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02 de maio de 2025
Segunda palestra aborda sofrimento e prevenção do suicídio no VIII Congresso Âncora
A segunda palestra do VIII Congresso Âncora, realizado sob o tema “Acolher e Cuidar: a missão da Igreja na prevenção do suicídio”, foi conduzida pelo psicólogo e terapeuta familiar Carlos Tadeu Grzybowski, com a profunda e sensível exposição “Quando a dor se torna insuportável”. A apresentação provocou uma intensa reflexão entre os participantes ao tratar o suicídio sob uma perspectiva transdisciplinar e relacional, indo além dos diagnósticos simplificadores.
Segundo Grzybowski, o suicídio não pode ser compreendido de forma linear ou com explicações únicas. Ele critica a visão cartesiana predominante na sociedade, que busca causas isoladas para fenômenos complexos como o sofrimento humano. Propõe, em seu lugar, uma abordagem que considere os múltiplos fatores — biológicos, familiares, sociais, culturais e espirituais — envolvidos na experiência da dor insuportável.
A partir da teoria dos sistemas, o palestrante destacou que o comportamento suicida é frequentemente uma tentativa de comunicação de um sofrimento que o indivíduo não consegue mais suportar. Ele alertou que essa dor, muitas vezes, está enraizada nos vínculos familiares e nas relações interpessoais, nas quais o sujeito se vê preso em papéis de vitimização, paralisia e impotência diante da vida.
Um ponto marcante da palestra foi a abordagem das relações sacrificiais, nas quais a vítima se mantém no controle por meio do sofrimento, culminando em uma transferência da dor: ao tirar a própria vida, a pessoa repassa a carga emocional ao outro, rompendo definitivamente com o sistema ao qual está inserida.
Grzybowski também fez uma análise corajosa sobre o sofrimento de líderes religiosos. De acordo com ele, o isolamento, a pressão institucional e a ausência de amigos verdadeiros têm levado muitos pastores e sacerdotes ao esgotamento emocional e espiritual. “Em encontros com outros líderes, todos contam vitórias. Mas é no consultório que os fracassos vêm à tona”, afirmou.
Ao final, o palestrante apresentou caminhos possíveis de cuidado e prevenção. Destacou a importância de amizades sinceras, de acompanhamento terapêutico e de espaços de escuta acolhedora, inclusive entre religiosos. “Mostrar a alguém que está assumindo um papel e que pode escolher outro caminho é abrir uma porta de esperança”, concluiu.
A palestra reforçou o compromisso do Congresso com a valorização da vida e o papel essencial da Igreja como espaço de escuta, acolhimento e cuidado com os que sofrem.
Sobre o palestrante:
Carlos Tadeu Grzybowski
- Psicólogo (CRP 08/1117) – Universidade Federal do Paraná (1981)
- Especialização em Terapia Familiar – Centro de la Familia – Quito/Equador (1988)
- Mestrado em Psicologia da Infância e Adolescência – UFPR (2001)
- Doutorado em Linguística Aplicada – UFPR (2009)
- Autor de diversos livros, entre eles:
- Acontece nas melhores famílias (2017)
- Pais santos, filhos nem tanto (2012)
- Como se livrar de um mau casamento (Prêmio ARETÉ – 2005)
- Macho e Fêmea os criou: celebrando a sexualidade – Editora Ultimato
- Quando a dor se torna insuportável – reflexões sobre o suicídio (2019)
- Famílias saudáveis: a arte de fazer boas escolhas (2021)
- De Santos e loucos: a igreja e a saúde mental (2023) – Editora Sinodal
- Acontece nas melhores famílias (2017)
- Sócio-Diretor do Instituto Phileo de Psicologia
- Coordenador de cursos de extensão e pós-graduação da EIRENE do Brasil
- Presidente de EIRENE Internacional
- Professor titular e coordenador de cursos de pós-graduação na Faculdade Luterana de Teologia – FLT (SC)
- Professor do Centro Evangélico de Missões (MG) e da Faculdade de Teologia Sul Americana – FTSA (PR)
- Criador do personagem infantil Smilingüido (1978)
- Co-criador dos personagens do projeto Salvação (Prêmio ABEC 2002)
Instagram: @carloscatitogrzybowski
A segunda palestra do VIII Congresso Âncora, realizado sob o tema “Acolher e Cuidar: a missão da Igreja na prevenção do suicídio”, foi conduzida pelo psicólogo e terapeuta familiar Carlos Tadeu Grzybowski, com a profunda e sensível exposição “Quando a […]