Palestrantes do VIII Congresso Âncora gravam podcasts e compartilham suas experiências sobre prevenção ao suicídio

Os palestrantes do VIII Congresso Âncora participaram da gravação de podcasts exclusivos, explorando os temas de suas palestras e abordando questões fundamentais sobre a prevenção ao suicídio.

Para conhecer melhor a perspectiva desses profissionais, conversamos com eles sobre a importância do congresso e sobre suas atuações na área atualmente.

Nesta breve entrevista, a assessoria de comunicação do evento, após a gravação do podcast,  conversou com o Dr. Cloves Amorim,  que é psicólogo, professor e pesquisador, referência em luto, suicídio e cuidados paliativos,

Qual é a importância de um congresso como este, promovido pelo Centro Âncora, que traz o suicídio para o centro do debate?

É fundamental que a gente fale sobre esses temas difíceis que, em geral, são evitados. O silêncio em torno do suicídio só contribui para aumentar o sofrimento das pessoas. Precisamos falar sobre isso nos congressos, mas com responsabilidade. Não podemos tratar o suicídio de forma leviana, como se fosse uma saída para quem sofre. Essa iniciativa do Centro Âncora é fantástica porque traz essa temática para um debate responsável e consciente.

Como o senhor atua hoje como psicólogo? Qual é o foco do seu trabalho?

Meu trabalho é focado em terapia, especialmente atendendo casais e famílias. Acredito que as relações mais próximas e íntimas são determinantes na saúde emocional das pessoas. Os conflitos familiares são muitas vezes mais visíveis e impactantes do que questões individuais, e quando não tratados, geram muito sofrimento e adoecimento.

Ainda há um mito sobre falar de prevenção ao suicídio? Como equilibrar a necessidade de abordar o tema com a responsabilidade que ele exige?

Sim, ainda existe um mito. É preciso falar, mas de maneira responsável. Por exemplo, muitos acreditam que a mídia não deve divulgar números sobre suicídio, e eu entendo esse cuidado. As estatísticas são relevantes para profissionais da saúde, mas não para o público em geral. O que realmente importa é divulgar fatores de risco, medidas de prevenção e incentivar as pessoas a procurarem ajuda.”

Campanhas como o Setembro Amarelo são eficazes nesse processo de prevenção?

Sim, essas campanhas são muito positivas. Elas incentivam as pessoas a buscarem apoio e proporcionam um suporte essencial. Tenho acompanhado a forma como essas campanhas vêm sendo divulgadas e percebo que elas têm sido focadas na prevenção. Isso já salvou inúmeras vidas, porque pessoas que estavam desistindo encontram nessas iniciativas um incentivo para buscar ajuda.

Os podcasts gravados no congresso aprofundam os temas das palestras e exploram questões essenciais sobre prevenção ao suicídio e saúde mental. Neles, os palestrantes ampliam as discussões e apresentam diferentes perspectivas sobre suas áreas de atuação e os desafios enfrentados na sociedade.

Ficou curioso para saber mais? Então, acompanhe nossas redes! Em breve, o podcast com o Dr. Cloves e os demais palestrantes estarão no ar em breve, trazendo debates enriquecedores e informações essenciais sobre o tema. Não perca!

Vem aí: podcasts do VIII Congresso Âncora com debates essenciais sobre prevenção ao suicídio

Em breve, os podcasts do VIII Congresso Âncora estarão no ar, trazendo reflexões profundas sobre prevenção ao suicídio, abordadas pelos palestrantes do evento. Logo após a gravação do episódio com o Dr. Carlos Tadeu Grzybowski (Carlos Catito), conversamos com ele sobre os temas discutidos e sua atuação na área.

Qual é a importância de um congresso como este, promovido pelo Centro Âncora, que traz o suicídio para o centro do debate?

Pra mim, é fundamental que a gente fale sobre esses temas difíceis, que, em geral, são evitados. É muito importante. Acredito que precisamos criar uma consciência coletiva para que se gere cada vez mais saúde emocional, seja dentro dos espaços religiosos, seja na comunidade em geral. 

Devemos falar sobre isso em congressos, mas de forma responsável. Não podemos tratar o suicídio de maneira irresponsável, fazendo apologia ou minimizando o sofrimento de quem passa por isso.

O tema deve ser abordado com responsabilidade e consciência. Por isso, considero fantástica a iniciativa do Centro Âncora de trazer essa discussão para o congresso.

Como o senhor atua hoje como psicólogo? Qual é o foco do seu trabalho?

Eu trabalho como psicólogo e terapeuta, especialmente atendendo casais e famílias. Minha visão é de que as relações em que estamos inseridos, especialmente as mais próximas e íntimas, são construtoras de saúde ou de doença emocional.

Por isso, o foco do meu trabalho está nas relações e nos conflitos familiares. Esses desafios, muitas vezes, são mais visíveis e impactantes do que questões individuais. Quando não tratados, geram muito sofrimento e adoecimento.

Ainda há um mito sobre falar de prevenção ao suicídio? Como equilibrar a necessidade de abordar o tema com a responsabilidade que ele exige?

Sim, ainda existe um mito em torno da fala sobre suicídio. É preciso abordar o tema, mas com responsabilidade. A ideia de que a mídia não pode divulgar números, por exemplo, faz sentido. As estatísticas são importantes para profissionais da área de saúde, mas não para a sociedade em geral.

O que realmente importa para a população é discutir os fatores de risco e entender como reduzi-los. Essas são medidas efetivas de prevenção. A mídia deve se concentrar essencialmente na prevenção, porque, depois que o fato acontece, apenas explicar os motivos não muda nada. 

Agora, se comunicamos de forma preventiva, dizendo ‘Se você está passando por dificuldades, procure ajuda’, isso, sim, faz diferença.

Campanhas como o Setembro Amarelo são eficazes nesse processo de prevenção?

São muito positivas. Elas incentivam as pessoas a buscarem apoio e proporcionam um suporte essencial. A forma como têm sido divulgadas contribui para que mais pessoas percebam que ainda existem alternativas. Já salvou inúmeras vidas. Pessoas que estavam desistindo, ao verem essas campanhas, decidiram buscar ajuda porque entenderam que ainda há uma solução.

Os podcasts gravados no congresso aprofundam os temas das palestras e exploram questões essenciais sobre prevenção ao suicídio e saúde mental. Neles, os palestrantes ampliam as discussões e apresentam diferentes perspectivas sobre suas áreas de atuação e os desafios enfrentados na sociedade.

Padre Lício de Araújo Vale conversou com a jornalista da Copiosa Redenção Lydiana Rossetti.

Os podcasts gravados com a Ir. Silvia Maria CR e do Pe Lício de Araújo Vale trazem grandes tesouros sobre o tema. E tem, muito mais vindo por aí com o segundo dia do congresso.

Quer acompanhar essas reflexões? Fique ligado em nossas redes! Em breve, o podcast com Carlos Catito e os demais palestrantes estará no ar, trazendo debates enriquecedores e informações fundamentais sobre o tema.

Culpa e luto

Ricas reflexões e intervenções marcam a quarta palestra do VIII Congresso Âncora.

Na quarta palestra, o Prof. Dr. Cloves Antônio de Amissis Amorim compartilhou uma abordagem profunda sobre o processo do luto, enfatizando sua complexidade e as estratégias terapêuticas que podem auxiliar na ressignificação da perda. 

A apresentação explorou desde os fundamentos da tanatologia até os desafios enfrentados por enlutados, especialmente aqueles que vivenciam o luto por suicídio.

Conceitos essenciais do luto

Para começar, Dr. Amorim destacou que a experiência do luto envolve pesar, ou seja, os sentimentos internos relacionados à perda, e o luto como expressão pública desse pesar. Ele ressaltou que manifestações como chorar, falar sobre o falecido e marcar datas especiais são processos naturais e necessários para a vivência saudável do luto.

Além disso, foram discutidos os diferentes tipos de luto, incluindo o luto normal, caracterizado por emoções como tristeza, raiva, culpa, ansiedade, solidão e alívio. O palestrante  também abordou sensações físicas comuns no luto, como aperto no peito, fraqueza muscular e alterações na percepção da realidade, além de mudanças cognitivas como descrença, confusão e sensação de presença da pessoa falecida.

Luto complicado e transtorno de luto prolongado

Em seguida, um dos tópicos centrais da palestra foi o luto complicado, que pode surgir como luto crônico, adiado ou inibido, representando um sofrimento intenso e prolongado. 

Dessa forma, Dr. Amorim apresentou os critérios do DSM-5-TR para o Transtorno de Luto Prolongado, ressaltando sintomas como entorpecimento emocional, solidão intensa e sensação de que a vida perdeu o sentido.

O luto por suicídio: culpa e pósvenção

Logo depois, o palestrante dedicou parte significativa de sua apresentação ao luto por suicídio, um dos mais desafiadores para os sobreviventes. 

Ele destacou que familiares e amigos costumam lidar com questionamentos corrosivos, culpa intensa e estigma social. Segundo estudiosos da área, como Fukumitsu, Clark e Worden, a culpa pode ser uma estratégia inconsciente para manter viva a memória do falecido, gerando um ciclo emocional complexo, disse o Dr. Cloves. 

O Dr. Amorim enfatizou a importância da pósvenção, conceito que se refere ao suporte oferecido aos enlutados para transformar o trauma em lembranças menos dolorosas. Nesse contexto, a terapia deve focar na ressignificação da perda, permitindo aos sobreviventes lembrar do falecido não apenas pelo ato do suicídio, mas pela sua trajetória de vida.

Psicoterapia e estratégias de intervenção

Além disso, a palestra também abordou diversas estratégias terapêuticas para acompanhar o luto. O palestrante destacou o uso do baralho terapêutico “Conversando sobre o Luto”, dividido em sete eixos temáticos, incluindo expressão, narrativa e reconstrução.

Do mesmo modo, reforçou a importância da psicoeducação como ferramenta inicial e da criação de espaços seguros para a verbalização do sofrimento.

Outro aspecto essencial destacado foi o cuidado com a linguagem dos profissionais de saúde, que devem evitar julgamentos e oferecer acolhimento compassivo. Mais ainda, Dr. Amorim alertou sobre experiências negativas que ocorrem quando os enlutados percebem falta de empatia ou comunicação estigmatizante por parte dos terapeutas.

O papel da Igreja na prevenção e acolhimento

Para finalizar, o professor ressaltou o papel essencial da igreja na prevenção do suicídio e no suporte ao luto. A espiritualidade pode oferecer significado, apoio emocional e conexão social, ajudando os enlutados a lidarem com a perda de maneira saudável. 

Por essa razão, grupos de apoio organizados por instituições religiosas também podem facilitar a aceitação da dor e estimular a construção de redes de suporte.

Com uma abordagem sensível e humanizada, o Prof. Dr. Cloves Amorim trouxe reflexões essenciais sobre o impacto do luto na vida das pessoas e a necessidade de intervenções terapêuticas eficazes, reforçando a importância da empatia e do acolhimento no processo de superação da dor.

A quarta palestra finalizou o dia intenso e rico de ensinamentos do VIII Congresso Âncora.

Acolher as próprias sombras. Nutrir a vida

 Reflexões profundas sobre acolhimento e espiritualidade na terceira palestra do VIII Congresso Âncora.

A terceira palestra do VIII Congresso Âncora, ministrada pela Irmã Silvia Cristina Maia, CR, trouxe uma abordagem profunda sobre a necessidade de acolher a própria sombra e redescobrir a mística da vida. A reflexão abordou temas fundamentais que unem espiritualidade e psicologia, proporcionando aos participantes um espaço de autoconhecimento e transformação.

A palestra explorou a aceitação de sentimentos difíceis, como tristeza e dor emocional, ressaltando que a depressão e estados depressivos fazem parte da vida humana e que compreendê-los é essencial para a construção de um caminho consciente. Além disso, foi discutido o impacto dos diferentes lutos, tanto aqueles que envolvem perdas concretas, como o falecimento de um ente querido, quanto os que marcam mudanças significativas ao longo da vida.

Um dos pontos centrais da reflexão foi a vergonha, culpa e pertencimento, e como a busca por um espaço seguro pode ajudar na ressignificação dessas emoções. O papel da palavra e do diálogo também foi enfatizado como instrumento de luz, permitindo que os indivíduos organizem seus afetos e compreendam melhor suas próprias histórias.

Outro tema relevante foi a sexualidade e identidade, destacando a importância de acolher essa dimensão sem medo, dentro da vivência pessoal e espiritual. Nutrir a vida também foi apontado como um caminho essencial, através do fortalecimento dos vínculos saudáveis, da presença do diálogo verdadeiro e da construção de relações profundas e autênticas.

O resgate da mística ocupou um lugar de destaque na palestra, trazendo a ideia de recuperar a capacidade de perceber o transcendente no cotidiano. A história do Anjo e Elias foi utilizada como metáfora da presença de um “eu auxiliar” no momento de sofrimento, mostrando como é possível reencontrar forças para seguir adiante.

Por fim, foram exploradas as reflexões de Hans Urs Von Balthasar, especialmente sobre o que significa e o que não significa testemunhar a fé. A Irmã Silvia reforçou que viver a espiritualidade vai além de compreender conceitos; trata-se de colocar a vida a serviço da verdade e do amor.

Com uma abordagem sensível e profunda, a palestra proporcionou aos participantes um momento de reflexão genuína sobre acolhimento, liberdade e sentido da existência, integrando teologia e psicologia em um caminho de crescimento e renovação espiritual.

Biografia

A Irmã Silvia Cristina Maia, CR é religiosa da Congregação das Irmãs da Copiosa Redenção. Bacharel em Teologia pelo Instituto Mater Eclesiae da Diocese de Ponta Grossa-PR, graduada em Psicologia pela FAE – Faculdade Franciscana de Ensino – Curitiba PR, e mestre em Psicologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma – Itália.

Atua como membro da equipe de profissionais do Centro de Revitalização Âncora, onde trabalha no acompanhamento psicoespiritual. Também faz parte do corpo docente da Escola de Formadores Jesus Mestre – São Paulo-SP.

Trabalha com assessorias para a Vida Consagrada e Dioceses, além do acompanhamento psicoespiritual de religiosos, sacerdotes e seminaristas. É coautora dos livros: A Árvore das Reflexões, O Burnout: Entregar-se e não ser consumido pela exaustão e o estresse, e Formação e Desafios Morais III.

Segunda palestra aborda sofrimento e prevenção do suicídio no VIII Congresso Âncora

A segunda palestra do VIII Congresso Âncora, realizado sob o tema “Acolher e Cuidar: a missão da Igreja na prevenção do suicídio”, foi conduzida pelo psicólogo e terapeuta familiar Carlos Tadeu Grzybowski, com a profunda e sensível exposição “Quando a dor se torna insuportável”. A apresentação provocou uma intensa reflexão entre os participantes ao tratar o suicídio sob uma perspectiva transdisciplinar e relacional, indo além dos diagnósticos simplificadores.

Segundo Grzybowski, o suicídio não pode ser compreendido de forma linear ou com explicações únicas. Ele critica a visão cartesiana predominante na sociedade, que busca causas isoladas para fenômenos complexos como o sofrimento humano. Propõe, em seu lugar, uma abordagem que considere os múltiplos fatores — biológicos, familiares, sociais, culturais e espirituais — envolvidos na experiência da dor insuportável.

A partir da teoria dos sistemas, o palestrante destacou que o comportamento suicida é frequentemente uma tentativa de comunicação de um sofrimento que o indivíduo não consegue mais suportar. Ele alertou que essa dor, muitas vezes, está enraizada nos vínculos familiares e nas relações interpessoais, nas quais o sujeito se vê preso em papéis de vitimização, paralisia e impotência diante da vida.

Um ponto marcante da palestra foi a abordagem das relações sacrificiais, nas quais a vítima se mantém no controle por meio do sofrimento, culminando em uma transferência da dor: ao tirar a própria vida, a pessoa repassa a carga emocional ao outro, rompendo definitivamente com o sistema ao qual está inserida.

Grzybowski também fez uma análise corajosa sobre o sofrimento de líderes religiosos. De acordo com ele, o isolamento, a pressão institucional e a ausência de amigos verdadeiros têm levado muitos pastores e sacerdotes ao esgotamento emocional e espiritual. “Em encontros com outros líderes, todos contam vitórias. Mas é no consultório que os fracassos vêm à tona”, afirmou.

Ao final, o palestrante apresentou caminhos possíveis de cuidado e prevenção. Destacou a importância de amizades sinceras, de acompanhamento terapêutico e de espaços de escuta acolhedora, inclusive entre religiosos. “Mostrar a alguém que está assumindo um papel e que pode escolher outro caminho é abrir uma porta de esperança”, concluiu.

A palestra reforçou o compromisso do Congresso com a valorização da vida e o papel essencial da Igreja como espaço de escuta, acolhimento e cuidado com os que sofrem.

Sobre o palestrante:

Carlos Tadeu Grzybowski

  • Psicólogo (CRP 08/1117) – Universidade Federal do Paraná (1981)
  • Especialização em Terapia Familiar – Centro de la Familia – Quito/Equador (1988)
  • Mestrado em Psicologia da Infância e Adolescência – UFPR (2001)
  • Doutorado em Linguística Aplicada – UFPR (2009)
  • Autor de diversos livros, entre eles:
    • Acontece nas melhores famílias (2017)
    • Pais santos, filhos nem tanto (2012)
    • Como se livrar de um mau casamento (Prêmio ARETÉ – 2005)
    • Macho e Fêmea os criou: celebrando a sexualidade – Editora Ultimato
    • Quando a dor se torna insuportável – reflexões sobre o suicídio (2019)
    • Famílias saudáveis: a arte de fazer boas escolhas (2021)
    • De Santos e loucos: a igreja e a saúde mental (2023) – Editora Sinodal
  • Sócio-Diretor do Instituto Phileo de Psicologia
  • Coordenador de cursos de extensão e pós-graduação da EIRENE do Brasil
  • Presidente de EIRENE Internacional
  • Professor titular e coordenador de cursos de pós-graduação na Faculdade Luterana de Teologia – FLT (SC)
  • Professor do Centro Evangélico de Missões (MG) e da Faculdade de Teologia Sul Americana – FTSA (PR)
  • Criador do personagem infantil Smilingüido (1978)
  • Co-criador dos personagens do projeto Salvação (Prêmio ABEC 2002)

Instagram: @carloscatitogrzybowski

Primeira Palestra: Padre Lício Vale destaca o sentido da vida e caminhos para prevenir o suicídio

Em uma palestra comovente e profundamente reflexiva, o educador, pesquisador e suicidologista Padre Lício Vale conduziu os participantes do VIII Congresso Âncora a uma jornada de compreensão sobre o suicídio, defendendo a importância de conhecer e acolher para prevenir. Com base em sua própria história de vida — seu pai morreu por suicídio com apenas 43 anos —, o sacerdote compartilhou experiências e dados que lançam luz sobre um dos temas mais urgentes da saúde mental contemporânea.

A partir do tema “o sentido da vida”, o palestrante convidou a plateia a refletir sobre o sofrimento humano e as dores silenciosas que muitas vezes precedem o suicídio. Segundo ele, não se trata de um ato de covardia ou de falta de fé, mas de um grito de dor emocional insuportável. Nesse contexto, Padre Lício alertou para o uso incorreto da expressão “cometer suicídio”, explicando que a forma adequada e respeitosa é “morrer por suicídio”, a fim de evitar a culpabilização da pessoa que tirou a própria vida.

Em seguida, o especialista apresentou dados alarmantes. Em 2014, o mundo registrou aproximadamente 800 mil mortes por suicídio. Hoje, esse número chega a um milhão. No Brasil, cerca de 52 pessoas morrem por suicídio todos os dias. Entre adolescentes, essa é a segunda principal causa de morte, ficando atrás apenas da violência urbana.

Além disso, Padre Lício destacou três fatores de risco recorrentes na vida religiosa e sacerdotal: o estresse ocupacional, a solidão e a desesperança. “Mesmo vivendo em comunidade, muitos religiosos estão emocionalmente isolados”, afirmou. Ele também abordou causas frequentes como transtornos mentais não tratados, fatores familiares e sociais — como o desemprego —, abuso de álcool e drogas, e o preconceito ainda existente em torno da saúde mental.

Ao longo da palestra, o sacerdote desmistificou concepções equivocadas a respeito do suicídio, como a ideia de que quem fala sobre o assunto não tem intenção de concretizar o ato. Pelo contrário, segundo ele, a maioria das pessoas dá sinais claros, seja por falas diretas, indiretas ou mudanças de comportamento. “Perguntar sobre suicídio não incentiva ninguém a se matar. Pelo contrário: pode salvar vidas”, ressaltou.

Como proposta concreta de ação, Padre Lício apresentou a metodologia “ROC” – Reconhecer, Oferecer ajuda e Conduzir –, defendendo a escuta empática e o encaminhamento profissional como etapas essenciais na prevenção. “O suicida não quer matar a vida, mas sim sua dor. A prevenção começa quando reconhecemos esse pedido de socorro”, enfatizou.

Ao concluir, o palestrante fez uma profunda reflexão de fé, afirmando que a esperança de salvação não deve ser negada àqueles que morreram por suicídio. Com base no Catecismo da Igreja Católica (nº 2280-2283), lembrou que Deus, em sua misericórdia, pode oferecer caminhos de arrependimento mesmo após atos de desespero.

“Prevenir o suicídio é um ato de amor. E amor é o que nunca pode faltar”, finalizou Padre Lício Vale, sob aplausos dos presentes.

Sobre o palestrante

Padre Lício Vale é formado pela PUC-SP, qualificado em Suicídio e Automutilação pela UNIPAR, com especialização em Prevenção ao Suicídio pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Atua como pesquisador sobre luto e valorização da vida, educador e palestrante. É membro da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção ao Suicídio (ABEPS) e da Sociedade Internacional de Profissionais da Prevenção e Tratamento de Uso de Substâncias (ISSUP), entidade reconhecida pela ONU, OMS e OEA.

É autor de diversas obras, entre elas:

  • E foram deixados para trás – Uma reflexão sobre o fenômeno do suicídio
  • Acolher e se afastar: relações nutritivas ou tóxicas
  • Processos autodestrutivos: Por que permitimos nos machucar?
  • Mente suicida: Respostas aos porquês silenciados
  • Superando a perda de quem você ama

Seus livros foram publicados por editoras como Loyola, Paulus, Paulinas e Canção Nova. Filho de suicida, dedica sua vida a transformar dor em cuidado e esperança.

Às vésperas da escolha do novo Papa, Congresso Âncora destaca a missão da Igreja em acolher quem sofre

Evento acontece nesta semana em Curitiba (PR)

Inspirado nas palavras do Papa Francisco — que ensinou que “a Igreja deve ser como um hospital de campanha, acolhendo aqueles que mais precisam, com misericórdia e sem julgamentos” —, o VIII Congresso Âncora acontecerá nos dias 2 e 3 de maio de 2025, em Curitiba (PR), reafirmando a missão da Igreja de ser presença de acolhida e esperança diante do sofrimento humano.


Enquanto a Igreja Católica vive dias de luto e oração pela alma do Papa Francisco, o Congresso reunirá religiosos(as) e sacerdotes de todo o Brasil para refletir sobre a urgência do cuidado pastoral, da saúde mental e da prevenção do suicídio na vida consagrada e nas comunidades.

Diante das realidades silenciosas do sofrimento psíquico e da crescente necessidade de ações concretas de prevenção do suicídio, o evento buscará iluminar práticas pastorais e e espirituais para a vida consagrada e para o atendimento dos fiéis nas comunidades.


“A Igreja é chamada, de maneira ainda mais intensa neste tempo de oração e comunhão, a acolher a dor humana com ternura, coragem e esperança. O VIII Congresso Âncora nos convida a renovar esse compromisso”, destaca Irmã Adenise Somer, organizadora do evento.


O evento será composto por conferências, mesas redondas e momentos de partilha, contando com a presença de especialistas em psicologia, psiquiatria, espiritualidade e trabalho pastoral.

Serviço:


● Evento: VIII Congresso Âncora
● Tema: “Acolher e Cuidar: A missão da Igreja na prevenção do Suicídio”
● Data: 2 e 3 de maio de 2025
● Local: Curitiba – PR
● Público: Religiosos(as), sacerdotes e agentes de pastoral
● Informações e inscrições: https://congresso.centroancora.com.br/

Copiosa Redenção estará presente no sepultamento do Papa Francisco

Grupo de religiosos da Congregação parte na manhã de sábado para Roma

A passagem para Roma já estava comprada para o sábado, dia 26 de abril, para os religiosos da Copiosa Redenção que moram na região da Sicília, na Itália. Eles iriam participar da canonização do Beato Carlo Acutis, que estava marcada para o domingo, dia 27, e também passar pela Porta Santa. Porém, com o falecimento do Papa Francisco, o objetivo da viagem mudou. “Não deixa de ser uma graça muito grande. Porque se não fosse a canonização do Carlo Acutis, a gente não iria para Roma. Não teríamos a possibilidade de comprar os bilhetes para toda comunidade para o funeral do Papa, se não fosse já organizado antes”, conta o diácono João Paulo Hirai.

O grupo composto por dois sacerdotes, dois diáconos e cinco irmãos, chega à Roma no sábado pela manhã e segue direto para a Praça de São Pedro, onde irá ocorrer a Missa das Exéquias do Papa Francisco. “É muito significativo porque a Copiosa vai estar vivendo esse momento em unidade com a Igreja”, destaca o diácono. Ele também acredita na providência de Deus que de alguma forma conduziu que o grupo estivesse presente nesse momento, representando toda a Congregação.

O funeral

A missa das exéquias do Papa Francisco será celebrada às 10h (horário de Roma). A celebração ocorrerá no átrio da Basílica de São Pedro e será presidida pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício. Esse momento marca o primeiro dia o Novendiali (novenário), os nove dias de luto e orações em honra ao Pontífice falecido.

Ao final da celebração eucarística, ocorrerão os ritos da Última Commendatio e da Valedictio — despedidas solenes que marcam o encerramento das exéquias. Em seguida, o caixão do Papa será levado novamente para o interior da Basílica de São Pedro e, de lá, transferido para a Basílica de Santa Maria Maior, onde será realizada a cerimônia de sepultamento.

Os religiosos da Copiosa Redenção estarão compartilhando esse momento ao vivo pelas redes sociais da Copiosa Redenção.

Créditos imagem: Vatican News

Siga para acompanhar nossa presença no funeral do Papa Francisco: www.instagram.com/copiosaredencao

O céu celebra conosco: Missa pelo aniversário de Padre Wilton acontecerá no domingo (27)

No dia 27 de abril, seria celebrado o aniversário natalício do nosso fundador Padre Wilton Moraes Lopes. Se estivesse vivo, Padre Wilton completaria 69 anos. Por isso, a missa do domingo em que será celebrada a Festa da Misericórdia, também será um momento de homenagem e intercessão pela alma de Padre Wilton.

A celebração em sua memória acontecerá na Chácara de Uvaia, em Ponta Grossa, às 09h30. Toda comunidade está convidada a participar deste momento e prestar a sua homenagem ao sacerdote.

Porta da misericórdia

Também no domingo, a Copiosa Redenção, celebra um ano do lançamento do Informativo Porta da Misericórdia. Lançado no ano passado, no dia do aniversário do fundador, como forma de homenageá-lo e de espalhar a misericórdia divina no ambiente digital, o informativo é enviado gratuitamente todo dia 27 para os assinantes.

Quer receber o Informativo Porta da Misericórdia? Basta clicar AQUI.

Copiosa Redenção na voz do Papa Francisco: Misericórdia, Esperança e Graça abundante

A espiritualidade da Copiosa Redenção, vivida e anunciada pela Congregação fundada pelo Pe. Wilton Moraes Lopes, encontra ecos profundos nas palavras do Papa Francisco. Ao longo de seu pontificado, o Santo Padre destacou diversas vezes a dimensão da misericórdia e da graça divina que se derrama copiosamente sobre a humanidade.

Este artigo deseja estabelecer uma ponte entre os ensinamentos do Papa Francisco e o carisma da Copiosa Redenção, mostrando como sua mensagem está em sintonia com esse chamado a viver a redenção de Cristo como dom abundante e restaurador.

Leia também: A páscoa definitiva de Papa Francisco e o seu legado de Misericórdia e Esperança

1. A confissão como passagem da miséria à misericórdia

Em uma homilia durante a celebração “24 horas para o Senhor” (2019), o Papa Francisco disse:

“A Confissão é a passagem da miséria à misericórdia, é a escrita de Deus no coração. Sempre que nos abeiramos dela, lemos que somos preciosos aos olhos de Deus.”

Essa visão do sacramento da reconciliação como um encontro com a misericórdia infinita de Deus está no centro da espiritualidade da Copiosa Redenção. Para os membros da Congregação, anunciar e facilitar esse encontro é uma missão prioritária, seja através de retiros, missas, grupos de oração, comunidades terapêuticas até a confissão com um sacerdote da Congregação.

2. A Redenção é gratuita

Durante uma audiência geral em 2018, o Papa afirmou:

“A redenção é gratuita. Se quiser fazer uma oferta, pode, mas não é a pagamento.”

O dom da salvação é iniciativa do amor de Deus, que oferece redenção sem exigir méritos. A Copiosa Redenção se fundamenta nessa gratuidade radical: a certeza de que Deus busca o pecador não para julgá-lo, mas para resgatá-lo. Por isso busca, ardorosamente, a recuperação de dependentes químicos.

3. Misericórdia como ação concreta

No Jubileu dos Agentes de Misericórdia, o Papa Francisco foi direto:

“Nunca me cansarei de dizer que a misericórdia de Deus não é uma ideia bonita, mas uma ação concreta.”

Para os religiosos e missionários da Copiosa Redenção, viver a misericórdia significa agir: acolher, consolar, servir e evangelizar os mais necessitados, especialmente aqueles que se encontram distantes da Igreja e sofrem a fragilidade da dependência química.

4. A Esperança como fruto da redenção

Na preparação para a JMJ Lisboa 2023, o Papa disse aos jovens:

“Exorto-vos a escolher um estilo de vida baseado na esperança. […] Tentai compartilhar cada dia uma palavra de esperança.”

A Copiosa Redenção gera esperança, porque devolve ao coração humano a certeza de que Deus não desiste de nós. Essa esperança, que não decepciona, é também um pilar do carisma da Congregação.

Ao longo dos seus 12 anos de pontificado, o Papa Francisco, com sua linguagem simples e direta, ofereceu à Igreja uma catequese viva sobre a misericórdia de Deus. Sua insistência na gratuidade da graça, na importância do perdão e na necessidade de uma Igreja que age concretamente, faz eco ao carisma da Copiosa Redenção. Que essas palavras possam renovar em nós o ardor missionário e a alegria de servir a Redenção abundante de Cristo no mundo de hoje.

Saiba como será o velório e sepultamento do Papa Francisco