A PASSAGEM

A PÁSCOA É A PASSAGEM DA MORTE PARA A VIDA

Como você já sabe, Páscoa significa passagem. Para nós cristãos, e também para os judeus, essa palavra – Páscoa – significa muito mais. Para eles, a libertação dos trabalhos penosos do Egito e a ratificação da Aliança feita entre Abraão e Deus. Para nós, além daquela aliança no deserto, a configuração da
Nova e Eterna Aliança entre Deus e o homem em Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus.

“A Páscoa se reveste do sentido maior da salvação. Mas também se reveste de vários outros sentidos: o
amor até as últimas consequências, o perdão, a doação de si e tantos outros que o Espírito possa nos inspirar.”

Talvez, mesmo após termos vivido tantas Páscoas, ainda haja alguma para mudar, algo para se deixar transformar por Jesus. A Páscoa se reveste do sentido maior da salvação. Mas também se reveste de vários outros sentidos: o amor até as últimas consequências, o perdão, a doação de si e tantos outros que
o Espírito possa nos inspirar.

“Você já fez a sua Páscoa? Você já fez a Páscoa do seu irmão?”

O desafio da Quaresma é, refletindo nas realidades da “Passagem”, vivê-las hoje em nossa
vida. Poder fazer o nosso irmão “passar” da droga para a vida, do abandono para o aconchego,
do isolamento para a partilha, da discórdia para o perdão, da fome e sede de justiça para uma vida
em plenitude. A Páscoa é a passagem da morte para a vida. Você já fez a sua Páscoa? Você já fez a
Páscoa do seu irmão?

MARIA, A MEDIADORA JUNTO A CRISTO

Dando continuidade à nossa caminhada espiritual, hoje meditaremos como é grande o mistério das almas do purgatório. Peçamos a Maria, que não permita que qualquer pessoa possa morrer em
pecado. Há casos maravilhosos, onde Maria de alguma forma se faz presente, com grande poder
e esplendor, preparando os caminhos para que a Graça aconteça.

Em determinada região, onde um Padre acolhia bondosamente em sua casa os amigos que passavam por aquele lugar. Certo dia, algumas pessoas que estavam voltando de uma viagem, depois de enfrentarem uma tempestade, procuraram abrigo na casa paroquial. Entre eles estava um jovem que havia ficado doente naquela viagem. Atacado por um mal súbito, ele passava muito mal e estava em situação de perigo de morte. As pessoas que estavam com ele, acompanharam toda a situação e viram que aquele rapaz havia passado mal naquela noite. Entre eles também o padre acompanhou toda a situação.

Conversando com o doente, o padre, perguntou-lhe: “você quer se confessar, já está muito
doente?”. Sabendo que sua situação era grave, o rapaz disse: “eu quero!”

O Padre então ouviu sua confissão e assim o rapaz pôde se preparar para o encontro com Deus de maneira extraordinária. Como disse no começo: nada acontece por acaso! Tudo é providência de Deus! Maria estava lá presente, e intercedeu por aquele rapaz que precisava voltar seu olhar para Cristo. Ele não podia morrer em pecado, e por isso Maria agiu. Ele se confessou, se preparou, teve uma morte bela, foi amparado por Maria Santíssima e assim pôde entrar no paraíso.

Nunca ouvi dizer que Maria abandonou qualquer pecador. Para qualquer pessoa que estiver necessitada
de perdão e reconciliação com Cristo, Maria faz tudo. Sabemos que há centenas de casos como este,
em que a Virgem Maria ampara seus filhos no derradeiro momento com a sua intercessão.

PARA PENSAR

O que seria de mim sem a intercessão da Virgem Maria?

PARA REZAR

Ó Mãe querida, ajuda-nos a estar na estrada de Jesus.

PARA MEMORIZAR

Maria é nossa fiel intercessora junto a Cristo.

O EXEMPLO DE AMOR DE CRISTO CRUCIFICADO

Devemos estar sempre diante da cruz, com muito amor, respeito, veneração e adoração a Cristo
crucificado. Ele é o Senhor da nossa salvação, Aquele que nos amou tanto que doou a Sua vida por nós.
Ele nos concede este amor infinito e estende as Suas mãos feridas sobre a humanidade, nos abraçando amorosamente. Sofrido, dolorido. Ele abençoa a nossa vida com Seu amor infinito. Nós não podemos
entender esse mistério tão grande. É um mistério de amor infinito! Por nós,
diante da cruz, sendo chagado, olhou para a humanidade e nos amou por inteiro. Morreu, diante do Pai,
por todos os pecadores.

Jesus ofereceu a Sua vida, pois assim era a vontade do Pai, para que toda a humanidade fosse lavada
pelo sangue de Seu Filho amado. O Pai enviou o Seu Filho, como um pai que ama tanto, não só a Ele, mas a toda a humanidade. Cristo, inteiramente apaixonado por nós, então se entregou por inteiro e salvou-nos do pecado, da morte eterna. Ele não quis que ninguém fosse deixado de lado, Ele não veio ao mundo
para condenar a ninguém, mas para salvar a todos, dar a vida por cada um.
Este mistério que contemplamos hoje, nos toca para uma profunda conversão, nos faz olharmos para
Cristo e transformarmos o nosso coração de pedra em um cheio de amor a Ele e
aos nossos irmãos.

Devemos procurar meditar esse mistério de amor para nos convertermos. É uma forma de olharmos para
Cristo ressuscitado e mover o nosso coração para Ele, com muito amor, entrega e zelo.
Se Cristo não tocasse em nosso coração e nós não fossemos abertos a Ele, que proveito teria a morte
d’Ele? Seríamos apenas espectadores desta história, mas não! Devemos participar com amor por Ele, deixando-O tocar em nossa vida, lavando-nos com Seu precioso sangue, o sangue que tira todo o mal.

PARA PENSAR

Será que tenho agradecido a Cristo pelo dom da vida eterna?

PARA REZAR

Senhor, dai-me um coração puro igual ao Vosso.

PARA MEMORIZAR

Cristo morreu por amor por todos nós!

ABRAÇAR A CRUZ

“A CRUZ QUE SE ARRASTA É MUITO MAIS PESADA DO QUE A CRUZ QUE SE ABRAÇA”. (STA. TEREZA D’ÁVILA)

Quero iniciar recordando a famosa frase de Santa Teresa D’Ávila: “a cruz que se arrasta é muito mais
pesada do que a cruz que se abraça”. “Abraçar a cruz”; muitas vezes parece um paradoxo dizer isso.
Como abraçar a cruz? Como acolher o sofrimento, as doenças, a depressão? Como aceitar tantas tristezas que vão marcando a nossa história de vida? Como acolher os sofrimentos dos quais não somos culpados? É importante nos colocar diante da cruz como se colocássemos a nossa vida diante de uma luz especial, porque a cruz brilha sobre o nosso cotidiano, sobre nossa realidade. Brilhar por quê?
Porque muitas vezes vivemos sem a luz da cruz. Não cremos que no sofrimento Deus está presente.

Também é muito importante entender que Jesus Cristo, ao morrer na cruz, através de sua doação e sacrifício, por amor a todos nós, não nos isentou das nossas cruzes. Pelo contrário, o extraordinário gesto de Jesus nos faz compreender que, a partir daquele momento, Ele se tornou presente em nossas cruzes, mergulhado em nossa dor, em nosso sofrimento. Ele estará crucificado conosco em cada instante.
Cristo morreu na cruz para que a partir daquele momento estivesse presente nas nossas pequenas ou grandes cruzes de cada dia. Ele é Deus de Amor, é Deus de Bondade e está conosco. É preciso
ver a luz que está na cruz. Ela brilhará e o seu brilho iluminará todas as nossas dúvidas ou questionamentos.

Essa luz iluminará todas as respostas que devemos dar ao Senhor. Será poderosa, grandiosa, maravilhosa. Essa luz vem da cruz sobre a nossa vida. Vem do amor, daqueles braços abertos no alto da cruz, que para sempre emana sobre a nossa pobre condição humana, assim como quando rezamos a Salve Rainha,
e dizemos: “gemendo e chorando neste vale de lágrimas”.

Qual é a luz da cruz que brilha sobre o meu sofrimento? Qual é a luz da cruz que tem brilhado sobre
a minha dor? Qual é a luz da cruz que tem brilhado sobre as minhas profundas angústias e crises? Ou será que estou tão cego que não consigo mais ver a luz que sai da cruz e brilha nas minhas pequenas
e grandes cruzes?

“Senhor ensina-me a amar a tua cruz, ensina-me a acolher a minha cruz. Ilumina, Senhor, as trevas que me impedem de acolher com amor, com fé e esperança as pequenas cruzes da minha caminhada”.

O CAMINHO PARA O CÉU (Pe. Wilton)

“Eis-me aqui Senhor, eis que por vossa graça sou vossa imagem e semelhança”.

Antigamente os casamentos se davam apenas entre os pais dos noivos. Assim o noivo e a noiva se
conheciam apenas alguns dias antes da cerimônia. Apesar disso ambos sonhavam
com “o (a) prometido (a)”. O noivo cuidava de construir uma casa. A noiva fazia seu enxoval. Mas só se conheciam poucos dias antes do casamento. Às vezes a união dava certo e ambos eram felizes. Às vezes não.

Como os casamentos de antigamente, corremos o risco de agir assim com Deus. Isso quer dizer, levamos
uma vida de retidão moral, até de oração. Participamos de pastorais e outros movimentos da Igreja, mas, corremos o risco de na verdade não conhecer na essência esse Deus. Dessa forma, assim como
os noivos, poderemos chegar na eternidade com uma “fantasia” de Deus e não o Deus Verdadeiro.

É preciso coragem para querer seguir os Seus caminhos, mas são os caminhos da Luz, da Verdade e da Vida. Ele nos convida a mergulhar na Sua Essência, a termos “intimidade” com Ele, para quando chegar o grande dia de nosso encontro definitivo, podermos olhá-lo nos olhos e dizer com alegria:
“Eis-me aqui Senhor, eis que por vossa graça sou vossa imagem e semelhança”.

DISCERNIMENTO: O SER PRUDENTE

São Tomás de Aquino, grande teólogo da Igreja, aborda o discernimento no quadro da
virtude da prudência. Mas o que queria dizer São Tomás comparando ou definindo discernimento dentro
desse aspecto da prudência? O discernimento seria uma capacidade de prudência, ou seja, ser prudente
no falar, no analisar a realidade para expressar o discernimento verdadeiro daquilo que eu contemplo,
cuidando para interpretar corretamente e santamente os acontecimentos.

Quando procuramos num dicionário a palavra discernimento, encontramos que prudência
significa juízo, ter critério, ter inteligência para discriminar, separar, apreciar. Quando somos chamados
a compreender a grande riqueza do discernimento percebemos que tudo isto é instrumento
extremamente necessário em nossa vida comunitária, em nossa vida na Copiosa Redenção. Frequentemente é preciso discernir, colocar a nossa vida, trabalhos e realidades em discernimento confrontando-os com o nosso carisma, com a vontade de Deus no coração da Igreja.
Discernimento é assim a capacidade de apreciar, de ter critério. É uma capacidade também no bom sentido de julgar; julgar o nosso agir, as nossas atividades, se elas realmente expressam ou realizam a vontade de Deus para as nossas vidas, nossas comunidades e para toda família da Copiosa Redenção.

Na primeira carta de São João, capítulo 4, versículo 1, diz o apóstolo: “Caríssimos, não deis fé
a qualquer espírito, mas examinai se os espíritos são de Deus, porque muitos falsos profetas se
levantaram no mundo”
. São João queria dizer com esta palavra que devemos ter uma capacidade
crítica diante de tantas informações, ideias, leituras e livros. Mesmo os teólogos correm o grande risco de
não ter, às vezes, discernimento e, consequentemente, engolir todas as informações passadas sem este
critério de que fala São João. Critério para examinarmos se os espíritos são de Deus, se aquilo que me é dado é de Deus.

Portanto, para fazer um bom discernimento temos que ter uma consciência madura, consciência de discernimento. Mas o que é necessário para alcançá-la? Precisamos de uma conversão do coração, uma conversão da mente, baseada em critérios claros e definidos, alicerçados por valores evangélicos. Aquele que tem consciência amadurecida é uma pessoa que cresceu, não é mais criança em suas atitudes, ideias e pensamentos. Podemos perceber a infantilidade de uma pessoa quando, em seus critérios, não for provida de valores éticos, maduros e por isso mesmo terá dificuldade em fazer um discernimento mais profundo.


Também temos que cuidar com as ideologias de hoje, pois há muitos anti-valores, muito egoísmo e
idolatrias diversas, mas a Sagrada escritura nos exorta, pela carta de Filipenses no capítulo I, versículos 9
e 10: “Peço, na minha oração, que a vossa caridade se enriqueça cada vez mais de compreensão e critérios com que possais discernir o que é mais perfeito e vos torneis puros e irrepreensíveis para o dia de Cristo”

O ENCONTRO DE MARIA

“Maria atravessou o além. Ela viu e contemplou o céu em sua totalidade.”

Jesus encontra sua Mãe após a sua Ressurreição. Este encontro foi de confirmação, confirmação de não ter acreditado em vão, confirmação de que sua intimidade com Deus era total. Também foi um encontro de vitória. Vitória alcançada com muita dor. Vitória alcançada com sangue e morte.
Ver seu Filho ali era contemplar o céu. Contemplar a totalidade de um Deus amor, um
Deus que não nos decepciona diante dos inimigos.

Sorrir para o seu Filho era sorrir para o Criador. Contemplar o sorriso e o brilho de Jesus era sorrir para o Deus Divino, pois neste momento não havia mais 100% homem, havia 200% Deus. O 100% homem morreu na cruz. Foi um encontro não de mãe e filho, mais de mãe e céu. Portanto a alegria que a O Encontro de Maria Mãe sentiu não dá para descrever. É um mistério que só teremos a graça de descobrir quando estivermos face a face com o Criador.

Maria atravessou o além. Ela viu e contemplou o céu em sua totalidade. Isto só foi possível porque era uma mulher Santa e não existia Nela a mancha do pecado. Deus só permitiu que Ela contemplasse a eternidade depois que sua missão havia sido cumprida. Antes mesmo sem o pecado, Ela teve que passar pelas mesmas dores de Jesus.

Os discípulos e as mulheres também viram Jesus, mas devido suas condições de pecado não puderam estar em frente à eternidade, só tiveram esta graça quando seus corpos foram totalmente purificados e suas almas se elevaram para o céu. Neste mês, olhemos com gratidão para Maria e procuremos seguir seu exemplo para que um dia também possamos ver Jesus face a face na eternidade.

SILÊNCIO!

“O sábio permanece calado até o tempo oportuno. Aquele que se expande em palavras prejudica-se a si mesmo” (Eclo 20,7-8)

O silêncio no nosso caminhar nos leva a contemplar o verbo silencioso. Adoremos o verbo silencioso, o amigo do silêncio. Jesus passou a maior parte de sua vida no silêncio. Antes de começar a sua vida de apostolado passou 40 dias em silêncio no deserto, penetrando o coração do Pai. Buscara tantas vezes, na noite, lugares solitários para orar silenciosamente. A qualidade da ação de Jesus é a qualidade do seu próprio silêncio. Se tivermos mais interioridade, menos superficialidade, se pesarmos nossas ações na balança do silêncio e da oração profunda, as mesmas terão muito mais qualidade.
Peçamos essa graça ao Senhor, de falarmos menos, silenciar mais e agir com sabedoria.

ESPIRITUALIDADE: PROJETO INACABADO

Até o dia da nossa morte chegar, seremos um projeto inacabado, pois Deus está sempre nos buscando.

Queremos neste pensamento compreender que a nossa conversão, o nosso caminho cristão e
a nossa busca de Deus, na fé, só acontecem porque é Deus quem toma a iniciativa, É Ele que nos busca. Nós não temos condições de fazer essa tarefa pelas forças humanas. Precisamos pedir ao Senhor que Ele
venha em nosso socorro. O coração de Deus é marcado pelo impulso e iniciativa em nos buscar, já que por nossa fragilidade, nada podemos fazer.

A espiritualidade cristã, portanto, é uma iniciativa e um dom de Deus, porque Ele nos ama e nos busca,
mas também é nosso conhecimento e nossa resposta. O amor de Deus quer nos humanizar e nos santificar. É importante perceber a palavra “humanizar”, já que a verdadeira espiritualidade nos humaniza. O próprio Cristo ao assumir, pelo mistério da Encarnação, a dignidade humana, a elevou a um ponto
extremamente importante, de valor e significado que até então nós não podíamos perceber: Ele assumiu a nossa humanidade!

O caminho da espiritualidade é, portanto, um processo, um fato real e concreto, palpável, mas ainda inacabado. Mas porque será que ainda é inacabado? Porque sempre haverá um crescer. Em nossa vida
sempre há a possibilidade de, a cada dia, crescer mais. Sempre devemos buscar mais, devemos alargar nosso conhecimento porque jamais estaremos prontos totalmente, já que somos um projeto em construção. Esse projeto só completa sua realidade no momento da nossa morte. Até este dia chegar o projeto ainda está inacabado, porque Deus sempre estará nos buscando, nos educando.

Quando percebemos a realidade da espiritualidade, descobrimos que ela é um projeto real de Deus para
nossas vidas, porque Ele tomou a iniciativa. Essa iniciativa é um dom Dele, que é construída todos os dias.
A nossa resposta é ainda incompleta, o nosso reconhecimento ainda não está finalizado, porque Deus tem ainda que nos buscar muito pelas estradas da vida. A busca da espiritualidade cristã será
a identificação para este projeto de Deus, o qual é o Seu reino e Sua justiça e a nossa santificação.

PARA PENSAR

Senhor, será que tenho consciência de que muitas coisas já aconteceram, sejam elas boas ou ruins
porque sou este projeto inacabado? Tenho confiança de me colocar em suas mãos para que o Senhor possa fazer na minha vida uma verdadeira obra de arte? Oh, artista divino, plasma-me em suas mãos.
Na vida tudo conta, as pequeninas coisas e as grandes, tudo é obra de Deus.

PARA REZAR

“Senhor, sabemos que somos uma obra inacabada, mas em constante crescimento.
Somos como um quadro belíssimo que o Senhor está pintando, mas que ainda não está completo. Ainda há muita tinta e cores para colocar neste quadro que somos. Cremos Senhor, que realmente é concreta a Sua iniciativa. Dai-nos Senhor, a graça de jamais desanimar e perseverar sempre”.

OS CAMINHOS QUE NOS LEVAM AO DESERTO

“Aquele que não vislumbrar o deserto em sua vida não poderá conhecer a Deus.”

Hoje em dia, não se sabe o que fazer com o silêncio. A sociedade de consumo criou uma variada indústria para fomentar a distração e diversão e, dessa maneira, poupar o homem do “horror do vazio” e da solidão.

É no silêncio de nosso ser que encontramos a nós e a Deus. Vivemos no novo deserto. O caminho está
cheio de dificuldades. As tentações mudaram de nome. Antigamente, as tentações eram panelas
cheias, peixe frito, carne, cebolas e pepinos do Egito (Nm 11,5).

As tentações hoje são horizontalismo, espontaneidade, hedonismo, frivolidade, secularismo, subjetivismo. Quantos peregrinos chegarão à Terra Prometida? O silêncio do deserto nos incomoda, nos aflige. Lá no meio do deserto não vejo ninguém, não ouço ninguém, não toco ninguém. Estou só! Estou só? Não! Lá comigo está Deus – Javé Shamá.

Mas é difícil caminhar no deserto. A areia, o sol, a sede e a fome. Sede e fome de quê? Temos que sentir sede e fome de Deus. Ele é “…verdadeira comida e … verdadeira bebida…”(Jo 6,55). Aquele que não vislumbrar o deserto em sua vida não poderá conhecer a Deus. É no silêncio de nosso ser que encontramos a nós e a Deus.