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31 de julho de 2022
Transtorno de Ansiedade na vida religiosa
Não é comum ouvirmos sacerdotes, religiosos, freiras e frades comentando sobre transtorno de ansiedade na vida religiosa. A busca pelo caminho da perfeição evangélica e os inúmeros compromissos missionários tendem a ocultar a figura humana, frágil e necessitada que há em todo homem e mulher, independentemente da sua vocação.
Os sintomas começam sutilmente, mas podem chegar a uma proporção insustentável. Obviamente, todos possuem em maior ou menor grau uma ansiedade tida como normal. Afinal, precisamos dela para reagirmos a qualquer possível perigo ou expectativa.
Contudo, a ansiedade pode desenvolver-se a partir de sentimentos como medo e insegurança relacionada a determinada preocupação excessiva com o futuro. Não necessariamente quanto à uma realidade, mas, muitas vezes, projeções irreais de problemas que possivelmente nunca acontecerão.
A ansiedade na vida religiosa na prática
A rotina dos religiosos costuma ser fixa e exigente. É comum que a vida comunitária se articule em 3 dimensões: oração, trabalho e descanso. Cada família religiosa possui um estilo de vida próprio para desenvolver cada uma dessas dimensões.
Porém, devido às urgências missionárias, é comum que o descanso não seja proporcional ao trabalho apostólico. O documento do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, ressalta que “às vezes o sincero desejo de servir à Igreja, o apego às obras do instituto, bem como as prementes solicitações da Igreja particular podem facilmente levar religiosos e religiosas a sobrecarregar-se de trabalho”.
Além disso, há um desafio específico na Graça da vida em comunidade: os relacionamentos fraternos. Na convivência fraterna, é comum que haja desentendimentos e conflitos. Em especial, quando se trata de relacionamento com as autoridades, isso pode ser um gatilho para os transtornos de ansiedade.
O religioso pode apresentar insônia, sudorese excessiva, falta de ar, taquicardia, picos hipertensivos, tontura, dormência na cabeça, pânico sem motivo aparente e desequilíbrio emocional. Diante da identificação desses sintomas, é necessário que as autoridades e o próprio religioso busquem ajuda profissional.
Quais os tipos de ansiedade?
Já falamos sobre alguns dos principais sintomas da ansiedade patológica, que variam de acordo com o quadro específico. Exemplo:
- Transtorno de Ansiedade Generalizada: Causa uma irritabilidade e inquietação constantes. Há ainda muito cansaço, causando falta de concentração. Em alguns quadros, os sintomas físicos podem se agravar com palpitação cardíaca, dormência no corpo, entre outros.
- Fobias: Trata-se do surgimento exagerado de um medo paralisante diante de objetos ou situações, como altura, elevador, agulhas, determinados animais.
- Síndrome do pânico: A ansiedade se tornou severa a tal ponto que um pânico surge repentinamente. Juntamente, há uma sensação de morte iminente podendo durar segundos ou minutos.
Leia também 5 dicas para lidar com a ansiedade na vida consagrada
Quando é hora de buscar ajuda profissional?
A ansiedade patológica (quando são identificados dois ou mais sintomas) necessita de acompanhamento profissional. Muitas vezes, o tratamento acontece por meio de processo terapêutico e medicamentoso e com o apoio de uma equipe multidisciplinar.
O próprio Dicastério para Vida Consagrada, no documento já citado acima, afirma que “o recurso a tais intervenções tem se revelado útil não só no momento terapêutico em casos de psicopatologia mais ou menos manifesta, mas também no momento preventivo para ajudar a uma adequada seleção dos candidatos e para acompanhar, em alguns casos, a equipe de formadores a afrontar específicos problemas pedagógico-formativos”.
Ou seja, a própria Igreja orienta que formadores e autoridades estejam atentos à necessidade de auxílio profissional, mediante patologias. Porém, continua: “Em todo o caso, na escolha dos especialistas, deve-se preferir uma pessoa de fé e conhecedora da vida religiosa e de suas dinâmicas. Tanto melhor se for uma pessoa consagrada”.
Portanto, não deve haver vergonha ou timidez quando se é preciso buscar ajuda. Por sua vez, é necessário atenção aos profissionais que serão solicitados a fim de não estarem muito aquém da realidade religiosa e suas nuances.
Não é comum ouvirmos sacerdotes, religiosos, freiras e frades comentando sobre transtorno de ansiedade na vida religiosa. A busca pelo caminho da perfeição evangélica e os inúmeros compromissos missionários tendem a ocultar a figura humana, frágil e necessitada que há […]