Mês: fevereiro 2023
CNBB abre campanha da fraternidade 2023 com tema voltado para a fome no Brasil
Na manhã da quarta-feira de Cinzas, 22, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), abriu oficialmente a Campanha da Fraternidade 2023 sobre a Fome no Brasil.
Para dar início as solenidades, uma missa foi realizada na capela Nossa Senhora Aparecida, na sede da entidade, e foi dedicada à vivência de uma “abençoada Quaresma e uma santa Campanha da Fraternidade”.
A celebração contou com a presença do bispo auxiliar do Rio de Janeiro e secretário geral da CNBB, Dom Joel Portella Amado, que ressaltou em sua homilia, a importância da conversão, vivida de modo intenso no período da Quaresma: “O amor a Deus nos conduz ao amor ao próximo e nós mesmos. […] O mundo todo precisa passar por um tempo de Quaresma e conversão”. – exortou.
A cerimônia de lançamento oficial da Campanha da Fraternidade foi conduzida pelo assessor do Setor de Campanhas da CNBB, Padre Jean Poul Hansen e realizada no auditório dom Helder Câmara. Além dele, uma mensagem do Papa Francisco foi divulgada, mantendo a tradição dos papas, sobre a campanha do ano.
Francisco ressaltou sua intenção para que todos reflitam sobre este tema: “a consciência de que a partilha dos dons que o Senhor nos concede em sua bondade não pode restringir-se a um momento, a uma campanha, a algumas ações pontuais. ”
ABERTURA DA CAMPANHA NAS DIOCESES
Em Ponta Grossa, no Paraná, a abertura da campanha aconteceu também na manhã do dia 22, e contou com a presença do Bispo Dom Sérgio Arthur Braschi, do Padre Joel Nalepa, coordenador diocesano da Ação Evangelizadora; Márcia Simões, coordenadora diocesana da Campanha da Fraternidade, além de representantes políticos, além de sacerdotes e diáconos.
O bispo de Ponta Grossa ressaltou que a campanha toma a palavra de Deus como luz para iluminar a questão da insegurança alimentar e da fome, que aumentou em diversos locais do Brasil e do mundo: “[…] não é possível um cristão ir dormir tranquilamente sabendo que tantos vivem essa realidade da fome.” – alertou dom Sérgio.
Já na Arquidiocese de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, a campanha foi lançada na Casa Papa Francisco, local que presta atendimento às pessoas que se encontram em vulnerabilidade social e em situação de rua.
Dom Leomar Antônio Brustolin, arcebispo de Santa Maria, esteve presente no lançamento da campanha e destacou: “infelizmente a situação da fome se agrava, porque estamos em uma cultura de indiferença e resignação, que muitas vezes é transmitida dentro de casa e reforçada na convivência social. Não entendemos a urgência da fome dos outros e ainda julgamos. […] Agradecemos a Deus pelos tantos projetos que existem na Arquidiocese, voltados para as pessoas que mais necessitam.” – disse
Para o Padre Juviano Pereira, sacerdote da Copiosa Redenção, a campanha é um momento para olharmos com misericórdia aos que necessitam: “Na humanidade existem vários outros tipos de fome, seja ela de justiça, da misericórdia, a fome da busca de Deus, além daquela que alimenta o nosso corpo. Nosso corpo bem nutrido, conseguiremos buscar essas e muitas outras coisas.” – concluiu.
Em Presidente Médici, no estado de Rondônia, a Paróquia São João Batista, juntamente com o Irmão André de Sena, traz a perspectiva da campanha da fraternidade, atrelada ao momento quaresmal que estamos vivendo: “Estamos realizando formações junto as pastorais e movimentos, além de usarmos o espaço do programa na rádio Tropical, levando a espiritualidade deste período da quaresma para as pessoas” – frisou.
22 de fevereiro de 2023
21 de fevereiro de 2023
20 de fevereiro de 23
Quais os principais desafios da evangelização das famílias?
Para falar sobre a evangelização da famílias hoje, vejamos o que diz o Documento Instrumentum Laboris:
“A família é reconhecida no povo de Deus como um bem inestimável, o ambiente natural de crescimento da vida, uma escola de humanidade, de amor e de esperança para a sociedade. Ela continua a ser um espaço privilegiado no qual Cristo revela o mistério e a vocação do homem.”
Logo, por seu valor inestimável, a família é a primeira a sofrer com as mudanças dos tempos, com a violência, o desemprego, a indiferença, entre outros problemas do mundo pós-moderno. Por isso, a evangelização se torna um desafio e uma necessidade urgente.
Sendo assim, neste post vamos tocar em algumas feridas da evangelização, mas recordemos que, pelo valor da vida, vale a pena qualquer desafio.
1. A evangelização das famílias diante da fragilidade das relações familiares
Para a Igreja, a família de Nazaré é o modelo da família humana em quem devemos nos espelhar. Logo, o amor entre Maria e José, o cuidado com Jesus, a superação dos desafios juntos, tudo isso é uma referência para a evangelização das famílias hoje.
No entanto, a realidade dentro das casas não é tão feliz assim, porque muitas vezes o sofrimento supera o amor e isso fragiliza as relações familiares. Por exemplo, as crises conjugais, o desemprego, a distância geográfica entre pais e filhos diminuem os afetos.
E os filhos são os que mais sofrem com a falta de amor, principalmente as crianças. Elas assistem discussões, violências domésticas e também sofrem do mesmo mal. Logo, o amor não é uma ação tão comum e Jesus não é bem compreendido na falta de amor.
Contudo, se o ambiente familiar é ameaçado por causa de tantas situações difíceis, a evangelização da família se torna um desafio enorme. A imagem de Deus não aparece com facilidade e muitas vezes é citada para corrigir as crianças e os jovens.
2. A indiferença religiosa atrapalha a evangelização das famílias
O papel dos pais, primeiros educadores na fé, é considerado essencial e vital. A transmissão da fé é o primeiro passo para a evangelização da família. Então é fundamental não apenas batizar, mas frequentar a Igreja para que a fé cresça em família.
Porém, a corrida pela vida, em muitos aspectos familiares, acaba deixando a vida paroquial em segundo plano. Há também muitas ofertas que ocupam o lugar do sagrado na família, em um mundo tecnológico, com muitas portas abertas, a Igreja não parece uma opção.
Logo, se os pais não vão à Igreja, os filhos também não vão! E se a oração não acontece em casa, se não se fala em Deus ou pelo menos os pais não desejam a bênção aos seus filhos, se instala a indiferença religiosa dentro de casa e dentro do coração.
Assim, o resultado é uma família batizada, mas com práticas pagãs, ou seja, tudo é fé ou qualquer coisa traz sorte. Se a família, a partir dos pais, não se volta às práticas simples da fé, como rezar, ler a Palavra ou meditar o terço, então a evangelização é uma ação desafiante.
3. Os diversos tipos de crise deixam a família em crise
Não é possível ignorar as diversas crises que existem na sociedade e afetam a evangelização da família. O que dizer da violência doméstica, do feminicídio, da gravidez indesejada, do racismo e dos casos de abusos sexuais dentro de casa?
De forma que a Igreja precisa do diálogo e da aproximação, porque essas situações são uma ferida no coração humano que dificulta a evangelização. E esses problemas, entre outros não citados, agridem a pessoa em sua dignidade e produz revolta e mais violência.
Além disso, em alguns casos, é urgente a necessidade de acompanhar situações nas quais os vínculos familiares estão ameaçados por diversos fatores. É preciso intervenções de apoio capazes de curar as feridas infligidas e desenraizar as causas que as determinaram.
Sem falar que aqueles que vivem essas situações familiares tendem a se isolar, por causa da vergonha, do medo, da falta de compreensão e do preconceito. Principalmente a mulher, que enfrenta uma sociedade machista e acaba se culpando ou se obrigando a sofrer.
4. O crescimento de culturas sem limites desestabiliza a família
O Papa Francisco nos esclarece sobre isso:
“Padres sinodais aludiram a certas tendências culturais que parecem impor uma afetividade sem qualquer limitação, (…) uma afetividade narcisista, instável e mutável que não ajuda os sujeitos a atingir uma maior maturidade.”
Quando se fala em tendências culturais, o assunto é muito amplo e difícil de tratar. Porém é real e afeta a evangelização das famílias. Algumas delas dizem respeito à crescente divulgação da pornografia, da prostituição, o uso de drogas e da intenet para fins perigosos.
Nesta realidade, a maioria dos casais se sentem inseguros e incapazes de ajudar os filhos. Logo, se instalam os tribunais para encontrar o culpado pelos erros; a impaciência e as agressões crescem e enfraquecem os laços familiares e desestabilizam a família.
Tudo isso descreve um quadro que leva a separação do casal e prejudica novas uniões por falta de exemplo dentro de casa. E o resultado é a formação de pessoas frágeis, imaturas e vulneráveis, candidatas a todo o tipo de proposta contra a vida.
O que fazer diante dos desafios?
O Papa Francisco nos responde: “Diante das famílias e no meio delas, deve ressoar sempre de novo o primeiro anúncio, que é o mais belo, mais importante, mais atraente e, ao mesmo tempo, mais necessário: Cristo ressuscitado”.
Se a evangelização das famílias enfrenta sérios desafios, ao mesmo tempo, o olhar de Cristo para cada pessoa humana permanece o mesmo. Portanto, é preciso aprender a olhar de novo, e de novo para os olhos de Jesus, que nos apontam o amor do Pai.
E fixar os olhos na salvação é uma missão de todos: da Igreja, da paróquia, do grupo de oração, do cristão, do agente de pastoral. Isso porque estamos todos ligados uns aos outros, como uma cadeia de vida, e a contribuição de cada um fortalece a evangelização.
Portanto, sem desconsiderar os obstáculos, devemos seguir com ternura e confiantes na força do amor de Deus que sempre vence.
Veja esse conteúdo sobre evangelização:
O que São Paulo nos ensina sobre evangelização – Dominus Comunicação