saúde física, precisa de atenção e de cuidados. Procurar especialistas não é algo humilhante, mas é algo necessário quando se perde o controle dos próprios limites. 

Por isso, busque ajuda! Só assim, será possível recuperar a qualidade de vida necessária para dar a Deus uma oferta generosa e fecunda. 

7 sinais de alerta para o mau uso das redes sociais

Existem 3 tipos de relação com as redes sociais no meio religioso. Primeiro, os que acham que as redes sociais vieram para aproximar as pessoas e facilitar a evangelização. Em seguida, os que não têm nenhuma familiaridade com as mídias. Por fim, os que fazem mau uso das redes sociais, por meio de atitudes que prejudicam sua saúde psíquica, assim como sua vivência religiosa. 

Assim como qualquer outra ferramenta de comunicação social, as redes sociais podem oferecer risco para a dinâmica da vida religiosa. No entanto, o cinema, a música, e a televisão, também podem afetar de maneira negativa ou positivamente a vida comunitária. 

Tudo depende do que se vê, quando se vê e como se vê. Afinal, o instrumento em si não pode ser mau ou bom, mas o uso que eu faço dele, sim! 

Há na realidade religiosa problemas de caráter pessoal como que atingem o aspecto comunitário. As redes sociais impactam essas duas dimensões, pois, na maioria das vezes, é na dimensão comunitária que se identifica os principais alertas para o mau uso das redes.

Logo, definimos 7 sinais que precisam ser observados pelas autoridades e pelos próprios religiosos que apontam para o mau uso das mídias digitais no cotidiano. 

1 – Fuga da convivência comunitária

Um dos sinais de alerta quanto ao mau uso das redes sociais é a fuga da convivência comunitária. Isso mesmo! O religioso que tem passado muito tempo nas redes sociais costuma aos poucos distanciar-se do cotidiano da comunidade. 

Além disso, nas refeições costuma estar sempre online, assim como nos momentos de lazer. Chega ao ponto de estar nas redes sociais inclusive nos momentos de espiritualidade e, até, durante a Celebração Eucarística. Nitidamente, isso caracteriza para o religioso o mau uso dessas tecnologias. 

2 – Amizades prioritariamente digitais

Um religioso que não alimenta seus relacionamentos fraternos com os irmãos da comunidade, possui dificuldade de manter-se na vida religiosa. Afinal, são os irmãos que compõem sua dinâmica de oferta e de apostolado diário.

Quando um religioso tem mais relacionamentos digitais do que reais, comunitários, cotidianos, sinaliza o mau uso das redes. O digital precisa fortalecer os laços reais, não suprimi-los. Portanto, quando se tem um caminho sinuoso de relacionamento fraterno, não se consegue perseverar nos caminhos da religião. 

3 – Diminuição da produtividade no ambiente apostólico

É comprovado cientificamente que as redes sociais podem possuir força de vício tanto quanto as drogas ilícitas. A isso se atribui os estímulos neurais causados pelo uso ininterrupto dos smartphones

Desse modo, o uso das redes sociais impactam na produtividade dos trabalhos apostólicos. Esse tipo de vício, apreendem o tempo que deveria ser dispensado para o apostolado e a missão, desperdiçando-os nas distrações das redes. 

4 – Se demora muitas nas redes na hora de dormir

Outro efeito do mau uso das redes sociais está na hora do descanso. Se o trabalho é afetado, o descanso não fica atrás. Ao contrário, muito tempo se gasta na hora que deveria ser para o relaxamento. 

O estímulo das luzes da tela e das redes sociais deixa a mente ativa e ansiosa de modo que o descanso perde sua qualidade e acaba afetando a qualidade de vida de cada religioso. 

Leia também 5 sinais de que você precisa cuidar da sua saúde mental

5 – Relacionamentos com perfis fakes 

As mídias sociais promovem o relacionamento com perfis fakes, que acabam tirando o religioso do seu chamado à castidade, por exemplo. 

Há religiosos que podem estar em relacionamentos fakes sem ter essa consciência. Portanto, é necessário vigilância e relacionamentos com pessoas reais a fim de suprir essa realidade. 

O religioso necessita ter o coração antenado no seu chamado, em amar o povo ao qual Deus lhe confiou, e servir por meio do seu apostolado. Desviar esse olhar do olhar de Cristo é perder-se no seu próprio caminho. 

6 – Busca desenfreada por notícias e entretenimento

O oceano de informações que as redes sociais oferecem deixam muitos viciados na busca intensa por notícias e entretenimento. Para a vida religiosa, isso pode se tornar incompatível dado que é necessário um filtro seguro na fonte dessas informações, assim como um espaço de tempo saudável com a vida comunitária. 

A busca desenfreada, e até ansiosa, por notícias desencadeia síndromes e neuroses como pânico, ansiedade generalizada, depressão, entre outros. 

7 – Distanciamento de leituras sadias e espirituais

O uso exagerado das redes sociais distancia os religiosos de leituras mais profundas e espirituais. É comprovado que o hábito de leituras mais densas é prejudicado pelas leituras superficiais e curtas como os textos das redes sociais. 

Portanto, quanto mais rede social, menos livros próprios da vida religiosa. Se você não consegue mais ler os livros próprios da vida consagrada, é um sinal de que tem utilizado exageradamente as redes sociais. 

O que a Bíblia fala sobre saúde emocional?

Como estaria um homem que perde tudo o que tem, fica com seu corpo coberto de feridas, tem seus filhos e filhas mortos? Certamente, você diria que seria improvável manter o mínimo de saúde emocional em uma situação semelhante. Mas se olharmos o que a Bíblia fala sobre saúde emocional veremos o contrário!

Lendo o Livro de Jó, é possível encontrar um homem que passa por grandes sofrimentos, mas se recusa a maldizer a Deus e as circunstâncias da vida. Ao contrário, Jó mantém sua fé e esperança Naquele que pode salvá-lo. 

Você pode pensar que não, mas a Bíblia traz diversas dicas para se alcançar a saúde emocional. Confira. 

A saúde emocional de Davi 

A Sagrada Escritura retrata a história da Salvação do homem, desde sua criação até a segunda vinda do Senhor. Nela vemos uma carta de Amor do Pai que não desiste dos seus filhos, mas os salva em todas as suas dores e sofrimentos. 

Já na história de Davi, podemos ver a saúde emocional do rei que enfrentou diversos conflitos e desafios, inclusive de relacionamento. Sabemos que, enquanto estava em sua família, Davi era o menor de sua casa, aquele que nem o pai acreditava. Mas, uma vez eleito por Deus para sua missão, deixou-se ungir e disse sim ao projeto do Pai. 

Além disso, Davi não se deixou abater pela tensão e pela ameaça do gigante Golias. Mas, munido de fé e esperança, fez memória dos feitos do Senhor e confiou em sua Bondade, dizendo : “Deus que me livrou das garras do leão e do urso me livrará das mãos desse filisteu” (Cf. I Sm 17, 1-54). 

Ou seja, a saúde emocional de Davi está fundamentada na proteção de Deus quando percebeu a ameaça que enfrentaria na luta com Golias e não em sua pequenez. Desse modo, ele se apoiou no que lhe garantiria mais chances de vitória: a força de Deus.  

Muitas vezes, diante das crises e dificuldades vocacionais, corremos o risco de nos declarar fracassados e incompetentes. Contudo, a Bíblia nos ensina a ter sempre diante dos olhos a fé no Deus que nos chama e capacita, assim como a memória de tudo o que já ocorreu em nossa vida. 

O que a bíblia fala sobre saúde emocional e o pecado

O pecado não é somente uma marca na alma, mas atinge o homem como um todo. A psique e as emoções são abaladas, a ponto de desnortear as motivações e o controle emocional da pessoa. 

Vemos isso claramente na trajetória de Davi quando caiu no pecado de adultério e assasinato. Confira os trechos bíblicos. 

“Uma tarde, Davi, levantando-se da cama, passeava pelo terraço de seu palácio. Do alto do terraço avistou uma mulher que se banhava e que era muito formosa.* Informando-se Davi a respeito dela, disseram-lhe: “É Betsabeia, filha de Elião, mulher de Urias, o hiteu”. Então, Davi mandou mensageiros para a trazerem. Ela veio e Davi dormiu com ela. (…) E vendo que concebera, mandou dizer a Davi: “Estou grávida”. (…) Davi escreve uma carta a Joab, enviando-a por Urias. Dizia na carta: “Coloca Urias na frente, onde o combate for mais renhido e desam­parai-o para que ele seja ferido e morra”. Joab, que sitiava a cidade, pôs Urias no lugar onde sabia que estavam os mais valorosos guerreiros. Saíram os assediados contra Joab e tombaram alguns dos homens de Davi, morreu, também Urias, o hiteu.” (II Sm 11, 2-17). 

Após cometer tais atrocidades, Davi ouve o anúncio do profeta Natã que ressalta a ferida do coração de Deus diante do pecado do rei. A saúde emocional de Davi se desenrola a partir de um sincero pedido de perdão a Deus, essa súplica tornou-se um dos salmos penitenciais mais belos da tradição bíblica: 

“Tende piedade de mim, Senhor, segundo a vossa bondade. E conforme a imensidade de vossa misericórdia, apagai a minha iniquidade. 4.Lavai-me totalmente de minha falta, e purificai-me de meu pecado. 5.Eu reconheço a minha iniquidade, diante de mim está sempre o meu pecado.” (Salmo 50, 2-5) 

Jesus, modelo de ser humano 

A Bíblia nos apresenta, de modo perfeito, o Filho de Deus encarnado como modelo de ser humano. Afinal, em seu mistério de amor, é 100% Deus e 100% homem; em nosso meio, santifica e diviniza a vida humana, inclusive suas emoções. 

São diversos os momentos nos quais vemos um homem inteiro e equilibrado em suas emoções. Basta lembrarmos de alguns dos trechos abaixos: 

“Nisso, surgiu uma grande tormenta e lançava as ondas dentro da barca, de modo que ela já se enchia de água. 38.Jesus achava-se na popa, dormindo sobre um travesseiro. Eles acordaram-no e disseram-lhe: “Mestre, não te importa que pereçamos?”. 39.E ele, despertando, repreendeu o vento e disse ao mar: “Silêncio! Cala-te!”. E cessou o vento e seguiu-se grande bonança. 40.Ele disse-lhes: “Como sois medrosos! Ainda não tendes fé?”.” (Mc 4, 37 – 40)

Com a passagem da tempestade acalmada, percebemos que Jesus não deixa suas emoções serem abaladas pelas circunstâncias ao seu redor. Suas emoções são ordenadas e balizadas a partir da sua fé e consciência no poder do Pai que submete a criação. 

Talvez você se questione: “Mas ele era Deus!”. Tem razão! Mas seu testemunho nos questiona acerca da nossa saúde emocional. Se há em nós uma fé expectante e dinâmica, certamente as emoções são ordenadas. 

“Pilatos entrou no pretório, chamou Jesus e perguntou-lhe: “És tu o rei dos judeus?” 34.Jesus respondeu: “Dizes isso por ti mesmo, ou foram outros que to disseram de mim?” (…) Perguntou-lhe então Pilatos: “És, portanto, rei?” Respondeu Jesus: “Sim, eu sou rei. É para dar testemunho da verdade que nasci e vim ao mundo. Todo o que é da verdade ouve a minha voz”.(Jo 18, 33 – 37)

Saiba mais sobre Como fortalecer sua saúde física, mental e espiritual 

O Senhor de suas emoções e o que a Bíblia fala sobre saúde emocional

Aqui estamos em um dos momentos mais dramáticos da vida de Jesus. Trata-se de seu interrogatório diante de Pôncio Pilatos. Jesus sabia de seu fim iminente. Sabia que todos os que o conheciam, e nos quais confiava, o haviam abandonado. 

Era Jesus e o homem que o podia  condenar. Mas o Senhor, com sua emoção nas mãos, não se deixa ludibriar, nem enganar pelo medo da morte e da dor. Jesus é inteiro ao afirmar-se ser quem de fato é, o Filho de Deus. 

Quando somos abatidos nas emoções, perdemos a consciência da Verdade e buscamos o caminho mais fácil de fugirmos da dor. Porém, Jesus nos mostra que o equilíbrio das emoções nos garante tranquilidade e serenidade, mesmo em meio aos momentos mais difíceis. 

Os momentos nos quais nos dedicamos à leitura e espiritualidade com a Bíblia nos edificam imensamente se lidas na ótica da realidade cotidiana. Portanto, se carecemos de saúde emocional, podemos  – contemplando os homens e mulheres das escrituras – encontrar o que a Bíblia fala sobre saúde emocional e modelos nos quais nos espelhamos. 

3 condições indispensáveis para ter qualidade de vida

Ter qualidade de vida é mais do que não estar com o organismo doente. Estamos falando de condições necessárias para que o ser humano se desenvolva de forma saudável, tenha uma estrutura básica para sobrevivência e esteja com a saúde mental em equilíbrio.

Na vida consagrada, não obstante os sacrifícios e ofertas que compõem a vida cristã, as comunidades e paróquias precisam oferecer aos seus sacerdotes e religiosos condições de qualidade de vida. 

A ausência dessas oportunidades oferecem risco à saúde mental, física e, ainda mais, vocacional dos religiosos. 

Selecionamos 3 condições indispensáveis para se ter qualidade de vida. Confira, avalie e reflita sobre como favorecê-las. 

#1 Ambiente tranquilo, higiênico e sadio para vivência

O ambiente no qual o religioso vive precisa favorecer higiene, tranquilidade e saúde. Por isso, é necessário uma reflexão acerca das condições de saúde de cada um. 

Um ambiente frio para alguém com saúde debilitada devido a alergias e problemas pulmonares não é interessante. Além do aspecto estrutural e climático, é importante um ambiente tranquilo, longe de conflitos. 

Sabemos que os desafios comunitários são muitos, mas, quando se trata de manter a qualidade de vida da comunidade, é importante um discernimento e uma sabedoria sobre como manter a paz e a concórdia para todos. 

Além disso, o ambiente físico também precisa ser trabalhado de modo a gerar tranquilidade e vivência espiritual. Boa parte das casas religiosas são decoradas com imagens e ícones. No entanto, é preciso que haja harmonia nas cores e na quantidade de informações. É comprovada que algumas cores mais pesadas afetam a psique gerando ansiedade e irritabilidade. 

#2 Um trabalho apostólico desprovido de exigências 

A vida apostólica de uma comunidade religiosa é intensa. Por isso mesmo, é fundamental diminuir o peso das exigências desnecessárias e trabalhar com a noção de limites pessoais. 

Não podemos cobrar exaustão dos religiosos, senão a qualidade do trabalho apostólico fica comprometido, em especial, a qualidade de vida dos irmãos e irmãs. 

É preciso que as autoridades tenham consciência de sua missão como pais e mães espirituais e zelem pelos seus filhos nesse quesito. 

#3 Prática de exercícios físicos 

O Ministério da Saúde deixa evidente que: “além dos benefícios físicos, existem vantagens da atividade física para o emocional e para a imunidade, sendo esses dois benefícios especialmente valiosos durante a pandemia”. 

Apesar de benéfica, é necessário aliar os exercícios a outros hábitos como alimentação balanceada, rica em nutrientes, para que se tenha efeito esperado para saúde. Por isso, é 

Levando em consideração as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Ministério da Saúde orienta que as pessoas devem praticar 150 minutos semanais de atividade física moderada ou pelo menos 75 minutos de atividade física de maior intensidade por semana.

Na vida religiosa, algumas congregações inseriram em suas realidade cotidianas momentos comunitários para prática de esportes, como futebol, vôlei e outros. Apesar de ser uma iniciativa louvável é importante que todos os religiosos envolvidos passem por uma avaliação física para identificar possíveis problemas de saúde que inviabilizem a prática.  

Conheça 5 santos que tiveram depressão

Há muito tabu na vida religiosa quando se trata em falar sobre depressão. Ainda que, infelizmente, se torna cada vez mais comum encontrar religiosos que sofrem com transtornos depressivos, e isso não é de hoje. 

Na história da vida consagrada há inúmeros relatos de santos, inclusive, cujas biografias – conforme dizem especialistas – apresentam características de depressão. 

O próprio Jesus Cristo, no Horto das Oliveiras, experimentou uma tristeza intensa, ansiosa, própria de pânico, que o fez suar sangue, segundo relatos bíblicos. Ele mesmo, precisou superar uma profunda desolação própria de quem perdeu o sentido da vida, ou manteve-se em medo intenso. 

A vida religiosa, portanto, não é um escudo contra as desolações da vida, ou seja, não nos isenta. Por isso, trouxemos 5 grandes santos que viveram momentos de depressão em sua história. 

1 – Santo Agostinho 

Um dos grandes nomes da santidade católica, reconhecido dentro e fora da Igreja, foi Santo Agostinho de Hipona. Sua história foi marcada por sua intensa busca pela Verdade, inicialmente buscada nos prazeres mundanos, mas só encontrada na Pessoa de Jesus Cristo. 

Agostinho contou, ao longo de sua vida, com a intercessão incansável de sua mãe, Santa Mônica, que rezou por sua conversão, que uma vez despertada, levou-o até à vida religiosa, tornando-o bispo. 

Após o falecimento de sua mãe, Agostinho viveu durante mais de quarenta anos momentos de depressão severa. Seu refúgio era a oração e ocupação apostólica e intelectual. 

2 – Santa Joana Francisca Chantal 

Durante 8 anos, Joana viveu um feliz e santo matrimônio com o Barão de Chantal. No entanto, uma tragédia ceifou a vida do seu esposo precocemente, o que a forçou a viver com seus filhos na casa do seu vaidoso e teimoso sogro, que lhe deferia insultos e humilhações. 

Tal rotina de sofrimentos a fez viver um forte tempo de depressão, sendo nos conselhos do seu amigo e diretor, São Francisco de Sales, que encontrou orientação: “Refresque-se com músicas espirituais, que muitas vezes provocaram o demônio a cessar as suas artimanhas, como no caso de Saul, cujo espírito maligno se afastou dele quando Davi tocou sua harpa perante o rei. Também é útil trabalhar ativamente, e com toda a variedade possível, de modo a desviar a mente da causa de sua tristeza”.

3 – Santo Inácio de Loyola 

A Companhia de Jesus, os jesuítas, é conhecida pela ousadia e ardor missionário que dominou boa parte dos continentes. Porém, o que poucos sabem é que seu fundador, Inácio de Loyola, vivenciou momentos de tristeza profunda e de depressão. 

Sua conversão foi seguida de dois fortes momentos: um de intensa escrupulosidade, no qual se penitenciava por qualquer erro, ainda que fosse venial, e um tempo de depressão, que chegou a motivar-lhe o suicídio.

A partir de suas experiências, Santo Inácio estabeleceu três conselhos para viver esses momentos de desolação: não desistir nem alterar uma boa resolução anterior; intensificar a conversa com Deus, a meditação e as boas ações; e perseverar com paciência, pois a provação é estritamente limitada por Deus, que dará o alívio no momento oportuno.

4 – Santa Teresa Benedita da Cruz 

“Encontrei-me gradualmente em profundo desespero… Eu não podia atravessar a rua sem querer que um carro me atropelasse e eu não saísse viva dali”. Somente uma alma atormentada pela depressão seria capaz de afirmar algo assim. Santa Edith Stein, judía, intelectual e filósofa, viveu fortes momentos de tristeza em sua densa biografia. 

Tal experiência a preparou para os grandes desafios que viveria no Campo de Auschwitz-Birkenau, quando veria as atrocidades desse tempo tão doentio e obscuro.

5 – São João Maria Vianney 

O pároco mais famoso da história da Igreja, São João Maria Vianney, também viveu momentos de depressão e tristeza. Mesmo diante de tantos feitos heróicos e extraordinários, São João Vianney, o Cura D’ars, não conseguia encontrar relevância no que fazia, dado um profundo complexo de inutilidade interior, sintoma da depressão que durou boa parte de sua vida. 

Em meio aos desafios, seu sustento era o Amor que tinha a Deus e ao seu vilarejo, que o movia a manter-se fiel ao trabalho missionário que desempenhava. 

Conclusão

A vida humana, seja secular ou religiosa, está vulnerável aos sofrimentos da vida. A saúde psíquica pode facilmente ser visitada pela depressão se não houver suporte profissional e o auxílio fraterno na sua caminhada. 

Portanto, não tenha vergonha de procurar profissionais ao identificar traços depressivos no seu cotidiano. O sofrimento não precisa ser vivido sozinho, compartilhe com suas autoridades.

O que é Síndrome de Burnout

Quando falamos de serviços comuns a sacerdotes e religiosos, como: apostolados, serviços administrativos, formação de casas ou seminários e direção espiritual, se não são integrados para a promoção de uma vida saudável, podem causar a Síndrome de Burnout.

Burnout, vem do inglês: “burn” quer dizer queima e “out” exterior. Segundo o Ministério da Saúde, a Síndrome de Burnout pode acontecer quando o profissional planeja ou é indicado para trabalhos muito difíceis e, por algum motivo, não se sinta capaz de cumprir.

Amplamente conhecido no ambiente corporativo, os sintomas de Burnout, no ambiente religioso, podem ser  confundidos com crises vocacionais. Desse modo, religiosos, superiores, seminaristas, sacerdotes, priores estão suscetíveis aos mesmos sintomas da síndrome. 

A origem desse transtorno está no excesso de trabalho. Obviamente, a oferta de vida e o desejo pelo anúncio do Evangelho expõem muitos a uma rotina desgastante. Além disso, conflitos interpessoais – em especial com autoridades – ou serviços incompatíveis com a própria personalidade e aptidões podem ocasionar a Síndrome de Burnout. 

Entenda melhor os sintomas e possíveis consequências do não tratamento adequado.

Como saber se estou com Burnout?

O desânimo ao começar mais um dia de trabalho ou mesmo uma dor de cabeça constante podem configurar sintomas de Burnout. Além disso, segundo o Ministério da Saúde, os principais sintomas da Síndrome de Burnout são: 

  • Cansaço excessivo, físico e mental;
  • Dor de cabeça frequente;
  • Alterações no apetite;
  • Insônia;
  • Dificuldades de concentração;
  • Sentimentos de fracasso e insegurança;
  • Negatividade constante;
  • Sentimentos de derrota e desesperança;
  • Sentimentos de incompetência;
  • Alterações repentinas de humor;
  • Isolamento;
  • Fadiga;
  • Pressão alta;
  • Dores musculares;
  • Problemas gastrointestinais;
  • Alteração nos batimentos cardíacos.

Tais sintomas são sinais de alerta, que podem ser constantes ou esporádicos. Contudo, sem a devida atenção e tratamento, podem agravar-se. Sem um bom tratamento terapêutico, o Burnout pode avançar e transformar-se em depressão.

Infelizmente, tem se tornado cada vez mais frequente o quadro de depressão entre religiosos ou sacerdotes. Boa parte deles são provenientes de uma Síndrome de Burnout não identificada. 

Como tratar 

Em se tratando de um ambiente religioso, obviamente o caminho sempre começa com uma boa partilha com as autoridades que, em espírito de caridade fraterna e evangélica, serão suportes para quem sofre. 

É necessário o afastamento das atividades apostólicas e, sobretudo, um período de férias da vida comunitária. Desse modo, o tratamento seguirá com um processo terapêutico e,  dependendo do quadro, com psiquiatra. 

Em geral, não é necessário uso de medicações, porém o médico psiquiatra fará a avaliação adequada. 

É de suma importância que superiores, reitores ou demais autoridades, estejam atentos ao bem estar dos seus subordinados. De modo que, a qualquer suspeita, se tomem as medidas necessárias, para evitar transtornos e demais enfermidades ou até crises vocacionais que culminem no afastamento do religioso. 

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