A vida sacerdotal, bem como a vida religiosa, dá seu sim a Deus a cada dia, no esforço do seu trabalho, na vivência da vocação, mas nem sempre isso é fácil.
Porque diferentemente de um trabalhador comum, que tem hora exata para começar e terminar o seu trabalho, na vida consagrada não funciona assim.
Sem falar no horário de almoço, com pelo menos 1 hora de descanso, 30 dias de férias remuneradas, enfim, tantos outros direitos trabalhistas, que não são regra na vida sacerdotal e religiosa.
Claro que isso não é nenhuma novidade para aqueles que já estão vivendo o seu chamado na Igreja, talvez seja para aqueles que ainda estão iniciando a etapa dos estudos. Contudo, o que todos aqueles que dedicam sua vida pelo Reino de Deus precisam é cuidar de si.
Sim, cuidar de si também, porque se o sacerdote está fisicamente, mentalmente ou espiritualmente esgotado, como ajudará aqueles que recorrem a ele?
Se um religioso ou religiosa não olhar também para si, entender suas próprias necessidades, como atenderá as necessidades do próximo para ajudá-lo?
Logo, o trabalho exige muito sim, e é muito necessário na vida da Igreja, mas a vida sacerdotal e religiosa precisa de uma vida integral. Vamos entender melhor isso!
O ser humano como ser integral
Não somos máquinas! Talvez este seja o primeiro ponto que todos precisam ter em mente. Afinal, na correria, nem sempre a vida sacerdotal ou religiosa se recorda que somos um corpo que possui uma dimensão espiritual, mas também mental.
Sendo assim, todo ser humano tem suas emoções, tem seus altos e baixos, suas frustrações, seus ideais, sente amor, mas também raiva. Ora, a vida sacerdotal e religiosa não estão imunes, e tudo isso não pode ser reprimido dentro de si, mas ser trabalhado.
Logo, o ser humano que se compreende como criatura integral tem consciência de si mesmo, em sua dimensão física, mental e espiritual. Tem consciência da concretude dos seus pensamentos e o que eles representam para a sua vida e vocação.
A vida sacerdotal em sua integralidade
Para além do trabalho, ao olhar para a sua vida sacerdotal ou religiosa, a vida consagrada não pode apenas pensar no cumprimento diário dos seus votos de pobreza, obediência e castidade.
Ou, então, cuidar apenas da sua dimensão espiritual, mas se esquecer de cuidar da sua saúde mental. Aliás, muitos sacerdotes e religiosos ainda não compreenderam a questão da saúde mental como algo necessário a todo ser humano, inclusive para si mesmo. Simplesmente ignoram o fato de que, quando a mente está doente, o corpo não consegue responder aos impulsos da vida.
E aqui cabe a famosa frase em latim do poeta romano, Juvenal, que diz: “Mens sana in corpore sano”, traduzindo para o nosso idioma: “Mente sã, corpo são”. O que significa que o oposto é também real.
Neste sentido, ao mesmo tempo em que se dedicam ao seu trabalho na Vinha do Senhor também é importante que os sacerdotes e religiosos estejam dispostos a olhar para si. E não se trata de um olhar individualista e narcisista, como alguns pensam, mas sim com a finalidade de alcançar a plenitude na realização da sua vocação.
Portanto, para ajudar, trazemos aqui algumas dicas simples, práticas e muito necessárias para cuidar da saúde mental. Acompanhe!
Dicas valiosas para a vida sacerdotal e religiosa
Pelo bem da saúde mental e para que os consagrados adquiram um novo vigor na realização do seu trabalho, é preciso, primeiramente, tomar uma decisão: “eu preciso cuidar de mim para poder cuidar do outro”; “eu preciso me ajudar, para poder ajudar o outro”.
E a partir desta decisão, alguns passos precisam ser dados. Vamos conhecer!
# Incluir a atividade física na rotina
Para o bem da saúde mental e física, o ser humano precisa exercitar-se, afinal o nosso corpo não foi criado para a estagnação, mas para o movimento. E com a vida sacerdotal e religiosa não é diferente!
A atividade física regular é necessária para aqueles que levam uma vida atarefada, ou seja, todos nós! E entre seus inúmeros benefícios, ela tem a capacidade de oferecer bem-estar e prevenir ou tratar a depressão, a longo prazo.
Portanto, apesar dos compromissos infinitos, é importante que a vida sacerdotal e religiosa dedique um tempo para algum tipo de atividade física, como uma simples caminhada, por exemplo.
# Ter relacionamentos afetivos
Não é porque a vida sacerdotal e religiosa é celibatária que não pode ter relacionamentos afetivos. Afinal, os amigos são tesouros de Deus em nossa vida.
Não fosse assim, o autor bíblico não diria que “um amigo fiel é uma poderosa proteção”, e que “um amigo fiel é um remédio de vida e imortalidade; quem teme o Senhor, achará esse amigo” (Eclo 6,14 e 16).
# Reservar um tempo para o descanso
O sono e o descanso são extremamente importantes para cuidar da nossa saúde física e mental. Afinal, é no descanso que o corpo recupera a sua energia e vitalidade, inclusive restabelecendo o raciocínio.
Logo, sem descanso a vida sacerdotal e religiosa não conseguirão se entregar totalmente ao exercício de sua vocação.
# Manter-se unido à família
É claro que, quando o homem ou a mulher diz sim para viver uma vocação ao serviço da Igreja, eles precisam afastar-se do convívio da sua família, pelos estudos e pela missão.
Mas isso não significa cortar vínculos ou que estão impedidos de ter uma vida familiar. Muito pelo contrário, é bom e saudável estar entre aqueles que são parte daquilo que somos.
Logo, é recomendado que sempre que possível a vida consagrada procure estar junto da sua família, nem que seja por um dia ou algumas horas.
Enfim…
A saúde mental tem um poder incrível no comando do nosso corpo. Quando se está bem, mentalmente, nosso corpo consegue seguir com motivação o ritmo constante de trabalho. Contudo, quando não, tudo em nossa vida fica comprometido e cada vez mais caímos num abismo de frustração, tristeza, indisposição e até mesmo decepção.
Sendo assim, é preciso estar atento aos sinais da mente tanto quanto aos do corpo.