Papa Leão XIV: um novo tempo de esperança para a Igreja

A escolha do Papa Leão XIV emocionou o mundo.

Naquela tarde, de 8 de maio de 2025, a Praça de São Pedro foi tomada por uma atmosfera de expectativa e oração. Após a quarta votação do conclave, a fumaça branca finalmente surgiu da Capela Sistina, anunciando ao mundo a eleição do novo Papa: o cardeal norte-americano Robert Francis Prevost. 

De modo surpreendente, sua escolha foi uma surpreendente manifestação da liberdade do Espírito Santo, que conduz a Igreja com sabedoria e novidade. Seu nome não figurava entre os mais mencionados nas listas de possíveis sucessores de Pedro, tornando sua eleição uma belíssima surpresa do Espírito. 

O nome e o legado

Desse modo, com a escolha do nome Leão XIV pelo novo pontífice, Robert Francis Prevost evoca simbolicamente o legado de Leão XIII, conhecido por seu compromisso com a justiça social e a abertura ao mundo moderno. Leão XIII é lembrado por sua encíclica Rerum Novarum, que inaugurou a Doutrina Social da Igreja, abordando questões como os direitos dos trabalhadores e a relação entre capital e trabalho. 

Assim, ao adotar esse nome, o Papa Leão XIV sinaliza uma continuidade com esses valores e uma atenção renovada às transformações do tempo presente. 

Primeiras palavras do Papa Leão XIV

Logo após sua eleição, Papa Leão XIV dirigiu-se aos fiéis com palavras que ecoaram os ensinamentos de Cristo: “A paz esteja com todos vocês!” Em seu discurso, enfatizou o desejo de uma Igreja sinodal, que caminha unida, buscando sempre a paz, a caridade e a proximidade com os que sofrem. Suas palavras foram recebidas com aplausos e lágrimas de emoção. Refletiam seu compromisso com uma Igreja sinodal e missionária.

Uma trajetória marcada pelo serviço e liderança

Desde os primeiros passos de sua vocação, Robert Francis Prevost mostrou sensibilidade pastoral e vocação para o serviço. Nascido em 14 de setembro de 1955, em Chicago, Estados Unidos, ingressou na Ordem de Santo Agostinho em 1977. 

Mais adiante, fez seus votos solenes em 1981 e foi ordenado sacerdote em Roma, em 19 de junho de 1982. Em 1985, iniciou sua missão no Peru, onde atuou por quase vinte anos nas cidades de Chulucanas e Trujillo, com dedicação pastoral, formativa e acadêmica, sempre próximo das comunidades mais vulneráveis. 

Em seguida, em 1999, foi eleito Prior Provincial da Província de Chicago e, em 2001, tornou-se Prior Geral da Ordem de Santo Agostinho, cargo que ocupou até 2013. Nesse período, fortaleceu a presença da ordem no mundo, ampliou sua visão pastoral e consolidou uma liderança sensível aos desafios sociais e culturais da Igreja.

Chamado ao episcopado e ao cardinalato

Posteriormente, em três de novembro de 2014, o Papa Francisco o nomeou administrador apostólico da Diocese de Chiclayo, no Peru, e bispo titular de Sufar. Foi ordenado bispo em 12 de dezembro daquele ano e, em 26 de setembro de 2015, foi confirmado como bispo diocesano de Chiclayo. 

À frente da diocese, aprofundou seu estilo pastoral simples e próximo, promovendo a formação de agentes de pastoral, fortalecendo os vínculos com as comunidades e mantendo um perfil de pastor acessível e comprometido com as realidades do povo.

Assim, em reconhecimento à sua atuação episcopal, o Papa Francisco o chamou a Roma e, em 30 de janeiro de 2023, nomeou-o prefeito do Dicastério para os Bispos e presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina. Poucos meses depois, em 30 de setembro, Prevost foi criado cardeal.

Em síntese, as nomeações expressaram a confiança da Santa Sé em sua escuta, discernimento e visão universal, qualidades que o prepararam para o pontificado.

Papa Leão XIV Leão e a Imprensa

Logo após o início do pontificado, Papa Leão XIV encontrou-se com jornalistas em 12 de maio de 2025, na Sala Paulo VI. A audiência refletiu seu estilo próximo e espontâneo, com reflexões sobre comunicação, paz e responsabilidade.

Durante o encontro, o Papa destacou o papel essencial da imprensa como promotora da verdade e da escuta dos mais vulneráveis. Encorajou uma comunicação valente e construtiva, que una e não divida. Disse que comunicar bem exige escuta e empatia.

Com firmeza, também expressou solidariedade aos jornalistas que atuam em contextos de guerra. Lembrou que muitos arriscam a vida para contar o que viram. Pediu orações, liberdade e respeito para todos os que se comunicam em nome da verdade.

Por fim, ao encerrar, agradeceu o trabalho da imprensa e lembrou que palavras podem curar, mas também podem ferir. Por isso, pediu coragem e ternura aos que têm o microfone nas mãos.

Acompanhe este novo tempo de esperança

Por essa razão, convidamos você a seguir acompanhando de perto este novo tempo que se inicia com o Papa Leão XIV. 

Portanto, cada palavra, gesto e escolha pastoral deste pontífice renova o chamado à comunhão, à paz e ao serviço. Que essa caminhada sinodal, guiada pelo Espírito Santo, continue inspirando nossas comunidades em todo o mundo. 

Habemus Papam: Bem-vindo Papa Leão XIV

No segundo dia do Conclave, no quarto escrutínio, a fumaça branca começou a sair da chaminé instalada no telhado da Capela Sistina anunciando para todo o mundo: foi eleito o 267º papa. Com júbilo o povo católico acolhe o novo sucessor de Pedro: bem-vindo Papa Leão XIV!

Eram 18 horas e 07 minutos, no horário de Roma, e no Brasil 13 horas e 07 minutos, em que junto com a fumaça branca, o badalar dos sinos da Basílica de São Pedro confirmaram de que “Habemus Papam”. A eleição do novo Pontífice ocorreu no dia da Súplica de Nossa Senhora de Pompéia.

Biografia

Robert Prevost nasceu em Chicago em 14 de setembro de 1955. Ele completou seus estudos secundários no seminário menor da Ordem de Santo Agostinho em 1973. Prevost obteve o título de Bacharel em Ciências em matemática na Universidade Villanova em 1977. 

Decidindo tornar-se padre, Prevost ingressou na Ordem de Santo Agostinho em setembro de 1977. Ele fez seus primeiros votos na ordem em setembro de 1978 e seus votos solenes em agosto de 1981. No ano seguinte, ele recebeu o título de Mestre em Divindade da Catholic Theological Union em Chicago. 

Sacerdócio

Prevost foi ordenado sacerdote pelo Arcebispo Jean Jadot para os Agostinianos em Roma em 19 de junho de 1982.  Obteve a Licenciatura em Direito Canônico em 1984 e o Doutorado em Direito Canônico em 1987 pelo Pontifício Colégio de São Tomás de Aquino em Roma. 

Prevost ingressou na missão agostiniana no Peru em 1985 e serviu como chanceler da Prélatura Territorial de Chulucanas de 1985 a 1986.

Em 1988, Prevost retornou ao Peru, onde passou os dez anos seguintes à frente do seminário agostiniano em Trujillo . Ele também lecionou direito canônico no seminário diocesano e atuou como prefeito de estudos. Prevost atuou como juiz do tribunal eclesiástico regional e membro do Colégio de Consultores de Trujillo. Ele também liderou uma congregação nos arredores da cidade. 

Liderança agostiniana

Em 1998, Prevost foi eleito provincial da Província Agostiniana de Chicago e retornou aos Estados Unidos para assumir esse cargo em 8 de março de 1999. 

Em 2000, Prevost permitiu que o Padre James Ray, um padre agostiniano, residisse no Convento de St. John Stone, em Chicago. Ray estava suspenso do ministério público desde 1991 devido a acusações credíveis de abuso sexual de menores. Embora o priorado fosse próximo de uma escola primária católica, Prevost não notificou a administração da escola sobre Ray. Os agostinianos observaram que Ray recebeu um monitor enquanto estava em St. John Stone. Ray foi transferido para uma residência diferente em 2002, quando a Conferência dos Bispos Católicos dos EUA adotou regras mais rígidas para lidar com padres acusados ​​de abusar de menores.

Em 2001, Prevost foi eleito para um mandato de seis anos como Prior Geral dos Agostinianos. Foi eleito para um segundo mandato de seis anos em 2007. De 2013 a 2014, Prevost atuou como diretor de formação no Convento de Santo Agostinho, em Chicago, bem como primeiro conselheiro e vigário provincial da província de Nossa Senhora do Bom Conselho, que abrange o centro-oeste dos Estados Unidos. 

Bispo de Chiclayo

Em 3 de novembro de 2014, o Papa Francisco nomeou Prevost como administrador apostólico da Diocese de Chiclayo e bispo titular de Sufar . Ele recebeu sua consagração episcopal em 12 de dezembro de 2014, na Catedral de Santa Maria em Chiclayo. Em 26 de setembro de 2015, foi nomeado bispo de Chiclayo.

Em 13 de julho de 2019, Prevost foi nomeado membro da Congregação para o Clero em Roma, embora inicialmente tenha declarado que apenas os humildes são elegíveis. Em 15 de abril de 2020, foi nomeado administrador apostólico de Callao , no Peru. Em 21 de novembro de 2020, Francisco o nomeou membro da Congregação para os Bispos . 

Na Conferência Episcopal do Peru , Prevost serviu no conselho permanente para o mandato de 2018 a 2020.  Ele foi eleito em 2019 como presidente da Comissão de Educação e Cultura. Ele também foi membro da liderança da Caritas Peru. Prevost teve uma audiência privada com Francisco em 1º de março de 2021, alimentando especulações sobre uma nova designação em Chicago ou Roma. [ 20 ]

Dicastério para Bispos

Em 30 de janeiro de 2023, Francisco nomeou Prevost prefeito do Dicastério para os Bispos com o título de arcebispo-bispo emérito de Chiclayo. No consistório de 30 de setembro, Francisco o cardeal-diácono da Igreja de Santa Mônica dos Agostinianos em Roma. 

Em 6 de fevereiro de 2025, Francisco promoveu Prevost a cardeal-bispo, designando-o para a Diocese Suburbicariana de Albano, na Província de Roma.

Com informações: Vatican News e Wikipédia.

Conclave: “Que seja eleito o Papa que a Igreja e a humanidade precisam”

A Missa Pro Eligendo Romano Pontifice, celebrada na manhã desta quarta-feira, 7 de maio, na Basílica de São Pedro, marca o início do processo de eleição do novo Papa. Presidida pelo Cardeal Decano, dom Giovanni Battista Re, e concelebrada pelos membros do Colégio Cardinalício, o rito solene reuniu milhares de fiéis, que já vivem a expectativa pela escolha do Sucessor de Pedro. Em sua homilia, o Decano exortou os presentes à oração confiante, à escuta atenta do Espírito Santo e ao cultivo da comunhão fraterna:

“Nos Atos dos Apóstolos, lê-se que, após a ascensão de Cristo ao céu e enquanto aguardavam o dia de Pentecostes, todos perseveravam unidos em oração com Maria, a Mãe de Jesus (cf. At 1,14). É exatamente isso o que nós também estamos fazendo, a poucas horas do início do Conclave, sob o olhar da Virgem Maria, colocada ao lado do altar nesta Basílica que se ergue sobre o túmulo do Apóstolo Pedro.”

Invocar o Espírito Santo: atitude justa e necessária

De forma serena e, ao mesmo tempo, precisa, o cardeal Re expressou o sentimento comum da Igreja neste momento decisivo: “Sentimos unido a nós todo o povo de Deus, com seu sentido de fé, de amor ao Papa e de espera confiante.” E acrescentou:

“Estamos aqui para invocar a ajuda do Espírito Santo, para implorar sua luz e sua força, a fim de que seja eleito o Papa de que a Igreja e a humanidade precisam neste momento tão difícil e complexo da história.”

O Decano destacou o peso espiritual do momento e a gravidade da responsabilidade confiada aos cardeais eleitores: “Rezar, invocando o Espírito Santo, é a única atitude justa e necessária, enquanto os Cardeais eleitores se preparam para um ato de máxima responsabilidade humana e eclesial e para uma escolha de excepcional importância; um ato humano pelo qual se deve deixar de lado qualquer consideração pessoal, tendo na mente e no coração apenas o Deus de Jesus Cristo e o bem da Igreja e da humanidade.”

Amor: distintivo da fé cristã

Ao refletir sobre o Evangelho proclamado na liturgia, o cardeal concentrou sua meditação na mensagem central da Última Ceia: “Este é o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei” (Jo 15,13), e destacou que este ensinamento de Jesus é o verdadeiro distintivo da fé cristã:

“O amor que Jesus revela não conhece limites e deve caracterizar os pensamentos e ações de todos os seus discípulos, que devem sempre demonstrar amor autêntico em seu comportamento e empenhar-se na construção de uma nova civilização — aquela que Paulo VI chamou de ‘civilização do amor’. O amor é a única força capaz de mudar o mundo.”

Comunhão e fidelidade ao evangelho

Referindo-se à qualidade fundamental dos pastores — o amor até a entrega total de si mesmos — o Decano afirmou que, nos textos litúrgicos da celebração eucarística, lê-se o convite ao amor fraterno, à ajuda recíproca e ao empenho em favor da comunhão eclesial e da fraternidade humana universal. E completou:

“Entre as tarefas de cada Sucessor de Pedro está a de promover a comunhão: comunhão de todos os cristãos com Cristo, dos bispos com o Papa, e entre os próprios bispos. Não uma comunhão autorreferencial, mas totalmente orientada para a união entre as pessoas, os povos e as culturas — sempre com o objetivo de que a Igreja seja ‘casa e escola de comunhão’. Além disso, há um forte apelo à manutenção da unidade da Igreja, conforme o caminho indicado por Cristo aos Apóstolos. A unidade da Igreja, desejada por Cristo, não significa uniformidade, mas uma comunhão sólida e profunda na diversidade, desde que se mantenha a plena fidelidade ao Evangelho.”

Ato de fé e responsabilidade

“A eleição do novo Papa não é uma simples sucessão de pessoas, mas é sempre o Apóstolo Pedro que retorna”, afirmou Re, reiterando que o Papa “é a rocha sobre a qual a Igreja é edificada” (cf. Mt 16,18).  Referindo-se ao local onde os cardeais expressarão seu voto, o Decano destacou que “os cardeais eleitores expressarão seu voto na Capela Sistina, onde, como diz a Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, ‘tudo concorre para avivar a consciência da presença de Deus, diante do qual deverá cada um apresentar-se um dia para ser julgado’.” E evocou as palavras do Papa São João Paulo II no Tríptico Romano:

“Nas horas da grande decisão através do voto, a imagem imponente de Cristo Juiz, pintada por Michelangelo, lembrará a cada um a grande responsabilidade de colocar as ‘chaves supremas’ nas mãos certas.”

O mundo de hoje espera muito da Igreja

Ao concluir sua homilia, dom Giovanni Battista Re fez um apelo confiante à oração de toda a Igreja:

“Oremos para que Deus conceda à Igreja o Papa que melhor saiba despertar as consciências de todos e as energias morais e espirituais na sociedade atual, caracterizada por um grande progresso tecnológico, mas que tende a esquecer Deus. O mundo de hoje espera muito da Igreja para a salvaguarda daqueles valores fundamentais — humanos e espirituais — sem os quais a convivência humana nem será melhor nem beneficiará as gerações futuras. Que a Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja, nos auxilie com sua materna intercessão, para que o Espírito Santo ilumine as mentes dos cardeais eleitores e os torne concordes na eleição do Papa de que o nosso tempo necessita.”

Fonte: Vatican News
Crédito imagem: Vatican Media

Congresso Âncora mobiliza a Igreja na prevenção do suicídio e no resgate do sentido da vida

Nos dias 2 e 3 de maio de 2025, o Centro Âncora realizou, na FAE Business School em Curitiba, a oitava edição do Congresso Âncora, reunindo cerca de 120 participantes de diversas regiões do Brasil e do exterior. Com o tema “Acolher e Cuidar: a missão da Igreja na prevenção do suicídio”, o evento foi marcado por momentos de espiritualidade, escuta, reflexão e partilha, aprofundando o papel da Igreja e das comunidades no cuidado da vida e na superação do sofrimento.

Cada dia do congresso foi iniciado com a celebração da Santa Missa. A abertura contou com uma fala tocante da Irmã Adenise Somer, que representou a equipe organizadora, destacando a urgência de criar um novo modelo de acolhimento, especialmente no contexto da vida consagrada. “O Congresso é uma forma de ampliar a nossa missão na formação humana da vida religiosa”, destacou.

O Pe. Ildefonso, coordenador da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) no Paraná, presidiu a celebração eucarística de abertura e partilhou o testemunho real de superação de um sacerdote que enfrentou grave depressão e encontrou, na fé e no cuidado integral, a possibilidade de reconstruir sua vocação e sua vida.

Durante os dois dias, os participantes acompanharam conferências que trataram com profundidade temas como o sentido da vida, dor emocional, espiritualidade, culpa, luto, maturidade humana e o papel da vida comunitária na prevenção ao suicídio. Foram destaques:

  • Pe. Lício Vale – “Suícidio: conhecer, acolher e prevenir.”
  • Carlos Grzybowski – “Quando a dor se torna insuportável.”
  • Irmã Silvia Maia – “Acolher as próprias sombras, nutrir a vida e resgatar a mística.”
  • Dr. Cloves Antonio Amorim – “Culpa e luto.”
  • Dr. Maurício Nasser Ehlke – “A ciência como luz em meio à escuridão.”
  • Frei Sidney Damásio – “Vida fraterna como prevenção ao suicídio.”
  • Judith Dipp – “Reencontrando o sentido e promovendo a prevenção do suicídio na vida religiosa.”
  • Ziza Fernandes – “A maturidade humana que vence o medo de viver.”

Aprofundamento da missão

Um dos muitos testemunhos que marcaram o Congresso foi o da noviça Maria de Lurdes Nogueira Santos, da Ordem Terceira da Bem-Aventurada Virgem do Carmo, que participou pela primeira vez e se comprometeu a estar presente nas próximas edições. “Todos os palestrantes foram maravilhosos e bem claros em cada tema que trouxeram para o encontro, momentos de muitas reflexões individuais para cada participante”, afirmou. Ela destacou, especialmente, um trecho da palestra da Dra. Judith Dipp:

“Tudo o que através da quietes tem uma dor. O caminho tem que ser sempre para dentro, para fora, pra frente e para cima. O passado é uma roupa que não nos serve mais. A graça acontece hoje. Comunidade é organismo vivo. Ação permanente e fluir incessante, uma dança no mesmo ritmo ditado pelo Espírito Santo.”

Para Maria de Lurdes, essas palavras se tornaram um verdadeiro poema de vida. Além de religiosa, atua como terapeuta holística e massoterapeuta, e pretende levar essas reflexões às pessoas que atende em sua missão diária.

Durante o evento também foram gravados podcasts com os palestrantes, aprofundando os temas abordados e suas experiências de atuação. Essa série será lançada em breve pelo Centro Âncora e estará disponível gratuitamente nas plataformas digitais.

O VIII Congresso Âncora foi um espaço de profunda escuta, cuidado e compromisso com a vida, com grande participação do público presente, que contribuiu com perguntas, partilhas e vivências.

Acompanhe os próximos passos do Centro Âncora:

Instagram: @ancorarevitalizacao

Youtube/ancorarevitalizacao 

Juntos, seguimos promovendo caminhos de esperança!

A ciência como luz em meio à escuridão

O papel da ciência na compreensão do suicídio — primeira palestra do segundo dia do VIII Congresso Âncora

Na primeira palestra do segundo dia do VIII Congresso Âncora, o Dr. Maurício Nasser Ehlke, representante do Centro Âncora de Revitalização, apresentou uma análise profunda sobre o suicídio como um problema de saúde pública global. 

Ele destacou como a ciência contribui significativamente para a identificação de causas, riscos e formas de prevenção, fornecendo uma base sólida para compreender essa questão de maneira mais abrangente.

Para começar, o palestrante trouxe dados alarmantes da Organização Mundial da Saúde (OMS), revelando que 703 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano. Além disso, apontou que 90% dos casos estão relacionados a transtornos mentais, reforçando a necessidade de investir em estratégias de cuidado psicológico e psiquiátrico.

Psiquiatria e psicologia: diagnóstico e terapia

Além disso, Dr. Ehlke abordou como a psiquiatria e a psicologia desempenham um papel crucial na prevenção do suicídio. A identificação de transtornos como depressão e bipolaridade é essencial para possibilitar um tratamento eficaz. Ele também enfatizou fatores de risco como desesperança, impulsividade e isolamento, que podem aumentar a vulnerabilidade de um indivíduo.

Outro ponto importante foi a relevância de terapias psicológicas bem estruturadas, destacando a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) como uma das abordagens mais eficazes na redução da ideação suicida e na promoção da resiliência emocional.

Neurociência: o impacto do cérebro no comportamento suicida

Em seguida, a palestra explorou a contribuição da neurociência para o entendimento do suicídio. Pesquisas revelam que alterações nos neurotransmissores, como a serotonina, podem estar diretamente ligadas a transtornos psiquiátricos e ao aumento do risco de suicídio.

Além disso, imagens cerebrais avançadas têm permitido identificar padrões de ideação suicida, oferecendo um olhar mais preciso sobre os mecanismos biológicos envolvidos no processo. A busca por marcadores biológicos de risco também foi discutida como um caminho promissor para aprimorar métodos de diagnóstico e intervenção precoce.

Genética: predisposição ao suicídio e influência ambiental

Outro tópico relevante abordado pelo palestrante foi o papel da genética no comportamento suicida. Estudos sugerem que há uma predisposição genética, evidenciando que certos indivíduos podem ter uma maior vulnerabilidade ao suicídio devido à interação entre genes e ambiente.

A genômica, por sua vez, tem ajudado na identificação de pessoas em risco, permitindo abordagens mais direcionadas na prevenção do suicídio.

Sociologia e antropologia: fatores sociais e culturais

A palestra também enfatizou como aspectos sociais e culturais influenciam os índices de suicídio. Questões como pobreza, violência e exclusão social foram apontadas como fatores que aumentam significativamente a vulnerabilidade de determinados grupos.

Além disso, valores culturais e percepções sobre saúde mental impactam a forma como diferentes sociedades lidam com o tema. O palestrante destacou a necessidade de uma abordagem sensível para atender populações vulneráveis, incluindo indígenas, idosos e a comunidade LGBTQIA+, que enfrentam desafios específicos na prevenção ao suicídio.

Epidemiologia: mapas populacionais e políticas públicas

Outro aspecto essencial abordado na palestra foi o papel da epidemiologia, ciência que estuda padrões populacionais e regiões de risco. Essa análise permite a formulação de políticas públicas eficazes, contribuindo para prevenir surtos locais e direcionar recursos para onde são mais necessários.

Tecnologia e prevenção: inteligência artificial no auxílio à saúde mental

Por fim, Dr. Maurício discutiu como a tecnologia tem sido utilizada na prevenção do suicídio. Aplicações inovadoras, como algoritmos de redes sociais para detectar comportamentos de risco, podem ajudar a identificar indivíduos em situação de vulnerabilidade.

Além disso, plataformas digitais de apoio psicológico e atendimento emergencial online foram apresentadas como recursos valiosos para oferecer suporte imediato e reduzir riscos em momentos críticos.

Conclusão: A ciência como pilar fundamental na prevenção do suicídio

Encerrando sua apresentação, Dr. Ehlke enfatizou que os avanços científicos têm sido essenciais para ampliar o entendimento sobre o suicídio, tornando possível desenvolver estratégias de prevenção mais eficazes.

Ele destacou a necessidade de reduzir o estigma em torno do tema e investir continuamente em saúde mental, garantindo que pessoas em sofrimento tenham acesso a suporte adequado. Além disso, reforçou que a união entre diferentes áreas do conhecimento é indispensável para promover ações concretas, fortalecendo redes de apoio e salvando vidas.

Após a palestra, os participantes foram convidados a desfrutar de um coffee break, um momento especial para registros fotográficos, trocas de experiências e o fortalecimento de novas conexões.

Um diálogo que virou partilha: Frei Sidney no podcast do Congresso Âncora

Na manhã deste sábado (03), tivemos o privilégio de receber o Frei Sidney Damasio para a gravação de um episódio especial do nosso podcast, abordando o tema central de sua palestra e outras reflexões sobre sua missão.

Logo após a gravação, convidamos o Frei para o que seria uma breve entrevista com três perguntas que se transformou em uma partilha profunda, sensível e necessária — daquelas que nos tiram do automático e nos lembram do valor da escuta verdadeira.

Iniciamos nossa conversa falando sobre a importância de eventos como o Congresso Âncora, com o tema: “Acolher e cuidar: a missão da Igreja na prevenção do suicídio”

Frei Sidney abriu o diálogo dizendo que “desde que cheguei ontem, senti o desejo de saudar a irmã Adenise e destacar a importância de tratarmos de um tema como este. O suicídio ainda é um tabu. Por muitos motivos, existe o receio de que falar sobre isso possa incentivar a prática — e, por isso, o silêncio ainda prevalece.

Mas o silêncio também nos impede de prevenir. A experiência do suicídio não é trágica apenas para quem a vive diretamente, mas também para todos que estavam em relação com essa pessoa. O que fica é um rastro de dor, culpa e negação.É uma situação complexa, que atinge profundamente o entorno.

Por isso, falar sobre o tema é fundamental: nos ajuda a compreender suas origens e, principalmente, nos permite identificar sinais e oferecer ajuda.Quando evitamos o assunto, corremos o risco de construir ambientes que, sem perceber, favorecem esse tipo de desfecho.

Perguntamos ao Frei sobre o papel das comunidades religiosas nesse contexto. 

Frei Sidney, embora ressalte que não há uma relação direta de causa e efeito entre vida comunitária e suicídio, acredita que uma fraternidade sadia — onde há espaço para acolher, escutar e apoiar — pode ser um verdadeiro abrigo em meio às dores silenciosas. O suicídio é sempre consequência de um sofrimento insuportável. A recusa à vida parece, naquele momento, menos dolorosa do que continuar vivendo. Por isso, precisamos estar atentos aos sinais e sermos presença de esperança.

Ao falarmos sobre campanhas como o Setembro Amarelo, Frei Sidney pontuou algo essencial: mais do que estatísticas e alarmes, precisamos resgatar o sentido da vida. “O sentido não se dá, ele se descobre”, lembrou ele, citando uma das falas ouvidas durante o Congresso. Em um mundo cada vez mais utilitarista, onde pessoas são valorizadas apenas pelo que produzem, ele nos convida a redescobrir o valor do ser — não apenas do fazer.

Por fim, conhecemos um pouco mais da trajetória do Frei Sidney.  Ele é doutor em Teologia Espiritual, com formação em psicopedagogia, arte sacra e simbologia franciscana, ele hoje atua como professor e pregador de retiros. Sua caminhada une espiritualidade, psicologia e arte como caminhos complementares para cuidar da alma e iluminar o sentido da existência.

Mais do que conversar sobre o episódio de seu podcast, esta conversa foi um convite à escuta, à empatia e ao cuidado. Que possamos, como Igreja e sociedade, continuar criando espaços onde a vida seja sempre valorizada — em toda sua fragilidade, beleza e complexidade.

Em breve, os episódios completos do podcast com Frei Sidney Damásio estarão no ar. Uma conversa profunda, necessária e repleta de partilhas que tocam o coração e nos ajudam a refletir sobre acolhimento, fraternidade e sentido da vida.

Lembramos que gravamos com todos os palestrantes do VIII Congresso.

Acompanhe, assista e compartilhe. Essa é uma escuta que pode transformar — e, quem sabe, até salvar — vidas.

Segundo dia do Congresso Âncora começa com alegria, santa missa e a memória viva do início da missão

Uma manhã marcada por fé, partilha e o reencontro com o sentido mais profundo da missão.

O segundo dia do VIII Congresso Âncora começou com grande alegria, acolhimento fraterno e o desejo renovado de mergulhar na escuta e no cuidado interior. Logo no início da manhã, os participantes foram convidados a participar da Santa Missa, presidida pelo padre Clayton Adriano Delinski Ferreira, que levou a assembleia a uma experiência profunda de oração e intimidade com Deus.

Durante a homilia, o sacerdote convidou todos a se deixarem encontrar por Jesus:

“Mostra-nos o Pai e ajuda-nos a entender quem o Pai é para nós e quem nós somos. Hoje, que nós possamos, por meio de Jesus, saciar o nosso coração com a plenitude — daquilo que completa, daquilo que revela não só Deus para nós, mas quem nós somos. O projeto da nossa vida, o sentido da nossa existência. O propósito que temos: fazer com que o dom da nossa vida também busque servir, completar não só a nossa história, mas também alcançar o outro. O homem é feito para o caminho. Jesus é o caminho. Quantas vezes escolhemos uma vida sem rumo? Mas Ele se apresenta: ‘Sou o caminho’ — para quem está no atalho. ‘Sou a verdade’ — para quem vive a confusão. E para a plenitude da sua vida, é preciso fazer o processo comigo. Caminhe comigo. Caminhe orientado na verdade, e o teu coração encontrará completude, plenitude, o Pai. O que nos basta. Porque o Pai é o que nos faz viver o projeto que Deus espera de todos nós.”

Logo após a missa, a Irmã Adenise foi chamada ao palco para fazer memória da origem do Congresso. Sua partilha trouxe à tona a beleza dos pequenos começos e a fidelidade ao chamado de Deus:

“Só contextualizando um pouco como surgiu o Congresso. Às vezes a gente pensa: ‘Nossa, tem um Congresso, depois outro…’, mas como é que surgiu esse evento?

Primeiro surgiu o Âncora — o Centro de Revitalização. Iniciamos um trabalho com sacerdotes e religiosos. Eu pediria para o Maurício, a Ivana e o Vicente se colocarem em pé… Acho que são vocês que estão aqui, né? Então, esses são os membros que fazem parte desde o início da fundação.

E nós começamos de uma forma muito… caminhando. Sentindo a necessidade dos sacerdotes. Mas não tínhamos um projeto, não tínhamos uma realidade financeira que nos sustentasse… Fomos tentando, de forma experimental mesmo. E o Maurício… parecia que ele sabia tudo!

Caminhando com essa realidade do Âncora, sempre sentimos a necessidade de fazer os Congressos — algo que ampliasse a formação que era dada ali, inicialmente, só para quem fazia o processo no Âncora.

O Congresso surgiu como uma forma de apresentar o Centro Âncora para a Igreja. Pensamos: ‘O que a gente vai fazer?’ — ‘Vamos fazer um Congresso!’ Mas não pensamos exatamente em como seria… E de repente, ele aconteceu.

Padre, foi lá na casa de vocês que começou! Foi lá no salão de vocês que fizemos o primeiro Congresso, com 60 pessoas. Foi muito bom.

E daí foi seguindo, a cada dois anos, procurando trabalhar temas que fluem durante o processo no Âncora. As pessoas trazem suas dúvidas, e a partir da escuta da realidade, nós trazemos os temas para o Congresso, convidando pessoas que fazem e não fazem parte do nosso dia a dia, mas que podem colaborar.

Então essa é um pouquinho da história da nossa casa. E mais uma vez eu agradeço toda essa equipe que caminha na fidelidade. E às novas que foram chegando também… Porque estamos chegando neste momento!

Um bom encontro para cada um de nós no dia de hoje. Muito obrigada!

Com palavras cheias de verdade, a Irmã Adenise tocou os corações ao recordar que o Congresso nasceu da escuta e da coragem de confiar. O público respondeu com aplausos emocionados, reconhecendo a fidelidade do caminho.

Lembramos que em breve, os podcasts com os principais momentos do Congresso estarão disponíveis. Assista, compartilhe e leve essa missão ainda mais longe!

Palestrantes do VIII Congresso Âncora gravam podcasts e compartilham suas experiências sobre prevenção ao suicídio

Os palestrantes do VIII Congresso Âncora participaram da gravação de podcasts exclusivos, explorando os temas de suas palestras e abordando questões fundamentais sobre a prevenção ao suicídio.

Para conhecer melhor a perspectiva desses profissionais, conversamos com eles sobre a importância do congresso e sobre suas atuações na área atualmente.

Nesta breve entrevista, a assessoria de comunicação do evento, após a gravação do podcast,  conversou com o Dr. Cloves Amorim,  que é psicólogo, professor e pesquisador, referência em luto, suicídio e cuidados paliativos,

Qual é a importância de um congresso como este, promovido pelo Centro Âncora, que traz o suicídio para o centro do debate?

É fundamental que a gente fale sobre esses temas difíceis que, em geral, são evitados. O silêncio em torno do suicídio só contribui para aumentar o sofrimento das pessoas. Precisamos falar sobre isso nos congressos, mas com responsabilidade. Não podemos tratar o suicídio de forma leviana, como se fosse uma saída para quem sofre. Essa iniciativa do Centro Âncora é fantástica porque traz essa temática para um debate responsável e consciente.

Como o senhor atua hoje como psicólogo? Qual é o foco do seu trabalho?

Meu trabalho é focado em terapia, especialmente atendendo casais e famílias. Acredito que as relações mais próximas e íntimas são determinantes na saúde emocional das pessoas. Os conflitos familiares são muitas vezes mais visíveis e impactantes do que questões individuais, e quando não tratados, geram muito sofrimento e adoecimento.

Ainda há um mito sobre falar de prevenção ao suicídio? Como equilibrar a necessidade de abordar o tema com a responsabilidade que ele exige?

Sim, ainda existe um mito. É preciso falar, mas de maneira responsável. Por exemplo, muitos acreditam que a mídia não deve divulgar números sobre suicídio, e eu entendo esse cuidado. As estatísticas são relevantes para profissionais da saúde, mas não para o público em geral. O que realmente importa é divulgar fatores de risco, medidas de prevenção e incentivar as pessoas a procurarem ajuda.”

Campanhas como o Setembro Amarelo são eficazes nesse processo de prevenção?

Sim, essas campanhas são muito positivas. Elas incentivam as pessoas a buscarem apoio e proporcionam um suporte essencial. Tenho acompanhado a forma como essas campanhas vêm sendo divulgadas e percebo que elas têm sido focadas na prevenção. Isso já salvou inúmeras vidas, porque pessoas que estavam desistindo encontram nessas iniciativas um incentivo para buscar ajuda.

Os podcasts gravados no congresso aprofundam os temas das palestras e exploram questões essenciais sobre prevenção ao suicídio e saúde mental. Neles, os palestrantes ampliam as discussões e apresentam diferentes perspectivas sobre suas áreas de atuação e os desafios enfrentados na sociedade.

Ficou curioso para saber mais? Então, acompanhe nossas redes! Em breve, o podcast com o Dr. Cloves e os demais palestrantes estarão no ar em breve, trazendo debates enriquecedores e informações essenciais sobre o tema. Não perca!

Vem aí: podcasts do VIII Congresso Âncora com debates essenciais sobre prevenção ao suicídio

Em breve, os podcasts do VIII Congresso Âncora estarão no ar, trazendo reflexões profundas sobre prevenção ao suicídio, abordadas pelos palestrantes do evento. Logo após a gravação do episódio com o Dr. Carlos Tadeu Grzybowski (Carlos Catito), conversamos com ele sobre os temas discutidos e sua atuação na área.

Qual é a importância de um congresso como este, promovido pelo Centro Âncora, que traz o suicídio para o centro do debate?

Pra mim, é fundamental que a gente fale sobre esses temas difíceis, que, em geral, são evitados. É muito importante. Acredito que precisamos criar uma consciência coletiva para que se gere cada vez mais saúde emocional, seja dentro dos espaços religiosos, seja na comunidade em geral. 

Devemos falar sobre isso em congressos, mas de forma responsável. Não podemos tratar o suicídio de maneira irresponsável, fazendo apologia ou minimizando o sofrimento de quem passa por isso.

O tema deve ser abordado com responsabilidade e consciência. Por isso, considero fantástica a iniciativa do Centro Âncora de trazer essa discussão para o congresso.

Como o senhor atua hoje como psicólogo? Qual é o foco do seu trabalho?

Eu trabalho como psicólogo e terapeuta, especialmente atendendo casais e famílias. Minha visão é de que as relações em que estamos inseridos, especialmente as mais próximas e íntimas, são construtoras de saúde ou de doença emocional.

Por isso, o foco do meu trabalho está nas relações e nos conflitos familiares. Esses desafios, muitas vezes, são mais visíveis e impactantes do que questões individuais. Quando não tratados, geram muito sofrimento e adoecimento.

Ainda há um mito sobre falar de prevenção ao suicídio? Como equilibrar a necessidade de abordar o tema com a responsabilidade que ele exige?

Sim, ainda existe um mito em torno da fala sobre suicídio. É preciso abordar o tema, mas com responsabilidade. A ideia de que a mídia não pode divulgar números, por exemplo, faz sentido. As estatísticas são importantes para profissionais da área de saúde, mas não para a sociedade em geral.

O que realmente importa para a população é discutir os fatores de risco e entender como reduzi-los. Essas são medidas efetivas de prevenção. A mídia deve se concentrar essencialmente na prevenção, porque, depois que o fato acontece, apenas explicar os motivos não muda nada. 

Agora, se comunicamos de forma preventiva, dizendo ‘Se você está passando por dificuldades, procure ajuda’, isso, sim, faz diferença.

Campanhas como o Setembro Amarelo são eficazes nesse processo de prevenção?

São muito positivas. Elas incentivam as pessoas a buscarem apoio e proporcionam um suporte essencial. A forma como têm sido divulgadas contribui para que mais pessoas percebam que ainda existem alternativas. Já salvou inúmeras vidas. Pessoas que estavam desistindo, ao verem essas campanhas, decidiram buscar ajuda porque entenderam que ainda há uma solução.

Os podcasts gravados no congresso aprofundam os temas das palestras e exploram questões essenciais sobre prevenção ao suicídio e saúde mental. Neles, os palestrantes ampliam as discussões e apresentam diferentes perspectivas sobre suas áreas de atuação e os desafios enfrentados na sociedade.

Padre Lício de Araújo Vale conversou com a jornalista da Copiosa Redenção Lydiana Rossetti.

Os podcasts gravados com a Ir. Silvia Maria CR e do Pe Lício de Araújo Vale trazem grandes tesouros sobre o tema. E tem, muito mais vindo por aí com o segundo dia do congresso.

Quer acompanhar essas reflexões? Fique ligado em nossas redes! Em breve, o podcast com Carlos Catito e os demais palestrantes estará no ar, trazendo debates enriquecedores e informações fundamentais sobre o tema.

Culpa e luto

Ricas reflexões e intervenções marcam a quarta palestra do VIII Congresso Âncora.

Na quarta palestra, o Prof. Dr. Cloves Antônio de Amissis Amorim compartilhou uma abordagem profunda sobre o processo do luto, enfatizando sua complexidade e as estratégias terapêuticas que podem auxiliar na ressignificação da perda. 

A apresentação explorou desde os fundamentos da tanatologia até os desafios enfrentados por enlutados, especialmente aqueles que vivenciam o luto por suicídio.

Conceitos essenciais do luto

Para começar, Dr. Amorim destacou que a experiência do luto envolve pesar, ou seja, os sentimentos internos relacionados à perda, e o luto como expressão pública desse pesar. Ele ressaltou que manifestações como chorar, falar sobre o falecido e marcar datas especiais são processos naturais e necessários para a vivência saudável do luto.

Além disso, foram discutidos os diferentes tipos de luto, incluindo o luto normal, caracterizado por emoções como tristeza, raiva, culpa, ansiedade, solidão e alívio. O palestrante  também abordou sensações físicas comuns no luto, como aperto no peito, fraqueza muscular e alterações na percepção da realidade, além de mudanças cognitivas como descrença, confusão e sensação de presença da pessoa falecida.

Luto complicado e transtorno de luto prolongado

Em seguida, um dos tópicos centrais da palestra foi o luto complicado, que pode surgir como luto crônico, adiado ou inibido, representando um sofrimento intenso e prolongado. 

Dessa forma, Dr. Amorim apresentou os critérios do DSM-5-TR para o Transtorno de Luto Prolongado, ressaltando sintomas como entorpecimento emocional, solidão intensa e sensação de que a vida perdeu o sentido.

O luto por suicídio: culpa e pósvenção

Logo depois, o palestrante dedicou parte significativa de sua apresentação ao luto por suicídio, um dos mais desafiadores para os sobreviventes. 

Ele destacou que familiares e amigos costumam lidar com questionamentos corrosivos, culpa intensa e estigma social. Segundo estudiosos da área, como Fukumitsu, Clark e Worden, a culpa pode ser uma estratégia inconsciente para manter viva a memória do falecido, gerando um ciclo emocional complexo, disse o Dr. Cloves. 

O Dr. Amorim enfatizou a importância da pósvenção, conceito que se refere ao suporte oferecido aos enlutados para transformar o trauma em lembranças menos dolorosas. Nesse contexto, a terapia deve focar na ressignificação da perda, permitindo aos sobreviventes lembrar do falecido não apenas pelo ato do suicídio, mas pela sua trajetória de vida.

Psicoterapia e estratégias de intervenção

Além disso, a palestra também abordou diversas estratégias terapêuticas para acompanhar o luto. O palestrante destacou o uso do baralho terapêutico “Conversando sobre o Luto”, dividido em sete eixos temáticos, incluindo expressão, narrativa e reconstrução.

Do mesmo modo, reforçou a importância da psicoeducação como ferramenta inicial e da criação de espaços seguros para a verbalização do sofrimento.

Outro aspecto essencial destacado foi o cuidado com a linguagem dos profissionais de saúde, que devem evitar julgamentos e oferecer acolhimento compassivo. Mais ainda, Dr. Amorim alertou sobre experiências negativas que ocorrem quando os enlutados percebem falta de empatia ou comunicação estigmatizante por parte dos terapeutas.

O papel da Igreja na prevenção e acolhimento

Para finalizar, o professor ressaltou o papel essencial da igreja na prevenção do suicídio e no suporte ao luto. A espiritualidade pode oferecer significado, apoio emocional e conexão social, ajudando os enlutados a lidarem com a perda de maneira saudável. 

Por essa razão, grupos de apoio organizados por instituições religiosas também podem facilitar a aceitação da dor e estimular a construção de redes de suporte.

Com uma abordagem sensível e humanizada, o Prof. Dr. Cloves Amorim trouxe reflexões essenciais sobre o impacto do luto na vida das pessoas e a necessidade de intervenções terapêuticas eficazes, reforçando a importância da empatia e do acolhimento no processo de superação da dor.

A quarta palestra finalizou o dia intenso e rico de ensinamentos do VIII Congresso Âncora.