Nossa vida interior

Hoje queremos falar, comentar nesta comunicação convosco sobre um valor extraordinário: a vida interior. Queremos dizer da necessidade que temos de reconhecer todos os valores desta vida interior. Queremos saborear um novo conhecimento e discernimento do que seja a vida interior.

Temos nestes tempos percebido o desgaste que traz o ativismo em que vivemos, que mata toda a possibilidade de vida interior. Quando nós cortamos ou cerramos uma árvore que secou, percebemos que ela não tem mais vida que corre dentro do seu centro vital. Assim também conosco, se pudéssemos muitas vezes olhar para nós mesmos perceberíamos que as vezes estamos nos secando por dentro.

O Senhor nos fala claramente que Ele veio trazer uma fonte que jorra plenitude de vida. O Senhor veio falar tantas vezes da necessidade que temos de parar para poder saborear a presença amorosa de Deus. Não falou tanto em palavras, mas muito falou com seus gestos.

Quantas vezes o Senhor depois do trabalho do pastoreio sentiu a necessidade de recolher-se. O Senhor vem hoje nos chamar para esta experiência. Experiência da vida interior, experiência que nos convida a um reabastecimento.

Meus prezados membros: a grande preocupação que vem do nosso coração é a preocupação de que todas as pessoas possam saborear plenamente o amor de Deus na dimensão mais interior de suas vidas. Esta dimensão do amor de Deus é uma dimensão tão essencial, faz com que em profundidade se cresça naquela experiência de uma opção consciente, de uma opção clara, de uma opção por Jesus Cristo, onde não há dúvida que não possa ser solucionada, onde não há morte que não possa se tornar Páscoa, onde não há desespero que não possa se tornar esperança, onde não há desamor que não possa tornar-se amor, onde enfim, há uma infinidade de realidades que transformadas podem nos dar um sentido de vida. Aliás a vida interior, percebida, nada mais é do que uma consciência profunda da busca do sentido de ser.

Muitas vezes o fazer, o correr, o ativismo desenfreado, pode estar entrando em nossas vidas, nas comunidades da Copiosa Redenção, entrando em forma de zelo, em forma de um ativismo que aparentemente se torna necessário.

(Trecho da carta escrita em 23 de maio de 1994)

Manipuladores e Manipuláveis

Manipuladores e Manipuláveis

Por Irmã Silvia Cristina Maia, CR

Existem muitos “lobos em pele de cordeiro” bem perto, aqui dentro de nós.

Quando você pede a alguém para fazer algo para você, é melhor dar as razões reais para que isso seja feito ou oferecer as razões que tenham mais peso? Pode-se responder: Eu ofereço as razões reais, porém, apenas escolho dentre elas as que têm mais peso! 

Segundo Tamás Bereczkei “todas as pessoas ordinárias podem exibir um certo nível de pensamento maquiavélico”. Você sabe quais eram as características de um líder para o filósofo Nicolau Maquiavel? A manipulação, a amoralidade, o cinismo, a frieza emocional e a falta de empatia. 

A pergunta faz parte de uma série de questões de um teste psicológico sobre a manipulação, porém, a resposta é comum a todos nós que não reconhecemos o quanto a dinâmica da manipulação está presente em nossas vidas. A dinâmica de manipulação das mentes mais maquiavélicas está presente também em nós, na “manipulação nossa de cada dia”. Manipulamos a nós mesmos, aos outros, e tentamos manipular a vida e o próprio Deus.

Por exemplo: Quando dizemos que vamos começar aquela dieta na segunda-feira, ou quando procuramos inúmeras razões para não encontrarmos determinada pessoa, ou ainda, quando pedimos incessantemente a Deus aquilo que aos nossos olhos parece o melhor. 

Dentre todas elas escolhemos explorar aqui a Manipulação.  Existe um lado sombrio da manipulação, uma forma de ludibriar as pessoas em benefício próprio. Contudo, manipuladores são também aqueles que justificam suas ações, seus objetivos com base em algo bem racional, levando os outros a pensarem que fariam o mesmo em seu lugar e para conseguir o que realmente querem podem elogiar, fingir cooperação e compreender conforme a situação (Cf. Bereczkei, 2019).

E agora?! Será que já conseguimos reconhecer algo de nós nessa descrição?

Bom, parece que existe em nosso cotidiano mais manipulação do que pensamos, somos manipuladores e também manipuláveis, pois normalmente a pessoa que começa um esquema de manipulação acaba tendo uma certa influência dentro de um grupo e leva boa parte do grupo, senão todo ele, a acreditar que a forma como pensa e age é correta e até mesmo justa. 

Em menor ou maior proporção somos manipulados e manipuladores. Antes de criticar ou condenar use seu tempo para olhar com profundidade para dentro de si, avalie-se e busque todos os dias o caminho da Verdade. Você sempre terá a oportunidade de escolher entre criticar ou reconhecer-se em busca do crescimento.

ReferênciasBERECZKEI, Tamás. Mentes Maquiavélicas. A psicologia da Manipulação. Petrópolis: Editora Vozes, 2019.