a

Últimas Notícias

O cansaço que a consagrada enfrenta no seu cotidiano

08 de março de 2023

O cansaço que a consagrada enfrenta no seu cotidiano

A religiosa ou consagrada tem uma presença marcante e necessária na vida da Igreja. Não tanto por estar em maior número que os sacerdotes e religiosos, mas sim pela docilidade de mãe com que desempenha o seu trabalho na construção do Reino de Deus.

Logo, entre aqueles que deram seu “sim” a Deus, os relatos de esgotamento físico e emocional serão também bem maiores entre as mulheres.  E o pior é que a grande maioria desconhece ou sabe bem pouco sobre qual a importância da saúde emocional na própria vida.

Afinal, o que tem acontecido com a consagrada?

Os problemas são muitos e estão relacionados às dificuldades vividas pela consagrada no local de trabalho. E a proporção disso é tão grande que, em 2019, aconteceu uma assembleia da União Internacional das Superioras Gerais, em Roma, na qual foram abordadas problemáticas consideradas tabus até então.

Logo, foram abordados temas como abuso sexual, chantagem e outras formas de violência sofridas especialmente em contextos de grande pobreza, como na África e na Ásia.

Como resultado deste laboratório, decidiu-se instituir uma comissão trienal para o cuidado da consagrada, em colaboração com a União das Superioras Gerais.

O foco “é construir comunidades resilientes”, afirmou a consagrada Maryanne Lounghry. Ela é psicóloga e pesquisadora do Boston College e da Universidade de Oxford, na Inglaterra, e participou do evento.

Poucos anos antes, o caderno “Donne Chiesa Mondo”, do jornal L’Osservatore Romano, já havia lançado um alerta sobre a condição de exploração vivida por muitas freiras.

De acordo com a reportagem, a exploração acontece em estruturas da Igreja ou em casas de prelados. As religiosas trabalham sem horário para sair, sem contrato e, de acordo com o jornalista Salvatore Cernuzio, “com um salário miserável”.

Além disso, muitas vezes, também dentro da comunidade religiosa a consagrada precisa lidar com a realidade de abuso de poder.

É certo que essa realidade não é comum a toda consagrada. Contudo, é inegável a existência de uma carga horária de trabalho bastante exigente devido a missão, seja em seus próprios conventos de pertença ou onde estão empregadas: escolas, hospitais e paróquias.

E, quando não isso, muitas religiosas não se exime de doar de si ao outro até o extremo cansaço, por amor a Jesus e aos irmãos. Sem contar aquelas relações desgastantes às quais acabam sendo expostas quase diariamente.

E sabe qual é o resultado disso tudo? Síndrome de Burnout.

Burnout: a síndrome do estresse no trabalho

A síndrome de Burnout é considerada, por muitos estudiosos, como um dos males da modernidade e é conhecida também como Síndrome do Esgotamento Profissional.

Trata-se de um distúrbio emocional caracterizado por problemas psíquicos, cuja principal causa é o excesso de trabalho.

Sendo assim, envolve sintomas como sofrimento psicológico, nervosismo, isolamento, alteração repentina de humor e dificuldade de se concentrar.

Além disso, problemas físicos como dor de barriga, cansaço excessivo, tontura, alteração no apetite, insônia, dores musculares, problemas gastrointestinais entre outros.

Contudo, os sintomas podem surgir isoladamente e de forma leve. Sendo assim, a consagrada pode pensar ser algo passageiro, quando na verdade tende a piorar com o passar do tempo. A síndrome pode, inclusive, provocar o desenvolvimento de um distúrbio do ritmo cardíaco que pode ser fatal.

Por isso, é extremamente importante buscar ajuda médica logo nos primeiros sintomas. O diagnóstico da Síndrome de Burnout é feito exclusivamente por psiquiatras e psicólogos que podem orientar a melhor forma de tratamento para cada pessoa consagrada. Geralmente, o tratamento é feito a partir de psicoterapia e medicamentos (antidepressivos e/ou ansiolíticos).

Como a consagrada pode lidar com esse cansaço?

Apesar de não estar bem, muitas vezes a consagrada negligencia a própria saúde emocional e física em prol do seu trabalho. Ignora que está vivendo a iminência de algo mais sério acontecer com sua saúde e até mesmo de uma possível crise vocacional.

Por isso, é importante que a Superiora, o diretor espiritual, as coirmãs e até mesmo os amigos ajudem a consagrada a reconhecer sinais de que precisa cuidar de si mesma.

Mudanças nas condições de trabalho podem ser os primeiros passos para ajudar a consagrada. Mas isso não é tudo, é preciso mudar hábitos, estilo de vida e alimentação.

Outra grande aliada é a atividade física, como a caminhada, que deve ser feita regularmente, além de atividades de lazer com pessoas próximas, como amigos e familiares.

Portanto, passeios ao ar livre, leitura, aprender artesanato são exemplos de atividades de lazer que podem ser muito positivas para o tratamento.

A religiosa ou consagrada tem uma presença marcante e necessária na vida da Igreja. Não tanto por estar em maior número que os sacerdotes e religiosos, mas sim pela docilidade de mãe com que desempenha o seu trabalho na construção […]