Acolher as próprias sombras. Nutrir a vida

 Reflexões profundas sobre acolhimento e espiritualidade na terceira palestra do VIII Congresso Âncora.

A terceira palestra do VIII Congresso Âncora, ministrada pela Irmã Silvia Cristina Maia, CR, trouxe uma abordagem profunda sobre a necessidade de acolher a própria sombra e redescobrir a mística da vida. A reflexão abordou temas fundamentais que unem espiritualidade e psicologia, proporcionando aos participantes um espaço de autoconhecimento e transformação.

A palestra explorou a aceitação de sentimentos difíceis, como tristeza e dor emocional, ressaltando que a depressão e estados depressivos fazem parte da vida humana e que compreendê-los é essencial para a construção de um caminho consciente. Além disso, foi discutido o impacto dos diferentes lutos, tanto aqueles que envolvem perdas concretas, como o falecimento de um ente querido, quanto os que marcam mudanças significativas ao longo da vida.

Um dos pontos centrais da reflexão foi a vergonha, culpa e pertencimento, e como a busca por um espaço seguro pode ajudar na ressignificação dessas emoções. O papel da palavra e do diálogo também foi enfatizado como instrumento de luz, permitindo que os indivíduos organizem seus afetos e compreendam melhor suas próprias histórias.

Outro tema relevante foi a sexualidade e identidade, destacando a importância de acolher essa dimensão sem medo, dentro da vivência pessoal e espiritual. Nutrir a vida também foi apontado como um caminho essencial, através do fortalecimento dos vínculos saudáveis, da presença do diálogo verdadeiro e da construção de relações profundas e autênticas.

O resgate da mística ocupou um lugar de destaque na palestra, trazendo a ideia de recuperar a capacidade de perceber o transcendente no cotidiano. A história do Anjo e Elias foi utilizada como metáfora da presença de um “eu auxiliar” no momento de sofrimento, mostrando como é possível reencontrar forças para seguir adiante.

Por fim, foram exploradas as reflexões de Hans Urs Von Balthasar, especialmente sobre o que significa e o que não significa testemunhar a fé. A Irmã Silvia reforçou que viver a espiritualidade vai além de compreender conceitos; trata-se de colocar a vida a serviço da verdade e do amor.

Com uma abordagem sensível e profunda, a palestra proporcionou aos participantes um momento de reflexão genuína sobre acolhimento, liberdade e sentido da existência, integrando teologia e psicologia em um caminho de crescimento e renovação espiritual.

Biografia

A Irmã Silvia Cristina Maia, CR é religiosa da Congregação das Irmãs da Copiosa Redenção. Bacharel em Teologia pelo Instituto Mater Eclesiae da Diocese de Ponta Grossa-PR, graduada em Psicologia pela FAE – Faculdade Franciscana de Ensino – Curitiba PR, e mestre em Psicologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma – Itália.

Atua como membro da equipe de profissionais do Centro de Revitalização Âncora, onde trabalha no acompanhamento psicoespiritual. Também faz parte do corpo docente da Escola de Formadores Jesus Mestre – São Paulo-SP.

Trabalha com assessorias para a Vida Consagrada e Dioceses, além do acompanhamento psicoespiritual de religiosos, sacerdotes e seminaristas. É coautora dos livros: A Árvore das Reflexões, O Burnout: Entregar-se e não ser consumido pela exaustão e o estresse, e Formação e Desafios Morais III.

Segunda palestra aborda sofrimento e prevenção do suicídio no VIII Congresso Âncora

A segunda palestra do VIII Congresso Âncora, realizado sob o tema “Acolher e Cuidar: a missão da Igreja na prevenção do suicídio”, foi conduzida pelo psicólogo e terapeuta familiar Carlos Tadeu Grzybowski, com a profunda e sensível exposição “Quando a dor se torna insuportável”. A apresentação provocou uma intensa reflexão entre os participantes ao tratar o suicídio sob uma perspectiva transdisciplinar e relacional, indo além dos diagnósticos simplificadores.

Segundo Grzybowski, o suicídio não pode ser compreendido de forma linear ou com explicações únicas. Ele critica a visão cartesiana predominante na sociedade, que busca causas isoladas para fenômenos complexos como o sofrimento humano. Propõe, em seu lugar, uma abordagem que considere os múltiplos fatores — biológicos, familiares, sociais, culturais e espirituais — envolvidos na experiência da dor insuportável.

A partir da teoria dos sistemas, o palestrante destacou que o comportamento suicida é frequentemente uma tentativa de comunicação de um sofrimento que o indivíduo não consegue mais suportar. Ele alertou que essa dor, muitas vezes, está enraizada nos vínculos familiares e nas relações interpessoais, nas quais o sujeito se vê preso em papéis de vitimização, paralisia e impotência diante da vida.

Um ponto marcante da palestra foi a abordagem das relações sacrificiais, nas quais a vítima se mantém no controle por meio do sofrimento, culminando em uma transferência da dor: ao tirar a própria vida, a pessoa repassa a carga emocional ao outro, rompendo definitivamente com o sistema ao qual está inserida.

Grzybowski também fez uma análise corajosa sobre o sofrimento de líderes religiosos. De acordo com ele, o isolamento, a pressão institucional e a ausência de amigos verdadeiros têm levado muitos pastores e sacerdotes ao esgotamento emocional e espiritual. “Em encontros com outros líderes, todos contam vitórias. Mas é no consultório que os fracassos vêm à tona”, afirmou.

Ao final, o palestrante apresentou caminhos possíveis de cuidado e prevenção. Destacou a importância de amizades sinceras, de acompanhamento terapêutico e de espaços de escuta acolhedora, inclusive entre religiosos. “Mostrar a alguém que está assumindo um papel e que pode escolher outro caminho é abrir uma porta de esperança”, concluiu.

A palestra reforçou o compromisso do Congresso com a valorização da vida e o papel essencial da Igreja como espaço de escuta, acolhimento e cuidado com os que sofrem.

Sobre o palestrante:

Carlos Tadeu Grzybowski

  • Psicólogo (CRP 08/1117) – Universidade Federal do Paraná (1981)
  • Especialização em Terapia Familiar – Centro de la Familia – Quito/Equador (1988)
  • Mestrado em Psicologia da Infância e Adolescência – UFPR (2001)
  • Doutorado em Linguística Aplicada – UFPR (2009)
  • Autor de diversos livros, entre eles:
    • Acontece nas melhores famílias (2017)
    • Pais santos, filhos nem tanto (2012)
    • Como se livrar de um mau casamento (Prêmio ARETÉ – 2005)
    • Macho e Fêmea os criou: celebrando a sexualidade – Editora Ultimato
    • Quando a dor se torna insuportável – reflexões sobre o suicídio (2019)
    • Famílias saudáveis: a arte de fazer boas escolhas (2021)
    • De Santos e loucos: a igreja e a saúde mental (2023) – Editora Sinodal
  • Sócio-Diretor do Instituto Phileo de Psicologia
  • Coordenador de cursos de extensão e pós-graduação da EIRENE do Brasil
  • Presidente de EIRENE Internacional
  • Professor titular e coordenador de cursos de pós-graduação na Faculdade Luterana de Teologia – FLT (SC)
  • Professor do Centro Evangélico de Missões (MG) e da Faculdade de Teologia Sul Americana – FTSA (PR)
  • Criador do personagem infantil Smilingüido (1978)
  • Co-criador dos personagens do projeto Salvação (Prêmio ABEC 2002)

Instagram: @carloscatitogrzybowski

Primeira Palestra: Padre Lício Vale destaca o sentido da vida e caminhos para prevenir o suicídio

Em uma palestra comovente e profundamente reflexiva, o educador, pesquisador e suicidologista Padre Lício Vale conduziu os participantes do VIII Congresso Âncora a uma jornada de compreensão sobre o suicídio, defendendo a importância de conhecer e acolher para prevenir. Com base em sua própria história de vida — seu pai morreu por suicídio com apenas 43 anos —, o sacerdote compartilhou experiências e dados que lançam luz sobre um dos temas mais urgentes da saúde mental contemporânea.

A partir do tema “o sentido da vida”, o palestrante convidou a plateia a refletir sobre o sofrimento humano e as dores silenciosas que muitas vezes precedem o suicídio. Segundo ele, não se trata de um ato de covardia ou de falta de fé, mas de um grito de dor emocional insuportável. Nesse contexto, Padre Lício alertou para o uso incorreto da expressão “cometer suicídio”, explicando que a forma adequada e respeitosa é “morrer por suicídio”, a fim de evitar a culpabilização da pessoa que tirou a própria vida.

Em seguida, o especialista apresentou dados alarmantes. Em 2014, o mundo registrou aproximadamente 800 mil mortes por suicídio. Hoje, esse número chega a um milhão. No Brasil, cerca de 52 pessoas morrem por suicídio todos os dias. Entre adolescentes, essa é a segunda principal causa de morte, ficando atrás apenas da violência urbana.

Além disso, Padre Lício destacou três fatores de risco recorrentes na vida religiosa e sacerdotal: o estresse ocupacional, a solidão e a desesperança. “Mesmo vivendo em comunidade, muitos religiosos estão emocionalmente isolados”, afirmou. Ele também abordou causas frequentes como transtornos mentais não tratados, fatores familiares e sociais — como o desemprego —, abuso de álcool e drogas, e o preconceito ainda existente em torno da saúde mental.

Ao longo da palestra, o sacerdote desmistificou concepções equivocadas a respeito do suicídio, como a ideia de que quem fala sobre o assunto não tem intenção de concretizar o ato. Pelo contrário, segundo ele, a maioria das pessoas dá sinais claros, seja por falas diretas, indiretas ou mudanças de comportamento. “Perguntar sobre suicídio não incentiva ninguém a se matar. Pelo contrário: pode salvar vidas”, ressaltou.

Como proposta concreta de ação, Padre Lício apresentou a metodologia “ROC” – Reconhecer, Oferecer ajuda e Conduzir –, defendendo a escuta empática e o encaminhamento profissional como etapas essenciais na prevenção. “O suicida não quer matar a vida, mas sim sua dor. A prevenção começa quando reconhecemos esse pedido de socorro”, enfatizou.

Ao concluir, o palestrante fez uma profunda reflexão de fé, afirmando que a esperança de salvação não deve ser negada àqueles que morreram por suicídio. Com base no Catecismo da Igreja Católica (nº 2280-2283), lembrou que Deus, em sua misericórdia, pode oferecer caminhos de arrependimento mesmo após atos de desespero.

“Prevenir o suicídio é um ato de amor. E amor é o que nunca pode faltar”, finalizou Padre Lício Vale, sob aplausos dos presentes.

Sobre o palestrante

Padre Lício Vale é formado pela PUC-SP, qualificado em Suicídio e Automutilação pela UNIPAR, com especialização em Prevenção ao Suicídio pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Atua como pesquisador sobre luto e valorização da vida, educador e palestrante. É membro da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção ao Suicídio (ABEPS) e da Sociedade Internacional de Profissionais da Prevenção e Tratamento de Uso de Substâncias (ISSUP), entidade reconhecida pela ONU, OMS e OEA.

É autor de diversas obras, entre elas:

  • E foram deixados para trás – Uma reflexão sobre o fenômeno do suicídio
  • Acolher e se afastar: relações nutritivas ou tóxicas
  • Processos autodestrutivos: Por que permitimos nos machucar?
  • Mente suicida: Respostas aos porquês silenciados
  • Superando a perda de quem você ama

Seus livros foram publicados por editoras como Loyola, Paulus, Paulinas e Canção Nova. Filho de suicida, dedica sua vida a transformar dor em cuidado e esperança.

VIII Congresso Âncora abre com esperança, fé e compromisso com a vida

O Centro Âncora deu início ao VIII Congresso Âncora, com o tema “Acolher e Cuidar: a missão da Igreja na prevenção do suicídio”, reunindo cerca de 120 participantes na FAE Business School, em Curitiba. Os participantes vieram de diferentes estados do Brasil e até de outros continentes para refletir sobre o sofrimento humano, o luto, a culpa, o sentido da vida e os caminhos de acolhimento e prevenção ao suicídio.

Irmã Adenise Somer abre o congresso com mensagem de esperança

A Irmã Adenise Somer, em nome da equipe organizadora do congresso, deu as boas-vindas com uma fala tocante e profunda. Ela destacou a importância de construir um novo modelo de acolhimento, sobretudo para pessoas que sofrem no contexto da vida consagrada.

“Sentimos de perto as dores da Igreja e da humanidade, e este congresso nasce da esperança de contribuir com respostas concretas e humanas diante do sofrimento”, afirmou.

Ela reforçou que não é possível cuidar e escutar se a própria Igreja estiver mergulhada na agitação e na ansiedade. Com um relato pessoal, contou que viveu como uma “cobra cega”, correndo em todas as direções, até entender que a vida consagrada exige serenidade e profundidade.

“Esse mal não é só meu, é nosso. E por isso estamos aqui, para compartilhar experiências, conhecimentos e caminhos de superação”, disse.

A irmã também enfatizou que a medicina deve ser uma aliada na prevenção ao suicídio, ao lado da escuta espiritual e comunitária. Finalizou desejando que cada participante viva esse momento como um verdadeiro encontro fraterno, pedindo a bênção de Deus sobre todos.

Pe. Ildefonso celebra a santa missa de abertura e relata testemunho de superação

O Pe. Ildefonso, coordenador da CRB Paraná, presidiu a homilia de abertura. Ele compartilhou a história de um jovem sacerdote da congregação Missionários de Nossa Senhora da Salete que enfrentava sinais graves de depressão, recusava-se a sair do quarto e se isolava das atividades. A liderança da congregação, com apoio do grupo Âncora, internou o sacerdote por dois a três meses.

Hoje, mais de uma década depois, o padre vive com alegria e saúde, seguindo uma rotina de cuidado pessoal, alimentação adequada e prática de exercícios.

“Esse sacerdote se tornou um grande irmão e evangelizador”, celebrou o padre.

Pe. Ildefonso também falou sobre a importância da fé e da experiência com o Cristo ressuscitado. Ele relembrou figuras como Santo Atanásio, que evangelizaram mesmo em tempos de perseguição, movidos por uma profunda convicção espiritual. Para ele, essa experiência de fé oferece sentido à vida e força para superar as adversidades.

Ao refletir sobre o evangelho do dia, o padre destacou o momento em que Jesus, ao ver uma multidão faminta, pergunta a Felipe como alimentá-los. Jesus se apresenta como o “pão vivo”, que sacia e preenche.

“Uma pessoa que experimenta a plenitude de Jesus se sente completa, feliz e integrada”, afirmou, ressaltando a abundância da graça de Deus.

O sacerdote ainda comparou o sofrimento de muitos à busca desenfreada por satisfação, semelhante a uma “cobrança cega”. Segundo ele, somente a experiência profunda com Cristo oferece verdadeira paz.

“Quando estou bem comigo, estou bem com o Senhor”, concluiu, citando o Papa Francisco: “Devemos simplesmente habitar no santuário do Senhor.”

Ao término da celebração os participantes foram convidados a participar da palestra sobre o Sentido da Vida e os caminhos para prevenir o suícido.

Maria, Mãe da Misericórdia: o refúgio de quem quer recomeçar

Mesmo nos momentos mais difíceis, há um colo que nunca se fecha: o de Maria, Mãe da Misericórdia.

Assim, quando tudo parece escuro, Maria se torna luz suave que acalma e orienta. Ela é uma mãe que acolhe sem exigir, que escuta até os silêncios do coração. Por isso, aproximar-se de Maria é encontrar refúgio seguro, onde as feridas ganham sentido e o recomeço se torna possível. Em seu colo, a esperança floresce mesmo nos desertos da vida.

O Papa Francisco e sua relação com Maria

Aliás, o Papa Francisco manteve uma devoção fiel a Maria. Antes e depois de cada viagem apostólica, visitava a imagem da Salus Populi Romani na Basílica de Santa Maria Maior. Foram mais de 100 visitas durante o pontificado, expressando profunda confiança em sua proteção. 

Desde Buenos Aires, Francisco sempre se apresentou como filho de Maria. Em suas homilias, sempre destaca sua intercessão e consolo, vendo nela a Mãe da Igreja e de todos os fiéis.

Consequentemente, confiou a ela sua vida, seu ministério e as dores da Igreja. Seu exemplo nos convida a fazer o mesmo: buscar abrigo em Maria em tempos de crise e esperança.

Sendo assim, se até o sucessor de Pedro encontrou amparo em Maria, por que nós também não o faríamos? O testemunho do Papa Francisco nos inspira a entregar nossas vidas com confiança ao cuidado materno da Mãe da Misericórdia. Como ele mesmo exortou durante sua visita ao Paraguai: “Não deixeis de invocar e confiar em Maria, Mãe da Misericórdia, para todos os seus filhos sem distinção.”

Francisco e a Mãe da Misericórdia: um testamento de amor e entrega

Em seu testamento, o Papa expressou o desejo de ser sepultado na Basílica de Santa Maria Maior, em uma tumba simples com a inscrição “Franciscus” — um gesto de entrega total à Mãe da Misericórdia.

​Além disso, a Basílica de Santa Maria Maior sempre foi um lugar de acolhida para pobres e peregrinos. O Papa Francisco, profundamente devoto à Virgem Maria, tinha o hábito de visitar esta basílica antes e depois de cada viagem internacional, depositando flores diante do ícone da Salus Populi Romani e rezando, buscando o olhar protetor da Mãe. 

Essa prática reflete tanto sua confiança na intercessão materna de Maria quanto sua devoção pessoal. Para seu sepultamento, Francisco expressou o desejo de ser sepultado nesta basílica, destacando sua profunda ligação espiritual com o local. ​ 

Em síntese, sua vida começou e terminou com Maria. Em entrevista, afirmou seu desejo de descansar sob o olhar da Mãe, porque sua esperança estava no amor de Deus, mediado por ela.

Maria, o colo para recomeçar

Maria é o colo certo para quem deseja recomeçar. Ela acolhe sem cobrar explicações. Como disse o Papa Francisco: “Confiemos a Maria este novo ano, para que como ela, encontremos a grandeza de Deus na pequenez da vida”.

Dessa forma, ao entregar-lhe nossas dores, algo muda. Feridas se tornam caminhos de oração e Maria nos conduz ao Coração de Deus. Ela sabe transformar as feridas em fonte de esperança.

Frequentemente, não são necessárias palavras. Um sussurro como “Me ajuda”, já basta. Maria está sempre presente, ao nosso lado, com sua ternura maternal.

Mesmo quando ninguém mais acredita em nós, ela ainda acredita. “A única situação em que é lícito olhar alguém de cima para baixo é para ajudá-la a se levantar” — Papa Francisco na JMJ Lisboa 2023.

Como se aproximar de Maria

1. Reze do seu jeito
Não é necessário saber orações decoradas para se aproximar de Maria. A oração sincera, feita com o coração, é valorizada. Portanto, ​ a oração, quando feita com sinceridade, tem mais força. Fale aquilo que toca o seu coração, mas não se esqueça também de fazer as orações normais, aquelas cotidianas como o Pai-Nosso, Ave Maria, Santo Anjo ou meditar os mistérios do terço. ​

2. Comece com o terço — mesmo que não consiga terminar
A oração do Rosário é uma prática poderosa na devoção mariana.

3. Crie um cantinho mariano em casa
A prática de ter um local dedicado à oração e reflexão é comum entre os fiéis. Você pode incluir uma imagem de Maria, uma vela e reservar um momento do dia para a oração.​

4. Consagre-se a Maria, mesmo que se sinta indigno

Consagrar-se a Maria é um ato de confiança, e não de perfeição. Mesmo sentindo-se indigno, lembre-se: Ela acolhe os frágeis com ternura e transforma feridas em caminhos de fé. O amor da Mãe da Misericórdia não exige méritos, apenas um coração disposto a recomeçar.

A Mãe da Misericórdia que acolhe

Em nossa jornada de fé, há momentos em que tudo parece desmoronar — os erros pesam, a fé vacila e o coração se sente distante de Deus. Nessas horas, Maria, Mãe da Misericórdia, se aproxima com ternura, não para julgar, mas para acolher. Com isso, ela nos recorda que nenhum pecado é maior que o amor de Deus e que sempre é possível recomeçar.

Na espiritualidade da Copiosa Redenção, acreditamos que a vida espiritual é feita de recomeços. Como bem nos ensinou São João Paulo II: “Santo não é aquele que nunca cai, mas aquele que recomeça sempre”. Por essa razão, mesmo quando caímos, somos chamados a levantar e retomar o caminho, confiando inteiramente na misericórdia divina.

Para ajudar você nesse processo, oferecemos o Planejamento Espiritual, um instrumento que orienta a vida de oração diária e fortalece a constância no caminho com Deus. Através dele, você encontrará orações, reflexões e práticas que renovam a esperança e sustentam a alma em momentos difíceis.

A consagração a Maria é um caminho de entrega total e confiança no amor dela, que nunca falha. Por isso, queremos convidar você a dar esse passo conosco, de mãos dadas com a Mãe da Misericórdia. Ao se consagrar a Nossa Senhora, você acolhe em sua vida a ternura da mãe que intercede, protege e conduz ao coração de Jesus.

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O dom do descanso: descubra o poder transformador de um período sabático

Você já sentiu que sua alma pede uma pausa? Que seu corpo e coração clamam por descanso verdadeiro, não apenas por uma noite de sono ou um final de semana sem compromissos? 

Pois bem, no Centro Âncora, acreditamos que o descanso é mais do que uma necessidade: é um dom. Um tempo sagrado que nos reconecta com o essencial e com Deus, que nos chama todos os dias à missão.

O que é um período sabático?

Em primeiro lugar, o sabático, período de suspensão temporária das atividades regulares, é mais do que uma pausa: é uma escolha consciente. Esse tempo favorece a escuta, a renovação e o reencontro com a própria missão. 

Dessa forma, um período sabático é uma pausa intencional, vivida com profundidade e propósito. Não se trata de férias comuns, mas de um tempo reservado para escutar, curar e reencontrar a alegria de servir. 

Esse tempo não é apenas de descanso físico, mas de escuta do coração, de redescoberta da própria história e de renovação do sentido da vocação.

Além disso, inspirado no ano sabático do Antigo Testamento (cf. Lv 25,1-7), esse tempo convida à restituição: da terra, do corpo e do espírito. É uma parada que, longe de ser improdutiva, fecunda a vida de maneira nova. 

Ao suspender as atividades e obrigações, cria-se espaço para que a graça de Deus atue, com suavidade e profundidade, na alma cansada.

Sobretudo, para quem vive na entrega constante — como religiosos, sacerdotes e consagrados —, o período sabático é uma forma legítima de fidelidade. Longe de ser uma fuga, ele representa um gesto consciente de amor à missão, um retorno ao essencial, onde a vocação é purificada, fortalecida e iluminada pela oração e pelo repouso.

Período sabático: por que o descanso é um dom?

Na espiritualidade cristã, descansar é também obedecer. O Senhor descansou no sétimo dia e nos ensinou que parar faz parte do ritmo da criação.

Com o tempo, muitos enfrentam sinais silenciosos de exaustão: desânimo, falta de sentido, distanciamento da oração, cansaço diante das pessoas. Ignorar esses sinais pode nos afastar não apenas da missão, mas de nós mesmos.

Nesse sentido, o espírito de cansaço nos tira a esperança, afirmou o Pontífice, “o cansaço é seletivo: sempre nos faz ver o lado ruim do momento que estamos vivendo e esquecer das coisas boas que recebemos”. Essa reflexão nos ajuda a compreender como a exaustão pode obscurecer a missão e enfraquecer a alegria de servir. 

Portanto, viver um período sabático não é se afastar da missão, mas reafirmar o compromisso com ela. Ao cuidar da própria interioridade, o consagrado renova suas forças para servir com mais autenticidade e amor. Parar, neste caso, é um gesto de fidelidade e não de desistência.

Por isso, Santa Teresa afirma: “A oração é um ato de amor; palavras não são necessárias”.​ Essa citação reflete a essência de seus ensinamentos sobre encontrar descanso e renovação na presença divina. 

O poder transformador de parar

Ao se permitir viver um período sabático, a pessoa consagrada abre espaço para reencontrar a si mesma e a Deus. Nesse tempo sagrado, silenciar o barulho exterior permite ouvir com mais clareza a voz que chama à missão. 

Assim, muitas vezes acontece a redescoberta da vocação, a cura de feridas profundas e a renovação da alegria no serviço.

Como sabemos, ninguém foi feito para funcionar em ritmo contínuo e exaustivo. O sabático permite que o coração cansado volte a pulsar com leveza e sentido. A pausa se torna espaço sagrado onde a oração, o acompanhamento espiritual, o silêncio e o descanso físico atuam como caminhos concretos de restauração.

Durante esse processo, muitas atividades ajudam a reconectar corpo, mente e espírito: direção espiritual, psicoterapia, escuta fraterna, tempo livre e formação. 

No Centro Âncora, oferecemos todos esses recursos com acolhimento e liberdade, respeitando o ritmo de cada um.

Por isso, é fundamental cuidar do corpo para que a alma se fortaleça. Cuidar de si não é egoísmo, mas um ato de amor a Deus e à missão. Parar, quando necessário, é recomeçar com mais inteireza e fé.

Como o Centro Âncora pode ajudar você com o período sabático 

Pensando nisso, o Centro Âncora nasceu como um espaço de escuta, restauração e esperança. Reconhecemos que, ao longo da caminhada, até mesmo os mais dedicados à missão do Evangelho podem sentir o peso do cansaço. 

Por isso, nossa missão é acolher com delicadeza e respeito aqueles que, em algum momento, precisam lançar âncora para reencontrar o eixo da vida espiritual.

Com esse propósito em mente, reunimos uma equipe multidisciplinar formada por psicólogos, orientadores espirituais e profissionais da saúde. Esses especialistas caminham ao lado de cada pessoa, oferecendo um acompanhamento seguro, humanizado e adaptado às necessidades específicas de quem busca esse tempo de pausa.

Além disso, nosso espaço foi cuidadosamente pensado para favorecer a espiritualidade e a reconexão consigo mesmo. O silêncio, a oração e a convivência fraterna são elementos fundamentais que compõem o ambiente do Centro Âncora. 

Por fim, acreditamos que cada pessoa merece ser cuidada com atenção e respeito. 

Assim, o Centro Âncora se coloca como um refúgio confiável para aqueles que desejam parar, respirar e, com o tempo, reencontrar o sentido da missão e da própria vocação.

Portanto, permita-se viver o dom do descanso — a pausa também é parte da missão. Talvez você esteja percebendo que precisa de um tempo, ou talvez alguém ao seu redor esteja dando sinais de que precisa parar. 

Não espere a exaustão ser maior que a vocação, nem silencie os apelos do coração. 

O Centro Âncora está aqui para caminhar com você nesse processo de escuta, restauração e reencontro. Descubra conosco o poder transformador de um período sabático: o descanso verdadeiro é dom, é graça e é recomeço.

Conheça o trabalho do Centro Âncora e descubra como viver o dom do descanso com acolhimento, segurança e espiritualidade:
https://centroancora.com.br/quem-somos/o-que-fazemos/