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02 de fevereiro de 2025
De berço evangélico, jovem professa seus primeiros votos como religioso da Copiosa Redenção
O ponta grossensse Heron Alves de Campos, 25 anos, professou seus primeiros votos simples como religioso dos Irmãos da Copiosa Redenção no dia 02 de fevereiro. A celebração aconteceu na Chácara Padre Wilton, em Ponta Grossa. Para viver esse grande dia, a Comunidade organizou um Tríduo entre os dias 30 de janeiro a 01 de fevereiro. Confira a entrevista com o Irmão Heron – que atualmente está em missão na Paróquia São João Batista, em Presidente Médicici (R) – e conheça a sua história vocacional:
Como conheceu a Copiosa Redenção?
Conheci a Copiosa através de um amigo, que era seminarista comigo nos Padres Cavanis, ele conhecia o Cerco de Jericó na Paróquia Santa Rita e me apresentou os Irmãos. Fiz alguns dias de experiência vocacional com os Irmãos, mesmo já sendo seminarista de outra congregação, mas me decidi a entrar na Copiosa depois de ir no velório da Irmã Maria Motta. Quando vi as irmãs entrando na igreja Bom Jesus carregando aquele caixão com a irmã Maria, vivi uma experiência forte, nunca tinha visto um velório daquele jeito. Não era triste, parecia que a irmã estava realmente, naquele momento entrando no céu, nesse dia também foi a primeira vez que vi o Padre Wilton, depois disso voltei pra casa dos meus pais (eu estava de férias na casa deles) muito animado e pensando que queria também morrer daquele jeito, realmente não morrer, mas entrar na vida.
Como foi o seu chamado vocacional?
Venho de uma família evangélica, desde meus avós, tios, pais, irmãos, todos… mas eu estudava numa escola pública que era administrada pelas Irmãs Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, em Ponta Grossa. Quando eu tinha 11 anos, fizemos um bingo para arrecadar dinheiro para a missão das irmãs em Moçambique, um ano depois veio uma irmã de lá prestar contas e deu seu testemunho vocacional na escola, mostrou algumas fotos e deu uma medalha milagrosa pra cada um.
Eu achei muito bonito o testemunho da irmã, porque elas trabalhavam também com crianças lá na África e eu fazia parte do ministério de orfanato na minha igreja. Visitávamos as crianças regularmente, porém o jeito das irmãs cuidarem parecia diferente do nosso, era gratuito, não queriam nada em troca, era por amor e não só pra “converter” as crianças, conheci um amor que eu não conhecia antes.
A partir disso comecei a prestar mais atenção no trabalho das irmãs, a escola onde eu estudava era ao lado da Catedral de Ponta Grossa, e na praça em frente sempre tinha vários mendigos, em particular tinha uma senhora que vivia com a perna enfaixada e sangrando e ela sempre falava comigo quando eu passava na praça.
Certo dia vi ela dentro da escola, em uma salinha separada, e tinha uma irmã limpando a perna dela e outra irmã trazendo um bolo da cantina para ela, achei muito bonito aquilo, porque ninguém sabia e as irmãs, mesmo sendo já senhoras de idade, estavam cuidando daquela moradora de rua.
Depois ainda li um livro de uma entrevista com a Madre Teresa de Calcutá, “Teresa dos pobres”, de Enzo Alegri. Quando li aquela entrevista me apaixonei pela história da Madre Teresa e quis ser como ela. Tudo isso e eu ainda era evangélico, aí entendi que para ser como a Madre, eu precisaria ser católico, mas não sabia o que seria: padre, frei, irmão, não sabia a diferença. Nisso eu já tinha 14 anos, e só tinha ido numa Igreja Católica aos 5 anos para um casamento.
Como foi deixar família, amigos, namorada?
Foi um pouco difícil deixar minha família, eu era bastante medroso, nunca tinha nem posado na casa dos outros. Fui para um seminário a 400km da cidade dos meus pais, no meu primeiro dia de seminário pedi para ir embora porque estava com medo. Mas o padre não me deixou ir, disse para eu esperar ao menos uma semana, depois disso fiquei com vergonha de pedir para ir embora de novo e continuei.
Minha mãe foi bem resistente, pois ela é de outra igreja, então discutíamos bastante sobre doutrina, mas isso era bom pois me levava a estudar a fé católica. Meu pai tinha medo que algo acontecesse comigo por estar longe, principalmente por causa dos escândalos de abusos, eu tinha só 14 anos e iria morar com pessoas que meus pais não conheciam, mas em determinado momento eles aceitaram que eu entrasse no seminário dos padres Cavanis, aos 15 anos, e lá nos Cavanis conheci a Copiosa Redenção.
O que significa para o senhor fazer os primeiros votos?
Para mim é muito forte poder fazer os votos, quando eu estudava na escola das irmãs, me lembro que uma irmã disse em uma aula: “Deus não nos quer perto dele, Ele nos quer junto!”. Através dos votos estou dizendo para Deus e para o mundo que “quero estar junto dEle”.
Após 10 anos que entrei no seminário, que deixei a casa dos meus pais, posso celebrar esse desejo de Deus para mim de me ter junto dele. Ele foi me buscar lá na outra igreja, eram tantos católicos na minha escola, na minha outra igreja tinha tantos outros meninos, mas ele escolheu a mim, na minha pobreza, nos meus medos, assim como aquela Samaritana que pertencia a um outro povo e foi alcançada por Jesus. Eu também “não adorava em Jerusalém”, pertencia a um outro povo e fui alcançado por Jesus que saciou a minha sede. Fazer os votos significa dizer que quero continuar a saciar a sede de Jesus pela Humanidade e sei que estando “junto” dele pelos votos também terei a minha sede saciada.
Qual seu maior desejo como religioso?
Aprender a amar Jesus de verdade! Padre Wilton disse que na Copiosa não somos religiosos para fazer coisas, então o que eu fizer, na missão que me colocarem, está bom. Mas quero nessas missões aprender a amar Jesus, igual a Madre Teresa, igual aquelas irmãs da escola, igual Santo Afonso no livro Prática de Amor a Jesus Cristo.
O que diria para um jovem que se sente chamado a vida religiosa?
Quando eu aprendi a boiar na água foi o Irmão Vinícius quem me ensinou. E eu só aprendi, só tive coragem de me lançar na água do mar, porque eu confiava que o irmão iria me segurar se eu afundasse.
A mesma coisa com Deus, a gente precisa confiar nEle e se lançar, tem uma música que diz: “em quem vou confiar? No dono da rede ou no dono do mar?”. Confia em Deus e se lança… vai descobrir a vontade dele se entregando e não planejando a vida conforme os teus próprios pensamentos.
Tem que se entregar… primeiro a gente precisa confiar!
Qual a missão/comunidade marcou mais esse tempo de formação inicial e por quê?
A comunidade que mais me marcou foi a do noviciado canônico, foi a primeira vez que vivi em uma comunidade pequena, éramos 4 noviços e um mestre na casa (em Ponta Grossa morávamos em 20, além dos acolhidos). Lá pude ser muito livre, pude me encontrar comigo mesmo, além de poder rever toda a minha história e ver Deus nela, foi o ano mais alegre da minha vida. Não usávamos celular, não falávamos a língua das pessoas direito (foi na Itália esse período), perdi todas as minhas seguranças naquele ano e foi o ano em que mais me entreguei e cresci, o ano em que mais permiti que Deus agisse em mim.
O ponta grossensse Heron Alves de Campos, 25 anos, professou seus primeiros votos simples como religioso dos Irmãos da Copiosa Redenção no dia 02 de fevereiro. A celebração aconteceu na Chácara Padre Wilton, em Ponta Grossa. Para viver esse grande […]