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13 de maio de 2025
CT Marta e Maria completa 30 anos de história, acolhimento e redenção
Comunidade foi a primeira a acolher mulheres em recuperação
“Quando a gente para de usar drogas, a gente vive uma crise de identidade porque não sabemos quem somos sem a droga. A construção do meu eu aconteceu dentro da comunidade”. Esse é o relato da jovem Bruna Heinemann, que foi acolhida em fevereiro de 2020 na Comunidade Terapêutica (CT) Marta e Maria, da Copiosa Redenção, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Bruna e outras graduadas, estarão presentes no jantar comemorativo dos 30 anos da Comunidade, no próximo sábado, dia 17 de maio.
Atualmente, Bruna divide a rotina com o trabalho como gestora escolar e com o cuidado da filha de 1 ano e 11 meses, e busca levar os valores que aprendeu durante os meses que morou na comunidade terapêutica para todos os âmbitos da vida. “A questão da honestidade, principalmente com a gente mesmo. Quando estamos no processo de recuperação da adicção, a gente tem que se policiar todos os dias para saber se estamos sendo verdadeiramente honestos com os nossos próprios sentimentos. Porque são os meus sentimentos que podem me levar a uma provável recaída”, explica.
Viver em comunidade foi outro grande aprendizado de Bruna. “Saber escutar as questões do outro, saber mediar os conflitos entre as pessoas, essa vivência em sociedade foi um grande aprendizado para mim. Algo que me capacitou para o trabalho que exerço hoje”, analisa a graduada.
Ao longo das três décadas de atuação na capital gaúcha, a Copiosa Redenção pode testemunhar muitas vidas como a de Bruna sendo transformadas.
A fundação da comunidade
A Copiosa Redenção ainda estava no começo dos trabalhos em Ponta Grossa (PR), quando recebeu o convite de Dom Altamiro Rossato, então arcebispo de Porto Alegre, para assumir um trabalho com mulheres em sua arquidiocese. O convite foi feito diretamente para Padre Wilton, após uma visita do bispo a uma das casas da Copiosa Redenção no Paraná.
Além de ser o pedido de um bispo, Dom Altamiro era membro da Congregação do Santíssimo Redentor, da qual Padre Wilton também fazia parte. Assim, foi enviado o primeiro grupo de irmãs para Porto Alegre e fundada a casa Marta e Maria, no dia 15 de maio de 1995, a primeira Comunidade Terapêutica Feminina da Copiosa Redenção e, também, a primeira fora do território paranaense.
O grupo de religiosas enviadas à fundação era composto por Irmã Maria Mota, cofundadora da Congregação e superiora da nova Comunidade, Irmã Ermiria de Figueiredo, Irmã Severina Chiodi, neo professa, e a noviça de segundo ano, Ivanilde. O principal desafio do início era justamente a capacitação das irmãs em uma metodologia para atendimento às mulheres, visto que as religiosas ainda não tinham experiência com esse público, diferente de hoje em que a Copiosa é referência no tratamento terapêutico de mulheres adictas.

“Trabalhávamos com adolescentes de 15 a 23 anos. A casa tinha uma estrutura muito boa, porém era localizada no meio de uma favela e muitos usuários de drogas passavam no portão oferecendo drogas para as acolhidas. Pela manhã, antes de abrir a porta, eu fazia uma ronda para recolher as seringas descartadas pelos usuários que estavam no quintal da casa”, relembra Irmã Severina. Pouco tempo depois, a Comunidade foi transferida para o bairro Navegantes, onde está até hoje, e passou a atender apenas a faixa etária de 18 a 59 anos.
Um trabalho multidisciplinar
A presença da Copiosa Redenção em Porto Alegre tem marcado também a vida de muitos profissionais da área da saúde, que fazem parte do trabalho multidisciplinar da CT. “Várias coisas me marcaram ao longo desses anos. Me tornei uma pessoa bem mais espiritual. Aprendi os conceitos de Misericórdia e de Providência na prática e aprendi a me tornar uma pessoa mais simples com a convivência com as Irmãs”, testemunha o médico psiquiatra, Rogério Alves da Paz.
Ele conheceu a Comunidade em 1996, por meio do seu então professor Dr Mário Jurena que atuava com a esposa na CT, mas estavam se mudando para a Inglaterra. Rogério também viveu alguns anos fora do país e foram esses os únicos períodos em que esteve distante do trabalho com as acolhidas. “Acho que o trabalho feito na CT Marta e Maria é um dos melhores do Brasil, assim como o da Rosa Mística no Paraná. O trabalho das Irmãs e da Equipe Multidisciplinar é de um tal profissionalismo, experiência e misericórdia que não tem igual no Brasil e no mundo”, avalia o profissional.
A equipe que atua hoje na CT Marta e Maria é composta por psiquiatra, clínico geral, psicóloga, pedagoga, assistente social e nutricionista, com possibilidade de atender até 20 mulheres. Além do atendimento médico, grupos de prevenção a recaída, as acolhidas participam de momentos de espiritualidade durante o tratamento. “As dependências químicas, alcoolismo e dependências comportamentais são uma epidemia e um desafio para o século 21. As irmãs são modernas, conseguem ser científicas e trazerem a espiritualidade de forma a não rivalizar ou confrontar a ciência. Pelo contrário. Tornam a religiosidade algo atraente e profundo”, afirma Rogério.
Celebração dos 30 anos
A celebração do aniversário de fundação da Comunidade Terapêutica acontecerá no sábado, dia 17, no Santuário Nossa Senhora do Rosário de Fátima, em Porto Alegre. Na programação está prevista a Missa em ação de graças pelos 30 anos da Comunidade, um jantar com o encontro de gerações das irmãs que já estiveram em missão na CT Marta e Maria.
Outro momento que promete marcar a celebração são os aniversários de graduação das mulheres que já passaram pela Comunidade. “Ou seja, quanto tempo que elas já passaram pela nossa casa e estão bem. O objetivo do jantar é celebrar com elas, iremos entregar certificados de aniversário de graduação”, explica a irmã Taynara Thives, uma das organizadoras da comemoração. Também serão entregues certificados de graduação por mérito para aquelas que passaram pela CT, mas não chegaram a concluir o tratamento na Comunidade, mas estão sóbrias, possuem novos valores e uma nova vida.
Serviço:
Aniversário 30 anos da Comunidade Terapêutica Marta e Maria
Dia 17 de maio
Horário: 18h00
Local: Santuário Nossa Senhora do Rosário de Fátima, em Porto Alegre (RS).








Comunidade foi a primeira a acolher mulheres em recuperação “Quando a gente para de usar drogas, a gente vive uma crise de identidade porque não sabemos quem somos sem a droga. A construção do meu eu aconteceu dentro da comunidade”. […]