A Redenção no Combate à Dependência Química 

A dependência química é um mal que assusta a todos. E desde a sua fundação, a Copiosa Redenção se dedica a levar a redenção para dependentes químicos com tratamento em Comunidades Terapêuticas.

E esse projeto começou quando o seu fundador, Pe. Wilton Moraes Lopes, ao ministrar um retiro, viu uma garota se aproximar de Jesus no Santíssimo Sacramento e depositar um pacote de drogas no altar. Naquele momento, ele sentiu o Senhor falar em seus ouvidos, e depois deste fato, começou a dar os passos iniciais para concretizar aquilo que era da vontade de Deus.

Desde então, um dos trabalhos da Copiosa Redenção diz respeito à dependência química, cuidado da recuperação social e familiar.

Para entender como funciona esse processo de acolhida e tratamento, conversamos com a Irmã Elaine Cristina de Oliveira, que é Diretora de Comunidade Terapêutica Marta e Maria.

Acompanhe!

O que é dependência química?

Hoje ela é considerada um transtorno de saúde mental. Então, quando a pessoa faz uso de alguma substância lícita, como o álcool, ou ilícita, como a maconha, cocaína, crack, isso altera o sistema nervoso central, o que vai prejudicar essa pessoa, porque ela vai estar fora da sua total consciência. E o fato de a pessoa utilizar essas substâncias diariamente, ela estabelece um vínculo com elas, e a partir daí, tudo o que vai fazer, essa substância precisa estar presente. Isso vai determinar que essa pessoa adoeceu. E a dependência química é uma doença comportamental e, claro, de âmbito mental, de saúde mental. Por isso que hoje ela é considerada um transtorno mental

A dependência química tem cura?

Não tem cura, e muitas vezes as pessoas se assustam ao ouvir isso. Mas ela tem tratamento e manutenção. É como o diabetes, que é uma doença que também não tem cura, mas a pessoa consegue viver com ela, fazendo uso de insulina e não consumindo alimentos com açúcar. Enfim, o diabético muda o seu estilo de vida para conviver com a sua doença. E o dependente químico também. Depois que se estabelece essa doença, que é de âmbito mental e que não tem cura, mas tem tratamento. E o tratamento é, muitas vezes, ir para um ambulatório, ser acompanhado, fazer uso de medicação, por vezes passar pelo acolhimento em comunidades terapêuticas, tratamento a longo prazo e depois fazer a manutenção da abstinência. E de que forma? Não fazendo mais o uso, seja do álcool ou de outras drogas; participando de grupos de apoio; fazendo uso de medicação prescrita pelo médico psiquiatra que acompanha essa pessoa; fazendo terapia e manutenção da saúde mental; praticando exercícios físicos; mudando os seus hábitos; deixando de frequentar locais e de estar com pessoas que têm o mesmo problema e que não consegue estabelecer uma vida mais saudável. Então, a dependência química não tem cura, mas tem tratamento, tem manutenção e é possível viver com essa doença, mas para isso é preciso que a pessoa compreenda a partir deste ponto de vista. Muitas vezes, no senso comum, as pessoas trazem a dependência como falta de força de vontade, de sem-vergonhice – na linguagem mais popular – marginalizando a pessoa que faz uso da substância e que adoeceu por isso. Então é importante olhar por este âmbito de saúde, e de saúde mental. E a pessoa que faz uso sofre muito por isso, ela também tem o desejo de parar, também não quer mais fazer aquilo porque entende que faz mal. Mas, com o adoecimento da saúde mental, nem sempre ela vai conseguir sozinha buscar os meios para a manutenção do tratamento. Então é importante acolher essa visão sobre a dependência química e parar de marginalizá-la como algo que depende única e exclusivamente dessa pessoa, como se sem nenhuma rede de apoio ou algum tipo de tratamento, ela conseguisse dar conta.

Qual a faixa etária mais afetada pela dependência química?

Quando pensamos em nível de pesquisa, olhando sempre para os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a faixa etária mais afetada é dos 15 aos 64 anos. O relatório da OMS mostra que houve um aumento de 284 milhões de pessoas nesta faixa etária que estão consumindo álcool e outras drogas. Essa pesquisa é do ano 2022, então mostra como aumentou o consumo de álcool e outras drogas no período pandêmico.

Então, toda esta faixa etária é sempre muito afetada. Começa na adolescência e óbvio que vai ser nocivo e prejudicial na fase jovem/adulto, até mesmo chegando na fase da maioridade. No Brasil, a partir dos 60 anos, é considerado já como pessoa idosa. E hoje também está aumentando, de uma forma assustadora, o uso de drogas pelo público idoso, que compete uma fase da vida onde se está mais sozinho, de aposentadoria; o idoso não conseguem se ressignificar neste momento da vida, os filhos estão distantes, perde seu companheiro. Então este também é um recorte do uso de drogas que está sendo estudado em vista de um melhor atendimento para este público específico também.

Portanto, todas as fases são afetadas e fica difícil determinar uma única faixa etária que mais esteja sendo afetada pela dependência química.

Como funciona o trabalho de recuperação da dependência química nas casas da Copiosa Redenção?

Em nossas comunidades terapêuticas, nós acolhemos o dependente que vem encaminhado, por vezes, pelo CAPS Álcool e Drogas ou pelo Serviço de Saúde. É a Assistência Social que faz o encaminhamento.

Quando chega na comunidade, essas pessoas são avaliadas. Faz-se uma triagem para ver se realmente o modelo de tratamento que nós oferecemos é adequado a essa pessoa que está procurando tratamento. E o tratamento em si, dentro de nossas casas, funciona em etapas, em fases, como chamamos.

Na primeira fase do tratamento, a pessoa vai conhecer o ambiente, as regras e a metodologia da casa. Então ela vai entendendo, nesse primeiro momento do tratamento, que ela tem uma doença, que é a dependência química; o quanto isso afetou a sua vida, a sua saúde e as suas relações, para compreender o quanto elas precisam deste lugar como um espaço de recuperação. Então, a primeira fase do tratamento é justamente para a pessoa compreender que ela precisa dessa ajuda.

A segunda fase do tratamento trabalha mais as questões individuais e históricas da pessoa. Trabalhamos a sua autobiografia, ajudando ela a se buscar novamente na sua própria identidade; a entender na sua vida onde é que ela foi se desorganizando, onde o álcool e as drogas entraram e ocuparam um papel na sua vida e assim adoecendo; o porquê que ela precisou ficar tão alienada todo esse tempo da sua realidade, talvez para mascarar um trauma, algo mais profundo que aconteceu na sua vida, ou pelo próprio funcionamento da sua família, muitas vezes doente. Enfim, a segunda fase ajuda a pessoa a compreender o seu funcionamento, da sua família, de toda dinâmica adoecedora do seu lar. Ela tem essa característica de ajudar a pessoa a se auto compreender, com um método específico, que é a autobiografia, a autoavaliação.

E a terceira fase é a reinserção social. Sabendo e ressignificando tudo isso, nesse processo de tratamento, a reinserção social convida a voltar ao convívio familiar, social, ao trabalho e tentar levar a vida de uma forma saudável, fora desse lugar de proteção que é a comunidade terapêutica. Então a reinserção social também é acompanhada para potencializar e ajudar o dependente químico a se encontrar também diante das dificuldades que a vida o oferece, seja no trabalho, na família, enfim, a lidar consigo mesmo nesse espaço, entendendo que ele ou ela sempre vai estar num processo de recuperação. Que é um processo que não tem fim, que não tem cura, mas tem manutenção. E aí a reinserção social vai justamente ajudar essa pessoa a fazer a manutenção da sua sobriedade, a ter um estilo de vida mais saudável, a conviver com a sua própria identidade; isso tudo é saudável porque ela nem sempre foi doente. Ajuda a pessoa a se conectar a essa nova forma de viver sem a droga e sem o álcool.

Quem são os profissionais que compõem as equipes de tratamento?

Nós contamos com uma equipe mínima de psicólogo, psiquiatra, assistente social, administrativo e educador social. E tem as Irmãs, que também desempenham esse papel de educadora social, ou de coordenadora, de diretora.

E o nosso programa tem um tempo mínimo de 9 meses e tempo máximo de 12 meses.  A partir de 12 meses não se mantém em acolhimento, em comunidade terapêutica, porque hoje temos uma legislação sobre a saúde mental que diz que o acolhido por mais de 12 meses em uma instituição está sendo institucionalizado. Então esse é um cuidado que precisamos ter.

A quem o trabalho de recuperação da Copiosa Redenção é destinado?

Atendemos pessoas de 18 a 59 anos de idade com dependência química. Nós também avaliamos a condição da pessoa porque, por vezes, a dependência química interage com outras comorbidades de saúde mental. Então é necessário sempre uma avaliação para entender se dentro dessas comorbidades de saúde mental a pessoa tem condições para o tipo de tratamento que nós oferecemos, que é a longo prazo, e que, às vezes, não atende todas as necessidades, se houver uma comorbidade mais grave. 

Qual o papel da família no processo de recuperação?

É fundamental! Embora muitas vezes a família chegue até nós muito fragilizada, vulnerável, cansada, o seu papel é muito importante em todo o processo. O dependente químico precisa de ajuda do espaço técnico e profissional dentro de uma instituição, seja o CAPS, o hospital para fazer uma desintoxicação ou a comunidade terapêutica, mas ele precisa também de uma rede de apoio. E a rede de apoio mais próxima da pessoa geralmente é a família. Então a família tem o papel de motivar, de acolher. E ela também precisa entender esse processo que é o adoecimento, porque a família também adoece diante dessa realidade da dependência química, ela também fica fragilizada e acaba sendo um fator de risco para o dependente. E quando a família não entende a dependência como uma doença, ela facilita o dinheiro ou coisas que acabam promovendo o uso do álcool e da droga. Além disso, às vezes, o funcionamento da família está tão adoecido que precisa de um cuidado, de um olhar, de uma atenção. Então a família precisa estar envolvida no processo de recuperação. Nos nossos espaços de comunidade terapêutica, nós também trabalhamos com a família, atendendo, levando formação; abrimos espaço para que a família também possa ser escutada e para que ela tenha um espaço de fala, de compreensão e de entender tudo o que está acontecendo.

Qual a importância da espiritualidade no processo de recuperação da dependência química?

É interessante a gente sempre pensar que o ser humano tem várias partes dentro de si: o espiritual, o físico, o mental. E é preciso cuidar de cada uma dessas partes. Então a espiritualidade, dentro do processo de recuperação, ajuda a pessoa a se ressignificar como um ser humano, como um filho de Deus, como alguém que também tem um poder superior que olha e zela por ele. Então, dentro das nossas comunidades, nós oferecemos espaço de espiritualidade. Mas eu gosto sempre de pontuar que espiritualidade é diferente de religiosidade, nós não oferecemos doutrina, não catequizamos as pessoas. Mas oferecemos momentos em que ela possa se conectar com esse ser superior. E isso pode acontecer através de uma música, de um momento de partilha, de leitura, e pode sim ser através da Missa. Enfim, tem essa oferta para que a pessoa possa transcender, porque a espiritualidade tem uma potência na recuperação. E é muito interessante o retorno que nós temos das acolhidas, quando perguntamos sobre o seu processo dentro da comunidade. Algumas dizem: “me devolveu a sanidade”; “me devolveu a espiritualidade”; “aqui eu pude me reencontrar com Deus”; “aqui eu pude fazer as pazes comigo”. Então a espiritualidade é um ponto importante a ser trabalhado dentro de um processo de recuperação da dependência química.

Enfim…

Quer ter uma prova de que é possível ser liberto das drogas? Então veja essa playlist com testemunho de homens e mulheres que disseram não às drogas e se permitiram uma vida nova.

Assista aqui: Sou um jovem liberto das drogas!

Mães usuárias de drogas: um desafio intenso e complexo na experiência de ser mãe!

Ser mãe é uma das experiências mais desafiadoras e transformadoras para uma mulher, e  um dos mais belos e gratificantes dons que a vida pode oferecer. No entanto, quando falamos sobre  mães usuárias de drogas, os desafios podem se tornar ainda mais intensos e complicados. Elas enfrentam não apenas o estigma e a discriminação da sociedade, mas também problemas de saúde, desenvolvimento e bem-estar do bebê.

A dependência de drogas é um problema “de saúde” que vai muito além da pessoa que está usando, afeta a família e amigos. Além da batalha contra a própria dependência, ela enfrenta a pressão e o estresse de ser mãe e cuidar dos seus filhos é  uma luta que exige força, coragem e muita determinação.

Elas enfrentam dificuldades financeiras, perda da custódia dos filhos, problemas de saúde mental e física, problemas legais e “estigma social”, são apenas alguns dos obstáculos que essas mulheres enfrentam diariamente. Mas as dificuldades não param por aí. Infelizmente, muitas vezes elas também precisam lidar com a dor de ver seus filhos afetados pela dependência, seja diretamente através da exposição às drogas ou indiretamente através da negligência. É uma situação complexa e difícil, que exige um grande esforço para superar.

Precisamos lembrar:

É importante lembrar que a dependência de drogas não define uma mãe. As mães usuárias de drogas são capazes de superar a dependência e criar um ambiente saudável e amoroso para seus filhos. Com apoio, compaixão e perseverança, a recuperação da dependência é possível para qualquer pessoa, principalmente para mães que estão lutando contra a dependência de drogas.

É fundamental que haja um sistema de apoio que ofereça tratamento, educação, assistência social e psicológica. É importante que a sociedade veja essas mulheres como pessoas que precisam de ajuda.

As comunidades terapêuticas são grandes aliadas na jornada de recuperação de pessoas com dependência química e alcoólica. Elas têm como objetivo a reabilitação dos acolhidos e a sua “reintegração à sociedade”, por meio da oferta de cursos de capacitação profissional e apoio na busca por emprego. Um excelente exemplo disso é a Comunidade Terapêutica Rosa Mística, uma comunidade da Copiosa redenção, fundada em 1998, que oferece tratamento para mulheres que desejam se recuperar.

Trabalho das Comunidades Terapêuticas Da Copiosa Redenção:

O programa de reabilitação das Comunidades Terapêuticas da Copiosa Redenção inclui terapia individual e em grupo, atividades físicas, trabalhos manuais e espirituais, além de orientação sobre alimentação saudável e cuidados com a saúde. O tratamento tem duração média de nove meses, mas pode ser estendido de acordo com as necessidades de cada acolhida. Contando com diversas atividades como:

Atendimento Psiquiátrico quinzenal;

  • Atendimento psicológico semanal ;
  • Grupos terapêuticos: mútua ajuda, diários, partilha, sentimento, auto ajuda, assembleia comunitária, Amor Exigente, Alcoólicos anônimos;
  • Atendimentos à gestante e mãe nutriz – Rosa Mãe;
  • Espiritualidade semanal;
  • Visitas familiares mensal;
  • Grupo autobiográfico;
  • Grupo de prevenção a recaída;
  • Curso de auxiliar cabeleireiro;
  • Seminários e atividades extras;

Sobre a comunidade:

A comunidade é mantida por doações e trabalho voluntário, não cobrando pelos serviços prestados aos pacientes. A organização conta com profissionais especializados em dependência química e uma equipe de voluntários que auxiliam no tratamento. Com a ajuda da Comunidade Terapêutica, muitas mulheres já conseguiram se recuperar da dependência química e alcoólica, tornando-se uma pessoa renovada e integrada à sociedade.

Veja alguns depoimentos.: Clique aqui!

Pastoral Latino-Americana de acompanhamento a toxicodependentes dá início aos seus trabalhos

Com informações do Vatican News

Um ato on-line, entre os dias 15 a 17 de fevereiro, reuniu 40 grupos e realidades eclesiais atuantes de 13 países latino-americanos, para fundar uma nova pastoral que será dedicada aos que sofrem pelas drogas e outros vícios.

A obra pastoral pretende envolver a família e a comunidade, além de reconhecer o papel crucial dos ‘acompanhadores’ que viveram na própria pele a trágica experiência da toxicodependência.

Durante o ato online, que durou três dias, foram pontuados por momentos de oração, leitura do Evangelho, além de escuta de pronunciamentos qualificados e sessões de discussão e trabalho em grupo, onde proporcionou a todos uma oportunidade de partilhar experiências e dar início ao projeto.

Leia também: Conheça mais sobre as Comunidades Terapêuticas da Copiosa Redenção

Comunidade Terapêutica celebra 11 anos de fundação

CT Monsenhor Gabriel Mercol está localizada em Presidente Médici/RO

A Comunidade Terapêutica Monsenhor Gabriel Mercol comemorou, no último dia 26 de agosto, seus 11 anos de fundação.

Com capacidade para acolher cerca de 25 mulheres adultas com transtornos decorrentes do uso de substancias psicoativas, a CT está localizada na cidade de Presidente Médici, no estado de Rondônia.

O aniversário contou com a presença dos Irmãos e das Irmãs da Copiosa Redenção, bem como, das acolhidas e dos colaboradores da comunidade.

Para a Irmã Bruna Veras, CR – religiosa que chegou a menos de um ano da CT, celebrar este aniversário de 11 anos é uma grande alegria: “estar nesta cidade de Presidente Médici, RO, celebrando o aniversário de nossa comunidade é sinônimo de alegria. Esta comunidade é muito querida por todos que aqui vivem, e também, pelo pessoal da nossa região. É muito bom ver os frutos que a Copiosa Redenção traz para este lugar, diariamente, junto as nossas acolhidas, fazendo o processo terapêutico.” – Diz.

Conheça mais sobre a Comunidade acessando aqui.