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Toda segunda-feira, em unidade com a Igreja, Padre Wilton Moraes Lopes, celebrava a Eucaristia às 06h00 em intercessão pelas almas do purgatório. Devoção que ele propagou ao longo da vida e permanece como herança aos membros da Copiosa Redenção. E foi justamente em uma segunda-feira de madrugada que “as almas do purgatório e a Virgem Maria vieram lhe buscar”, como ele mesmo dizia que iria acontecer.

Mais de mil pessoas vieram prestar homenagem e se despedir de Padre Wilton nos dois dias de velório (04 e 05/03), e cerca de 2 mil internautas acompanharam as transmissões das oito missas celebradas entre a segunda e a terça -feira, no canal do youtube da Congregação.

Uma delas é Mariana Martins, ela conhece Padre Wilton há mais de 18 anos, viajou de Campo Grande (MS), para se despedir do sacerdote. “Padre Wilton nos mostrava que só com Deus tem solução, Deus é a solução”, testemunha em meio a lágrimas.

Quem também veio prestar sua última homenagem ao Padre Wilton foi o músico Willeandro Cordeiro. Ele conheceu o Padre e a Copiosa Redenção quando era adolescente e tocava em retiros com Padre Wilton. Porém, com o passar dos anos se afastou da Igreja e se envolveu com drogas. Foi em um retiro com Padre Wilton que ele, juntamente com os amigos também adictos, diante do Santíssimo Sacramento receberam a graça da libertação das drogas e o início do caminho de recuperação. “Com meus 30 anos de sobriedade, tudo que eu tenho a fazer é agradecer tudo que ele fez e continuará fazendo por mim, pela minha família, pelo meu ministério”, conclui.

Vida eterna

Padre Wilton foi sepultado no final da tarde de terça-feira, 05, na Chácara de Uvaia. O local foi escolhido pelo próprio sacerdote, exatamente aos pés da 15ª estação da Via Sacra que ele mesmo ajudou a construir e que relembra a ressurreição de Jesus.

Para padre Luis César de Oliveira, superior geral dos irmãos, com a enfermidade do fundador iniciou um tempo de maturidade na Congregação, que ele acredita que perdurará e fará crescer a Copiosa Redenção primeiramente em cada membro. “Ter o corpo do Padre Wilton aqui (na chácara) é ter essa unção do fundador, essa graça, essa fonte de bençãos que continua nesse lugar”, afirma. No local funciona o seminário dos irmãos, casa de retiro e também uma das casas de recuperação masculina da Congregação.

“Tenho dentro de mim uma alegria de ressurreição, o céu vai se abrir muito para nós como Copiosa Redenção, porque agora temos um grande intercessor”, testemunha Madre Tânia Azevedo, superiora geral das irmãs. Ela recorda ainda que, segundo a tradição da Igreja, uma Congregação/Comunidade/Instituto se encontra em processo de fundação até a morte do fundador. “Agora é tempo de continuarmos vivendo a essencia daquilo que com a vida ele nos ensinou. Agora somos responsáveis, somos guardiões desse Carisma. Tempo de profunda responsabilidade nossa”, acredita.

Enfermidade

Desde criança Padre Wilton teve a saúde frágil, descobriu a diabetes tipo 1 ainda na juventude. Entretanto, o agravamento iniciou em 2015, quando precisou ser internado as pressas pelo risco de uma parada dos rins, devido as complicações da diabetes. Após a recuperação deste episódio, em 2017 durante um retiro em que ele estava pregando, em Jaguariaíva (PR), ocorreu o primeiro Acidente Vascular Cerebral (AVC), que comprometeu a região da fala. Naquele mesmo ano, ele sofreu ainda mais dois AVCs.

No dia 22 de fevereiro de 2018, ele teve uma queda em sua casa e fraturou o fêrmur, precisou passar por uma cirurgia para colocação de prótese. Embora a cirurgia tenha sido um sucesso, ele nunca mais se sentiu seguro para andar, e passou a se locomover com a cadeira de rodas;

Em abril de 2019, ele passou mal e precisou ser internado na UTI, com diagnóstico de duas embolias pulmonares. Além dos exames pulmonares, também foram realizados exames neurológicos que comprovaram a existência de inúmeros pontinhos de micros AVCs. Naquela ocasião, o neurologista salientou que havia risco de constantes AVCs, que viriam a limitá-lo sempre mais.

Com o início da pandemia de Covid-19 no ano de 2020, ele deixou de acompanhar os retiros e permaneceu mais recluso na Casa Geral, com pouquíssimas visitas e poucas saídas. Nesse tempo, seu quadro de saúde ficou estabilizado.

Profecia

Conforme relata Madre Tânia, em janeiro do ano passado, Padre Wilton a chamou, junto com algumas irmãs, para que ela comunicasse toda a Comunidade de que a partir daquele momento iria começar um tempo de profunda purificação na Congregação, e que seria vivida na carne dele. Depois disso, a saúde dele delibilitou em poucos dias.

O ano de 2023 foi de mais dias internado no hospital do que em casa. Dezembro foi o mês em que ele conseguiu ficar mais de 30 dias sem ir ao hospital. No entanto, no dia 20 de janeiro de 2024 ele precisou ser internado novamente. Após dias internado na UTI, na quinta-feira passada, 29 de fevereiro, a equipe médica sinalizou às irmãs e irmãos que não haveria mais o que ser feito, pois os antibióticos já não faziam mais efeito devido a infecção pulmonar.

Últimos dias

Os últimos dias do sacerdote no hospital foram permeados de momentos de profunda agonia, mas também de muitas visitas de amigos e membros da família religiosa. Na sexta, sábado e domingo foram celebradas missas no quarto do padre, por sacerdotes da Congregação, onde ele conseguiu comungar.

No final do domingo, também houve um breve momento de Adoração Eucarística com uma pequena hóstia consagrada levada por um ministro extraordinário da Eucaristia. Tranquilo e sereno, Padre Wilton faleceu dormindo às 04h20 de segunda-feira.